OBRAS-PRIMAS DO CINEMA
GLOSSÁRIO SERIDOENSE: ALGUNS EXEMPLOS (1)
[ in Palavreado cá de nós. Caicó, 2007,
de Max Antonio Azevedo de Medeiros ]
Ababacado - Desatinado; Sem rumo; Bobo; Tolo.
Abalufado - Cheio de si; Metido.
Abancado - Sentado; Acomodado.
Abudegado - Afobado; Nervoso; Colérico.
Abuticado - Arregalado; Saliente.
Acatrozado - Diz-se do indivíduo sem iniciativa.
Acatruzar - Aborrecer; Apoquentar; Importunar.
Achuvalhada - Roupa levemente amarrotada, ou um pouco úmida.
Adoidaiado - Desatinado; Sem rumo; Bobo; Tolo.
Afolozado - Frouxo demais; Rasgado; Estragado; Roto.
Afrescaiar - Enfeitar; Adornar; Ornamentar.
Afuleimado - Briguento; Velentão; Inflamado.
Afulibar - Alisar; Ficar sem dinheiro; Perder até o saco da bufa.
Agarramento - Contato voluptuoso; Esfregação; Sarro.
Aguar - Irrigar; Regar; Molhar.
Aleruado - Doido; Besta; Idiota.
Aloprar - Agitar; Reagir com violência.
Aluado - Doido; Distraído; Amalucado; Bobo.
Amigado - Que vive maritalmente; Amancebado.
Amoquecar - Fraquejar; Acovardar-se; Fugir da luta.
Amunhecar - Cair; Fraquejar; Fugir da luta.
Amorrinhado - Deprimido; Enfraquecido; Alquebrado.
Ânus - Anel de couro; Anel de péia; Ás de copas; Bicho preto; Boca de ninho; Boga; Bosteiro; Bufante; Buzanfan; Copo de sola; Enrugadinho; Farinheiro; Fedegoso; Fiofó; Flozô; Foba; Fogareiro; Fogoió; Fonfom; Foroboscoite; Forobosquito; Franzido; Frezado; Frinfa; Frosquete; Fruta rara; Fuamba; Furiboca; Glorioso; Gobilha; Lata de doce; Quinca; Rodela; Roseira; Taioba; Zereguedé.
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para ler
GRUPO ABRIL TENTA SUFOCAR LUÍS NASSIF
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'VEJA' DESENTERRA FACTOIDE DE LINA VIEIRA
30 MOMENTOS MÁGICOS
PARA UMA TEMPORADA DE 30 MESES EM SÃO SARUÊ
- não necessariamente os melhores, nem os mais importantes -
(sem ordem preferencial)
[] Vésperas da Virgem, de Monteverdi, por Jordi Savall
[] Suítes para violoncelo, de Bach, por Anner Bylsma, grav. 1979
[] Troubadours & Cantigas de Santa Maria, por René Clemencic
[] Quartetos opus 64, nºs 2, 4 & 5, de Haydn,
por Quatuor Mosaïques
[] Concertos de Brandenburgo, 3, de Bach,
pela Orquestra Barroca de Freiburg
[] O Canto da Sibila (medieval), por Jordi Savall
[] Dom Quixote, de Cervantes
[] A divina Comédia, de Dante
[] Hamlet, de Shakespeare
[] Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa
[] Moby Dick, de Melville
[] Bíblia Hebraica, autoria anônima de vários autores
[] Poesia completa e prosa, de Murilo Mendes
[] O cão sem plumas, de João Cabral
[] A aventura, de Antonioni
[] As férias do Sr. Hulot, de Tati
[] Um dia no campo, de Renoir
[] Era uma vez no Oeste, de Leone
[] Crônica de Ana Madalena Bach, de Straub & Huillet
[] Ano passado em Marienbad, de Resnais
[] The Spirit, de Eisner
[] Krazy Kat, de Herriman
[] Corto Maltese, de Pratt
[] Arzach, de Moebius
[] A love supreme, de Coltrane
[] Kind of blue, de Davis
[] Vibrações, de Jacob do Bandolim
[] 50 anos de chão, de Luiz Gonzaga
[] Da Palestina ao Seridó, de Ubaldo, Totó & Urbano Medeiros
[] A ave, de Wlademir Dias Pino
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os 10 minutos iniciais de
Hiroshima meu amor
(Alain Resnais, 1959)
