sábado, 12 de dezembro de 2009

UM FILME É UM FILME É UM FILME
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para verouvir cenas de
O incrível exército Brancaleone
(Mario Monicelli, 1966)
Uma comédia como poucas: com atuação impagável de Vittorio Gassman e uma trilha sonora de Carlo Rustichelli que marcou época, L'armata Brancaleone investe na relação cinema/história com bastante propriedade criativa através da crítica de costumes centrada nas verdades e mentiras da cavalaria medieval, entre o grotesco e a paródia. Um filme para ser visto e revisto.


BALAIO PORRETA 1986
n° 2867
Natal, 12 de dezembro de 2009

Para um grande amor, não existe distância;
só existe o sol da madrugada.
(Raimundo DIADORIM)


GRANDES FILMES LANÇADOS EM 1966

numa relação sujeita a
graviolas, carambolas e graves violas:

1. Persona (Bergman)
2. Andrei Rublev (Tarkovski)
3. Blow-up (Antonioni)
4. Falstaff (Welles)
5. A grande testemunha (Bresson)
6. Três homens em conflito (Leone)
7. Gaviões e passarinhos (Pasolini)
8. Duas ou três coisas qu sei dela (Godard)
9. A religiosa (Rivette)
10. O padre e a moça (Joaquim Pedro de Andrade)
11. O incrível exército Brancaleone (Monicelli)
12. Made in USa (Godard)
13. De punhos cerrados (Bellocchio)
14. Caçada humana (Penn)


501 FILMES

A editora francesa Larousse conseguiu algo inacreditável: em seu livro 501 filmes que merecem ser vistos (2004, ed. bras. 2009): ignorou cineastas da voltagem criativa de Ackerman, Antonioni, Bresson, Cassavetes, Flaherty, Mizoguchi, Pasolini, Ozu, Resnais, Rivette, (Glauber) Rocha, Straub & Huillet, Tarkovski, Vertov, Vigo, Visconti, Zurlini. E
há um só Bergman [O sétimo selo], um só Buñuel [A bela da tarde], um só Eisenstein [Alexander Nevsky], um só Godard [Acossado], um só Renoir [A grande ilusão], um só Rossellini [Roma, cidade aberta]). O diretor mais citado (e aqui louve-se o nome "premiado"): John Ford, com 12 filmes. Mas, sabemos todos, lista é lista e o livro em questão tem suas qualidades, embora relativas, embora poucas. Neste particular, o Almanaque do cinema (Ediouro, 2009) é muito mais confiável.


O MORRO QUE MORA NO VALE
Marcelo Novaes
[ in Prosas Poéticas ]

A praça diante do casario: chuva abundante. Chuva de dezesseis dias. Lá adiante, o morro morando no vale. Aqui, ausência de luz. Ou claridade. Da janela ampla [em amplo pé direito], vejo as pedras tornaram-se leito. E as flores, cálices.


SEM NOME, ROSTO, LUGAR
Hercília Fernandes
[ in HF Diante do Espelho ]

Quero amor
sem nome, rosto, lugar.
Alguém que, se minguada lua for,
venha estrela.




Mercedes Lorenzo
[ in Cosmunicando ]

há que inutilizar a palavra
reduzi-la ao murmúrio átono
do átomo vazio
há que desnudá-la
e destituí-la do seu
poder
até roer as cordas
do signi ficado
até que restem, sós
fragmentos do nada

até que sobrevenha
irreversível ]
o poema.


Diretamente do Bar de Ferreirinha
FUI O PRIMEIRO

Numa pequena cidade do interior havia um padre muito famoso. Certo dia, ele precisou ir embora e o povo da cidade resolveu fazer uma festa para ele.

O prefeito iria fazer um discurso.

Quando deu o horário da festa, estavam todos lá, menos o prefeito. Passada meia hora, o povo estava impaciente e o prefeito não havia chegado. Então, o padre resolveu fazer o discurso.

- Quando cheguei a essa cidade, a primeira pessoa que se confessou comigo falou que havia matado a família, transado com a filha do patrão, bebido feito um condenado, fumado como um doido, roubava o dinheiro do povo e visto milhçies de filmes pornográficos. Logo pensei que aqui só havia homens como esse. Mas quando conheci o povo trabalhador e honesto, mudei minha opinião.

Acabando de falar, o prefeito chegou, pediu perdão por ter se atrasado e disse:

- Quando esse padre chegou, tive a honra de ser o primeiro a me confessar com ele!


CHAMA NÖEL ROSA!
Luiz Antonio Simas

Nöel Rosa é um dos inventores do Brasil, gênio da raça. Deveria ser ensinado nas escolas, cantado nas universidades, bebido nos botequins, saudado nas esquinas e reverenciado nos terreiros.
Nöel Rosa é Exu e Oxalá ao mesmo tempo - homem da rua, dono do corpo, malandro maneiro, azougue de céu e terra, civilizador afoito e velho sábio. Feito Obatalá bebeu o vinho de palma, dormiu na sombra da palmeira, largou a medicina como se larga a tarefa de Olodumare, zombou da sorte, não criou o mundo mas moldou no verso - ritmado em samba - o homem. [ Clique aqui para ler na íntegra o texto do historiador carioca ]

12 comentários:

Jefferson Bessa disse...

como a editora francesa Larousse conseguiu esse feito: retirar cineastas tão importantes...inacreditável.

