OBRAS-PRIMAS DO CINEMA
Clique na imagem
para verouvir
o curta de animação
Pai e filha
(Michael Dudok de Wit, 2000)
BALAIO PORRETA 1986
n° 2746
Natal, 9 de agosto de 2009
A delicadeza de uma joia rara: assim é o curta de animação anglo-belga-holandês Pai e filha, cuja homenagem ao cineasta Ozu já principia pelo título. Uma pequena obra-prima do cinema mundial, em nosso entendimento: sensível e criativa, envolvente e primorosa. Um filme inesquecível, que se faz poesia pura: um dos mais belos curtas de animação de todos os tempos.
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o curta de animação
Pai e filha
(Michael Dudok de Wit, 2000)
BALAIO PORRETA 1986
n° 2746
Natal, 9 de agosto de 2009
A delicadeza de uma joia rara: assim é o curta de animação anglo-belga-holandês Pai e filha, cuja homenagem ao cineasta Ozu já principia pelo título. Uma pequena obra-prima do cinema mundial, em nosso entendimento: sensível e criativa, envolvente e primorosa. Um filme inesquecível, que se faz poesia pura: um dos mais belos curtas de animação de todos os tempos.
POEME-SE!
(J. Cardias, Rio, anos 80)
(J. Cardias, Rio, anos 80)
POEMA
Li Tai Pô
[ in Germina Literatura ]
Na vida
é preciso tanto seriedade
quanto delírio.
Se tiveres mais de um pão,
vende um
e compra um lírio.
POESIA POPULAR
Luiz Xavier
[ in Versos sacânicos, 2003 ]
Mote:
Tomei cachaça no ceu,
lá no hotel de Jesus
Glosa:
Levando um litro de mel
dessa abelha italiana
com muita santa bacana
tomei cachaça no ceu.
quebrando a famosa cruz,
os anjos bateram palmas.
Sonhei mais cantando as almas
lá no hotel de Jesus.
Li Tai Pô
[ in Germina Literatura ]
Na vida
é preciso tanto seriedade
quanto delírio.
Se tiveres mais de um pão,
vende um
e compra um lírio.
POESIA POPULAR
Luiz Xavier
[ in Versos sacânicos, 2003 ]
Mote:
Tomei cachaça no ceu,
lá no hotel de Jesus
Glosa:
Levando um litro de mel
dessa abelha italiana
com muita santa bacana
tomei cachaça no ceu.
Aprontei, fiz escarceu,
dancei com defuntos nusquebrando a famosa cruz,
os anjos bateram palmas.
Sonhei mais cantando as almas
lá no hotel de Jesus.
A LÍNGUA DOS POETAS
Antônio Mariano
[ in Guarda-chuvas esquecidos, 2005 ]
Língua era lâ-
mina
aconchegante,
e explosiva,
conforme a boca.
Maleabilíssima
a língua do poeta:
tátil às vezes,
tática sempre.
SONO
Lívio Oliveira
[ in Pena mínima, 2007 ]
Acordo, não durmo.
Pássaro improvisando
um jazz no meu sono.
VOOS
Líria Porto
[ in Tanto Mar ]
o poeta usa o pensamento
mas às vezes abre os braços
e espera o vento
Antônio Mariano
[ in Guarda-chuvas esquecidos, 2005 ]
Língua era lâ-
mina
aconchegante,
e explosiva,
conforme a boca.
Maleabilíssima
a língua do poeta:
tátil às vezes,
tática sempre.
SONO
Lívio Oliveira
[ in Pena mínima, 2007 ]
Acordo, não durmo.
Pássaro improvisando
um jazz no meu sono.
VOOS
Líria Porto
[ in Tanto Mar ]
o poeta usa o pensamento
mas às vezes abre os braços
e espera o vento
EXIGÊNCIA
Lisbeth Lima
[ in Felice, 2004 ]
Quero um colo que me cale;
que me fale enquanto calo.
