Romance da moça misteriosa
que, influenciada pela magia
dos versos de Luís Carlos Guimarães,
mergulhou no Poço de Santana,
em Caicó,
e desmergulhou no Poço da Bonita,
em São José do Seridó
Poema/Processo de
Moacy Cirne
a partir de foto
de
Rodrigo Nunez
( devidamente redimensionada )
BALAIO PORRETA 1986
n° 2553
Rio, 30 de janeiro de 2009
Como posso caminhar tão só, se meus segredos
enchem um mundo?
(Adriana Monteiro de Barros, in Pianos invisíveis, 2008)
SAGRAÇÃO DO VERÃO
Luís Carlos Guimarães
[ in A lua no espelho. Natal, 1993 ]
De repente a mulher desabrochou nua
saindo do mar, pois a água não a vestia,
antes a desnudava, fazendo a sua
nudez mais nua à dura luz que afia
seu gume no sol da manhã que inaugura
o verão. Dezembro só luz reverbera
em seu corpo, doura-lhe as coxas, fulgura
nas ancas, no dorso ondulado de fera.
Fera que guarda no ventre uma colmeia
com a flor em brasa do sexo que ateia
fogo ao meu desejo e tanto me consome
a vulva, gruta, rosa de pêlos - que nome
tenha - que desfaleço como se em sangue
me esvaísse morrendo de amor. Exangue.
Luís Carlos Guimarães
[ in A lua no espelho. Natal, 1993 ]
De repente a mulher desabrochou nua
saindo do mar, pois a água não a vestia,
antes a desnudava, fazendo a sua
nudez mais nua à dura luz que afia
seu gume no sol da manhã que inaugura
o verão. Dezembro só luz reverbera
em seu corpo, doura-lhe as coxas, fulgura
nas ancas, no dorso ondulado de fera.
Fera que guarda no ventre uma colmeia
com a flor em brasa do sexo que ateia
fogo ao meu desejo e tanto me consome
a vulva, gruta, rosa de pêlos - que nome
tenha - que desfaleço como se em sangue
me esvaísse morrendo de amor. Exangue.
ESTAÇÃO
Mariana Botelho
[ in Suave Coisa, em 11/12/2008)
tenho um outuno no corpo
de onde as
coisas
caem
vejo doçura nas roupas
espalhadas
pelo
chão
Mariana Botelho
[ in Suave Coisa, em 11/12/2008)
tenho um outuno no corpo
de onde as
coisas
caem
vejo doçura nas roupas
espalhadas
pelo
chão
ELEGIA PARA ZILA MAMEDE
Luís Carlos Guimarães
[ in O fruto maduro. Natal, 1996 ]
Sabias que morrerias no mar.
Assim seria, disseste sem medo
em canção e elegia. Acreditar
só acreditamos quando tão cedo
partiste: a morte - como anunciada -
boiava à deriva no corpo morto
e pela luz da manhã revelada
lançou a âncora no último porto.
Luís Carlos Guimarães
[ in O fruto maduro. Natal, 1996 ]
Sabias que morrerias no mar.
Assim seria, disseste sem medo
em canção e elegia. Acreditar
só acreditamos quando tão cedo
partiste: a morte - como anunciada -
boiava à deriva no corpo morto
e pela luz da manhã revelada
lançou a âncora no último porto.
REBULIÇO
de Renato Caldas
[ in Fulô do mato,
republicado em Versos sacânicos. Natal, 2003 ]
Menina me arresponda
Sem se ri e sem chorá:
Pruque você se remexe
Quando vê homem passá?
Fica toda balançando,
Remexendo, remexendo...
Pensa, talvez, qui nós, véio,
Nem tem ôio e nem tá vendo?
Mas, si eu fosse turidade,
Si eu tivesse argum valô,
Eu botava na cadeia
Esse teu remexedô...
E, adespois dele tá preso,
Num logar, bem amarrado,
Eu pedia: - Minha nega,
Remexe pru Delegado...
