segunda-feira, 31 de março de 2008



Sangria do Açude Gargalheiras, a partir de hoje.
Foto de Ismael Medeiros in


BALAIO PORRETA 1986
n° 2267
Natal, 31 de março de 2008


Depois de horas e horas
de reflexões políticas, culturais e antropológicas,
entre comes & bebes, bebes & comes,
o Grupo de Estudos Semanais do Grande Ponto
apresenta
a sua edição 2008 de dois temas que a todos interessam:

NATAL LEGAL

1. Fortaleza dos Reis Magos
2. Paisagem de Ponta Negra, incluindo o Morro do Careca
3. A obra de Luís da Câmara Cascudo
4. A Ladeira do Sol e a Praia do Meio
5. A velha Ponte de Igapó
6. Passeio no Rio Potengi, em noite de lua cheia
7. Caminhada no Parque das Dunas
8. Crepúsculo visto a partir da Pedra do Rosário
9. Feira do Alecrim
10. Tapioca com ginga, na Redinha
11. A política municipal para a cultura
12. O clássico ABC x América
13. Manhãs de sábado no Sebo Vermelho

NATAL MERDAL

1. Turismo sexual (em alguns casos, a R$ 1,99)
2. Poluição sonora e visual em toda a cidade
3. Excesso de colunismo social nos jornais
4. Americanalhação nos nomes de xópins e lojas comerciais
5. Programação musical das FMs
6. Carnatal
7. A política cultural do Estado para a cidade
8. O descaso da população em relação ao cinema de arte
9. A Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol
10. A mistificação sobre Luís da Câmara Cascudo
11. A inoperância do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
12. A incompetência da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras
13. A reforma no Teatro Alberto Maranhão


Extra! Extra!
[11:15h]
GRANDE FESTA EM ACARI

O açude Gargalheiras, em Acari, região seridoense, o mais belo reservatório d'água do Estado, começou a sangrar por volta de 11h de hoje: toda a cidade comemora o fato (que não acontecia desde 2004). Com o inverno verdesperançaleluia que chegou pra valer, vários açudes norte-rio-grandenses já estão sangrando, inclusive no Seridó. Em Caicó, não muito longe da cidade de Paulo Bezerra, Humberto Hermenegildo e Jeanne Araújo, há grande expectativa pela sangria do Itans. É o espetáculo das Águas Vivas! É o espetáculo da Esperança Azul! É o espetáculo da Vida Sertã!

sábado, 29 de março de 2008

BALAIO PORRETA 1986
nº 2266
Natal, 29 de março de 2008


TEU CORPO SEJA BRASA
Alice Ruiz
[ in Poesia Erótica ]

teu corpo seja brasa
e o meu a casa
que se consome no fogo

um incêndio basta
pra consumar esse jogo
uma fogueira chega
para eu brincar de novo


PARA UM NEGRO
Adão Ventura
[ in Jornal de Poesia ]

para um negro
a cor da pele
é uma sombra
muitas vezes mais forte
que um soco.

para um negro
a cor da pele
é uma faca
que atinge
muito mais em cheio
o coração.


POEMA
Cássio Amaral
[ via O Refúgio ]

a madrugada
lambe o sono
enquanto o sonho acorda


DITOS POPULARES NORDESTINOS
[ via Grande Ponto ]
[] Acabar-se depressa como sabão em mão de lavadeira
[] Agoniado como cobra quando perde a peçonha.
[] Andar ligeiro que só peba em areia frouxa.
[] Chorão que nem bezerro desmamado.
[] Feio como a necessidade.
[] Malcriado que só rapariga de soldado em portão de feira.
[] Perverso que só jararaca de rabo fino.
[] Resistente que só cascavel de quatro ventas.
[] Ruim que nem jerimum cheio d'água.
[] Suar mais que tampa de chaleira.

sexta-feira, 28 de março de 2008

BALAIO PORRETA 1986
n° 2265
Natal, 28 de março de 2008


ANTI-MONOTONIA
Carlos Gurgel (RN)
[ in On The É ]

vagas
aqui e logo ali
rebocando como um alce
a ausência da tua vida

livras
como um traste
o lastro de uma estrela
que te resta

ecoas
por entre parênteses mortos
como se fosse uma sombra
de si lesma

poupas
como uma troca de grutas
o ânimo de tudo que não partiu
semelhante ao próximo que te furtas

lambes
como um azougue do qual curvas
o bagaço de uma pilha de nervos
onde ampara as amarras da fúria

e cortas
como membro dos seus dedos tortos
todas as vísceras das ilhas dos portos
o que só a ti tem para se dar:
o azedume do seu porco sofrer.


Afonso Henriques Neto (RJ)
[ in Jornal de Poesia ]

o tio cuspia pardais de cinco em cinco minutos.
esta grama de lágrimas forrando a alma inteira
(conforme se diz da jaula de nervos)
recebe os macios passos de toda a família
na casa evaporada
mais os vazios passos
de ela própria menina.
a avó puxava linhas de cor de dentro dos olhos.
uma gritaria de primos e bruxas escalava o vento
escalpelava a tempestade
pedaços de romã podre
no bolor e charco do tanque.
o pai conduzia a festa
como um barqueiro
puxando peixes mortos.
nós
os irmãos
jogávamos no fogo
dentaduras pétalas tranças
fotografias cuspes aniversários
e sempre uma canção
só cal e ossos
a mãe de nuvem parindo orquídeas no cimento.

terça-feira, 25 de março de 2008

BALAIO PORRETA 1986
n° 2264
Natal, 25 de março de 2008



Memória / Repeteco
BALAIO INCOMUN 593
Desde 8/9/1986
Rio, 4 de março de 1994

Diretamente do Além
MENSAGEM DE CHICO DOIDO DE CAICÓ
AOS FORMANDOS DE COMUNICAÇÃO DA UFF,
em Niterói

Em vida, sempre fui um presepeiro, sempre fui um gozador, sempre fui um mulherengo da melhor qualidade. Desmaterializado, e já que não posso mais ser um mulherengo da gota serena, um mulherengo da bixiga lixa, continuo sendo um gozador muito do sacana, muito do atrevido, para satisfação daqueles que passam pelo meu Plano Astral. São Francisco de Assis, Câmara Cascudo, Patrícia Galvão, Manuel Bandeira, Moysés Sesyom, Rosinha da Pá Virada (uma digníssima prostituta da Paraíba), Jorge Fernandes, José Bezerra Gomes, Zila Mamede e Carlos Zéfiro, por exemplo, adoram sentir as minhas cabeludas mentiraiadas.

Aliás, sempre fui um grande e etílico mentiroso, mas um mentiroso de respeito, um mentiroso arretado, um mentiroso digno, e não um mentiroso que faz da mentira um curral diabólico para enganar o povo, para promover a corrupção, para acionar a falta de moral, para atiçar a miséria. Não fui, não sou e não serei um mentiroso qualquer. Mentiroso, sim, mas um mentiroso que nunca enganou ninguém.