Eu já li tudo sobre Hiroshima. Tudo. Tudo. Não, não. Você não leu nada sobre a interpretação de Emannuelle Riva. Sobre a história de Marguerite Duras. Mas eu já vi Hiroshima mais de 10 vezes. Mais de 20 vezes. Mais de 30 vezes. Não, você não viu Hiroshima. Não viu a fotografia de Vierny & Michio. Não ouviu a música de Delerue & Fusco. Não sentiu a montagem de Colpi e dos outros. Eu vi Hiroshima, sim, vi em Natal, no Rex. Vi no Rio, na Cinemateca, várias vezes, várias vezes. Só não o vi em Caicó. Só não o vi em Jardim do Seridó, em São José do Seridó. Mas eu vi, eu vi: seu canto de amor e morte. O soldado alemão. O sangue do soldado alemão. Eu vi. Resnais, Godard, Antonioni. Eu vi tudo. Não, você não viu. Não viu Hiroshima. Não viu Nevers. Eu vi. Eu vi. Eu vi o horror da guerra. Vi a esperança da paz. Vi as pessoas protestando contra a bomba atômica. Eu vi. Eu vi. Senti a memória, vivi o passado. Depois, eu vi Marienbad. Eu vi. Eu sou Hiroshima, você é Nevers. Nevers em Hiroshima.
BALAIO PORRETA 1986
n° 2815
Natal, 18 de outubro de 2009
Hiroshima é um filme sobre o desespero tanto da lembrança quanto do esquecimento. As duas coisas podem enlouquecer, assustam: não conseguir esquecer e não conseguir lembrar. Essas são as fases sucessivas do drama da personagem de Riva, que tenta desesperadamente se definir em relação ao que ela é em Hiroshima e ao que era em Nevers. Ficar no meio do caminho é que o perigo: é necessário abandonar essa meia-luz existencial, escolher entre permanecer na noite ou sair para o dia (a maior parte do tempo diegético do filme é esse parêntese entre a noite e o dia). Ela precisa se recompor como sujeito, da mesma forma que Hiroshima precisa se reconstruir após a bomba.
(Luiz Carlos OLIVEIRA Jr. Alain Resnais e a memória do mundo, in Contracampo)
50 anos depois
OS MELHORES FILMES DE 1959
segundo a nossa leitura crítico-afetivo-seridoense-libertinária
1. Hiroshima meu amor (Resnais)
2. Pickpocket (Bresson)
3. Acossado (Godard)
4. Rio Bravo (Hawks)
5. Quanto mais quente melhor (Wilder)
6. Shadows (Cassavetes)
7. Guerra e humanidade, I (Kobayashi)
8. De crápula a herói (Rossellini)
9. O rosto (Bergman)
10. Intriga internacional (Hitchcock)
11. Anatomia de um crime (Preminger)
12. Os incompreendidos (Truffaut)
OFÍCIO
Antônio Morais de Carvalho
[ in Jogo de sentidos, 1986 ]
Não quero o poema-perfeito:
O fastio dos Deuses,
A bondade do Diabo,
O Verbo,
A Bomba!
Não quero o poema-perfeito:
Eu sei que o ultrapasso
Ao tocar o seu mistério.
Não quero o poema-perfeito,
O último-poema:
A poesia
É meu ofício cotidiano.
para verouvir
os 10 minutos iniciais de
Hiroshima meu amor
(Alain Resnais, 1959)
Eu já li tudo sobre Hiroshima. Tudo. Tudo. Não, não. Você não leu nada sobre a interpretação de Emannuelle Riva. Sobre a história de Marguerite Duras. Mas eu já vi Hiroshima mais de 10 vezes. Mais de 20 vezes. Mais de 30 vezes. Não, você não viu Hiroshima. Não viu a fotografia de Vierny & Michio. Não ouviu a música de Delerue & Fusco. Não sentiu a montagem de Colpi e dos outros. Eu vi Hiroshima, sim, vi em Natal, no Rex. Vi no Rio, na Cinemateca, várias vezes, várias vezes. Só não o vi em Caicó. Só não o vi em Jardim do Seridó, em São José do Seridó. Mas eu vi, eu vi: seu canto de amor e morte. O soldado alemão. O sangue do soldado alemão. Eu vi. Resnais, Godard, Antonioni. Eu vi tudo. Não, você não viu. Não viu Hiroshima. Não viu Nevers. Eu vi. Eu vi. Eu vi o horror da guerra. Vi a esperança da paz. Vi as pessoas protestando contra a bomba atômica. Eu vi. Eu vi. Senti a memória, vivi o passado. Depois, eu vi Marienbad. Eu vi. Eu sou Hiroshima, você é Nevers. Nevers em Hiroshima.