DA FALTA DE BONS BUTECOS
Sérgio Vilar
[ in Diário do Tempo ]
Lisbeth Lima
[ in Felice, 2004 ]
Quero um colo que me cale;
que me fale enquanto calo.
DA FALTA DE BONS BUTECOS
Sérgio Vilar
[ in Diário do Tempo ]
Sinto falta dos bons butecos de antigamente. Butecos escritos com “u” mesmo, e sem pedir licença poética à língua portuguesa porque buteco que é buteco se impõe como instituição cultural sem desejar a alcunha. Pergunte ao Vinícius. Daquele, uma simples discussão a respeito da alma feminina virava poemúsica. E o poetinha sabia onde achar a melodia certa da amizade em um bom buteco: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”.
Sinto, sinto, sim, falta de um roteiro lírico e sentimental para as manhãs dominicais ou para um encontro com amigos em horário marcado, agendado com a hora da sombra. Um cantinho afetuoso onde o garçom traz o de sempre sem perguntar; uma mesa com o time completo ou no máximo um ou outro contundido pela ressaca do dia anterior; de onde brotem causos e causas, filosofias e teorias de “butiquin” que costumam salvar a vida do perigo da realidade crua, porque butecos são também palcos da alegria ilusória e necessária.
Mas, o que é buteco? Não cabe descrição objetiva. É a mulher que você olha e se apaixona pelo simples jeito de caminhar. Você se casa, a paixão dura alguns anos até virar amor, companheirismo. Os mais simplistas defendem a idéia de que buteco precisa de banheiro, cerveja gelada e pronto. Nem oito nem oitenta. E nem quarenta. Pode ser um vinte e seis ou um cinqüenta e oito. Ora, não precisa mulher de peito, bunda e pronto. Carece do charme; de uma pintinha no rosto; e algumas estrias. Buteco perfeito é bar.
Butecos são saraus de discussão. É um passeio lírico e informal pelas reminiscências banais e sentimentais de aqui e alhures. Ali moram poetas sem poesia; cineastas sem filmes e boêmios os mais autênticos. Moram porque viver é morar; é exercer a arte do encontro recomendada por Vinícius. E os butecos têm sempre o tapete vermelho estendido aos profetas ébrios e especialistas de toda sorte. É o corredor por onde passam anônimos e antônimos.
É disso que sinto falta em Natal. Ainda se vê um ou outro buteco acolhedor no Centro Histórico, Ribeira, Redinha ou tomados por uma freguesia já dona do lugar, mas nenhum como extensão da minha varanda; um cantinho-refúgio, longe da sujeira invisível, gordurenta e hipócrita dos bares da vida.
Sinto, sinto, sim, falta de um roteiro lírico e sentimental para as manhãs dominicais ou para um encontro com amigos em horário marcado, agendado com a hora da sombra. Um cantinho afetuoso onde o garçom traz o de sempre sem perguntar; uma mesa com o time completo ou no máximo um ou outro contundido pela ressaca do dia anterior; de onde brotem causos e causas, filosofias e teorias de “butiquin” que costumam salvar a vida do perigo da realidade crua, porque butecos são também palcos da alegria ilusória e necessária.
Mas, o que é buteco? Não cabe descrição objetiva. É a mulher que você olha e se apaixona pelo simples jeito de caminhar. Você se casa, a paixão dura alguns anos até virar amor, companheirismo. Os mais simplistas defendem a idéia de que buteco precisa de banheiro, cerveja gelada e pronto. Nem oito nem oitenta. E nem quarenta. Pode ser um vinte e seis ou um cinqüenta e oito. Ora, não precisa mulher de peito, bunda e pronto. Carece do charme; de uma pintinha no rosto; e algumas estrias. Buteco perfeito é bar.