E agora, para minha agradável surpresa, eis que sou patrono de uma turma de estudantes que se preparam - e como! - para enfrentar as inúmeras dificuldades do mundo. Em Caicó, garanto, ninguém vai acreditar nesta história. Vão achar que é mais uma mentira do Chico véio de guerra; que é mais uma doidura desse pobre diabo de tantas e tantas loucuras, pelo menos na sua poesia. Paciência, queiram ou não, sinto-me um pai-d'égua escalafobético muito do orgulhoso para nenhum bangalafumenga botar defeito.

Pensando em vocês, moços e moças, com todo o carinho possível do meu Seridó (que é maior do que a distância entre a Terra e o Sol), mas sem desejar para ninguém uma carreira de vícios (a não ser aqueles doces e adoráveis vícios demasiadamente humanos), me lembrei de uma glosa do poeta Moysés Sesyom:

Vida longa não alcanço
Na orgia ou no prazer.
Mas, enquanto não morrer
- Bebo, fumo, jogo e danço!
Brinco, farreio, não canso,
Me censure quem quiser...
Enquanto eu vida tiver,
Cumprindo essa sina venho,
E, além dos vícios que tenho,
- Sou perdido por mulher!...

Pois é... Às belas moças da turma, quero dizer: São tão borogodosas e cheirosas quanto as morenas do meu sertão. Se vivo fosse, se aí estivesse, me apaixonaria por todas vocês (com o devido respeito que a situação poderia requerer). Sei que isso seria um problema dos 600 mil diabos. Mas vocês merecem todas as paixões do mundo. E toda a felicidade necessária para a nova vida que hoje se inicia.

Aos moços, direi: são todos legais. E que também sejam felizes. E mais não direi, que a um caba macho de Caicó, mesmo desmaterializado, não se permite dizer muitas coisas de marmanjos. Assim sendo, nesta noite de fortes e inesperadas emoções, saibam viver com alegria e esperança. À distância, da sexta margem do rio, passando ao largo do velho Rosa, queiram aceitar o meu abraço. Obrigado...

Nota:
Esta mensagem foi lida, em off, por um aluno, no Teatro da UFF (Icaraí, Niterói), completamente lotado, em noite de gala. Depois da sessão de formatura, o Balaio foi distribuído entre os presentes. A turma Chico Doido de Caicó teve como paraninfo este vosso Moacy Cirne, professor, poeta, cangaceiro e caba da peste.

Em tempo / 2004:
Chico Doido de Caicó (1922-1991) foi divulgado pelo Balaio a partir de março de 1991, logo conquistando a simpatia e a admiração dos iacsianos da UFF. Em 1993, foi lançado postumamente à Academia Brasileira de Letras. Entre seus admiradores, o ator Leon Góes (que o interpretaria no teatro em 2002), os poetas Arthur Gomes e Sebastião Nunes e os cineastas Nelson Pereira dos Santos e Luiz Rosemberg Filho. Segundo consta, a cantora Madonna viria ao Brasil exclusivamente para conhecê-lo, tendo ficado inconsolável ao saber de sua morte, em maio de 1991. Para alguns, a presente "mensagem", lida na noite da formatura, em 4/3/1994, não teria sido "psicografada" e sim "alcooligrafada" nos bares de São Domingos, em Niterói. Há controvérsias a respeito.

[][][][]
BARRADO NO TRIBUNAL
Pois é: ontem, convidado - informalmente, acrescente-se - para integrar a mesa-redonda sobre poema/processo (também pretendia ver a discussão dedicada à nova literatura seridoense), no I Encontro Potiguar de Escritores, no auditório do Tribunal de Justiça do Estado, aconteceu o inesperado: fui barrado na entrada por um policial. Os que me conhecem sabem que, a não ser em casos excepcionais, só ando de bermuda. No Rio, em universidade federal, sempre dei as minhas aulas de bermuda, a partir do final da ditadura. Como diretor do Instituto de Arte e Comunicação, recebia alunos, funcionários, professores e o próprio reitor de bermuda. Sem maiores constrangimentos. Centros culturais, livrarias, eventos literários, casas de amigos só recebem a minha visita sem roupagem formal. O fato é que eu não esperava que um encontro de escritores, com a presença de poetas, fosse regido por normas burocráticas. Decerto, o Encontro, se realizado em outro espaço, atrairia mais gente. Por que não um local mais agradável? E menos "fechado"?

domingo, 23 de março de 2008

BALAIO PORRETA 1986
n° 2263
Natal, 23 de março de 2008


Repeteco
BALAIO INCOMUN 1643
Uma folha porreta desde 1986
Natal, 8 de janeiro de 2006

Balaio, Ano 20 (2/20)
20 LIVROS FUNDAMENTAIS PARA SE CONHECER O RIO GRANDE DO NORTE:
Roteiro provisório

1. História da Fortaleza da Barra do Rio Grande (Hélio GALVÃO, 1979)
2. Índios do Açu e Seridó (Olavo de MEDEIROS Filho, 1984)
3. Notas para a história do Rio Grande do Norte (Olavo de MEDEIROS Filho, 2001)
4. Introdução à história do Rio Grande do Norte (Denise Mattos MONTEIRO, 2002)
5. Nomes da terra (Luís da Câmara CASCUDO, 1968)
6. Seridó (José AUGUSTO, 1954)
7. Velhos costumes do meu sertão (Juvenal LAMARTINE, 1965)
8. Homens de outrora (Manoel DANTAS, 1941)
9. A penúltima versão do Seridó (Muirakytan MACEDO, 2005)
10. Sertões do Seridó (Oswaldo Lamartine de FARIA, 1980)
11. Personalidades históricas do Rio Grande do Norte (José T. ROSAS, coord., 1999)
12. A fala proibida do povo (Geraldo QUEIROZ, 1989)
13. Índios, colonos e missionários na colonização da Capitania do Rio Grande do Norte (Fátima Martins LOPES, 2003)
14. Vocabulário do criatório norte-rio-grandense (Oswaldo Lamartine de FARIA & Guilherme de AZEVEDO, 1966)
15. A modinha norte-rio-grandense (Cláudio GALVÃO, 2000)
16. A aposta de Luís Ignácio Maranhão (Maria Conceição GÓES, 1999)
17. Formação da literatura potiguar (Tarcísio GURGEL, 2001)
18. Livro de poemas (Jorge FERNANDES, 1927)
19. As pelejas de Ojuara (Nei Leandro de CASTRO, 1986)
20. Os brutos (José Bezerra GOMES, 1938)