BALAIO PORRETA 1986
n° 2815
Natal, 18 de outubro de 2009
Hiroshima é um filme sobre o desespero tanto da lembrança quanto do esquecimento. As duas coisas podem enlouquecer, assustam: não conseguir esquecer e não conseguir lembrar. Essas são as fases sucessivas do drama da personagem de Riva, que tenta desesperadamente se definir em relação ao que ela é em Hiroshima e ao que era em Nevers. Ficar no meio do caminho é que o perigo: é necessário abandonar essa meia-luz existencial, escolher entre permanecer na noite ou sair para o dia (a maior parte do tempo diegético do filme é esse parêntese entre a noite e o dia). Ela precisa se recompor como sujeito, da mesma forma que Hiroshima precisa se reconstruir após a bomba.
(Luiz Carlos OLIVEIRA Jr. Alain Resnais e a memória do mundo, in Contracampo)
50 anos depois
OS MELHORES FILMES DE 1959
segundo a nossa leitura crítico-afetivo-seridoense-libertinária
1. Hiroshima meu amor (Resnais)
2. Pickpocket (Bresson)
3. Acossado (Godard)
4. Rio Bravo (Hawks)
5. Quanto mais quente melhor (Wilder)
6. Shadows (Cassavetes)
7. Guerra e humanidade, I (Kobayashi)
8. De crápula a herói (Rossellini)
9. O rosto (Bergman)
10. Intriga internacional (Hitchcock)
11. Anatomia de um crime (Preminger)
12. Os incompreendidos (Truffaut)
OFÍCIO
Antônio Morais de Carvalho
[ in Jogo de sentidos, 1986 ]
Não quero o poema-perfeito:
O fastio dos Deuses,
A bondade do Diabo,
O Verbo,
A Bomba!
Não quero o poema-perfeito:
Eu sei que o ultrapasso
Ao tocar o seu mistério.
Não quero o poema-perfeito,
O último-poema:
A poesia
É meu ofício cotidiano.
GLOSSÁRIO SERIDOENSE: ALGUNS EXEMPLOS (1)
[ in Palavreado cá de nós. Caicó, 2007,
de Max Antonio Azevedo de Medeiros ]
Ababacado - Desatinado; Sem rumo; Bobo; Tolo.
Abalufado - Cheio de si; Metido.
Abancado - Sentado; Acomodado.
Abudegado - Afobado; Nervoso; Colérico.
Abuticado - Arregalado; Saliente.
Acatrozado - Diz-se do indivíduo sem iniciativa.
Acatruzar - Aborrecer; Apoquentar; Importunar.
Achuvalhada - Roupa levemente amarrotada, ou um pouco úmida.
Adoidaiado - Desatinado; Sem rumo; Bobo; Tolo.
Afolozado - Frouxo demais; Rasgado; Estragado; Roto.
Afrescaiar - Enfeitar; Adornar; Ornamentar.
Afuleimado - Briguento; Velentão; Inflamado.
Afulibar - Alisar; Ficar sem dinheiro; Perder até o saco da bufa.
Agarramento - Contato voluptuoso; Esfregação; Sarro.
Aguar - Irrigar; Regar; Molhar.
Aleruado - Doido; Besta; Idiota.
Aloprar - Agitar; Reagir com violência.
Aluado - Doido; Distraído; Amalucado; Bobo.
Amigado - Que vive maritalmente; Amancebado.
Amoquecar - Fraquejar; Acovardar-se; Fugir da luta.
Amunhecar - Cair; Fraquejar; Fugir da luta.
Amorrinhado - Deprimido; Enfraquecido; Alquebrado.
