Navegando pelos sonhos virtuais da imaginação poética:
Nossos delírios engravidam as auroras
dos caminhos impossíveis.
Viajamos à procura da poesia e da liberdade,
nem que seja através de bicicletas perdidas
entre cores alucinadas e desejos apocalípticos.
(Foto de Augusto Peixoto)
BALAIO PORRETA 1986
nº 2052
Rio, 3 de julho de 2007
O DIARIM DE MARIA BUNITA - XII
Meu diarim quirido,
Num fique cum raiva de mim purque num tô lhe dando muita atenção, viu, é qui nóis tamo andando muito pur esse mundão de Meu Deus e Padim Ciço, procurando arguma ocupação pros homi e inquanto isso eu tombem mi divirto, diarim, qui às veiz essa vida de cangacêra tombem cansa. As veiz eu quiria ter meu ranchim pru durmi cum meu Virgulino, nem qui fosse um ranchim de paia na bêra de um açude, fazer tapioca cum café, essas coisa qui toda muié sonha im tê. Mais sei qui vou sintir farta de batê coxa nos forró da vida, de dar uns tiro im cabra safado qui se mete a besta cum eu, essas coisas. Na Fazenda Pinga Fogo nóis foi dançar um forrozim cum a cabroêra toda, purque os cabras pricisam se divertir um pouquim, ai diarim, o dono da fazenda se meteu a besta cum eu e pidiu licença a Virgulino prumode dançar comigo. Ele num gostô muito não, mais deixô assim mermo e ficou cum os zói o tempo todo im riba deu. O dono da casa me disse nas minhas oiças que eu era linda, corajosa, se dismanchô todo im ilogio pra cima deu e eu fiquei mais dismanchada ainda, é qui num risisto a uma conversa de pé de ureia. Mais aí o Capitão me puxô pelo braço, deu uns tiro pra cima e acabô cum o forró. Tem cabra inté oje correno cum medo. Sabe, diarim, meu Capitão é qui é homi indo e vortando. Nem no Beco da Lama e nem na tá de Mossoró tem homi qui nem ele... Duvi-d-o-dó qui tenha... Macheza cuma aquela nem aqui nem nos cafundós do giricó.
A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS
666 livros indispensáveis (22c / 111)
Júlio Verne - uma literatura revolucionária, de Raymond Bellour & Jean-Jacques Brochier (coord.). São Paulo: Documentos, 1969, 122p. [] Coletânea de artigos originalmente publicados na revista francesa L'Arc, dirigida por Stéphane Cordier. Entre os vários (e ótimos) artigos sobre o principal precursor da ficção científica, apontamos: Por trás da fábula (de Michel Foucault), Leituras da infância (de Michel Butor), Os náufragos da Terra (de Francis Lacassin), A viagem iniciatória (de Marcel Brion), Um revolucionário subterrâneo (de Marcel Moré).
Nascimentos: Memória do fogo (I), de Eduardo Galeano. Trad. Eric Nepomuceno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, 414p. [] Esqueçamos a "história oficial" da América Latina. Algo mais verdadeiro e mais "histórico" se impõe: suas lendas, seus mitos, suas canções, seus poemas, seus gritos de revolta, suas memórias mais terríveis, suas narrativas a partir dos primitivos habitantes. Eis aqui, em recriações dignas do poeta mais sensível, "A luta da dignidade e da poesia contra o horror e a estupidez" (Francis Pisani, in Uno Más Uno, México).
ARTE & POLÍTICA
O blogue do Poema/Processo mais uma vez, através de textos e objetos (anti)literários, coloca em pauta a relação da arte com a política, levando em conta a própria história do movimento. Afinal, são 40 anos de permanente guerrilha (anti)estética.
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O cristianismo muito fez pelo amor tornando-o um pecado. (Anatole FRANCE, in O jardim de Epicuro)
8 comentários:
Moacy, que foto fantástica, cara! O Diarim tá hilário, como sempre. E as dicas de livros, excelentes.
Beijos.
Ôxe, passei por cima da citação. Muito boa, merece mais destaque.
Que fotografia impressionante, Moacy! Se você não informasse que se tratava de uma foto certamente se diria tratar-se de um quadro e de um talentoso pintor. Me fez pensar aquele céu carregado em Munch. Um abraço.
olá!
acabei de ver seu comentário no meu blog, muito obrigada!
sou estudante da puc-rio
:)
Caro mestre Moacy,
que foto fantástica! Cheguei a tomar um susto com aboniteza dela!
Gostei do diário de Maria Bonita. Muito bom!
Mestre, na hora de nomear os premiados esqueci de colar o selo que é para os agraciados colarem nos respectivos posts e blogs e darem para quem quiserem. Agora já está lá no Antigas Ternuras. Pode copiá-lo e colá-lo aqui no sempre ótimo Balaio.
Abração! Carpe Diem
"Nossos delírios engravidam as auroras
dos caminhos impossíveis.
Viajamos à procura da poesia e da liberdade,
nem que seja através de bicicletas perdidas
entre cores alucinadas e desejos apocalípticos."
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Gostei dessa frase, obrigada pela visita e comentário, fique a vontade quanto aos textos. Beijos de luz, Carolina
Fotografia simplesmente de tirar o fôlego!!!
Belíssima escolha, parabéns!! ;o)
Meu caro Moacy,
A foto é um poema belíssimo!
O Diarim hoje tá-qui-tá!
Tudo muito bom, pra variar.
Forte abraço!
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