sábado, 15 de setembro de 2007


Grandes momentos do cinema:
Hiroshima meu amor (Alain Resnais, 1959).
Eu já li tudo sobre Hiroshima. Tudo. Tudo. Não, não. Você não leu nada sobre a interpretação de Emannuelle Riva. Sobre a história de Marguerite Duras. Mas eu já vi Hiroshima mais de 10 vezes. Mais de 20 vezes. Mais de 30 vezes. Não, você não viu Hiroshima. Não viu a fotografia de Vierny & Michio. Não ouviu a música de Delerue & Fusco. Não sentiu a montagem de Colpi e dos outros. Eu vi Hiroshima, sim, vi em Natal, no Rex. Vi no Rio, na Cinemateca, várias vezes, várias vezes. Só não o vi em Caicó. Só não o vi em Jardim do Seridó, em São José do Seridó. Mas eu vi, eu vi: seu canto de amor e morte. O soldado alemão. O sangue do soldado alemão. Eu vi. Resnais, Godard, Antonioni. Eu vi tudo. Não, você não viu. Não viu Hiroshima. Não viu Nevers. Eu vi. Eu vi. Eu vi o horror da guerra. Vi a esperança da paz. Vi as pessoas protestando contra a bomba atômica. Eu vi. Eu vi. Senti a memória, vivi o passado. Depois, eu vi Marienbad. Eu vi. Eu sou Hiroshima, você é Nevers. Nevers em Hiroshima.


BALAIO PORRETA 1986
nº 2123
Rio, 15 de setembro de 2007


Cinema
O MELHOR DO CURTA
(segundo Moacy Cirne)

1. Neve e neblina (Resnais, 1955)
2. O olhar de Michelangelo (Antonioni, 2004)
3. Um cão andaluz (Buñuel, 1928)
4. La jetée (Marker, 1963)
5. Uma semana (Keaton, 1920)
6. Terra sem pão (Buñuel, 1932)
7. O sangue das bestas (Franju, 1948)
8. Dois homens e um armário (Polanski, 1958)
9. Blábláblá (André Tonacci, 1968)
10. Arraial do Cabo (Mário Carneiro & Paulo César Saraceni, 1959)
11. Aruanda (Linduarte Noronha, 1959)
12. Entr'acte (Clair, 1924)
13. Fireworks (Anger, 1947)
14. 79 primaveras (Alvarez, 1969)
15. Film (Schneider, 1965)
16. The high sign (Keaton & Cline, 1921)
17. Di (Glauber Rocha, 1976)
18. A study in choreography for camera (Daren, 1945)
19. Gente del Pò (Antonioni, 1943-47)
20. Toda a memória do mundo (Resnais, 1956)


POEMA de
Antonio Carlos de Brito (Cacaso)
[ in Grupo escolar, 1974 ]

Desperto mais uma vez
de meu penúltimo sonho:
o mapa-múndi viaja
entre suspiros de amor.

Uma gaivota bissexta desova a tarde.


AUTO-FLAGELO
de Suzana Vargas
[in Caderno de outuno, 2ª ed., 1998 ]

Na mesa:
o pão, o leite, a manteiga
e o
Nescafé
insolúvel dos meus dias.


UM BLOGUE PORRETA

Cine Art
, de Ronald Perrone.
Críticas objetivas e claras.
Um olhar especial para o cinema brasileiro.

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Uma criança vê o que um adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que de tão visto ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher. Isso exige às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos.// É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença. (Otto Lara RESENDE. Vista cansada)

10 comentários:

Ronald Perrone disse...

Valeu, Moacy, pela lembrança!
Abraços!

Ane Brasil disse...

Hiroshima - rapá, adorei você ter parafraseado aquele diálogo do início do filme...é lindo!

Acho que vou parar de vir aqui... pô, sua lista de melhores curtas me deixou frustradíssima pois não vi nenhum e tenho certeza que não vou encontrar em nenhuma locadora dessa cidade. snif!
Mas tá porreta mesmmo esse balaio!
Sorte e saúde pra todos!

midc disse...

mea culpa, mea culpa: confesso q não vi, hiroshima, meu amor, confesso q assisti, um pedaço, na tv, mas, não sei, adormeci, mudei o canal, não sei, não lembro, faz tanto tempo. me compenso lendo duras, femme fatale, "A mão do homem se ergue, desce e começa a esbofetear. Primeiro docemente depois secamente." nenhuma mulher, nem homem, soube posicionar-se tão bem contracorrente.

Jens disse...

Puxa, vou ver de novo.

Anônimo disse...

Moacy,
Gosto muito de "Vizinhos", de McLaren. Creio que vc o conhece. Não gosta? Um abraço.

Moacy Cirne disse...

Gosto, sim, SOBREIRA. Se tivesse feito uma relação de 30 curtas, decerto seria um deles. Abraços.

benechaves disse...

Hiroshima é um canto e encanto! E será sempre 'Hiroshima', porque será e é sempre o 'meu Amor'.

Um abraço...

Douglas disse...

:)

Natália Nunes disse...

Adorei esse post.
Em especial, a reflexão no final sobre indiferença.
Acho q a indiferença é lepra...


Moacy, lhe respondi sobre o aniversário lá em Bagatelas.
:)

AB disse...

Ou não venho mais - fico "horas" perdida aqui, aprendendo aqui, conhecendo aqui... Ou venho, mas já deixo um comentário definitivo: adoro o Balaio!