Ânus - Anel de couro; Anel de péia; Ás de copas; Bicho preto; Boca de ninho; Boga; Bosteiro; Bufante; Buzanfan; Copo de sola; Enrugadinho; Farinheiro; Fedegoso; Fiofó; Flozô; Foba; Fogareiro; Fogoió; Fonfom; Foroboscoite; Forobosquito; Franzido; Frezado; Frinfa; Frosquete; Fruta rara; Fuamba; Furiboca; Glorioso; Gobilha; Lata de doce; Quinca; Rodela; Roseira; Taioba; Zereguedé.
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- não necessariamente os melhores, nem os mais importantes -
(sem ordem preferencial)
[] Vésperas da Virgem, de Monteverdi, por Jordi Savall
[] Suítes para violoncelo, de Bach, por Anner Bylsma, grav. 1979
[] Troubadours & Cantigas de Santa Maria, por René Clemencic
[] Quartetos opus 64, nºs 2, 4 & 5, de Haydn,
por Quatuor Mosaïques
[] Concertos de Brandenburgo, 3, de Bach,
pela Orquestra Barroca de Freiburg
[] O Canto da Sibila (medieval), por Jordi Savall
[] Dom Quixote, de Cervantes
[] A divina Comédia, de Dante
[] Hamlet, de Shakespeare
[] Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa
[] Moby Dick, de Melville
[] Bíblia Hebraica, autoria anônima de vários autores
[] Poesia completa e prosa, de Murilo Mendes
[] O cão sem plumas, de João Cabral
[] A aventura, de Antonioni
[] As férias do Sr. Hulot, de Tati
[] Um dia no campo, de Renoir
[] Era uma vez no Oeste, de Leone
[] Crônica de Ana Madalena Bach, de Straub & Huillet
[] Ano passado em Marienbad, de Resnais
[] The Spirit, de Eisner
[] Krazy Kat, de Herriman
[] Corto Maltese, de Pratt
[] Arzach, de Moebius
[] A love supreme, de Coltrane
[] Kind of blue, de Davis
[] Vibrações, de Jacob do Bandolim
[] 50 anos de chão, de Luiz Gonzaga
[] Da Palestina ao Seridó, de Ubaldo, Totó & Urbano Medeiros
[] A ave, de Wlademir Dias Pino
11 comentários:
Bom dia, Moacy!
Lindo o filme. Triste o mundo ter essas imagens. Até hoje me pergunto se houve remorso em quem jogou a bomba. O Holocausto, em A Lista de Shindler e Hiroshima, Mon Amour, não nos deixarão em paz nunca.
Lindo poema de Antônio Morais Carvalho. Lindo e perfeito!
Os momentos mágicos.... e difíceis de escolher. Don Quixote, Hamlet, O Cão sem Plumas e todos os outros.
Belo Balaio o de hoje!
Beijos
Mirse
Pois é, velho, já foi dito tudo sobre Hiroshima, meu amor. É supérfluo acrescentar qualquer outra coisa a uma das principais obras-primas do cinema. Um abraço.
se alguém quiser saber que palavra me faz chorar eu não tenho dúvida - hiroshima...
amei o glossário seridoense!!!!!
Sim, eu vi Hiroshima meu amor, sim, eu vi o belíssimo filme do Resnais no saudoso cine Rex,sim, eu vi Hiroshima e vi tudo no dia 6 de maio de 1962.
Um abraço...
Eta balaio porreta,a vez primeira que assisti Hiroshima ainda me alumbra quando a recordo, era tudo poesia, inclusive o real. Domingo de astro rei por aqui. Abraço.
P.S. Deixo o convite para um novo projeto mileumpoemas.blogspot.com, neste blog vou reeditar as mil e uma noites em poemas (veja que modéstia), um por dia ou como dizem os baianos: cada coisa a seu tempo, e um tempo para cada coisa.
Esse negócio aqui tá bom demais...Parabéns, Moacyr, pela qualidade de seu blog. Beijo.
E a Veja, hein?
Seria cômico se não fosse trágico.
Um abraço.
eu não vi esse filme da foto. anotei pra ver faz anos. beijos, pedrita
Moacy:
1959 foi um ano e tanto! Além de Hiroshima ser o que é,tem mais aquele monte de filme bom. Incluindo "O rosto", obra-prima subestimada do sempre grande Bergman.
Abraços:
Marcos Silva
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