BALAIO PORRETA 1986
n° 2497
Natal, 3 de dezembro de 2008
Será que, loucura das loucuras, conseguiram destruir todas as nossas paixões, todos os nossos delírios, todas as nossas utopias? Não o cremos; apesar das incontáveis dificuldades, ainda é possível lutar por uma arte que seja radical, por um desejo que seja fundante, por uma utopia que seja transgressora, por um socialismo que seja democrático.
(Moacy Cirne, in Balaio 388, de 20/07/1992)
PROJETO BALAIO 2500
Em 16 de janeiro de 1995, no Balaio 704
METAPÓSTRADUÇÃO: TEORIA E PRÁTICA
Depois de 7 anos, 7 meses e 7 dias, concluímos, com satisfação, uma tarefa hercúlea, das maiores já realizadas no mundo literário brasileiro: a metapóstradução, absolutamente criativa, do título e dos quatro primeiros versos da obra-prima Le bateau ivre, o imortal poema de Arthur Rimbaud. Foi, sem dúvida, um trabalho ímpar, que, decerto, ficará nos anais acadêmicos da excelência transcriadora.
Não foi fácil. Ao contrário. Tivemos que incorporar a carne e a alma francesas do século passado [séc. XIX], e mais - muito mais -, na medida que descobríamos certas particularidades sânscrito-croatas embutidas no cerne vocabular do poema. Neste sentido, as belas traduções de Augusto de Campos e Ivo Barroso, por nós consultadas, foram valiosas, sobretudo na descoberta semântica de determinados efeitos conteudísticos [...].
Para que os leitores tenham uma idéia concreta de nossas soluções criativo-epistemológicas, publicamos o original em questão, as traduções de Augusto de Campos e Ivo Barroso, e por fim, pela primeira vez no Brasil, a nossa metapóstradução:
LE BATEAU IVRE (Rimbaud)
Comme je descendais des Fleuves impassibles,
Je ne me sentis plus guidés par les haleurs:
Des Peaux-Rouges criards les avaient pris pour cibles,
Les ayant cloués nus aux poteaux de couleurs.
O BARCO BÊBADO (Augusto de Campos)
Quando eu atravessava os Rios impassíveis,
Senti-me libertar dos meus rebocadores.
Cruéis peles-vermelhas com uivos terríveis
Os espetaram nus em postes multicores.
O BARCO ÉBRIO (Ivo Barroso)
Como descesse ao léu nos Rios impassíveis,
Não me sentia mais atado ao sirgadores.
Tomaram-nos por alvo os Índios irascíveis,
Depois de atá-los nus em postes multicores.
O BARCO LIVRE (Moacy Cirne)
Como descendia das Flúvias impassíveis
Já não me sentia um plug guiado pelas sirigaitas:
Padres russos criados com aveias possíveis
Antes tocavam nus em siris, gatos e gaitas.
Claro, nossas pesquisas fenomenológicas foram extensas; consultamos tratados semiológicos e pirotécnico-semanticistas sobre as mais diversas e surpreendentes temáticas rimbaldianas, inclusive as de ordem sexual. Mantivemos uma longa e intensa correspondência com as bibliotecas de Alexandria, Paris, Londres, Nova York, Chicago, Nova Orleans, Moscou e Caicó, assim como com especialistas em sânscrito-croata e outras línguas vivas, mortas e neutras. O resultado pareceu-nos excelente, sem falsa modéstia. Nos próximos sete anos esperamos traduzir os quatro versos seguintes do poema, para a glória da Novíssima Metapóstradução.
METAPÓSTRADUÇÃO: TEORIA E PRÁTICA
Depois de 7 anos, 7 meses e 7 dias, concluímos, com satisfação, uma tarefa hercúlea, das maiores já realizadas no mundo literário brasileiro: a metapóstradução, absolutamente criativa, do título e dos quatro primeiros versos da obra-prima Le bateau ivre, o imortal poema de Arthur Rimbaud. Foi, sem dúvida, um trabalho ímpar, que, decerto, ficará nos anais acadêmicos da excelência transcriadora.
Não foi fácil. Ao contrário. Tivemos que incorporar a carne e a alma francesas do século passado [séc. XIX], e mais - muito mais -, na medida que descobríamos certas particularidades sânscrito-croatas embutidas no cerne vocabular do poema. Neste sentido, as belas traduções de Augusto de Campos e Ivo Barroso, por nós consultadas, foram valiosas, sobretudo na descoberta semântica de determinados efeitos conteudísticos [...].
