domingo, 1 de março de 2009

Rio: 444 anos
A paz verde-luminosa da Rua General Glicério,
em Laranjeiras:
o meu particular mundo carioca,
em foto de
Sandra Porteous


BALAIO PORRETA 1986
n° 2584
Natal, 1 de março de 2009

O Rio, para mim, é o Maraca em dia de Fluminense. É a Rua do Catete, às 5 horas da tarde. É o Cinema Odeon, na Cinelândia. É a Rua do Ouvidor, a qualquer hora do dia. É o Paço Imperial, é o CCBB, é a Biblioteca Nacional. É o Estação Botafogo. É a Sala Cecília Meireles, na Lapa. É o Teatro Municipal, na Cinelândia. É a Igreja da Terceira Ordem de São Francisco, no Largo da Carioca. É o Aterro, é a Estrada das Paineiras, é o Jardim Botânico. É a Feira de Antiguidades da Praça Quinze. É o Campo de Santana (e adjacências). É a missa gregoriana da Igreja de São Bento. É o Convento de Santo Antônio. É o Outeiro da Glória. É a roda de samba da Folha Seca, na Rua do Ouvidor, sábado sim, sábado não. É uma rua com o nome de Fonte da Saudade, na Lagoa. São os bares e os butecos do Centro. São as "casas casadas" de Laranjeiras. São as garotas de Ipanema, Tijuca, Meyer, Laranjeiras, Cosme Velho, Madureira, Copacabana, Leblon, Grajaú e Guadalupe. São os bairros da Zona Norte, particularmente Vila Isabel. São as ladeiras e os becos de Santa Teresa. São as escolas de samba: Mangueira e Portela, sobretudo. São as livrarias e os sebos do centro da cidade: a Folha Seca, a Berinjela, a Travessa, a Leonardo, a Al-Fárabi. São as livrarias de Botafogo: a Luzes da Cidade, a Prefácio. É a General Glicério, em Laranjeiras, com sua roda de choro, aos sábados, e a sua paz verde-luminosa,
de segunda a segunda.



Memória
COMO SE PEDIA UMA BEBIDA NO RIO POR VOLTA DE 1900


Cachaça : Água de Nossa Senhora; Branquinha; Agüinha; Parati
Cerveja : Virgem Loira
Uísque : Cavalinho
Absinto : Prêmio-do-Céu
Vinho : Vinho [e ponto final].

[ in O Rio de Janeiro do meu tempo, de Luís Edmundo ]

GLOSSÁRIO CARIOCA DOS ANOS 10 E 20 DO SÉCULO PASSADO

Adufe : Espécie de pandeiro quadrado
Capitoso : Que embriaga, entontece
Chelpa : Dinheiro
Chufa : Caçoada, troça
Conventilho : Prostíbulo, puteiro
Dédalo : Cruzamento, encruzilhada
Dichote : Gracejo, zombaria
Esbórnia : Orgia, farra
Fine : Aguardente natural
Fúfia : Mulher desprezível
Gravateiro : Ladrão que ataca a vítima pela garganta
Latagão : Homem robusto e de grande estatura
Marçano : Aprendiz de caixeiro; p. ext., aprendiz, principiante
Misógino : O que tem aversão às mulheres
Montra : Vitrine comercial
Pornéia : Libertinagem, devassidão
Pulcro : Gentil, belo
Quizília : Aborrecimento, impaciência
Redoute : Festa, baile
Retacado : Indivíduo baixo e atarracado
Sigisbéu : Aquele que corteja com assiduidade uma mulher
Tavolagem : O vício de jogar
Tricana : Moça do povo ou do campo
Triques : Vestido com apuro, elegante
Zabumbar : Atordoar, aturdir

[ Fonte: A mulher e os espelhos (1919), de João do Rio ]

GLOSSÁRIO CARIOCA DOS ANOS 30 E 40 DO SÉCULO PASSADO

Abafante : Pessoa que encanta pelos predicados físicos
Atrasado : Carente de relações sexuais
Babaca : Vagina
Baile : Discussão acalorada
Bate-fundo : Briga
Brasileira : Tuberculose
Cabaçuda : Mulher virgem
Circuncisfláutico : Posudo
Estácio : Tolo, palerma
Flozô : Fazer-se de difícil
Fruta : Pederasta passivo
Gado : Prostituta
Leros : Palavrório, lengalenga
Minete : Sexo oral em mulher
Neruscóide de pitibiróides : Nada de nada; o mesmo que néris de pitibiriba
Pau pequeno : Caixa de fósforos pequena
Peru : Vinte mil réis
Piçuda : Irritada, furiosa
Pirantes : Os pés
Quirica : Vagina
Solinjada : Navalhada (da navalha da marca Solingen)
Tiragem : Grupo de policiais
Veado : Pederasta passivo
Vê-oito : Calcinha de mulher

[ Fonte: Desabrigo e outros trecos (1943), de Antônio Fraga ]

14 comentários:

Pedrita disse...

ontem assisti a falecida e várias palavras do glossário apareceram. foi batata hehe. beijos, pedrita

Anônimo disse...

sempre bom reaver um joão do rio como fonte.

giulianoquase.

Anônimo disse...

sempre bom reaver um joão do rio como fonte.

giulianoquase.

Anônimo disse...

Parabéns ao Rio de Janeiro!

Adrianna Coelho disse...


ah, moa

o rio visto por vc descreve um rio
que eu sinto, que eu vivo
e um rio que não vivi tbm...

um rio pelo olhar de um apaixonado
que faz a cidade maravilhosa
parecer a cena de um filme
que a gente não quer que acabe...

dá saudade desse rio que existiu antes de mim
e saudade de vc, meu amigo.

beijos

Marcelo Novaes disse...

Moacy,



Estou precisando de um guia como vc por essa cidade.Todos os "points" por vc citados estão valendo. O que não for recuperável, que seja apresentado em fala. O que for visitável, que façamos, juntos, a romaria...




Abração,







Marcelo.

Maria Maria disse...

Gostei de conhecer esse vocabilário carioca!!! Beijos

Anônimo disse...

Moacy: chego atrasado só pra confirmar o que o Sobreira disse. O final de 'Luzes da Cidade' é de uma beleza e sentimento ímpares. Realmente um dos maiores da História do Cinema.

Um abraço...

Bené Chaves

Beti Timm disse...

Metre,

o Rio é de uma magia encantadora e peculiar. É uma das cidades quesono em conhecer, espero que isto aconteça, mesmo eu estando bem velhinha, sou aprecia-la com memo encanto.

Beijos carinhsos

Beti Timm disse...

Perdoe-me os erros, meu pc, não sei o que há,está pulando. Acho que está ainda em ritmo de carnaval...rs

Sandra Porteous disse...

Moa,
Amei seu texto sobre o Rio de Janeiro, me faz sentir muitas saudades da minha cidade!
Obrigada por publicar minha foto em dia de texto tão inspirado!
Sandra

Fernanda Paixão disse...

Ai está o Rio...

chega de saudade
a realidade é que sem ele não há paz não ha beleza...

Odessa Valadares disse...

Oras, pois. Eu conhecia por 'necas de pitibiriba'...

Odessa Valadares disse...

Oras, pois. Eu conhecia por 'necas de pitibiriba'...