Nota do Balaio:
Renato Caldas, poeta popular norte-riograndense,
nasceu em 1902 e faleceu em 1991.
Nota do Balaio:
Renato Caldas, poeta popular norte-riograndense,
nasceu em 1902 e faleceu em 1991.
14 comentários:
POSTAREI TODAS AS PARTES DA "BÍBLIA" SE VOCÊ CINSENTUR, CLARO.
TEU BLOG É ESPETACULAR.
um balaio todo poético!!
o poema/processo do moacy - gostei muito!!
minhas queridas, adriana e nana, aqui...
e os versos sacânicos (putz, como eu não tinha pensado nisso, moa!?)
beijos e até segunda, tá?
segunda eu volto! :)
Moacy!
Linda imagem!
Tava inspirado quando fez esse balaio! Luis Carlos Guimarães: que lindo!
obrigada por me permitir estar num balaio tão lindo como este.
EM QUE PESE MINHA EDUCAÇÃO, MEU SOFISTICADO E POLITICAMENTE CORRETO VOCABULÁRIO, EU DIRIA QUE ESSE É UM BLOG DO CARALHO, SE AVESSO EU NÃO FOSSE A ESSA PALAVRA E O QUE ELA SIGNIFICA. DIGO ENTÃO QUE AQUI NÃO É O PARAÍSO PORQUE QUEM CUIDA DA PARTE VISUAL DO BLOG, É UM PÉSSIMO DIAGRAMADOR, O QUE QUER QUE SEJA DENOMINADO QUEM CUIDA DA PARTE VISUAL DO BLOG, CREIO QUE DEVE SER CONDENADO AO SUPLÍCIO ETERNO, A MENOS QUE SEJA POETA.
ANTES DA TUA BÍBLIA, VOU POSTAR UM POEMA LINDO, QUE EU AMEI, E QUE NÃO É TEU, MAS ESTÁ NO TEU BLOG, E POSTAREI O NEGÓCIO DOS CHÁS, QUE BLOG!
MARAVILHA.
gostei dos poemas e gostei sim de Anahy de Las Misiones. beijos, pedrita
muito boa edição :)
a segração do verão lembrou este meu, que ainda não tem título e talvez nunca tenha
:
a ninfa desliza
por entre o mar
eu, que sou areia e caos
a recebo em
ondas-selvagens,
água forte;
eu, que sou múltiplos grãos
espalho-me pelo seu corpo
de cavalo-marinho
que banha em sal
lágrimas-espuma;
eu, que sou orfeu
(à estatuária grega)
a Ellenizo
beijos, querido :)
Caro Moacy Cirne
Obrigado pela visita e comentário ao nosso blogue "Paixões e Desejos". O cinema é na verdade uma das nossas paixões, assim como a literatura e a música. Todas as opiniões são sempre bem recebidas, porque é da diversidade de opiniões que nascem as grandes descobertas, culturalmente falando.
Abraço cinéfilo
Rui Luís Lima
Grande Moacy, como é que vai? Voltei a visitar os colegas blogueiros,e mbora não poste há mias de uma mês...abç
Agora danou-se! A moça não se encantou-se? Achei que tinha virado serpente...
ela
ele
não é belo
não é feia
calçado ou na areia
segue sua sina...
=)
Gentileza nossa
de cada dia
Moacy, adorei tudo. Em especial, o desmergulho da moça.
beijos,
Vivi
moacy
vez em sempre mergulho no balaio - e põe porreta nisso - melhor num precisa!!!
besos
Moacy querido,
agora que vi que estou na feira de blogues de seu balaio porreta.
agradeço imensamente a honraria.
embora eu seja a blogueira mais inconstante e desaparecida do mundo, conto sempre com a sua gentil leitura e habitual carinho.
alto nível tem seu balaio. suas escolhas são perfeitas.
um beijo, querido.
tudo lindo e sensual nesse post, não tem nem o que falar =)
beijos
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