OBRAS-PRIMAS DO CINEMA
Clique na imagem
para verouvir
os 10 minutos iniciais
da produção argentina
La hora de los hornos
(Fernando Solanas, 1968) :
o filme-panfleto por excelência -
centrado na esquerda peronista,
o documentário de uma época
BALAIO PORRETA 1986
n° 2685
Rio, 7 de junho de 2009
"La hora de los hornos nasce, em princípio, como ato (fato-ação) revolucionário. À margem do sistema, contra o sistema, ele nega a legalidade do regime" [Paolo e Vittorio Tavianni, Cahiers du cinéma, março-abril 1971] ... Eles definem, assim, as perspectivas exatas onde se situa o empreendimento do 'cinema paralelo': intervir na História, fazer do filme uma arte verdadeira ...
(Christian ZIMMER. Cinéma et politique, 1974)
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os 10 minutos iniciais
da produção argentina
La hora de los hornos
(Fernando Solanas, 1968) :
o filme-panfleto por excelência -
centrado na esquerda peronista,
o documentário de uma época
BALAIO PORRETA 1986
n° 2685
Rio, 7 de junho de 2009
"La hora de los hornos nasce, em princípio, como ato (fato-ação) revolucionário. À margem do sistema, contra o sistema, ele nega a legalidade do regime" [Paolo e Vittorio Tavianni, Cahiers du cinéma, março-abril 1971] ... Eles definem, assim, as perspectivas exatas onde se situa o empreendimento do 'cinema paralelo': intervir na História, fazer do filme uma arte verdadeira ...
(Christian ZIMMER. Cinéma et politique, 1974)
EM FOCO
Lou Vilela
[ in Nudez Poética ]
Pelas janelas
a deusa de ébano
os instiga:
silentes
ágeis fantasmas
flutuam em cinzas
tão sós, tão luas, tãos nós...
Lou Vilela
[ in Nudez Poética ]
Pelas janelas
a deusa de ébano
os instiga:
silentes
ágeis fantasmas
flutuam em cinzas
tão sós, tão luas, tãos nós...
DIGESTÃO
Maria Maria
[ in Espartilho de Eme ]
Poema dedicado a Oswald de Andrade
e ao movimento antropofágico
Comi:
tapioca,
paçoca,
mandioca
(com chá de manjericão).
Arrotei um índio
quando fiz
a digestão.
Capelinha da Redinha
Foto de
Alexandro Gurgel
via Grande Ponto
REDERREDINHA
Eduardo Alexandre
[ in Grande Ponto ]
Vai um peixe frito com tapioca?
Um cheiro de dendê de mercado?
De cachaça chegada ao copo?
De caju cortado ao prato?
Uma cavala branca no Pé do Gavião?
Serigoela, mangaba, cajá
Cheiro de quê?
De amor?
Cheiro de mar?
Redinha do Gajeiro
Da folia do carnaval
Dos paquetes chegando
Praieiras
Quantos amores
Quantos encantos
e cantos
a Redinha cantou?
Sonho de casamento na capelinha branca
alto da duna
Benção
da Mãezinha dos Navegantes!
Redinha de ginga
palhas de coqueirais
velas, cabelos ao vento
Brisa
Ranger de areia fina
no passo
descalço
de pastorinhas em fandangos
e bumbas-meu-boi.
Sonopreguiça
Rederredinha
Natal !
Maria Maria
[ in Espartilho de Eme ]
Poema dedicado a Oswald de Andrade
e ao movimento antropofágico
Comi:
tapioca,
paçoca,
mandioca
(com chá de manjericão).
Arrotei um índio
quando fiz
a digestão.
Capelinha da Redinha
Foto de
Alexandro Gurgel
via Grande Ponto
REDERREDINHA
Eduardo Alexandre
[ in Grande Ponto ]
Vai um peixe frito com tapioca?
Um cheiro de dendê de mercado?
De cachaça chegada ao copo?
De caju cortado ao prato?
Uma cavala branca no Pé do Gavião?
Serigoela, mangaba, cajá
Cheiro de quê?
De amor?
Cheiro de mar?
Redinha do Gajeiro
Da folia do carnaval
Dos paquetes chegando
Praieiras
Quantos amores
Quantos encantos
e cantos
a Redinha cantou?
Sonho de casamento na capelinha branca
alto da duna
Benção
da Mãezinha dos Navegantes!
