UM FILME PORRETA
Sullivan’s travels / Contrastes humanos (USA, 1941),
de Preston Sturges.
Título em Portugal: A quimera do riso.
Argumento: Preston Sturges.
Fotografia: John F. Seitz.
Música: Charles Bradshaw & Leo Shuken.
Elenco: Joel McCrea, Veronica Lake & outros.
[] “... Sturges mistura brilhantemente humor simples com um refinado e cortante comentário cultural, mais uma vez ... descrevendo a identidade social como uma proposta altamente instável, susceptível de transformações hiperbólicas por meios tão prosaicos como o disfarce, a confusão e o auto-engano” (Steven Jay Schneider, in 1001 filmes para ver antes de morrer, p.180).
BALAIO PORRETA 1986
nº 2032
Rio, 2 de junho de 2007
A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS
666 livros indispensáveis (18/111)
O calvário das secas, de Eloy de Souza. Natal: Imprensa Oficial, 1938, 212p. [Livro adquirido no sebo Luzes da Cidade, em Botafogo, Rio, com dedicatória do Autor para o “prezado collega João Duarte Filho com a minha amizade e admiração pela sua juventude victoriosa. Natal, 31-1-939”.] Um clássico da literatura sociológica potiguar: muitas das análises ainda são atuais, como, por exemplo, as que abordam O São Francisco e o Nordeste e, dentro da mesma perspectiva, O São Francisco derramado no Nordeste. Mas há outros capítulos igualmente significativos: As secas e a defesa nacional é um deles.
Ilíada, de Homero. Trad. Odorico Mendes. Rio de Janeiro / São Paulo / Porto Alegre: W.M. Jackson Inc., 1950, 444p. /Col. Clássicos Jackson/ [] Um clássico é um clássico é um clássico: a epopéia homérica em toda a sua plenitude histórico-literária. Não importa se Homero foi a soma, ou não, de vários poetas populares anônimos, resgatados pela genialidade de um ou mais ouvintes audazes. Importa é o que ficou para a história da arte poética: a obra que eternizou/sedimentou a lenda de uma guerra – a Guerra de Ílio, ou Tróia.
Odisséia, de Homero. Trad. Carlos Alberto Nunes. São Paulo, Melhoramentos, s/d [1960, provavelmente], 362p. [] Um clássico é um clássico é um clássico: a epopéia homérica em toda a suja plenitude filosófico-literária. Em se tratando de Homero, e de suas duas obras que ficaram na história da humanidade, a não ser que recorramos a originais helênicos, as traduções só podem ser vistas como recriações. O correto, assim, ou pelo menos o mais adequado, seria afirmamos: eis a Odisséia de Homero & Carlos Alberto Nunes. O mesmo, claro, vale para a edição da Ilíada.
Judas, o obscuro [1895], de Thomas Hardy. Trad. Octávio de Faria. Belo Horizonte: Itatiaia, 1962, 360p. [Livro adquirido em Natal em abril de 1964.] Um livro que marcou toda uma geração de jovens natalenses (não sabemos se também afetou, na mesma época, poetas e ficcionistas de outros Estados). Sua sensibilidade e sua tragédia, que nos tocaram diante da impotência política e da ansiedade intelectual pós-golpe militar de 64, não seriam por demais datadas? A obra-prima que nos pareceu então, com todo o seu pesado romantismo, resistiu ao tempo? Quando o releremos, pois?
As relações perigosas [1782], de Laclos. Trad. Sérgio Milliet. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1961, 346p. /Clássicos Garnier/ Coletânea de cartas entre os vários personagens, configurando, a partir daí, sua estrutura romanesca. “A libertinagem aparece nessa obra como um jogo de conquista. É a arte de seduzir sem deixar sem deixar envolver-se. O que vale são as artimanhas a se usar, dentro de princípios que determinam o código de honra dos libertinos, As relações perigosas limitam-se aos aspectos psicológicos da sedução, sem cuidar de qualquer pormenor erótico” (Bráulio Pedroso).
Assombrações do Recife Velho [1955], de Gilberto Freyre. Rio de Janeiro / Brasília: José Olympio / MEC, 1974, 156p. [] Para quem ama Recife, como nós amamos, este é um livro simplesmente saboroso, com “Algumas notas históricas e outras tantas folclóricas em torno do sobrenatural no passado recifense”. Alguns casos: Um lobisomem doutor, Uma rua inteira mal-assombrada (Avenida Malaquias; ainda terá esse nome?), O negro velho que andava em fogo vivo etc. Algumas casas: O sobrado da Estrela, O sobrado das três mortes, O sobrado do Pátio do Terço. Tem mais, claro.
Dinâmica do folclore, de Edison Carneiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965, 188p. [] Uma leitura sociológica e eventualmente antropológica das manifestações populares que alimentam a cultura dos excluídos da sociedade. “Entende-se por folclore um corpo orgânico de modos de sentir, pensar e agir peculiares às camadas populares das sociedades civilizadas” (Edison Carneiro). Há capítulos que merecem uma atenção maiôs especial: Antropologia e folclore, O folclore do cotidiano, Folclore – fenômeno cultural, O folguedo popular, Proteção para a música folclórica.
Movie poster, de Emily King. London: Octopus-Mitchell Beazley, 2004, 224p. [] Boas – e, às vezes, ótimas – reproduções de cartazes de vários filmes conhecidos e/ou famosos, quando possível com indicação de seus autores. Por exemplo: Casablanca, por Bill Gold (p.47); o pôster italiano de Cidadão Kane (Quarto potere) (p.49); Um corpo que cai, por Saul Bass (p.50); Amor, sublime amor, por Saul Bass (p.55); A grande ilusão, por Bernard Lancy (p.69); o pôster polonês de Os pássaros, por Bronislaw Zelek (p.86); A faca na água, por Jan Lenica, um dos mestres do cinema de animação polonês (p.91); o cartaz tcheco de Blow-up, por Milan Grygar (p.94); Taxi driver, por Guy Peellaert, quadrinhista belga (p.138). Para os cinéfilos, um álbum precioso.
2 comentários:
Caro Moacy,
Oportuno você falar em Preston Sturges. Foi um cineasta importante, que anda esquecido. No livro "O Cinema da Crueldade", de André Bazin, ele é um dos cineastas presentes, ao lado de Buñuel e outros. Falando em "Ligações Perigosas", tenho ele traduzido por Drummond. O seu é traduzido por Milliet. Duas grandes traduções, portanto. E o filme de Frears é muito bom, provavelmente a obra-prima do diretor. Um abraço.
moacy, li o judas, o obscuro ha uns dois anos e fiquei profundamente impactado. entao não deve ser uma coisa meramente geracional... abraços...
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