Butecos são saraus de discussão. É um passeio lírico e informal pelas reminiscências banais e sentimentais de aqui e alhures. Ali moram poetas sem poesia; cineastas sem filmes e boêmios os mais autênticos. Moram porque viver é morar; é exercer a arte do encontro recomendada por Vinícius. E os butecos têm sempre o tapete vermelho estendido aos profetas ébrios e especialistas de toda sorte. É o corredor por onde passam anônimos e antônimos.
É disso que sinto falta em Natal. Ainda se vê um ou outro buteco acolhedor no Centro Histórico, Ribeira, Redinha ou tomados por uma freguesia já dona do lugar, mas nenhum como extensão da minha varanda; um cantinho-refúgio, longe da sujeira invisível, gordurenta e hipócrita dos bares da vida.
12 comentários:
3L
louvo pelo tom de hai-ku que love:
Líria,
Lisbeth,
Lívio.
(Li Tai Pô é "hors concours"!!!)
Mas todos os textos são muito, muito bons!
Esse balaio, como dizem, é porreta mesmo!!!
Bom dia dos pais para os tais!
bon giorno :)
sim, incríveis éles. ellenizados todos de saudades hoje, hm?!...
pro meu pai, só fiz aquele "felicidade escrotal. mas, claro, desejos sempre bons dias, independente dos consumismos...
bem, eu ouvia o clássico de enio morricone, executado por sergio leonni, tema de três homens e um conflito. bang-bang!!! e me lembrei daqui. isso é que fundilho, musical.
beijo.
Não conhecia essa animação. Belíssima! Valeu pelo link.
Abraço!
Bom dia, Moacy!
Nossa! Hoje você conseguiu me arrasar! Que saudade tive dos braços que eram abraços, do meu pai. Show de curta!
Depois, com os olhos marejados consegui ler os poemas e claro que sua pescaria hoje foi das melhores, Todos, sem exceção, muito bons.
Destaco tres "Ls"
Lívio Oliveira
Líria Porto
Lisbeth Lima
[FANTÀSTICOS]
Sérgio Vilar, está coberto de razões. O que nos falte hoje, é o "antigamente saudoso e diferente". A urgência do tempo, dos atos, dos casamentos, nos impede de apreciar o tempo passando.
Um excelente domingo!
Beijos
Mirse
Moacy. Depois da "espiada" geral, escolhi onde "estacionar"...Apaixonei-me pelo "buteco"! Aliás, já é paixão antiga. Sei que, a não ser mulher mais atirada, ou avançada, ou uma Leila Diniz(rs), o sexo feminino não frequenta butecos, a não ser na fantasia e no pensamento dos "cavalheiros". Pelo menos, em cidades pequenas ou médias, não vejo mulheres em butecos, a não ser acompanhadas de companheiros.
Então, vejo "buteco" como um reduto masculino, pleno de seres como Vinícius e Tom Jobim, onde as composições musicais povoam o ar enfumaçado( sem a lei contra o tabagismo), o sumo da cerveja gelada, os versos inspirados ao acaso, o bate-papo entrecortado de chistes( palavra arcaica, não?), o prazer dos encontros de consciências semelhantes...Enfim.
Você sente falta do buteco. Eu sinto falta maior!
Abraços!
Dora
Feliz por estar tão bem acompanhado por aqui, Moacy.
Abraço grato.
Oi Moacy. belos poemas, todos.
um abraço
Marisete
Moacy,
passei aqui e dei de cara com meu poema Exigência.Que bom! Um abraço nesse domingo chuvoso e com butecos fechados, Lisbeth
Sergio, venha conhecer o Bar de Ferreirinha.Moacy já conhece.Mesmo assim concordo com ele, em Natal os Butecos suimuram.
Maria, já tomei conhecimento deste recanto por aqui. Parece um oásis no meio do sertão. Ainda chego por lá nessas minhas andanças. Vou seguindo o rastro da poesia e dos bons costumes.
Abraço e valeu, Moacy!
falta de buteco?? venham pra bh - aqui existe a maior concentração, ora pois!!
gosto de estar dentro do balaio, moa!
besos
Que bonito Pai e Filha.
Beijos
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