Redinha de ginga
palhas de coqueirais
velas, cabelos ao vento
Brisa
Ranger de areia fina
no passo
descalço
de pastorinhas em fandangos
e bumbas-meu-boi.
Sonopreguiça
Rederredinha
Natal !
PARALELO 27
Mercedes Lorenzo
[ in Cosmunicando ]
Mercedes Lorenzo
[ in Cosmunicando ]
corre o boato
de que vai nevar
- não me chame -
tenho um poema
cozinhando em fogo lento
tenho um poema
quase no ponto
[em que posso
me queimar]
tenho um poema
solerte
e não o liberto
sob pena
AMANTES DE AGOSTO
Bárbara Lia
[ in Germina Literatura ]
Gosto de agosto.
O algodoal menstrua
sangue branco
antes da primavera.
É preciso rasgar
por dentro
antes que chegue a primavera.
É preciso pagar o tributo,
os deuses sempre cobram.
Depois que cair gotas espessas
brancas
no chão quase-negro,
os algodoais serão apenas valsa.
Uma onda de espumas trepidantes.
Quem sabe um leito rústico
para os amantes de agosto.
Quem sabe agosto faça o parto da
primavera com menos pranto,
sem sangue branco,
apenas vento,
valsa
e um olhar que é só encanto.
TOPOGRAFIA
Inês Motta
[ in Velvet ]
Bárbara Lia
[ in Germina Literatura ]
Gosto de agosto.
O algodoal menstrua
sangue branco
antes da primavera.
É preciso rasgar
por dentro
antes que chegue a primavera.
É preciso pagar o tributo,
os deuses sempre cobram.
Depois que cair gotas espessas
brancas
no chão quase-negro,
os algodoais serão apenas valsa.
Uma onda de espumas trepidantes.
Quem sabe um leito rústico
para os amantes de agosto.
Quem sabe agosto faça o parto da
primavera com menos pranto,
sem sangue branco,
apenas vento,
valsa
e um olhar que é só encanto.
TOPOGRAFIA
Inês Motta
[ in Velvet ]
Sabes de cor dos meus livros, cada página amarelada. Frase a frase, palavras que esquadrinhas com olhos ávidos e dedos ágeis de arguto aluno. Sabes de mim, da minha geografia, geologia e ramos de ciências afins.
Conheces as camadas mais superficiais e mais profundas da pele dos meus vastos continentes. Sabes das minhas terras insulares e úmidas, do meu relevo plano e acidentado em terra e mar.
Sabes como escalar minhas orgulhosas montanhas e montes para descansar exausto nas sombras das encostas.
Sabes do solo macio e quente dos meus desertos e como sobreviver bebendo dos meus oásis que sombreias com tuas palmeiras mãos. Sabes das minhas terras altas, dos meus vales férteis, dos meus pântanos de terras baixas e alagadiças.
Sabes das minhas vibrações sísmicas e das escalas dos meus grandes terremotos. Sabes dos meus vulcões adormecidos e ativos quando queimas na lava em ebulição, no fogo líquido.
Sabes das minhas zonas de alta pressão, de minhas frentes quentes, das brisas, marítimas/terrestres, dos ventos alíseos e de como aqueço os meus minuanos. Sabes dos meus tufões, vendavais e tornados.
Conheces a minha hidrografia e localizas os meus lençóis freáticos, todas as minhas águas, frias e cálidas, doces e salgadas. As chuvas calmas e as tempestades.
Conheces os meus abissais oceanos e tsunamis. As minhas correntes quentes e os meus el niño's, minhas praias e a arrebentação das suas ondas de branca espuma na areia. Sabes das minhas cachoeiras e cascatas, das fontes termais e gêiseres.
Sabes dos meus igarapés - açus e mirins -, dos remansos, dos meandros, dos meus rios sinuosos. Sabes dos sons dos seus trajetos, das suas desembocaduras em estuários e fecundos deltas. Sabes dos meus plácidos lagos, dos meus cristalinos riachos.
E dos meus silêncios.
Sabes.
Conheces as camadas mais superficiais e mais profundas da pele dos meus vastos continentes. Sabes das minhas terras insulares e úmidas, do meu relevo plano e acidentado em terra e mar.
Sabes como escalar minhas orgulhosas montanhas e montes para descansar exausto nas sombras das encostas.
