A arte de
JOAN MIRÓ
(1893-1983)
BALAIO PORRETA 1986
n° 2215
Rio, 25 de janeiro de 2008
JOAN MIRÓ
(1893-1983)
BALAIO PORRETA 1986
n° 2215
Rio, 25 de janeiro de 2008
DO QUE PASSOU
Lara de Lemos
[ in Dividendos do tempo. Porto Alegre, 1995 ]
Não me tragam memórias
de velhos tempos idos.
Deixem-me a sós comigo.
Cada poema tem o seu motivo,
cada gota de vinho tem seu travo
que não se repete noutro copo.
É preciso degustá-lo
sem agravos
e esquecer o que não foi bebido.
Lara de Lemos
[ in Dividendos do tempo. Porto Alegre, 1995 ]
Não me tragam memórias
de velhos tempos idos.
Deixem-me a sós comigo.
Cada poema tem o seu motivo,
cada gota de vinho tem seu travo
que não se repete noutro copo.
É preciso degustá-lo
sem agravos
e esquecer o que não foi bebido.
Cinema
RECOMENDAMOS, EM NATAL
Medos privados em lugares públicos ** (Resnais, 2006)
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A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS
Joan Miró, de João Cabral de Melo [Neto]. Rio de Janeiro : Ministério da Educação e Saúde - Serviço de Documentação, 1952, 48p. /Os Cadernos de Cultura/ [] Um pequeno grande livro: exercício de admiração ou leitura amorosa? Análise criativa ou crítica impressionista? Um pouco de tudo? Um pouco sobre tudo? Em última análise, o que se tem, nestas páginas (incluindo duas ilustrações coloridas do pintor nascido em Barcelona), é um olhar crítico-amoroso voltado para uma dada sensualidade plástico-expressional. O rigor formal de Cabral, na poesia, abre-se conceitualmente para o rigor informal de Miró, na arte: dois gênios que, em pleno século XX, souberam compreender os signos emblemáticos de um verdadeiro humanismo criador: a sua linha composicional, se, num primeiro momento, é "elegante ou harmoniosa" (nas palavras de Cabral, p.23), num segundo momento, anos 40, busca "a criação de novas melodias" (p.23). Trata-se, bem entendido, de uma melodia gráfica, capaz de fazer da surpresa pictórica o espaço aberto, e mesmo essencial, de uma vibração sígnica instigante entre a linha e a cor. "Em Miró, mais do que em nenhum outro artista, vejo uma enorme valorização do fazer. Pode-se dizer que, enquanto noutros o fazer é um meio para chegar a um quadro, para realizar a expressão de coisas anteriores e estranhas a esse mesmo realizar, o quadro, para Miró, é um pretexto para o fazer. Miró não pinta quadros. Miró pinta" (p.33).
Joan Miró, de João Cabral de Melo [Neto]. Rio de Janeiro : Ministério da Educação e Saúde - Serviço de Documentação, 1952, 48p. /Os Cadernos de Cultura/ [] Um pequeno grande livro: exercício de admiração ou leitura amorosa? Análise criativa ou crítica impressionista? Um pouco de tudo? Um pouco sobre tudo? Em última análise, o que se tem, nestas páginas (incluindo duas ilustrações coloridas do pintor nascido em Barcelona), é um olhar crítico-amoroso voltado para uma dada sensualidade plástico-expressional. O rigor formal de Cabral, na poesia, abre-se conceitualmente para o rigor informal de Miró, na arte: dois gênios que, em pleno século XX, souberam compreender os signos emblemáticos de um verdadeiro humanismo criador: a sua linha composicional, se, num primeiro momento, é "elegante ou harmoniosa" (nas palavras de Cabral, p.23), num segundo momento, anos 40, busca "a criação de novas melodias" (p.23). Trata-se, bem entendido, de uma melodia gráfica, capaz de fazer da surpresa pictórica o espaço aberto, e mesmo essencial, de uma vibração sígnica instigante entre a linha e a cor. "Em Miró, mais do que em nenhum outro artista, vejo uma enorme valorização do fazer. Pode-se dizer que, enquanto noutros o fazer é um meio para chegar a um quadro, para realizar a expressão de coisas anteriores e estranhas a esse mesmo realizar, o quadro, para Miró, é um pretexto para o fazer. Miró não pinta quadros. Miró pinta" (p.33).
4 comentários:
maravilhoso maravilhoso maravilhoso...
beijos
Moacy,
Mais um bom poema de Lara de Lemos. Deverei ir ver o filme de Resnais na próxima segunda. Abraço.
Ei Moacy,
gostei do poema. Ele me faz lembrar que "não se banha duas vezes da mesma água no rio". Viajei???
Um abraço
Jacinta
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