RECOMENDAMOS ESPECIALMENTE: As cachaças Topázio, de Entre Rios de Minas, a melhor entre as mineiras, e Samanaú, de Caicó, a melhor entre as nordestinas. Se Deus existisse, decerto entre lapadas das duas sagradas bebidas, e boas paredes de caju e queijo-de-coalho assado, tomaria porres celestiais. A bem da verdade, porres de fazer inveja aos demônios da Casa Branca, em Washington, o maior puteiro do mundo, e aos pinguços do Beco da Lama, em Natal, coração etílico da capital potiguar.
BALAIO PORRETA 1986
nº 1979
Rio, 24 de março de 2007
A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS
666 livros indispensáveis (8/111)
Prelúdio da cachaça, de Luís da Câmara Cascudo. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986, 82p. [] Mais do que uma saborosa sociologia da “água-que-passarinho-não-bebe”, uma aguardência etnografia da bebida de “cabra macho”. Um livro para ser lido enquanto tomamos algumas talagadas de Topázio. Ou Samanaú. Ou Ferreira. Ou Seleta. Ou Claudionor. Ou Mariana. Ou Germana. Ou Rainha. Se encontrarmos alguma garrafa mais antiga de Malhada Vermelha ou Olho d’Água (até 1986), a festa será completa. E sem ressaca.
Linhas tortas, de Graciliano Ramos. Rio de Janeiro: Record, 1985, 278p. [] Edição póstuma, com textos & crônicas que trazem a marca envolvente de GR. Alguns exemplos: Os donos da literatura, A marcha para o campo, As opiniões do respeitável público, Conversa de livraria. E por aí vai: Os sapateiros da literatura, Alguns tipos sem importância, Monólogo numa fila de ônibus, Conversa de bastidores, O fator econômico no romance brasileiro, Os amigos do povo, Prefácio para uma antologia. Tem mais, tem mais.
A mulher e os espelhos, de João do Rio. Rio de Janeiro: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1990, 154p. [] Volume da Coleção Biblioteca Carioca: narrativas que abarcam as carioquências dos primeiros anos do século passado. E que tinha o seu vocabulário próprio: airado (= leviano, irresponsável), capitoso (= que embriaga, entontece), chufa (= caçoada, troça), conventilho (=prostíbulo, cabaré), esbórnia (= orgia, farra). E o que dizer de pornéia (= libertinagem, devassidão)? E de outros vocábulos?
Os mortos de sobrecasaca, de Álvaro Lins. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1963, 460p. [] A boa e velha crítica impressionista, sem arroubos formalistas, mas com bagagem humanística. Ensaios, estudos e reflexões: de 1940 a 1960. Leituras, encantamentos e impressões: de Carlos Drummond de Andrade a Viana Moog. De Mário de Andrade a Lúcia Miguel Pereira. De João Cabral de Melo Neto a João Ribeiro. E assim por diante: A “humanidade” dos bichos em Guimarães Rosa, por exemplo. Há equívocos de interpretação, claro.
A psicanálise do fogo, de Gaston Bachelard. Lisboa: Estúdios Cor, 1972, 194p. [] A primeira das obras "noturnas" de Bachelard, lançada originalmente na França em 1938. A prosa poética por excelência de um dos maiores pensadores do século XX. Puro devaneio epistemológico numa escrita que é a própria síntese do prazer da leitura. A psicologia e a psicanálise das chamas sonhadoras. O fogo como manifestação do desejo e da poesia em estado de ambiguidade literária. Um livro obrigatório em nossas estantes. Tradução de Maria Isabel Braga. Há uma edição brasileira, pela Martins Fontes.
Os 300 de Esparta, de Frank Miller (roteiro e desenhos) & Lynn Varley (cores). São Paulo: Devir, 2006, 88p. [] Por seu grafismo carregado de intensa plasticidade, por seu roteiro aberto às inquietações da vida e da morte, por suas cores exuberantes a partir de uma visão expressionista do mundo, este é um quadrinho marcante, verdadeira obra-prima da arte seqüencial do século passado. Segundo as palavras do crítico de cinema José Carlos Monteiro, professor da UFF, “uma só de suas imagens vale pelo filme inteiro de Zack Snyder”. Ainda não vimos o filme, mas a HQ de Miller é soberba.
POEMA/PROCESSO, 40 ANOS
(I)
Um arco-íris.
Entre Natal e Currais Novos.
Entre o sonho e a realidade.
No meio de nuvens pintadas de
verde-seridó, azul-potengi e vermelho-maiakóvski.
Com seus passaredos e suas cores,
e seus bordados de Alecrim e Jasmim,
há que contemplar as festejanças do cinema de
José Bezerra Gomes,
Jorge Fernandes,
Zila Mamede,
Miguel Cirilo.
E Luís Carlos Guimarães.
Ao som de raras e doces violas.
Saboreando canjicas e azulências.
Título do poema:
Viagem a Jucurutu, Caicó, Acari, São José da Bonita
e Jardim do Seridó, através do romance do pavão misterioso,
em companhia de Macunaíma e Canção de Fogo,
no Dia da Poesia, em Currais Novos, RN.
[][][]
Exclusivo para o BALAIO:
Na próxima segunda, dia 26,
Depois do Diarim de Lampião, divulgado pelo Papa-Figo (Recífilis) e pelo próprio Balaio,
nada melhor do que o Diarim de Maria Bunita.
5 comentários:
Também fiquei extremamente curiosa em ler o "Diarim de Maria Bunita". Um beijo.
Deus Existe
Deus existe! Você é prova! És uma de suas criações mais porretas. O capeta com toda a sua danação não seria capaz de tal proeza. Além do mais, é brasileiro! Disso a cachaça é prova!
Mana Guimarães-SM
Meu caro Moacy,
Tem me sido muito útil sua BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS.
No mais, te parabenizar pelo POEMA/PROCESSO, 40 ANOS.
Forte abraço.
Eita! Tem rodada de cachaça com caju e quaijo-coalho de tira-gosto! E poesia das boas! Dos livros, não li nenhum. mas o 300 de Esparta será uma de minhas próximas aquisições. tinha me escapado na primeira edição.
E vamos a este lançamento inédito! Estou doido pra ler.
Bom domingo. Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.
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