Sabes do solo macio e quente dos meus desertos e como sobreviver bebendo dos meus oásis que sombreias com tuas palmeiras mãos. Sabes das minhas terras altas, dos meus vales férteis, dos meus pântanos de terras baixas e alagadiças.
Sabes das minhas vibrações sísmicas e das escalas dos meus grandes terremotos. Sabes dos meus vulcões adormecidos e ativos quando queimas na lava em ebulição, no fogo líquido.
Sabes das minhas zonas de alta pressão, de minhas frentes quentes, das brisas, marítimas/terrestres, dos ventos alíseos e de como aqueço os meus minuanos. Sabes dos meus tufões, vendavais e tornados.
Conheces a minha hidrografia e localizas os meus lençóis freáticos, todas as minhas águas, frias e cálidas, doces e salgadas. As chuvas calmas e as tempestades.
Conheces os meus abissais oceanos e tsunamis. As minhas correntes quentes e os meus el niño's, minhas praias e a arrebentação das suas ondas de branca espuma na areia. Sabes das minhas cachoeiras e cascatas, das fontes termais e gêiseres.
Sabes dos meus igarapés - açus e mirins -, dos remansos, dos meandros, dos meus rios sinuosos. Sabes dos sons dos seus trajetos, das suas desembocaduras em estuários e fecundos deltas. Sabes dos meus plácidos lagos, dos meus cristalinos riachos.
E dos meus silêncios.
Sabes.
13 comentários:
Uma maravilha, Moacy! O grande Ponto fica todo cheio de poses com as postagens no Balaio.
Grande Abraço,
Alex
Obrigada, querido Moacy.
Quanta honra, heim?
Como sou inquieta camaleoa, já efetuei pequena mudança no epílogo. Nada que altere o conteúdo. Só o ritmo.
Beijos!
amei o topografia. beijos, pedrita
Caro Moacy,
Imagens fortes, expressivas que sublinham as legendas e as palavras. Muito bom e oportuno você divulgar um trecho desse filme que é tão elogiado. Infelizmente, não o conheço. Abraço.
Não consegui ver o filme - e não foi por prob de bios rs -, uma pena! mas tentarei novamente em um outro momento.
Obrigada pelo belo presente! - versar ao lado de variados - e excelentes - poetas.
Toda vez que apareço pelas bandas de cá e vejo uma imagem do meu Rio Grande do Norte, morro de saudades! :)
Abraços,
Lou
Cirne, eu já te visitei várias vezes, vc foi lá umas 2 , lembra vagamente...:) eu vivo em natal, continuo aqui.
Hj eu vou colocar vc lá- e não é por ter estado por aquelas bandas, era o próximo da minha lista- estou fazendo para divulgar o livro, vc sabe- é preciso, eles não têm verba p promover. Mtos do livro eu não conheço... vou colocar só quem eu sei quem é.
Me disseram que vc não estará aqui no dia 26, uma pena- eu me sinto inibida, mas Gustavo- que é meu amigo- pediu p eu ir, e acho que devo ir, sim.
Um abração, Elianne-Laura
ô, meu jesus cristinho, o balaio está belo por demais!!!
minha filha me trouxe de belém bombons de capuaçu e bacuri, tapioca, castanhas do pará - minino, quês saboresssssssssssss!
besos
Palavras e imagens na mais pura harmonia!
Como é bom estar aqui...e sentir!
Se não leio lá, leio cá...a boa leitura de que és capaz.
Oi Moacy!
Imagens fortes mas é essa a dura realidade que ainda amedronta.
Todos os poemasestão lindos, mas meu foco de luz vai para a Lorenzo. Demais!
A TOPOGRAFIA de Inês Motta, é um verdadeiro passeio na arte de escrever.
Parabéns, amigo
Beijos
Mirse
Obrigada pela postagem, viu? Fico danada de feliz!
Beijos,
Maria Maria
Esse Balaio hoje está para lá de poético!!! Gostei de todos os poemas e ainda mais da prosa poética da Inês.
Lindo, Moa!
p.s. ah, achei um blog que postou um artigo sobre quadrinhos e vc consta na bibliografia: Palavra Escrita
beijos
Moa,
voltei de viagem e ainda estou me atualizando nas leituras do Balaio, mas a surpresa foi deliciosa!
Obrigada mestre, é bom demais estar por aqui, e eu fico sempre honrada e vaidosa. Esse Balaio tá porretíssimo, estou na melhor companhia =)
um beijo
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