sábado, 21 de março de 2009

OS FILMES QUE MARCARAM ÉPOCA
NA CAICÓ DOS ANOS 50
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a sequência final de
French Cancan
(Jean Renoir, 1954)


BALAIO PORRETA 1986
n° 2604
Natal, 21 de março de 2009

Exibido em Caicó em 1959 - o meu último ano na cidade seridoense, antes de minha família se mudar para Natal -, French Cancan encantou muita gente por sua leveza, por seu colorido, por seu brilho temático centrado na Paris da 'belle époque'. Na ocasião, eu já sabia da importância de Renoir para a história do cinema mundial. Aliás, era o primeiro filme que eu via do cineasta francês. Não é preciso dizer que fiquei maravilhado com seu estilo.


CINEMA 1959
- Os filmes que vi (sem ordem preferencial) -

Em Caicó:
Velhas lendas tchecas (Trnka, 1953), animação
French Cancan (Renoir, 1954)
Maldição (Lang, 1949)
Desejo humano (Lang, 1954)
Osso, amor e papagaios (C. Memolo, 1957)
Absolutamente certo (Anselmo Duarte, 1957)
Winchester 73 (Mann, 1950)
A batalha do Rio da Prata (Powell & Pressburger, 1956)
A ponte da esperança (Kautner, 1953)
A nave da revolta (Dmytryk, 1954)
O homem do terno branco (Mackendrick, 1951)
Os vencidos (Antonioni, 1952)

Em Campina Grande, em julho:
Rififi (Dassin, 1955)
Morte sem glória (Aldrich, 1956)
Quinteto da morte (Mackendrick, 1955)
Nunca fui santa (Logan, 1956)
Meias de seda (Mamoulian, 1957)
Estigma da crueldade (King, 1958)
O último ato (Pabst, 1955)
Cárcere sem grades (Zinnemann, 1957)


Em Natal, em dezembro:
O ferroviário (Germi, 1956)

Em São Paulo, em dezembro:
O garoto (Chaplin, 1921)


O VENDEDOR DE CAVACO CHINÊS
Nivaldete Ferreira
[ in Lápis Virtual ]

Tili-lim, tili-lim... Corre, é o vendedor de cavaco chinês. Ele abre o tambor de zinco ou de lata e puxa um pacote de cavaco. Quanto?... Um conto. Um real. Toma lá. Ele fecha a lata e segue, tili-lim, tili-lim, tocando o triângulo rua afora, sua maneira de se anunciar.

Sempre achei o cavaco chinês parecido com uma hóstia gigante, com o perdão do sagrado. O sabor é suave, a textura é a de uma seda de trigo.

O 'homem do cavaco chinês' ainda existe, ainda sobrevive, neste mundo de fast-food, de entrega de pizza em casa, de vendedores de sorvete com seus carrinhos de grife.

Em Natal há uma família que produz, por gerações seguidas, essa pequena graça alimentícia. Na verdade, não chega a ser deliciosa nem é tão alimentícia. A delícia é outra. É o ritual, é o quase-não-existe-mais-cavaco, é o pressentimento de que ele desaparecerá e que aquele que acabamos de comprar pode ser o último que comemos.

O vendedor de cavaco deveria ser tombado como patrimônio cultural de Natal. Antes que o último tombe com seu cilindro de zinco ou de lata, por uma rua dessas...

Natal tem coisas assim, maravilhosas e (quase) despercebidas.

10 comentários:

Unknown disse...

Moacy:

Sobre os filmes que vc viu em 1959vale comentar:
1) a produção cinematográfica naquela década era muito boa!
2) os cinemas em diferentes cidades (inclusive fora dos grandes centros) mostravam essa ótima produção e ainda caprichavam na rememoração de coisas mais antigas.
Prefiro não cultivar a saudade: videos nos permitem, hoje, enorme riqueza de filmes DO PASSADO. O presente de produção anda meio fraco, mas ainda dá pra pegar alguma coisa...
Abraços:

Marcos Silva

Pedrita disse...

eu vi poucos filmes do jean renoir. de vez em quando o telecine faz uma homenagem a ele, então consegui ver alguns. beijos, pedrita

Unknown disse...

Adorei o Filme. Dos que vc viu não vi nenhum, talvez por ter 5 anos. Agora o tal do Cavaco chinês. me deu água na boca. Será que é igual ao Biscoito Globo que só vende nas praias do Rio, e todo mundo acha que vai acabar? Digo, o sabor.

Beijos

Mirze

Unknown disse...

Voltei para dizer que o que achei mais interessante no filme é que as bailarinas do Cancan, usavam "calçolas", os homens respeitosos, beijavam na testa e no entanto havia sexo.
Impressionante!

Beijos

Mirze

Unknown disse...

Mirse:

Conclusão sobre sexo, a partir de seu comentário dedicado ao filme de Renoir: gozar juntos inclui respeito!
Abraços:

Marcos Silva

Jens disse...

Oi Moacy, passando pra desejar um bom findi.
Um abraço.

Anônimo disse...

Obrigada, Moacy, por ter publicado o Cavaco Chinês... Eu estava prestes a deletar o Lápis Virtual. Aí você deu aquela forcinha sutil e eficaz: "poste com mais frequencia"...Está dando certo! Você é o homem dis/Cirne/mento..., no mais certo português errado. Um abraço.

Hercília Fernandes disse...

Moacy,

que delícia de postagem!?

Suas palavras me trazem as preciosas recordações da infância. Em Caicó existia a figura do vendedor de cavaco chinês, recordo bem!

Mas, nunca mais vi essa iguaria pelas ruas de nossa cidade, o que é lamentável.

Beijos, meu querido historiador, com sabor de hóstia!

H.F.

Anônimo disse...

Moacy: o filme do Renoir foi exibido aqui em 1958, precisamente no mês de junho, cine Rex, de saudosa memória. Na época achei apenas uma fita razoável. Nunca mais o vi. Muito bom vc relembrar a sequência final para todos nós. Fica um gostinho na boca de querer revê-lo logo logo.

Um abraço...

Odessa Valadares disse...

Moacy,
concordo com a idéia do tombamento, sim! Essa pernambucana cresceu em Natal e teve a grata surpresa de reencontrar o cavaco nos sinais de trânsito de Recife. São vendidos em saquinhos, nada do tambor de zinco, mas a minha mãe diabética compra e ainda dá a mesma desculpa :'a gente quase não vê mais isso. Como desde menina'.