Casas Casadas, Laranjeiras, Rio:
originalmente, em 1883, conjunto de
seis unidades residenciais;
hoje, centro cultural
(ainda em processo de instauração)
Foto: Sérgio Araújo Pereira
BALAIO PORRETA 1986
n° 2595
Natal, 12 de março de 2009
Completo hoje 42 anos de Rio. O que mais me marcou nestes últimos 504 meses de vida (vários deles em Natal, é verdade)? Com maior intensidade, destaco os seguintes fatos: 1. Os nascimentos de Ana Morena (1986) e Isadora (1990); 2. A campanha do Fluminense na Libertadores (2008); 3. A militância na Política Operária (1972-1982); 4. A conquista do "meu" primeiro campeonato carioca (1969); 5. A campanha presidencial pró-Lula (1989); 6. O bicampeonato carioca (1975-1976); 7. O lançamento do poema/processo (1967); 8. O campeonato brasileiro (1984); 9. Os filmes que fizeram a Geração Paissandu (1967-1971); 10. O primeiro livro: A explosão criativa dos quadrinhos (1970); 11. O trabalho desenvolvido na Revista de Cultura Vozes (1971-1980); 12. A participação nas lutas de rua contra a ditadura (1967-1969); 13. A militância no Núcleo de Cultura do Partido dos Trabalhadores (1980-1984); 14. Os filmes que faziam a Cinemateca do MAM (1967-1977); 15. As peças O rei da vela (Grupo Oficina, 1968), O & A (TUCA-SP, 1968) e Chico Doido de Caicó (por Leon Goes, 2002); 16. Mais três campeonatos cariocas (1973, 1980 e 1984); 17. As aulas na Universidade Federal Fluminense (1971-2003); 18. As publicações de Vanguarda: um projeto semiológico (1975), A biblioteca de Caicó (1983), História e crítica dos quadrinhos brasileiros (1990) e Quadrinhos, sedução e paixão (2000); 19. A coordenação da Exposição de Quadrinhos na Biblioteca Nacional (2002); 20. A criação do Balaio Porreta (1986).
O LIVRO DOS LIVROS
(13a)
Texto estabelecido por
Moatidatotatýne, o Escriba
A crise existencial do Senhor das Alturas
E o Senhor das Alturas, indeciso sobre o futuro da humanidade e do universo, e sobre a sua própria razão de ser, entrou em crise. E o Senhor ds Alturas parou para pensar. E pensou. E se perguntou: "Afinal, quem sou Eu? De onde vim? Para onde vou? Criei-Me a partir do Nada? A partir de algum conceito de substância cartesiano-seridoense-metafísico-avagardneriana? Também criei a Grande Explosão Inaugural, há mais de 13 bilhões de anos terrestres? Como o fiz? Mergulhando no Poço de Santana, em Queicuó? Lendo o Livro de Poemas de Jorge Fernandes? Putaquimepariu: não Me lembro se já existia antes da Grande Explosão Inaugural. E agora? Serei Eu a própria Explosão?"
originalmente, em 1883, conjunto de
seis unidades residenciais;
hoje, centro cultural
(ainda em processo de instauração)
Foto: Sérgio Araújo Pereira
BALAIO PORRETA 1986
n° 2595
Natal, 12 de março de 2009
Completo hoje 42 anos de Rio. O que mais me marcou nestes últimos 504 meses de vida (vários deles em Natal, é verdade)? Com maior intensidade, destaco os seguintes fatos: 1. Os nascimentos de Ana Morena (1986) e Isadora (1990); 2. A campanha do Fluminense na Libertadores (2008); 3. A militância na Política Operária (1972-1982); 4. A conquista do "meu" primeiro campeonato carioca (1969); 5. A campanha presidencial pró-Lula (1989); 6. O bicampeonato carioca (1975-1976); 7. O lançamento do poema/processo (1967); 8. O campeonato brasileiro (1984); 9. Os filmes que fizeram a Geração Paissandu (1967-1971); 10. O primeiro livro: A explosão criativa dos quadrinhos (1970); 11. O trabalho desenvolvido na Revista de Cultura Vozes (1971-1980); 12. A participação nas lutas de rua contra a ditadura (1967-1969); 13. A militância no Núcleo de Cultura do Partido dos Trabalhadores (1980-1984); 14. Os filmes que faziam a Cinemateca do MAM (1967-1977); 15. As peças O rei da vela (Grupo Oficina, 1968), O & A (TUCA-SP, 1968) e Chico Doido de Caicó (por Leon Goes, 2002); 16. Mais três campeonatos cariocas (1973, 1980 e 1984); 17. As aulas na Universidade Federal Fluminense (1971-2003); 18. As publicações de Vanguarda: um projeto semiológico (1975), A biblioteca de Caicó (1983), História e crítica dos quadrinhos brasileiros (1990) e Quadrinhos, sedução e paixão (2000); 19. A coordenação da Exposição de Quadrinhos na Biblioteca Nacional (2002); 20. A criação do Balaio Porreta (1986).