Nota 2008
Há outros livros que precisam ser lembrados, e que fazem parte de um ROTEIRO PROVISÓRIO (segundo a nossa leitura) para que possamos conhecer melhor o Rio Grande do Norte. Por exemplo: Do sindicato ao Catete (de Café Filho), Várzea do Açu (de Manoel Rodrigues de Melo), 1964. Aconteceu em abril (de Mailde Pinto Galvão) e Sem paisagem (de Moacyr de Góes). Há outros, há outros: Por uma vanguarda nordestina (Anchieta Fernandes), Geração alternativa (Jota Medeiros), Movimento de Independência no Rio Grande do Norte (Luís da Câmara Cascudo), O lirismo nos quintais pobres (Humberto Hermenegildo de Araújo). E mais: Cartas da praia e Novas cartas da praia (Hélio Galvão), Spleen de Natal (Franklin Jorge), Sertão de espinho e de flor (Othoniel Menezes). Decerto outros livros podem ser mencionados, do Dicionário crítico Câmara Cascudo (Marcos Silva, org.) ao Salvados (Manoel Onofre Jr.). E à coleção Galante, em fascículos (Fundação Helio Galvão/Scriptorim Candinha Bezerra), e aos volumes dos Livros das velhas figuras (Câmara Cascudo). E por que não citar as principais obras de Antonio Soares, Denise M. Monteiro, Raimundo Nonato, Lenine Pinto? Ou Américo de Oliveira Costa? Ou Deífilo Gurgel? Ou João da Rua? O nosso "roteiro provisório", como o nome indica, é um roteiro-em-progresso.


I ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES
Começará amanhã, segunda, no Tribunal de Justiça (Praça 7 de setembro, centro de Natal), em promoção da UBE-RN, o I Encontro Potiguar de Escritores. Na pauta de discussões, a partir de 10:30h:
Poesia... Por quê? (com Lisbeth Lima, Demétrio Diniz, Napoleão Paiva e Pablo Capistrano);
Poetas do mundo (com Deth Haak);
A nova literatura do Seridó (com Maria José Gomes, Iara Maria Carvalho, Jeanne Araújo e Manoel Onofre Jr.);
Poema/Processo: 1967-2007 (com Dácio Galvão, Anchieta Fernandes, Falves Silva e Lívio Oliveira);
A importância da literatura de cordel na cultura brasileira (com Crispiniano Neto, Deífilo Gurgel, Gutemberg Costa e Severino Vicente);
O teatro potiguar: perspectivas (com Ivonete Albano e outros).
O Encontro prosseguirá na terça e na quarta.

sexta-feira, 21 de março de 2008

BALAIO PORRETA 1986
n° 2262
Natal, 21 de março de 2008


Humor
HISTÓRIAS DE ARMANDO NEGREIROS
[ in Viva a Verve! Natal: Sebo Vermelho, 2000 ]

Avalie temperado
Consultando uma mulher que tinha vindo do interior, ela foi logo adiantando: - Doutor, eu tô com uma coceiras aqui nas partes e uns escorrimentos e já usei tudo que me ensinaram: alho, manjericão, coentro, folhas disso e daquilo... e relatou outras mezinhas de que havia feito uso.
Dr. Carlos Mesquita, imperturbável, vira-se para o estudante e a atendente e comenta, sério: - Isso ao natural já é bom, avalie temperado...

Maca estreita
Deusdedith Nobre, baixinho, gordinho, quando não acontece, inventa. Mas essa ele garante que aconteceu. Após colher toda a história da paciente (anamnese), só faltava o exame físico. Peremptório, determinou: - Agora, a senhora tire a roupa e deite nessa maca...
A gestante desconfiada, mãos nos quadris, indagou: - Doutor, e essa caminha estreita pode com nós dois?

Mêrda
Participando de um encontro no Anhembi, em São Paulo, Raimundo Vicente Borba ouviu pelo serviço de som a chamada: - Os senhores participantes do grupo um, dirijam-se por favor ao salão Ê.
Borba, estranhando a pronúncia, indagou de uma recepcionista paulista: - O salão Ê que o locutor falou deve ser o É, não é mesmo?
- Não, senhor, é Ê mesmo. Aqui só falamos Ê, nós não falamos É.
Borba não perdeu tempo: - É uma pena. Assim vocês não podem mandar ninguém à merda e mandando à mêrda não tem graça nenhuma.

Bis
Ivanildo Correia de Paiva, o Deus, não podia fazer feio nos estudos, filho que era do Professor Saturnino, conhecido e respeitado professor de português que ensinou a mais de uma geração. Mas, para seu azar, estudando em Recife, foi reprovado e não sabia o que dizer ao pai. Espirituoso, passou o seguinte telegrama: PROFESSORES ENTUSIASMADOS MEUS EXAMES PEDIRAM BIS.

quarta-feira, 19 de março de 2008

BALAIO PORRETA 1986
n° 2261
Natal, 19 de março de 2008


ESPERAMOS que hoje, dia de São José,
O SERTÃO seja TRANSFIGURADO
POR um dilúvio de EMOÇÕES FLUVIAIS,
entre tempestades grenás & TANGERINAS VIOLETAS.


Arthur C. Clarke (16/12/1917-18/03/2008)
O MELHOR DA FICÇÃO CIENTÍFICA
segundo a nossa leitura crítico-afetivo-libertinária

Livros:
1. Crônicas marcianas (Bradbury, 1950)
2. Billenium (Ballard, 1962)
3. A cidade e as estrelas (Clarke, 1956)
4. Cidade (Simak, 1952)
5. Solaris (Lem, 1961)
6. Além do planeta silencioso (Lewis, 1938)

Contos:
1. Não tenho boca e preciso gritar (Ellison, 1967)
2. O jardim do tempo (Ballard, 1958), in Billenium [1962]
3. A cidade da chama cantante (Smith, 1931)
4. Shambleau (Moore, 1933)
5. Uma odisséia marciana (Weinbaum, 1934)
6. A terceira expedição (Bradbury, 1948), in Crônicas marcianas [1950]
7. O último mundo do Sr. Goddard (Ballard, 1963), in Menos um [1964]
8. Os poderes de Xanadu (Sturgeon, 1956)
9. A aldeia encantada (Van Vogt, 1950)
10. A cor que veio do espaço (Lovecraft, 1927)
11. O gentil assassino (Ballard, 1961), in Billenium [1962]
12. O cair da nolite (Asimov, 1941)
13. Arena (Brown, 1944)
14. Pelos cordões de suas botas (Heinlein, 1940)
15. Primeiro contato (Leinster, 1945)
16. A sentinela (Clarke, 1951)
17. A sétima vítima (Sheckley, 1953), in Inalterado por mãos humanas [1954]
18. Todo o tempo do mundo (Clarke, 1952)
19. Um som de trovão (Bradbury, 1952), in Os frutos dourados do sol [1953]
20. Podemos lembrá-lo para você por atacado (Dick, 1966)
21. A última pergunta (Asimov, 1958), in Nove amanhãs [1959]
22. Nenhuma outra manhã (Clarke, 1954)

