(Maracanaú, CE)
Foto:
Joceny Pinheiro
(2006)
in
Povos indígenas no Brasil
BALAIO PORRETA 1986
n° 2682
Rio, 4 de junho de 2009
Existem somente dois tipos de homens: os íntegros que se consideram pecadores e os pecadores que se consideram íntegros.
(Blaise PASCAL. Pensamentos, 1662)
Mariana Botelho
[ in Suave Coisa ]
no silêncio da tarde
meu corpo se encheu de
espantos
e beleza nenhuma havia
senão sob o prisma desse
medo
Alice Ruiz
[ in Germina Literatura ]
contra o prédio cinza
uma só flor
e todas as cores
sob a folha verde escura
a folha verde clara
trêmula dissimula
Adelaide Amorim
[ in Inscrições ]
fugir às vezes é inventar estradas
em pleno pântano
e pontes sobre areia movediça
Fernando Mineiro
Queijo de coalho, carne-de-sol, sequilos, arros-de-leite, umbuzada, filhós com mel, suco de cajarana, são delícias regionais colocadas lado a lado do vinho de Bordeaux, do sal de Guérande, da poulet de Bresse, do foie gras do Périgord, do presunto de Bayonne, da pimentea de Espelette, do queijo de Parma, da mostarda de Cremona, do tomate de San Marzano, da mozzarella napolitana…
Não, não fui eu quem arrumou esta mesa. Até porque nunca saboreei alguns desses quitudes franceses e italianos citados acima.
Quem reconheceu a comida de Caicó como excelência gastronômica regional, citando-a ao lado da francesa e da italiana, foi a chef Ana Luiza Trajano, do restaurante Brasil a Gosto, de São Paulo.
Segundo a chef, “aqui no Brasil também temos as nossas excelências regionais, nem sempre, porém, reconhecidas…”. E ela fala de seu encantamento diante do descobrimento da gastronomia caicoense. Produtos feitos com carinho artesanal, cozinheiros e cozinheiras de primeira linha, uma festa para o apetite são expressões usadas por Ana Luiza, dizendo, ainda, que “Caicó se esmera para agradar os que têm àgua na boca”.
Imagino o que diria a Ana diante do privilégio de comer uma guiné torrada, feita por Dona Rosalba Medeiros!
Mas imagino mesmo é o que dirão os delicados e galegos hooligans, quando aqui aportarem, em 2014. Falando nisso, soube que Moacy Cirne e Nei Leandro, de olhos nos turistas-copeiros, já estão organizando excursões ao Itans, que sangrará em julho, no ano sagrado da Copa. A passagem dará direito a uma dose de Samanaú, com parede de umbú-cajá e farofa de capote levemente apimentada.
Ah! Soube também que nossos bardos do semi-árido estão organizando um amplo movimento para que os produtos de Caicó, e por exetensão, de todo o Seridó, sejam reconhecidos como “produtos identificados com o selo de qualidade de sua appellation d’origine contrôlée”. O Ojuara, dando trégua à sua implicância com o Lula, anda, inclusive, gastando seu francês com os moços e as moças do jeca, perdão, jet natalense, ensinando-os a fazerem o necessário biquinho da pronúncia de buxadê de jiquirití.
Mas a quem ainda duvida da alta e baixa gastronomias caicoenses caicoense e precisa de uma opinião abalizada de uma chefa de cozinha, recomendo o artigo “Muita pedra, pouca água e muita festa”, de Ana Luiza Trajano, publicado na revista de bordo TAM nas Nuvens, edição de junho/2009. Bom apetite.
9 comentários:
Bom Dia, Moacy!
Como é bonita a etnia. Qualquer que seja, mas a brasileira, e em e special esta que você garimpou, é show.
Hoje está impossível escolher um, entre os poemas. Todos maravilhosos.
Quanto a gastronimia, pensava que todos os nossos produtos e quitutes já estavam em voga na França. Na minha fase de gourmet,
onde conheci o Philipe Do Trateur de France e o Claude Troigros, eles sempre se encantavam com nossa variedade em frutas, folhas e especiarias. Nada temos a dever, apenas complementaremos o que falta a eles.
Balaio lindo o de hoje!
Beijos
Mirse
A Mariana Botelho não tem existência de real, é suavíssima...
Oi Moacy, vi teu nome no blog da Mariana e lembrei-me de um seminário sobre histórias em quadrinhos realizado aqui em Feira de Santana, na Universidade Estadual - UEFS, acho que no início da década de 90,que teve a sua participação. Vida longa e um abraço.
'buxadê de jiquirití'... já tô treinando fazer bico, Moa =)
adoro os poemas da Nana,
beijos
maracanaú tem cimento demais a interromper paisagens belíssimas como a moça aê.
a nana encanta. alice me deixa folha voando, voando até cair no chão. e sigo a fugir, pra não var-ar.
adoro iguarias típicas. umas conhecidas, outras quem sabe um dia.
ontem fui ao dragão do mar, acabei me atrasando no artê-lie e nada mais aberto entrei na livraria de técnicos. tinham três livros sobre os coronéis do caicó. e um seu. e aí que me baixou as tempestades de oiá. gritava com a nini: é do balaio, nini! rsrsrs...
beijo :)
Tudo muito bom hoje!
Bjs.
Balaio bonito e cheio de coisas gostosas de nomes mais gostosos ainda. Adoro aqui.
Beijo beijo!
Caico tem isso tudo e ainda, mas o melhor que eu acho em Caicó e a simplicidade do povo a força de vontade de viver a alegria o encontro a gastronomia nem se fala mas o melhor e a hospitalidade de cada um.
Ótimos poemas, Menino; e o texto me deixou babando ;-)
Beijos
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