O LIVRO DOS LIVROS
(13a)
Texto estabelecido por
Moatidatotatýne, o Escriba
A crise existencial do Senhor das Alturas
E o Senhor das Alturas, indeciso sobre o futuro da humanidade e do universo, e sobre a sua própria razão de ser, entrou em crise. E o Senhor ds Alturas parou para pensar. E pensou. E se perguntou: "Afinal, quem sou Eu? De onde vim? Para onde vou? Criei-Me a partir do Nada? A partir de algum conceito de substância cartesiano-seridoense-metafísico-avagardneriana? Também criei a Grande Explosão Inaugural, há mais de 13 bilhões de anos terrestres? Como o fiz? Mergulhando no Poço de Santana, em Queicuó? Lendo o Livro de Poemas de Jorge Fernandes? Putaquimepariu: não Me lembro se já existia antes da Grande Explosão Inaugural. E agora? Serei Eu a própria Explosão?"
E o Senhor da Alturas perguntou para seus botões: "Serei Eu uma concepção panteísta? Serei um Deus-Mãe? Ou tenho sido um Deus-Autoridade? Sei que sou a Suprema Singularidade Absoluta, mas por que, então, sinto saudades de uma boa cachaça mineira e dos olhares animalescos de Ava Gardner, aquela que ainda não nasceu? Por que permito/permitirei, no futuro, a formação de seres medíocres e desprezíveis como os inquisidores da Santa Inquisição, ou nomes como Hitler, Mussolini, Stálin, Pinochet, Garrafazul Médici, Pio X e Bento XVI? Uma questão de livre arbítrio? Será que sou um fracasso divino, fruto mal resolvido do que se compreende a partir da relação alma/corpo como fenômeno psicofísico caicoense?"
E disse o Senhor das Alturas: "Eu sou aquele que é, e nada sou. Eu sou aquele que diz: 'Não temais', e provoco temor. Eu sou aquele que ilumina, e sou desluz. Eu sou Verdade e Ficção, Paraíso e Inferno, Dia e Madrugada, Homem e Mulher. Eu sou Eu, sem reticências. Eu sou Eu, sem anoitecências. Sou Riobaldo e sou Diadorim. Sou Hamlet e sou Macbeth. Sou Dom Quixote e sou Sancho Pança. Existo e não-existo. Estou-aqui, Estou-ali, Estou-acolá: santíssima trindade do que não sou. Sou o neblinamento, sou o desnudamento. Com quem discutirei as Minhas angústias? Ninguém Me ama, ninguém Me quer, ninguém Me chama de Salomé (ª)".
E o Senhor das Alturas disse mais: "Sou o quê, finalmente? Será que a existência precede a essência? O inferno são os outros? Sartre será mais importante do que Camus? Entre a dor e o nada, devo preferir Faulkner? Quem sustentará os elementos do caos em São José do Seridó? Miguel Cirilo? Devo ler os lances exatos de Sanderson Negreiros? Devo pintar os dias e as cores de Luís Carlos Guimarães? O que é feito de minha Biblioteca de Babel? Devo negociar com o Diabodemônio a respeito da humanidade? Quem sou Eu? Um Ser iluminado pelas problematizações da vida eterna? E depois? O peso da eternidade Me sufoca e Me oprime. Nada sou, nada serei, só sei que Sou: divino, demasiadamente divino, ao lado de anjos barrocos assexuados. Antes fosse: humano, demasiadamente humano. Ao lado de Ava Gardner. Ou de Nicole Kidman".