Filmes:
1. 2001: uma odisséia no espaço (Kubrick, 1968)
2. Blade Runner (Scott, 1982)
3. O dia em que a Terra parou (Wise, 1951)
4. Alphaville (Godard, 1965)
5. Fahrenheit 451 (Truffaut, 1966)
6. Solaris (Tarkóvski, 1971)

Em tempo:
O roteiro de 2001: uma odisséia no espaço teve como "olhar inaugural" o conto A sentinela, de Arthur C. Clarke.

terça-feira, 18 de março de 2008

BALAIO PORRETA 1986
n° 2260
Natal, 18 de março de 2008


CARTÃO DE BOAS FESTAS
[em dezembro de 1964]
de Oswaldo Lamartine Faria
para Luís da Câmara Cascudo
[ in De Cascudo para Oswaldo.
Natal : Sebo Vermelho, 2005 ]

E que em 1965

Deus lhe guarde:
Da ira do Senhor
E do alvoroço do povo;

De ladeira abaixo - a água
E de ladeira acima - o fogo.

Do homem assinalado,
E mulher de papo encarnado.

Do indivíduo caviloso
E da baba do raivoso.

Dos sentimentos mesquinhos
E casa de maus vizinhos.

Da mulher que assobia
E do pote que não esfria.

E das três palavras de castigo:

Esteje preso!
Eu vos declaro marido e mulher,
E Jesus vai contigo...


EXPOENTES POÉTICOS DO RIO GRANDE DO NORTE?

Todos nós temos direito, em maior ou menor grau, a nossas escolhas, a nossos questionamentos, a nossas dúvidas e mesmo, eventualmente, a nossos equívocos. É o caso de se perguntar: seriam Othoniel Menezes, Gustavo Luz, David Leite ou Rogério Dias mais importantes ou estética e literariamente mais expressivos do que Zila Mamede, José Bezerra Gomes, Nei Leandro de Castro, Luiz Carlos Guimarães ou Marize Castro (ou ainda Sanderson Negreiros, Myriam Coeli, Iracema Macedo, Carmen Vasconcelos, Diva Cunha, Miguel Cirilo, Falves Silva, Avelino de Araújo, Jota Medeiros, Homero Homem)? Para nós, decididamente não, mil vezes não, mesmo reconhecendo, no caso de Menezes, uma particular importância cultural, construída a partir de sua famosa Serenata do pescador. Contudo, para Marcos Ferreira, poeta e escritor mossoroense, em
Expoentes poéticos do Rio Grande do Norte (cf. Circulador. Natal : Fundação José Augusto, março de 2008), aparentemente Zila Mamede e os demais (José Bezerra, Nei Leandro, e assim por diante) teriam menos valor literário do que Rogério Dias ou David Leite, por exemplo. Gostaríamos de saber quais os critérios estético-informacionais que o nortearam na elaboração de tão estranha e inusitada seleção de "expoentes" da poesia potiguar.

sábado, 15 de março de 2008

BALAIO PORRETA 1986
n° 2259
Natal, 15 de março de 2008


O BIG-BANG, O BANG-BANG, O FLA-FLU E O SERIDÓ
na visão de
Adam Frank & Moacy Cirne

Segundo a teoria tapuio-seridoense-marciana do Bang-Bang, todo o Universo - todo espaço, tempo, matéria e energia - emergiu de uma única explosão metafísico-aristotélica que o pôs em dinamismo. Só que, 40 minutos antes de tal fato (vide as pesquisas antropológicas de São Nelson Rodrigues, padroeiro do futebol fluminense), o Fla-Flu começara a existir. E assim sendo, uma luz fulgurante que ultrapassa qualquer descrição literária, filosófica, egípcia e/ou etílica inundou o universo recém-nascido.

E se o Fla-Flu começou 40 minutos antes do nada, de acordo com o alquimista Muirakytan Macedo e as arqueólogas Ana de Santana, Eliene Dantas, Maria Maria, Iara Carvalho e Jeanne Araújo, o Poço de Santana - em Caicó de Todos os Sonhos - e o Poço da Bonita - em São José de Todos os Delírios - se formaram 40 minutos depois do Bang-Bang. O astrônomo Romário Gomes e o poeta Neil de Castro confirmam-no. Os astrofísicos Miguel Cirilo e José Bezerra Gomes também o confirmavam.

Mas houve uma segunda parte desta história mitológico-científica que muitos desconhecem, inclusive abecedistas, americanos, tricolores, rubro-negros, botafoguenses, vascaínos, colorados, gremistas e os freqüentadores do Beco da Lama, em Natal: a escuridão retornou como uma vingança da bixiga lixa, como uma vingança da porra. E uma Idade das Trevas cósmico-seridoense teve início menos de 1 milhão de anos depois do Bang-Bang e perdurou por cerca de 1 bilhão de anos. Haja Big-Bang!

Depois, conforme se expandia, o Universo resfriou-se levando a mistura de partículas, radiação, futebol e poesia a uma série de episódios dignos de um encontro entre Zé Limeira e Chico Doido, sob as bênçãos de Lampião e Maria Bonita. Dentre esses episódios, há que destacar a criação, 69 segundos após o Bang-Bang, de prótons, espermas e nêutrons, partículas constitutivas de todos os núcleos atômicos e literários. Após uns 382 mil anos o Universo tinha se expandido uma porrada de léguas, formando o hidrogênio metafísico.

O fato concreto é que o surgimento do hidrogênio metafísico, o mais abundante elemento no Universo, trouxe o fim de uma era cósmica e o começo da Idade das Trevas. Somente quando as multidões despertaram para o Fla-Flu e surgiram as cidades de Caicó, Acari, Currais Novos, Jardim do Seridó, São João do Sabugi, Serra Negra do Norte e São José da Bonita, antes mesmo de Londres, Paris e Catolé do Rocha, a Idade das Trevas chegou ao fim. Como se fora um filme de Jussara Queiroz fotografado por Manoel Dantas.

E uma nova era da Astronomia, então, foi inaugurada. A ser editada, claro, pelo Sebo Vermelho.

