segunda-feira, 5 de janeiro de 2009


Imagem:
Leon Rodrigues
via
Pulsar Poético


BALAIO PORRETA 1986
n° 2527
Rio, 5 de janeiro de 2009


Existe a beleza de um crepúsculo. Ou de uma aurora. Ou do sorriso da pessoa amada. Ou dos verdes mares que nos encantam. Ou, então, de um poema que nos emociona. Ou, ainda, de um gol no último minuto de jogo do nosso time. Mas, infelizmente, existe a dor da guerra. A dor de uma invasão territorial injusta e criminosa. A dor da miséria. A dor da fome. A dor provocada pela esperteza ideológica dos abutres da Humanidade. O que nos resta? A poesia, o humor, a esperança. Ou a beleza de um crepúsculo.


POEMA de
ZÉ LIMEIRA
segundo Orlando Tejo

O velho Thomé de Souza,
Governador da Bahia,
Casou-se e no mesmo dia
Passou a pica na esposa.
Ele fez que nem raposa:
Comeu na frente e atrás.
Chegou na beira do cais,
Onde o navio trefega
Comeu o Padre Nobréga,
Os tempos não voltam mais.


OS PRIMEIROS POEMAS de
CHICO DOIDO DE CAICÓ (1922-1991)
PUBLICADOS NO BALAIO
[ in n° 263, de 11 de março de 1991 ]

Sangria sangrando sangrar
O Itans é o nosso mar
Sangrando sangrar sangria
O Itans é a nossa alegria
Sangrar sangria sangrando
O Itans é o nosso chão sagrado.
[][][]
Alguns gostam de fi-o-fó
Outros de suco de mangaba.
Eu, mais modesto,
Gosto mesmo é de uma
Xiranha em noite de luar.
[][][]
Meu compadre
Minha comadre
O Rio Seridó hoje tá uma beleeeeeeeza.
[][][]
- Compadrim meu,
Existe coisa melhor do que farinha com rapadura?
- Existe, hômi!: mulher nova, borogodosa e cheia de quentura.


POEMA
Sandra Camurça
[ in O Refúgio ]

Permita-me, moço
beijar seu membro
com a ternura e a castidade
de um anjo torto
Permita-me ungi-lo
com o mel de minha língua
louca, selvagem
e vulgar
Permita-me ainda
abismá-lo
sofregamente chupá-lo
e enfim saber do gozo
em seu vinho
comovida como o diabo

DIARIM DE MARIA BUNITA
(10)
Divulgação:
Menina Arretada do Seridó

Quirido diarim,
Apois num é qui os minino de Mossoró tão cum a mulésta!
Foi o que me contaro, viu meu diarim? Ô bando
de minino arretado, num é à tôa qui é tudo papangu! Num sei não,
acho qui vou passá o São João lá praquelas banda, arrastá um
forrozim junto cum a cabroêra toda pruque ouvi dizê qui lá em
Mossoró os cabra são tudo cheim de presepada, bom de arrasta-pé
e de tomá uma goropada boa, dessas qui dêxa a gente cum vontade
de aprontá... Adispois, quem sabe, se dé tempo, eu dô uma
passadinha pelo Siridó qui ninguém é de ferro, tomá um banho

de açude e comer tapioca cum pirão de farinha seca e caldo de mocotó,
pra vê se levanta a moral dos minino do bando, inclusive de Virgulino,
qui ele tá precisano, tá sim, diarim... Mais milhó mermo vai ser arrastá
pé e asa cum os Papangu de lá, eita bando de minino invocado e
presepento... Se avexem
não qui tô chegano...
Poisé, meu diarim, macaxêra mocotó:
quando chegá a hora, o Capitão vai arrasá cum aquela cidade
e eu vô aproveitá, ora se vô. Eta São João bom da peste
a gente vai tê, cum pau-de-fumaça na mão e forrozim no pé.

10 comentários:

Francisco Sobreira disse...

Moacy,
Gostei do poema de Sandra, em que ela presta uma homenagem a Drummond, revisitando um dos seus poemas mais conhecidos. Um abraço.

Christi... disse...

Gostei muito do início da postagem, da imagem de um sol entre árvores... e os demais poemas muito bem selecionados

coloca a opção de seguidores, é bom pra podermos ver as atualizações. (olha eu me metendo no seu blogue ? rs)
bjs querido
Chris

Adrianna Coelho disse...


oi, moacy!

tudo aqui é sempre bom, pena que ainda não esteja atualizada com o diarim de maria bunita... mas vou tratar de vez de corrigir isso... rs

xeros!

Anônimo disse...

moacy:
o zé limeira,existente ou não,pelo
orlando tejo,sempre me serviu de referência.maluco genial,o limeira.
romério

Cosmunicando disse...

o que nos resta é suficiente pra recomeçar tudo de novo, Moacy =)
beijos

o refúgio disse...

Mas que danado o Francisco Sobreira, eu ando re(lendo)Drummond mesmo...rsrs... é a tal lei de Lavoisier...rsrs...
Moacy, estar aqui é sempre uma delícia, seja lendo ou me vendo. Pena que não dá pra vir mais vezes - continuo sem máquina em casa...
Ó só, Zé Limeira, Chico Doido e a Menina Arretada do Seridó moram no meu coração... e você também, viu?
Beijos

Anônimo disse...

Caro Moacy. O ano 2009 me trouxe aqui. Leio sempre os escritos seus e os que você recolhe, nas andanças.
Hoje, vou comentar. Mas, é prá lhe deixar augúrios positivos e votos de mais realizações, para o ano que entra.
Além do meu abraço carinhoso, de sempre admiradora!
E vamos caminhar...
Dora

Jens disse...

Oi Moacy.
Estamos aí camarada, começando mais um ano. E que melhor maneira de iniciar uma jornada do que a companhia do grande CDC? Como se não bastasse, ainda temos a presença de Zé Limeira, outro cabra arretado da estirpe do CDC e a Sandrix, menina porreta. O Balaio promete em 2009. Como sempre, estarei por aqui.
Um abraço e um bom ano pra você
Arriba!
(PS: estou em Floripa, gozando (ahhhhhhhhhhhh!) merecidas férias.

Anônimo disse...

Ma é arretada mermo essa minina!

Marco disse...

Ah, os poemas do Balaio...
Lindo o da moça Sandra, maravilhoso o de Chico Doido (só ele para misturar fiofó com suco de mangaba...ré, ré, ré...)
O Balaio está cada vez melhor!
Carpe Diem