Para que os leitores tenham uma idéia concreta de nossas soluções criativo-epistemológicas, publicamos o original em questão, as traduções de Augusto de Campos e Ivo Barroso, e por fim, pela primeira vez no Brasil, a nossa metapóstradução:
LE BATEAU IVRE (Rimbaud)
Comme je descendais des Fleuves impassibles,
Je ne me sentis plus guidés par les haleurs:
Des Peaux-Rouges criards les avaient pris pour cibles,
Les ayant cloués nus aux poteaux de couleurs.
O BARCO BÊBADO (Augusto de Campos)
Quando eu atravessava os Rios impassíveis,
Senti-me libertar dos meus rebocadores.
Cruéis peles-vermelhas com uivos terríveis
Os espetaram nus em postes multicores.
O BARCO ÉBRIO (Ivo Barroso)
Como descesse ao léu nos Rios impassíveis,
Não me sentia mais atado ao sirgadores.
Tomaram-nos por alvo os Índios irascíveis,
Depois de atá-los nus em postes multicores.
O BARCO LIVRE (Moacy Cirne)
Como descendia das Flúvias impassíveis
Já não me sentia um plug guiado pelas sirigaitas:
Padres russos criados com aveias possíveis
Antes tocavam nus em siris, gatos e gaitas.
Claro, nossas pesquisas fenomenológicas foram extensas; consultamos tratados semiológicos e pirotécnico-semanticistas sobre as mais diversas e surpreendentes temáticas rimbaldianas, inclusive as de ordem sexual. Mantivemos uma longa e intensa correspondência com as bibliotecas de Alexandria, Paris, Londres, Nova York, Chicago, Nova Orleans, Moscou e Caicó, assim como com especialistas em sânscrito-croata e outras línguas vivas, mortas e neutras. O resultado pareceu-nos excelente, sem falsa modéstia. Nos próximos sete anos esperamos traduzir os quatro versos seguintes do poema, para a glória da Novíssima Metapóstradução.
Em 25 de março de 1997, no Balaio 938
GLOSSÁRIO LIGEIRAMENTE DOIDÃO
Baião-de-cinco : Sexo grupal, Suruba
Carioquiquinha : Buceta
Caralhau : Pênis
Machão : Ânus
Tarado por sonrisal : Neoliberal
GLOSSÁRIO LIGEIRAMENTE DOIDÃO
Baião-de-cinco : Sexo grupal, Suruba
Carioquiquinha : Buceta
Caralhau : Pênis
Machão : Ânus
Tarado por sonrisal : Neoliberal
Em 1 de junho de 2001, no Balaio 1391
Jazz: 30 DISCOS FUNDAMENTAIS
Hot Fives, v.1, de Louis Armstrong (Columbia, 1925-26)
Reminiscing in tempo, de Duke Ellington (Columbia/Legacy, 1928-60)
The legendary Sidney Bechet, de Bechet (RCA/Bluebird, 1932-41)
The birth of swing, de Benny Goodman (RCA/Bluebird, 1935-36)
The essential Count Basie, de Basie (Columbia, 1936-39)
The quintessential Billie Holiday, v.9, de Holiday (Columbia, 1940-42)
Groovin' high, de Dizzy Gillespie (Savoy Jazz, 1945-46)
Jazz at The Philharmonic 1946, de Charlie Parker (Blue Note, 1946)
The amazing Bud Powell, de Powell (Blue Note, 1949)
Birth of the cool, de Miles Davis (Capitol, 1949-50)
Genious of modern music, v.2, de Thelonious Monk (Blue Note, 1951)
Jam session, de Charlie Parker (Verve, 1952)
The Quintet: Jazz at Massey Hall, de Charlie Parker & outros (Debut, 1953)
Thelonious Monk & Sonny Rollins, de Monk & Rollins (Fantasy, 19553-54)
Saxophone colossus, de Sonny Rollins (Prestige, 1953-54)
Pithecanthropus erectus, de Charlie Mingus (Atlantic Jazz, 1956)
Ellington at Newport, de Duke Ellington (Columbia, 1956)
Blue train, de John Coltrane (Blue Note, 1957)
Freedom suite, de Sonny Rollins (Riverside, 1958)
Kind of blue, de Miles Davis (Columbia, 1959)
Giant steps, de John Coltrane (Atlantic Jazz, 1959)
Time out, de Dave Brubeck (Columbia, 1959)
My favorite things, de John Coltrane (Atlantic Jazz, 1960)
Coltrane live at The Village Vanguard, de John Coltrane (Impulse!, 1961)
Money jungle, de Duke Ellington, com Mingus & Roach (Blue Note, 1962)
The Black saint and the Sinner Lady, de Charles Mingus (Impulse!, 1963)
A love supreme, de John Coltrane (Impulse!, 1963)
Out to lunch, de Eric Dolph (Blue Note, 1964)
Slaves mass, de Hermeto Paschoal (WEA, 1976)
The ballad of the fallen, de Charlie Haden (ECM, 1982)