[ Para maiores informações:
cf. O primeiro bilhão de anos, in Astronomy Brasil, vol.1, nº 2 /São Paulo, 2007/ ]


DIA DA POESIA EM NATAL
Capitania das Artes. Sebo Vermelho e Palácio da Cultura.
Alice Ruiz, Paulo Bruscky e Chico César.
Carlos de Souza, Carito e Mário Ivo.
Falves Silva, Anchieta Fernandes e Nei Leandro de Castro.
Jeanne Araújo, Fernando Mineiro e Analu Campos.
Paulo Jorge Dumaresq, Alex de Sousa e Abmael Silva.
Dácio Galvão, Candinha Bezerra e Mirabô Dantas.
João da Rua, Patrícia Brito e Lívio Oliveira.
Chico César, Paulo Bruscky e Alice Ruiz.
Palácio da Cultura, Sebo Vermelho e Capitania das Artes.

sexta-feira, 14 de março de 2008

BALAIO PORRETA 1986
n° 2258
Natal, 14 de março de 2008


POEMAS de
CHICO DOIDO DE CAICÓ

Liso, leso e louco, louco, leso e liséu
Putruco putruco putruco putrucu
Nasci aqui, não nasci em Jucurutu
Não vou rimar pulutrica com pitéu
Nem a bela Rosa com a doce Ritinha
O que eu quero mesmo é comer pinha.

[][][]

Pessoa, poeta maior,
Cabra macho que nem aquele
Eu só vi em Caicó
Se eu fosse português
Não seria inglês
Nem japonês
Seria como Zé Limeira
Paraibano de Lisboa
Montado num jumento
Diz o Novo Testamento.

[][][]

Amiga de bem trepar
Queres foder hoje
Até o mundo acabar?
Ou queres foder depois
Pros lados d'além-mar?
Amiga de bem querer
Queres ser chupada hoje
Até parar de chover?
Ou que queres ser chupada depois
Pra ser fudida e foder?
Oh amiga, minha amiga,
O que seria de mim sem você.

[][][]

Rio de Janeiro! Rio de Janeiro!
Só de pensar no meu Botafogo
Me dá uma vontade danada
De fazer poesia
Rio de Janeiro! Rio de Janeiro!
Só de pensar em suas mulheres
Me dá uma vontade danada
De ficar com a língua dura.

[][][]

Incrível Fantástico Extraordinário
Já champrei caicoenses e espanholas
Natalenses, portuguesas e cariocas
Paulistas, mineiras e cearenses
Gaúchas, argelinas e até uma americana
Mas nunca champrei uma pernambucana...

terça-feira, 11 de março de 2008


Praia nas proximidades de Natal:
o Paraíso é aqui!

Foto de
Ana Castro


BALAIO PORRETA 1986
n° 2257
Rio, 11 de março de 2008


Repeteco
20 (+ 20) LIVROS PORRETAS DA POETICIDADE POTIGUAR
[ in Balaio, nº 1661, de 30 de janeiro de 2006 /revisto/ ]

1. Canto de muro (Luís da Câmara Cascudo, 1959)
2. Prelúdio e fuga do real (Luís da Câmara Cascudo, 1974)
3. Livro de poemas (Jorge Fernandes, 1927)
4. Antologia poética (José Bezerra Gomes, 1974)
5. Sertões do Seridó (Oswaldo Lamartine de Faria, 1980)
6. Era uma vez Eros (Nei Leandro de Castro, 1993)
7. O arado (Zila Mamede, 1959)
8. A lua no espelho (Luís Carlos Guimarães, 1993)
9. Fábula fábula (Sanderson Negreiros, 1961)
10. Babel (Dailor Varela, 1974)
11. Geração alternativa (J. Medeiros, org., 1997)
12. As quatro margens do rio (Giovanne Sérgio & A. Laportes, 1997)
13. Vaqueiros e cantadores (Luís da Câmara Cascudo, 1939)
14. Livro de sonetos (Avelino de Araújo, 1994)
15. Esperado ouro (Marize Castro, 2005)
16. Currais Novos: Imagem/Tempo/Espaço (Francisco Ivan, 2005)
17. Diário íntimo da palavra (Nei Leandro de Castro, 2000)
18. Lance de dardos (Iracema Macedo, 2000)
19. Chuva ácida (Carmen Vasconcelos, 2000)

20. Cartas dos sertões do Seridó (Paulo Bezerra, 2000)

E mais, e mais:
Um doido e sua canção (Homero Homem, 1961)
Os elementos do caos (Miguel Cirilo, 1964)
Cartas da praia & Novas cartas da praia (Helio Galvão, 1967-68)
Exercício da palavra (Zila Mamede, 1975)
Cantigas de amigo (Myriam Coeli, 1981)
Marrons crepons marfins (Marize Castro, 1984)
As pelejas de Ojuara (Nei Leandro de Castro, 1986)
Corpo de pedra (Bosco Lopes, 1987)
Cara a cara (Volonté, 1988)
Nuvempoema (João Gualberto, 1990)
Além das salinas (Gilberto Avelino, 1990)
A palavra estampada (Diva Cunha, 1993)
Talhe rupestre (Paulo de Tarso Correia de Melo, 1993)
Contracanto (Jarbas Martins, 1996, 2ª ed.)
Spleen de Natal (Franklin Jorge, 1996)
Desconstrução verbal (Falves Silva, 1997)
Lugar de estórias (Bartolomeu Correia de Melo, 1998)
Saartão (Adriano de Sousa, 2004)
Glosa glosarum (Celso da Silveira, org., 2004, 4ª ed.)
A casa miúda (Theo G. Alves, 2005)

Algumas questões, decerto, impõem-se para todos nós: 1. Existe uma poeticidade potiguar? 2. Em existindo, como acreditamos que exista, o que a marcaria? 3. Os livros e autores aqui selecionados seriam, de fato, os mais representativos de sua concretude histórica? 4. Há outros nomes que deveriam ser mencionados? Por enquanto, apenas as formulamos: são perguntas que implicam problematizações. Somente um texto de fôlego dará conta dessas questões. Esperamos escrevê-lo o mais brevemente possível. Assim como esperamos reapresentar, por meio de leitura atualizada, os livros essenciais para se compreender o Rio Grande do Norte: livros de Câmara Cascudo, Helio Galvão, Manoel Dantas, Eloy de Souza, Oswaldo Lamartine de Faria, Muirakytan Macedo, Tarcísio Gurgel. E outros.

[][][] ||| [][][]

Nos próximos 20 dias,
faça chuva faça tangerina,
seja em Natal, seja no Seridó,
o Balaio será atualizado de forma irregular -
duas ou três vezes por semana.

segunda-feira, 10 de março de 2008


Cidades potiguares:
Parelhas,
na região seridoense,
em foto de
Hugo Macedo


BALAIO PORRETA 1986
n° 2256
Rio, 10 de março de 2008



FALHA
Jeanne Araújo (RN)

Faltou um detalhe. Eu sei.
E é da cor ocre do espanto.
É que faltou-me encanto
Talvez coragem, talvez...
Bem sei que faltou um detalhe.
Mas não me incrimine.
Nem espalhe.


