segunda-feira, 7 de maio de 2007

PARABÉNS AO FLAMENGO

O time e a entusiasmada torcida do Flamengo estão de parabéns pela conquista de mais um Carioca. O Botafogo talvez seja mais time, no momento, mas na hora H faltou-lhe a chama gloriosa de campeão, que terminou por se voltar para as cores rubro-negras. Vivi, inclusive, uma situação inédita em meus 40 anos de Rio: acompanhando uma de minhas filhas natalenses (Thaíssa) e seu namorado cearense (Júnior), flamenguista até a alma, estive no Maraca, no meio da torcida do Flamengo, nos dois jogos. Observador desapaixonado, tricolor desde o surgimento do próprio universo, pude verificar algumas coisas interessantes: 1) Não passa de mito afirmar que a torcida do Flamengo é violenta, ou mais violenta do que as demais dentro do velho e querido estádio: nos dois jogos, a presença de crianças e sobretudo mulheres, era considerável; não vi nenhuma briga (ou confusão) no seio dos torcedores do Clube da Gávea; 2) Sua bela empolgação, mesmo vibrante, mesmo envolvente, não me pareceu maior do que a empolgação de outras torcidas em clássicos decisivos. No primeiro jogo, ficamos os três na arquibancada amarela, próxima à verde; no segundo jogo, ficamos na arquibancada branca, próxima à amarela. Os três segmentos mantinham o mesmo nível de animação, embora a verde e a amarela, pela ação colorida das "organizadas" com suas bandeiras, parecessem mais calorentas e agitadas; 3) Em nenhum momento algum rubro-negro implicou com um torcedor (no caso, eu) tão pouco entusiasmado e sem qualquer vibração em sua própria torcida. Na minha frente, um flamenguista animadíssimo, ainda me perguntou, quando o jogo já estava 2 a 2: "Com a sua experiência de vida, será que ganharemos no último minuto com um gol de mão, em impedimento?" Respondi-lhe: "Claro, em futebol tudo é possível". Aparentemente, ficou satisfeitíssimo com a minha resposta. No final das penalidades, no meio das comemorações (das quais, evidentemente, não participava), abracei, parabenizando-os, Thaíssa e Júnior, que, mais enlouquecido de emoção do que qualquer um outro, via pela primeira o seu Mengo ser campeão em pleno Maraca. Era uma festa bonita. Como seria bonita a do Botafogo, se a história fosse outra. Valeu a pena: gostei da experiência, como espectador independente. Mas, para ser sincero, não pretendo repeti-la.


BALAIO PORRETA 1986
nº 2012
Rio, 7 de maio de 2007



O DIARIM DE MARIA BUNITA - VII
(Divulgação: Menina Arretada do Seridó)

Meu quirido diarim,

tá qui chove muito pur essas bandas de meu Deus. O capitão tá meio brocoió cum a estória da cigana, mais eu disfacei bem, disse qui ela tava mi ensinano umas mezinhas pra essas coisas de muié. Mais o capitão num é nenhum mané de vazante não. Ele sente cheiro de traição de longe e ocê sabe, né diarim, o qui ele faz cum quem apronta presepada cum ele. num sobra nem nutícia da alma do fi d'uma égua qui apronta cum ele. A cigana me disse outro dia qui esses minino do Beco são muito do convencido, mais qui parece qui só tem arranque, ocê sabe, né diarim, cachorro qui muito late, não morde.. Acho qui já tô inté perdeno a vontade de ir na capitá, parece qui im Mossoró, tombem tem uns minino arretado de bom, cheio de mungango, tudo Papangu. Ela mi disse qui cunheceu por lá, nas andanças dela, um tar de Tulho Rato, qui veve aperriano os mitido a bacana de lá. Virgulino inté qui podia ter um cabra da peste desse no bando, né não diarim, nem que fosse pra levar um mói de chifre de veiz im quando...

6 comentários:

Anônimo disse...

Moacy,
Lúcido o seu comentário sobre o Mengo. De fato, o Bota tem um melhor time, joga melhor, mas lhe faltou o espírito para a decisão. Por sinal que foi isso o que disse Fernando Calzans na sua coluna de hoje. Um abraço.

o refúgio disse...

Eita, que esse Diarim continua arretado!
E viva o Mengo! Mas eu ainda prefiro o Nense, não sei porquê...

Um beijo.

Anônimo disse...

Caríssimo,
O clima amistoso que o amigo observou na cidade carioca, repetiu-se aqui na clássica decisão. Contudo, o fenômeno ficou adstrito ao âmbito interno do estádio. Lá fora a coisa muda de figura e o vandalismo continua, com ônibus depredados e pessoas lesionadas em sua integridade física. É lamentável a constatação de que a paz reinante no estádio, deveu-se mais ao trabalho preventivo da polícia militar , articulado em conjunto com outras instituições governamentais, visando inibir as ações criminosas das torcidas organizadas, do que ao seu espírito desportivo.

Anônimo disse...

Meu caro Moacy,
O diarim hoje tá uma delícia, pra variar; a crônica sobre o Flamengo me remete a uma questão, a da postagem anterior: campeão cearense, com todos os méritos, mas, aqui pra nós, eu não saberia quem "escalar" para compor o Fortaleza... Tá ruim demais o futebol brasileiro!
Ou não. Sei não.
Forte abraço, meu caro.

Unknown disse...

Amigo Moacy,
Diga para dona Maria que vai rolar um rela-bucho danado de bom no Beco, o II MPBeco e os meninos de lá vão tá todos subindo pelas paredes. Se ela aparecer por lá sem o Capitão Virgulino, é bem capaz dela arranjar um banho de gato. Agora, eu soube que os Papagus de Mossoró também querem fazer mais raiva ao cangaceiro e podem usar dona Maria. É bom ela ficar de olhos abertos.
Forte abraço.
Alex

Marco disse...

Caro mestre Moacy,
Excelente a sua crônica sobre uma presença desapaixonada em meio ao turbilhão de paixões que á a nação rubro-negra. O Flamengo é a impessoalidade que mais amo na vida. Eu entendo o calor e o amor da cada torcedor rubro-negro que vejo na arquibancada. Claro que as outras torcidas são igualmente apaixonadas. mas vejo uma energia maior na do Mengão.
Parabéns para nós (dizia Nelson Rodrigues que a dupla Fla-Flu são os Irmãos Karamazov do futebol. E é.
Carpe Diem.