O céu em chamas:
poesialuscofusco
o fogo que vem das imagens
de Fátima Joaquim
[ in Olhares ]
BALAIO PORRETA 1986
nº 2065
Rio, 18 de julho de 2007
CAICÓ
de Moacy Cirne
[ in Cinema Pax, 1983 ]
a cidade, de sol a sol,
principia pelo fim
no poço que, santana, a protege
a cidade, de açude em açude,
afoga os minerais
nas pescarias noturnas transparências
a cidade, de sábado a sábado
completa o sertão
com seus horizontes mágicos cordéis
a cidade, de rua em rua,
transborda de amor
nos becos bêbados botequins
a cidade, de ponte a ponte,
margeia os rios
da memória fluvial seridó
a cidade, de pedra em pedra,
constrói o branco
de seu silêncio limpo fugidio
a cidade, de festa a festa,
recolhe os frutos
da noite que, santana, se faz julho
FESTA DE SANT'ANA
A partir de amanhã, e durante 10 dias, acontecerá a Festa de Sant'Ana, padroeira de Caicó, comemorada pelos seridoenses desde 1748. Trata-se de um momento único na vida da cidade: um momento, sobretudo, de reencontro mágico-afetivo de amigos e parentes. E, para muitos e muitos, de profunda e inabalável fé.
Na Humanidade, no Sertanejo, no Cristianismo.
UM BLOGUE PORRETA
Lambuja, de Regina Pouchain.
Uma explosão de cores:
releituras cromático-semiótico-dionisíacas,
sempre criativas,
de poemas visuais e poemas/processo.
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O homem é uma criação do desejo, não uma criação da necessidade. (Gaston BACHELARD. A psicanálise do fogo [1938]. Lisboa: Estúdios Cor, 1972, p.36-37)
7 comentários:
Moacy,
Num bem construído poema , você homenageia a sua tão amada Caicó. E mais outra foto de impressionante expressividade e beleza. A fotografia há muito se transformou numa arte (a oitava?). Um abraço.
Que lindo Moacy!
Um poeta!
Meu coração acordou triste (moro em SP e você pode imaginar o porque).
Leio você. Há esperança.
Obrigada pela humanidade dos seus textos.
beijos
Sandra
Meu caro Moacy,
Com a alma em desalento, tentei buscar aqui um consolo, uma resposta, quem sabe! Deparando-me assim com esse céu em chamas, vendo assim você falar de Sant’Ana, penso que há poucas horas, esse seu cenário poderia simbolizar a mais pura harmonia do sertanejo com sua terra, com sua gente, às véspera da nossa festa de padroeira. O céu em chamas traz a lembrança da dor, neste dia fatídico! A poesia de Sant’Ana, a desolação pela trágica hora! Quando recebemos a notícia, de tão indecorosa, não quisemos acreditar! Ninguém queria ouvir o que a boca precisava falar! Mas ela veio de todos os lados, de todos os poros, não deu para calar. E lá estávamos nós! Todos os santanenses numa grande e única comoção! O seu filho Ivanaldo Cunha, atendendo aos apelos dos filhos pré-adolescentes, tinha viajado juntamente com sua esposa para usufruir da bonança das terras gaúchas. Retornava naquele airbus da TAM! Retornava, certamente, cheio de alegria pelo reencontro esperado com os demais familiares, que deixou aqui no seu pequenino bom bocadinho de terra (Santana do Matos), como dita a tradição do mês de julho! Haveria de juntar-se aos demais para mais um ano, receber as benções de Sant’Ana! Contudo, em frações de minutos, a vida estancou sua hora! A festa de Sant’Ana, não terá o mesmo brilho, as mesmas cores! Não para as famílias santanenses! A desolação, a apatia está em todos os semblantes. Os que aqui ainda restaram choram e incendeiam-se, como se cada lágrima ardesse-lhes em chamas!
Um grande abraço!
Suely Felipe
SANDRA e SUELY: A dor por uma perda tragicamente inesperada (e no caso da família seridoense, ainda mais aguda) extrapola nossos sentimentos de horror e solidão. A foto escolhida para hoje - com o céu em chamas - não o foi por acaso. Mas, por outro lado, repetindo as palavras de ontem, "a vida continua, para os que lutam, para os vivenciam a Arte e a Poesia". Apesar da dor. Ontem mesmo, por exemplo, às 10h da manhã, estive no Cemitério Parque da Colina, em Niterói, quando o corpo inerte de um querido amigo do Curso de Cinema (o professor e roteirista Sérgio Villela) foi cremado em cerimônia religiosa. Por sinal, Serginho foi premiado no Festival de Natal há alguns anos atrás. E assim foi, e assim aconteceu. Ficou a dor. Ficou a saudade. À noite, a tragédia de São Paulo. Mais dor, numa dimensão evidentemente maior. E hoje estamos aqui, editando Balaios que precisam e devem respirar Esperança. Para todos nós. Um beijo afetuoso, nas duas.
Eu me lembrei da maravilhosa música Santana, de Fernando Finizola, ex-integrante do Quinteto Violado e que se tonou artista plástico residente em Natal.
Parabéns pelo novo blog. Abraços
Lindo, teu poema, lindo!
Beijos.
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