O OLVIDO E O OUVIDO
Carito (RN)
[ in Os Poetas Elétricos ]

não dê olvido
à cabeça.
ao contrário, lembre-se
não se esqueça
e tire de letra:
uma letra muda,
faz uma diferença
gritante!
disso eu não duvido
sou todo ouvido.


A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS

Teorias da arte moderna [1968], de Herschel B. Chipp (org.). São Paulo : Martins Fontes, 1988, 676p. [] Documentos, manifestos, cartas, depoimentos, artigos: uma boa coletânea de textos que marcaram os principais movimentos artísticos dos séculos XIX e XX, a partir do pós-impressionismo, até os anos 60: simbolismo, fauvismo, expressionismo, cubismo, futurismo. E mais: neoplasticismo, construtivismo, dada (provavelmente, o mais radical de todos), surrealismo. E outros, que discutem a relação arte/política. Textos de Paul Gauguin, Hen ri Rousseau, Wassily Wandinsky, Paul Klee, Kasimir Malevich, Piet Mondrian, Tristan Tzara, Max Ernst, Leon Trotsky (sobre literatura e revolução). Mas os brasileiros estão ausentes. Neste caso, contamos com o livro de Gilberto Mendonça Teles: Vanguarda européia e modernismo brasileiro (Petrópolis : Vozes, 1971). Uma curiosidade em relação à obra de Chipp: o prefácio da edição original foi escrito em Paris em maio de 1968. Quando os estudantes, os professores e muitos cineastas, poetas e artistas estavam nas ruas da capital francesa: A imaginação no poder!

sábado, 8 de março de 2008


O final de A aventura
(Michelangelo Antonioni),
lançado em 1960,
o ano de
Rocco e seus irmãos (Visconti),
A doce vida (Fellini),
Psicose (Hitchcock),
Uma vida em pecado (Lerner).


BALAIO PORRETA 1986
n° 2255
Rio, 8 de março de 2008


De Caicó ao Rio de Janeiro
52 ANOS DE REGISTROS CINEMATOGRÁFICOS

Os melhores entre os melhores,
segundo a minha leitura crítico-afetivo-libertinária:

1. A aventura (Antonioni, 1960)
2. Une partie de campagne (Renoir, 1936)
3. Persona (Bergman, 1966)
4. Ano passado em Marienbad (Resnais, 1961)
5. Crônica de Anna Madalena Bach (Straub & Huillet, 1967)
6. Eclipse (Antonioni, 1962)
7. O homem da câmera (Vertov, 1929)
8. Cidadão Kane (Welles, 1941)
9. A paixão de Joana d'Arc (Dreyer, 1928)
10. Viver a vida (Godard, 1962)
11. 2001: uma odisséia no espaço (Kubrick, 1968)
12. Hiroshima, meu amor (Resnais, 1959)
13. Contos da lua vaga (Mizoguchi, 1953)
14. A regra do jogo (Renoir, 1939)
15. Andrei Rublev (Tarkóvski, 1966)
16. Mãe e filho (Sokurov, 1997)
17. A terra treme (Visconti, 1948)
18. Deus e o diabo na terra do sol (Glauber Rocha, 1964)
19. Madre Joana dos Anjos (Kawalerowicz, 1961)
20. My darling Clementine (Ford, 1946)
21. Rastros de ódio (Ford, 1956)
22. Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelles (Akerman, 1975)
E mais, por ordem cronológica:
O encouraçado Potemkin (Eisenstein, 1925)
Aurora (Murnau, 1927)
M, o vampiro de Dusseldorf (Lang, 1931)
A grande ilusão (Renoir, 1937)
Desencanto (Lean, 1945)
O tesouro de Sierra Madre (Huston, 1948)
As férias do Sr. Hulot (Tati, 1953)
Johhny Guitar (Ray, 1954)
A palavra (Dreyer, 1955)
A princesa Yang Kwei Fei (Mizoguchi, 1955)
Um condenado à morte escapou (Bresson, 1956)
Morangos silvestres (Bergman, 1957)
A marca da maldade (Welles, 1958)
Pickpocket (Bresson, 1959)
Acossado (Godard, 1959)
Rio Bravo (Hawks, 1959)
O leopardo (Visconti, 1963)
Oito e meio (Fellini, 1963)
Simão do Deserto (Buñuel, 1965)
Blow-up (Antonioni, 1966)
Falstaff (Welles, 1966)
Era uma vez no oeste (Leone, 1968)
Carta para Jane (Godard & Gorin, 1972)
Santo Agostinho (Rossellini, 1972)
Uma mulher sob influência (Cassavetes, 1974)
Barry Lyndon (Kubrick, 1975)
Agonia e glória (Fuller, 1980)
Nostalgia (Tarkóvski, 1983)
A bela intrigante (Rivette, 1991)
Uma visita ao Louvre (Straub & Huillet, 2004)

Nota:
Não foi fácil estabelecer apenas 52 filmes, já que pré-selecionei cerca de 220 filmes que admiro com entusiasmo: filmes como Sherlock Jr. (Keaton), Em busca do ouro (Chaplin), A General (Keaton & Bruckman), O fim de São Petersburgo (Pudóvkin), A caixa de Pandora (Pabst), O Anjo Azul (Sternberg), Entusiasmo (Vertov), A terra (Dovjenko), O homem de Aran (Flaherty), A mocidade de Lincoln (Ford), Dia de ira (Dreyer), O boulevard do crime (Carné), Alemanha, ano zero (Rossellini), O terceiro homem (Reed), Rashomon (Kurosawa), Diário de um pároco de aldeia (Bresson), Crepúsculo dos deuses (Wilder), Othello (Welles), Cantando na chuva (Kelly & Donen), Viver (Kurosawa), A carruagem de ouro (Renoir), Era uma vez em Tóquio (Ozu), Amantes crucificados (Mizoguchi), Janela indiscreta (Hitchcock), O grito (Antonioni), Cinzas e diamantes (Wajda), A sala de música (/S/ Ray), Vertigo (Hitchcock), Rocco e seus irmãos (Visconti), O anjo exterminador (Buñuel), Vidas secas (Nelson Pereira dos Santos), O criado (Losey), O deserto vermelho (Antonioni), O evangelho segundo São Mateus (Pasolini), Pierrot le fou (Godard), Vinyl (Warhol), Walden (Mekas), Terra em transe (Glauber Rocha), Memórias do subdesenvolvimento (Alea), La hora de los hornos (Solanas), Faces (Cassavetes), Othon (Straub & Huillet), Laranja mecânica (Kubrick), O poderoso Chefão (Coppola), F for fake (Welles), O passageiro (Antonioni), Apocalypse now (Coppola), O touro indomável (Scorsese), O desespero de Veronika Voss (Fassbinder), Paris, Texas (Wenders), Danação (Tarr), A dupla vida de Veronique (Kieslowski), Gosto de cereja (Kiarostami),
Conto de outuno (Rohmer).

