sexta-feira, 28 de março de 2008

BALAIO PORRETA 1986
n° 2265
Natal, 28 de março de 2008


ANTI-MONOTONIA
Carlos Gurgel (RN)
[ in On The É ]

vagas
aqui e logo ali
rebocando como um alce
a ausência da tua vida

livras
como um traste
o lastro de uma estrela
que te resta

ecoas
por entre parênteses mortos
como se fosse uma sombra
de si lesma

poupas
como uma troca de grutas
o ânimo de tudo que não partiu
semelhante ao próximo que te furtas

lambes
como um azougue do qual curvas
o bagaço de uma pilha de nervos
onde ampara as amarras da fúria

e cortas
como membro dos seus dedos tortos
todas as vísceras das ilhas dos portos
o que só a ti tem para se dar:
o azedume do seu porco sofrer.


Afonso Henriques Neto (RJ)
[ in Jornal de Poesia ]

o tio cuspia pardais de cinco em cinco minutos.
esta grama de lágrimas forrando a alma inteira
(conforme se diz da jaula de nervos)
recebe os macios passos de toda a família
na casa evaporada
mais os vazios passos
de ela própria menina.
a avó puxava linhas de cor de dentro dos olhos.
uma gritaria de primos e bruxas escalava o vento
escalpelava a tempestade
pedaços de romã podre
no bolor e charco do tanque.
o pai conduzia a festa
como um barqueiro
puxando peixes mortos.
nós
os irmãos
jogávamos no fogo
dentaduras pétalas tranças
fotografias cuspes aniversários
e sempre uma canção
só cal e ossos
a mãe de nuvem parindo orquídeas no cimento.

2 comentários:

Anônimo disse...

Como escreve ruim, esse Carlos Gurgel!!!!
Poeta medíocre assim como outros tantos!!
Pelo amor de Deus, tenham dó... Não é só ele!

Marco disse...

Aqui a gente sempre encontra poemas da melhor qualidade... Eita balaio bão! Carpe Diem.