Próximo capítulo:
continuação de
A crise existencial do Senhor das Alturas
Nota:
(ª) Uma das passagens mais intrigantes d'O Livro dos Livros. Alguns poetas, no futuro, recorrerão a versos similares. Mas o que quis dizer exatamente o Senhor das Alturas com estas palavras? Segundo o teólogo Alex Gordon, de Washington, USA, a interpretação aristotélico-junguiana mais razoável para o trecho em pauta seria a seguinte: "Caicó é Caicó é Caicó é o Seridó, assim atestam Zé Limeira e a Princesa Isabé". Mas há controvérsias.
(ª) Uma das passagens mais intrigantes d'O Livro dos Livros. Alguns poetas, no futuro, recorrerão a versos similares. Mas o que quis dizer exatamente o Senhor das Alturas com estas palavras? Segundo o teólogo Alex Gordon, de Washington, USA, a interpretação aristotélico-junguiana mais razoável para o trecho em pauta seria a seguinte: "Caicó é Caicó é Caicó é o Seridó, assim atestam Zé Limeira e a Princesa Isabé". Mas há controvérsias.
12 comentários:
Oi Moacy.
Hoje um valor mais alto se levanta: Parabéns pra você. O Rio de Janeiro saiu ganhando.
Um abraço.
Parabéns, Moacy! De muitas coisas participamos juntos, como a luta contra a ditadura, por exemplo. Mas eu jurava que morasse em Natal (RN). Realmente seu humor é divino!
Quanto ao Sr das Alturas, ele deve estar pensando isto mesmo, principalmente depois do bispo excomungar a mãe da menina de 9 anos e deixar de fora o pai estrupador. Ou seja, a Igreja é contra o aborto e a favor da pedofilia????
Esse seu Altíssimo é mais simpático!!
Mais uma vez, PARABÉNS!!!!
Abraços
Mirze
Moacy,
Quanta vida em 42 anos de vida no
Rio de Janeiro!Parabés, meu caro!
E esse Senhor das Alturas está mesmo confuso, e não é caso para menos!
Um cheiro
adorei a foto das casas em laranjeiras. beijos, pedrita
Parabéns pelos seus 42 de Rio... Com tão pouca idade, já com tantas coisas já feitas e livros publicados.
Sobre o amor, ele é lindo!
Voltarei mais vezes.
Rebeca
-
Mesmo assim, Moacy, mesmo com essa idade já fez muito. Rio Grande do Norte? Então é meu vizinho, sou cearense, terra de povo hospitaleiro. Foi uma honra ter parado no seu blog e ler tanta bagagem cultural.
Mais uma vez, parabéns!
Rebeca
-
Feliz 504 meses, ou 42 anos, como queira. Acho que o Jens tem razão: o Rio ficou mais bonito com você lá. E achei massa esses feitos e participações todas. Admiro muito você viu? Sheylinha (ou, agora sua menina. e que ana morena ou isadora não fiquem com ciúmes).
"Com quem discutirei as Minhas angústias? Ninguém Me ama, ninguém Me quer, ninguém Me chama de Salomé"
coitado do Senhor das Alturas! Fala pro Chico Doido ampará-lo, Moa! rsrs
E Sheylinha, sua menina, tá certa: o Rio ficou mais lindo com vc!
Beijos, Moa!
Mestre querido,
quarenta e dois anos de Rio! Vc é um carioca autêntico, e já passou por tantas coisas importantes. Uma bela bagagem! Agora, uma crise existencial do Senhor das Alturas é uma "mega crise". Vixe a entidade vai endoidecer de vez...rs
Beijinhos carinhosos
GRANDE MOACY, TIRANDO O TÍTULO DO FLUMINENSE DE 84, GANHO POR UM ACASO LAMENTÁVEL, ME ALEGRO POR TUAS LEMBRANÇAS E ACHO QUE A BÍBLIA TUA É MELHOR QUE A OUTRA.
PARABÉNS, SINCEROS MEUS.
oi, moacy!
rio é rio e caico é caico. daqui, de vez em quanto, escutamos o senhor das alturas. é um deus nos acuda! sai todo mundo pra rua. igual as primeiras chuvas do ano. mas, o perigo, também, sao os raios, os raios...
abraço do poço de santana (com seus sapos, grilos, borboletas e tetéus).
Adoro aquelas casas! Passamos todos os sábados por elas!!
Um abraço saudoso
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