sexta-feira, 7 de março de 2008


Duas mulheres sentadas,
de
Anna Maria Niemeyer
[ no sítio da Fiocruz ]:
nossa homenagem ao
Dia Internacional da Mulher,
a ser comemorado amanhã


BALAIO PORRETA 1986
n° 2254
Rio, 7 de março de 2008



MULHERES
Eunice Arruda
[ in Zumbi Escutando Blues ]

Mulheres
mecanizadas
simulam
vozes

De passos duros
e roupas leves
alargam a tarde
de fumaça
e objetivos

Têm pressa - não
sonhos

Mulheres mecanizadas
geram filhos e
criam o

abstrato



A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS

A paixão segundo G.H. [1964], de Clarice Lispector. Ed. crítica: Benedito Nunes (org.). Florianópolis : EdUFSC, 1988, 366p. /Coleção Arquivos, n° 13, sob os auspícios da UNESCO/ [] Um dos maiores livros da literatura brasileira do século XX, com a colaboração crítica de Affonso Romano de Sant'Anna, Antonio Candido, Benjamin Abdala Junior, Glória Maria Cordovani, Nádia Battela Gotlib, Olga Borelli, Olga de Sá, entre outros, além do próprio Benedito Nunes, organizador da edição, e Telê Porto Ancona Lopez, que fez a revisão do texto. Uma obra indispensável para os estudiosos e os admiradores da autora de Perto do coração selvagem e A hora da estrela. Pois bem: "A paixão segundo G.H. leva ao limite sua indagação sobre as possibilidades ontológicas da linguagem. A personagem narradora reduz-se a um G.H., num quarto como espaço, num dia como tempo cronológico, amparada pela mão de um interlocutor imaginado. Uma barata é o ponto de partida para a longa introspecção, expressa num monólogo, como método empírico de inquirição metafísica" (Olga de Sá, p.213).

quinta-feira, 6 de março de 2008



BALAIO PORRETA 1986
n° 2253
Rio, 6 de março de 2008



A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS

Fla-Flu... e as multidões despertaram,
de Nelson Rodrigues & Mário Filho,
por Oscar Maron Filho & Renato Ferreira (org.).
Rio de Janeiro : Europa, 1987, 192p.

Escolhe-se um clube como se escolhe uma mulher. Para toda a vida ou até que Deus os separe. É mais difícil deixar de amar a um clube do que a uma mulher. (Mário Filho, p.50)

Se futebol fosse só geometria, Marcos de Mendonça [goleiro tricolor dos anos 10] teria sido invulnerável. Mas às vezes o chute saía errado. Contra esse chute errado Marcos de Mendonça nada podia fazer. (Mário Filho, p.101)

Aí está o grande feito de toda a minha vida. O óbvio vivia relegado a uma posição secundária ou nula. Fui eu que, com minha pertinácia, arranquei-o da obscuridade, da insignificância. (Nelson Rodrigues, p.109-110)

O Ceguinho é feliz e por quê? Há príncipes, reis, rainhas, duques, potentados que ainda não descobriram a doçura da vida. Eis o que eu queria dizer: a felicidade do ceguinho chama-se Fluminense. Com o Tricolor, sua vida passou a ter um sentido. Não sentiu mais nenhuma solidão. Foi como se, de repente, a sua treva se enchesse de estrelas. (Nelson Rodrigues, p.156)

O Fla-Flu não tem começo. O Fla-Flu não tem fim. O Fla-Flu começou quarenta minutos antes do nada. E aí então as multidões despertaram. (Nelson Rodrigues, p.187)

Em tempo:
Ontem no Maraca, vibrando e cantando durante 90 minutos, vivi com emoção um duplo espetáculo transformado numa só festa: o espetáculo da torcida e o espetáculo da goleada sobre o Arsenal, da Argentina.
Hoje, no Uruguai, será a vez do Flamengo fazer a festa. Mesmo longe de sua flamejante torcida.

quarta-feira, 5 de março de 2008


Cidades potiguares:
Caraúbas.
Foto de Alexandro Gurgel
in
Grande Ponto


BALAIO PORRETA 1986
n° 2252
Rio, 5 de março de 2008



Informação
JORNAIS CENTENÁRIOS DO BRASIL

Diário de Pernambuco (Recife, PE), fundado em 1825
Jornal do Commercio (Rio, RJ), em 1827
Monitor Campista (Campos, RJ), em 1834
O Estado de S.Paulo (São Paulo, SP), em 1875
O Fluminense (Niterói, RJ), em 1878
Diário Popular (Pelotas, RS), em 1890
Jornal do Brasil (Rio, RJ), em 1891
A Tribuna (Santos, SP), em 1894
Correio do Povo (Porto Alegre, RS), em 1894
Jornal de Piracicaba (Piracicaba, SP), em 1904
Jornal do Commercio (Manaus, AM), em 1904
O Norte (João Pessoa, PB), fundado em 1908.

Fonte:
Supl. Especial da ed. n° 233 (jan/2008) da revista ABIGRAF.


LEITURAS PARA AS PRÓXIMAS HORAS

O berro impresso das manchetes, de Nelson Rodrigues. Rio de Janeiro : Agir, 2007, 540p. [] As crônicas completas da Manchete Esportiva (1955-59), escritas pelo santo protetor do Fluminense, e que admirava todos os grandes clubes cariocas, com suas torcidas inflamadas e delirantes. Vale a pena ler ou reler algumas de suas mais memoráveis crônicas: Freud no futebol, A divina goleada (Flamengo 4x1 América, em 11/4/1956), A tara do gol, Goleada tricolor (Fluminense 5x0 Bangu, em 15/9/1956), A goleada da raiva (Flamengo 12x2 São Cristóvão, em 3/11/1956), Os apavorados do futebol, O furioso Botafogo, Torcida alvinegra, A camisa rubro-negra, Vasco da Gama. E assim por diante. E por diante, assim.

Arquivinho Nelson Rodrigues, por Cláudio Mello e Souza (org.). Rio de Janeiro : Bem-Te-Vi, 2008 /folhas soltas e dvd/ [] Apesar do preço salgado - 205 reais -, o material é valioso. Não se trata de um livro propriamente dito, mas de uma pasta de luxo, muito bem acabada, com ótimo texto do botafoguense Armando Nogueira sobre o Mago Tricolor, fac-símile do cartaz da peça Toda nudez será castigada, fac-símile do programa e original da peça Beijo no asfalto, duas cartas inéditas para o amigo Otto Lara Resende, a entrevista (áudio) no Museu da Imagem e do Som em 1967, a entrevista (vídeo) feita por Lara Resende em 1977, uma visão crítica de sua obra por Sábato Magaldi. E por diante, assim. E assim, por diante.


