quarta-feira, 9 de abril de 2008

Uma das ilustrações
a bico de pena, de um total de 100, do brasileiro
Henrique Alvim Corrêa
(1876-1910) para a edição belga de A guerra dos mundos (Wells), em 1905, o ano de Little Nemo in Slumberland (McCay), obra-prima dos quadrinhos e da arte narrativa do século XX











BALAIO PORRETA 1986
n° 2279

Rio, 9 de abril de 2008



A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS
A guerra dos mundos [1898], de H.G. Wells. Trad. Raul de Sá Barbosa. Ilust. Alvim Corrêa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981, 248p. [] Ficção científica antes da ficção científica (enquanto gênero formalmente constituído), este é um livro antenado com seu tempo, tempo esse que acreditava em suas descobertas, em seus avanços tecnológicos, em sua racionalidade quase religiosa. Mas que, para alguns, como Wells, terminou sendo um tempo apropriado para se pensar o pessimismo de modo abrasador, cujas incertezas filosóficas (que não se inscreviam no âmbito do materialismo dialético) entravam em choque com as certezas políticas voltadas para o sonho e para a utopia. Aliás, a ficção científica formou-se a partir de três vertentes básicas, ora literárias, ora filosóficas: o sentido do maravilhoso, o espírito de aventura e a possibilidade da utopia. De qualquer maneira, este é um livro que coloca a imaginação em primeiro plano, cujo tecido textual se constrói a serviço da boa literatura. Até mesmo uma suposta invasão de marcianos não se resumia à invasão em si: o seu simbolismo refletia uma nova maneira de olhar o mundo. Sem dúvida, estamos diante de um belo livro, aqui, como álbum, enriquecido pelas ilustrações do brasileiro Alvim Corrêa, que datam do início do século XX, fazendo com que essa seja uma edição preciosa. Bela e preciosa. Há que registrar que Alvim Corrêa fez mais pela visualização onírico-especulativa do livro de H.G. Wells do que todo o cinema que o adaptou até agora. Mesmo em relação aos quadrinhos, não conhecemos nada tão poético e fascinante, em sendo penumbroso, quanto os desenhos de Alvim Corrêa.

5 comentários:

Anônimo disse...

Olá! Vi seu site e gostei. Posso indicá-lo para a lista os blogs Da Hora? Entre em http://www.dahoraonline.com.br/blogsdahora/blogs.php e saiba como funciona.
Beijo

Moacy Cirne disse...

Oi, LUANA, o seu saite é interessante, sim, bastante interessante, pelo que vi, ainda quê de modo superficial. Contudo, para atender a sua solicitação, eu deveria "colar" um selo no meu blogue, de forma permanente. Prefiro não fazê-lo. Grato

o refúgio disse...

Puxa, Moacy, esse livro deve ser maravilhoso mesmo. Pessimismo x utopia: um assunto sempre atual, atemporal... Belíssima a ilustração a bico de pena.

Um beijo.

Oliver Pickwick disse...

Desconhecia este artista, o Henrique Alvim, mas a ilustração é fantástica. Bico de pena em tons sépia, muito original.
Quanto ao livro, a última adaptação feita pelo cinema foi tão ruim, que eu torci pelos alienígenas.
Um Abraço!

Alex de Souza disse...

Moacy,

A representação pictórica de Henrique Alvim é realmente marcante. É a referência utilizada por O'Neill no segundo volume da Liga Extraordinária, de Alan Moore. Fantástico.