Jazz: 30 DISCOS FUNDAMENTAIS
Hot Fives, v.1, de Louis Armstrong (Columbia, 1925-26)
Reminiscing in tempo, de Duke Ellington (Columbia/Legacy, 1928-60)
The legendary Sidney Bechet, de Bechet (RCA/Bluebird, 1932-41)
The birth of swing, de Benny Goodman (RCA/Bluebird, 1935-36)
The essential Count Basie, de Basie (Columbia, 1936-39)
The quintessential Billie Holiday, v.9, de Holiday (Columbia, 1940-42)
Groovin' high, de Dizzy Gillespie (Savoy Jazz, 1945-46)
Jazz at The Philharmonic 1946, de Charlie Parker (Blue Note, 1946)
The amazing Bud Powell, de Powell (Blue Note, 1949)
Birth of the cool, de Miles Davis (Capitol, 1949-50)
Genious of modern music, v.2, de Thelonious Monk (Blue Note, 1951)
Jam session, de Charlie Parker (Verve, 1952)
The Quintet: Jazz at Massey Hall, de Charlie Parker & outros (Debut, 1953)
Thelonious Monk & Sonny Rollins, de Monk & Rollins (Fantasy, 19553-54)
Saxophone colossus, de Sonny Rollins (Prestige, 1953-54)
Pithecanthropus erectus, de Charlie Mingus (Atlantic Jazz, 1956)
Ellington at Newport, de Duke Ellington (Columbia, 1956)
Blue train, de John Coltrane (Blue Note, 1957)
Freedom suite, de Sonny Rollins (Riverside, 1958)
Kind of blue, de Miles Davis (Columbia, 1959)
Giant steps, de John Coltrane (Atlantic Jazz, 1959)
Time out, de Dave Brubeck (Columbia, 1959)
My favorite things, de John Coltrane (Atlantic Jazz, 1960)
Coltrane live at The Village Vanguard, de John Coltrane (Impulse!, 1961)
Money jungle, de Duke Ellington, com Mingus & Roach (Blue Note, 1962)
The Black saint and the Sinner Lady, de Charles Mingus (Impulse!, 1963)
A love supreme, de John Coltrane (Impulse!, 1963)
Out to lunch, de Eric Dolph (Blue Note, 1964)
Slaves mass, de Hermeto Paschoal (WEA, 1976)
The ballad of the fallen, de Charlie Haden (ECM, 1982)
10 comentários:
Caro Moacy,
Algumas das nossas paixões não foram destruídas, mas as utopias, pelo menos, as minhas, sim. E mais um nome para a genitália feminina para o meu "acervo". Abraço. EM TEMPO - Estive sexta no lançamento do livro de Marize. Esperava encontrá-lo mas, você não deu as caras. Lamentei a sua ausência.
Sim, Moacy, o livro é meu, mas com produção anterior à veiculada no blog: os cacos primeiros da minha experiência literária no fazer poético. No mais, obrigado pelos votos de sucesso.
Paixão, delírio, utopia: armas para a criação. Ergamos sempre o crânio para celebrar as possibilidades, meu caro. Ei, qq hora ligo para marcar aquele café, viu? Um beijo, S.
Rapaz, essa tradução do Moacy foi a melhor, visse? Rs. Parabéns! E as utopias aos poucos vão sendo desgastadas, tal qual penhascos corroídos pelo leve bater das ondas... E que foto! Voei junto... Abração!
Moacy, você é o cara! Adoro essa sua liberdade criativa! Não é nada fácil isso o que faz.
é delírio, loucura, paixão, utopia...transgressão!
meu abraço fraterno
isso, sim, é insurgência! rs
e paixões, delírios, utopias são indestrutíveis... ou seriam os apaixonados, delirantes e utópicos tão isso tudo que querem mais que as dificuldades se fodam? rs
adorei a metapóstradução!!! vou tentar uma tbm... ahaha
agora, sério (?), não posso mais ficar dizendo por aí que sou carioquinha, não? rsrsrs
eu não tenho os 30 discos fundamentais do jazz, mas tenho o time out e outros dois vinis do brubeck... e, moacy, coloca o 31º aí: 3 blind mice, do art blakey... só esse eu ouço umas 30 vezes!
beijão, da cariocona (será que o aumentativo vai gerar alguma imagem obscena? ahahaha
balaio porreta,
sô!
Olá Moacy, hoje é dia do lançamento do livro CACOS do meu querido amigo poeta Romário Gomes. As poesias são belíssimas e esperamos que seja sucesso. bj carinhoso pra vc.
Moacy, delirei nesse balaio hoje!!!!
Uau!
Listas sempre são listas, mas como é bom lembrar que Coltrane é o máximo!
beijos
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