MEMÓRIA TRICOLOR
Moacy Cirne
[ in Cinema Pax, 1983 ]

nos idos de 54
um suicídio abalava o país
e a criança que eu era
só tinha olhos para
os filmes de carlitos
os gibis do fantasma
e o fluminense de
castilho
píndaro
e pinheiro

nos idos de 54
um suicídio abalava o país

terça-feira, 4 de março de 2008

Capa de
J. Carlos
(1884-1950),
um dos maiores artistas nacionais do século XX,
para
a revista

Para Todos
,
em fevereiro de 1927,
o ano de
Aurora (Murnau),
Outubro (Eisenstein),
O fim de São Petersburgo (Pudóvkin),
A General (Keaton & Bruckman),
Napoelão (Gance),
Berlim, sinfonia de uma cidade (Ruttmann),
La p'tite Lili (Cavalcanti).


BALAIO PORRETA 1986

n° 2251
Rio, 4 de março de 2008



FLORES OU FACAS
Silvia Chueire

[ In the Meadow ]

Cabem flores ou facas
no meu pensamento.

Fio ou perfume a nascerem
conforme o dia.
Tomo ambos com o mesmo cuidado;

ambos têm uma fraqueza
irrecusável.


LEITURAS ATUAIS

O desenhista invisível, de Julieta Sobral. Rio de Janeiro : Folha Seca, 2007 [2008], 200p. [] Um belo livro, quer pela contextualização histórica do nosso cartunista maior, quer pelas inúmeras reproduções (incluindo um ótimo caderno de fotos do Rio antigo, no final), sobretudo as capas da revista Para Todos. Aliás, dentro da imprensa brasileira, nada se compara, até hoje, em termos de criatividade e beleza gráfica, às capas de J. Carlos para o periódico carioca lançado em 1926. Diz a Autora, fotógrafa e professora da PUC-RJ, com inteira propriedade crítica: "As capas da Para Todos desenhadas por J. Carlos constituem um verdadeiro tesouro do design gráfico Art Déco. Exuberantes, oníricas e elegantes, são um deleite para os olhos" (p.52).

O vidente míope; J. Carlos n'O Malho 1922-1930, de Luiz Antonio Simas (texto) & Cássio Loredano (organização). Rio de Janeiro : Folha seca, 2007 [2008], 280p. [] Mais um livro modelar sobre o genial artista brasileiro. Dessa vez, a dobradinha Simas (historiador/botafoguense) / Loredano (cartunista/vascaíno) resultou num gol de placa, com direito a aplausos entusiasmados da galera tricolor, americana e rubro-negra. Texto primoroso e reproduções (incluindo inúmeras capas d'O Malho) de alto nível. O Brasil e o Rio dos anos 20 palpitam aqui (J. Carlos, aliás, foi contrário à Revolução de 30), através das ilustrações e da visão histórica - sempre pertinente, sempre esclarecedora - de Luiz Antonio Simas.

Nota: Os dois livros provavelmente serão lançados no próximo dia 25, no Paço Imperial. Maiores informações: folhaseca@livrariafolhaseca.com.br


Memória
OS FILMES NO RIO EM SETEMBRO DE 1926

Na edição de núm. 404 da revista Para Todos, com mais uma bela capa de J. Carlos (reproduzida no livro O desenhista invisível, p. 65), a maior curiosidade fica por conta da seção de cinema, apontando e comentando alguns dos filmes em exibição. Ei-los:
No Odeon - Esposa leviana (The reckless lady), da First National. "Um bom film. Bôa história, bôa interpretação, bons ambientes, photographia nitida e technica impeccavel. ... Cotação: 7 pontos";
No Império - O preço de um beijo (His secretary), da Metro-Goldwyn. "Uma bôa comedia, cheia de situações muito interessantes e verosimeis. Norma Shearer está cada vez mais seductora. ... Cotação: 7 pontos";
No Glória - Em busca do ouro (The gold rush), da United Artists. "Vocês sabem perfeitamente o que é uma comedia de Carlito, portanto... Se quizerem rir, não deixem de ver esta. A scena das velas, os cuidados que elle tem com o seu cachorro para que o seu amigo (Mack Swain) não o coma, e muitas outras, são impagaveis, são scenas mesmo que só Charlie Chaplin poderia apresentar. Cotação: 7 pontos".
[Nota do Balaio: Só um 7, em 1o pontos possíveis?]
No Capitólio - A soberba (The untamed lady), da Paramount. "Não é dos melhores films de Gloria Swanson. Assumpto commum e muito explorado, além disso pareceu-nos tão diferente... Em todo caso ella continúa a mesma nas scenas de idyllio. Cotação: 6 pontos".
Outros filmes são comentados e cotados pela Para Todos.

[Nota2: Não foi possível determinar o autor da seção. De qualquer modo, os diretores da revista eram Alvaro Moreyra e J. Carlos, tendo Léo Osorio como gerente. Um dos três, provavelmente, comentava os filmes em cartaz no Rio.]

segunda-feira, 3 de março de 2008


Calendário de bolso
para 1962,
o ano de
Eclipse (Antonioni),
O anjo exterminador (Buñuel),
O processo (Welles),
Jules et Jim (Truffaut),
O processo de Joana d'Arc (Bresson),
Porto das Caixas (Paulo César Saraceni),
Nietzsche e a filosofia (Deleuze),
O pensamento selvagem (Lévi-Strauss),
Obra aberta (Eco),
A galáxia de Gutenberg (McLuhan),
solida (Wlademir Dias Pino),
Os condenados da terra (Fanon),
A guerra de guerrilha (Che Guevara),
O Homem-Aranha (Lee & Ditko),
Barbarella (Forest),
Mort Cinder
(Oesterheld & Breccia),
O almoço nu
(Burroughs),
O homem do Castelo Alto
(Dick).


BALAIO PORRETA 1986
n° 2250
Rio, 3 de março de 2008



Poema de
SANDRA CAMURÇA
[ in O Refúgio ]

difícil explicar
quando voltei à realidade
comecei a sonhar


De MARCONI LEAL
[ in 10 conceitos-chave do conservador moderno ]

|| Todos os problemas do universo, a começar pelas supernovas e a extinção do sol daqui a bilhões de anos, são culpa da esquerda, a quem se devem também alguns desastres naturais como o furacão Katrina.

|| Os problemas do Brasil começaram quando, em vez de ensinar os índios a serem escravizados e torturados de acordo com as leis do mercado, Pedro Álvares Cabral, notório esquerdista, preferiu distribuir Bolsas Pau-Brasil entre eles, acabando com a vontade trabalhar dos selvagens e transformando-os em alcoólatras, vagabundos e hippies.


DESGOsto DE FêmeA
Mario Cezar
[ in Coivara ]

entre as pernas (poço úmido) a longa espera.