Lindo filme aparece na lista, Moacy: é o Padre e a Moça do Joaquim Pedro. Lembro que quando vi pela primeira vez fiquei impressionado com a beleza do filme.

Abraço.

Unknown disse...

Bom dia, Moacy!

Como sempre belas indicações de filmes, e Brancaleone será sempre inesquecível.

Aplaudo Raimundo Diadorim!

Marcelo Novaes ARRASOU, assim como Hercília Fernandes e Mercedes Lorenzo. Trio de primeira na poesia!


Bar do Ferreirinha....Maravilhoso!

Noel Rosa , Um dos inventores do Brasil. Luis Antonio Simas tem toda razão!

Bom sábado! Belo Balaio, o de hoje!

Beijos

Mirse

Pedrita disse...

eu amo blow up. beijos, pedrita

Eleonora Marino Duarte disse...

mestre!

brancaleone?!!!! tenho aqui, sempre tive desde, a primeira oportunidade que me apereceu para ter. é um filme memorável e só mesmo o balaio para não nos deixar esquecer do quanto é genial.

o tal "501 filmes que merecem ser vistos" já está devidamente boicotado por mim! agora veja que escândalo, só um filme de "Bergman, um só Buñuel, um só Eisenstein, um só Godard, um só Renoir, um só Rossellini"! e ainda não colocar Antonioni e Bresson?

não seria possível nenhum livro a respeito de cinema sem os nomes acima.

que belo o "O morro que mora no vale" de Marcelo Novaes...

Hercília, Mercedes, belos escritos sempre sensíveis ao toque da vista.

"Bar do Ferreirinha" sensacional!

Luiz Antonio Simas, inteligentíssimo!

o balaio, imperdível!

um beijo.

Francisco Sobreira disse...

Meu caro,
Muito bom mesmo o Incrível Exército de Brancaleone, que faz parte do meu acervo de DVDs. Monicelli, ainda vivo, caminhando para os 100 anos, é um grande diretor de comédias. Incrível o que essa publicação francesa fez. Esnobar diretores como Visconti, Ozu e outros. E olhe, gosto muito do mestre Ford, você sabe disso, mas acho um exagero listar 12 filmes dele, enquanto Bergman e Buñuel são citados apenas uma vez. Mesmo com a ressalva de que lista é lista, acho imperdoável essa atitude. Um abraço.

Unknown disse...

Brancaleone é um filme impagável assim como a história do Padre. As listas são sempre as listas de quem as faz. De Eisenstein elejo Outubro como uma grande obra prima. É se deliciar com a fotografia p&b, as tomadas magistrais, indagar como foi possível àquela época conseguir tais cenas com tanto engenho. E, como nem tudo é perfeito, esquecer a ideologia stalinista.
Sábado dá uma sede.

Hercília Fernandes disse...

Minhas suspeitas se confirmaram, Moacy...

Quando vi o seu comment anunciando que havia um texto meu no Balaio, imediatamente pensei neste miúdo: Que bom! Sempre uma felicidade integrar o Balaio!

Como sempre, a seleção e organização dos posts são impecáveis. Estar no Balaio é figurar entre os "bons"; posto que você, com a sua lente visionária, sabe acolher e compartilhar boa poesia.

Com tempo... em um artigo no Novidades & Velharias" (http://novidadesevelharias-fernandeshercilia.blogspot.com/) explico porque me ausentei um pouco dos espaços poéticos, dentre eles o Balaio Porreta, que tanto aprecio.

Saudações a todos os poetas & poetisas que aqui, parafraseando o grande Romério, dividem mistérios.

Um forte abraço, poetíssimo!
H.F.

Marcelo Novaes disse...

Moa,



Brancaleone é fantástico, mesmo. Gostei do processo de desconstrução da Mercedes "em busca do poema perdido". E da mão estendida de Hercília, colhendo o amor noturno.


Obrigado por me incluir em sua lista!





Abração,








Marcelo.

Cosmunicando disse...

Moa,
eu no balaio (oba!), o balaio em mim, o balaio em nós: irreversível!
Aqui só ando em boa companhia, e fico bestona de vaidade :)
grande beijo!

nina rizzi disse...

ADOROOOOO "O incrível exército de Brancaleone", mais ainda o Raimundo (ganhei o "Madrugadas de Abril") que, junto com a Hercília, já estão ellenizados.

Cheiro uruburetamizado.

Dilberto L. Rosa disse...

Rapaz, "O incrível exército Brancaleone" é mais que genial: figurou facilmente em meus 50 maiores filmes (listas são listas, né... A minha até que ficou bacaninha, ré, ré) e, como poucas comédias, conseguiu reunir genialidade por cima de contexto histórico e pastelão do humor mais ingênuo... Sem dúvida um trabalho para ver e rever em qualquer lista e em qualquer época! E concordo com o excelente texto sobre Noel: o genial compositor é patrimônio nacional não reconhecido! Abração!

putas resolutas disse...

voltei. pra ler além. veja esse meu Ceará, que terra maravilhosa, uma das cidadezinhas por onde a caminhoneta passou: "sítios novaes", serão ascendentes de Marcelo? e que belas suas flores :)

mas tem mais, claro: uma placa enorme: VENDE-SE BAGANA. caraca, na minha terrinha de nascença isso é bituca de marijuana, aqui diabéisso?

no mais todos os rios estavam secos, até mesmo os (quase) indefectíveis carnaúbais. ainda assim, beleza: ser-tão é dentro.

outro cheiro, da fortaleza-bela.