BALAIO PORRETA 1986
n° 2911
Rio, 25 de janeiro de 2010
Não acredito em horóscopos
Por causa deles
Dei em cima de uma dona
E me estrepei qui nem uma besta
(Chico Doido de CAICÓ)
HORÓSCOPO DA SEMANA
Áries
Evite a melancolia: sonhe com Paris. Ou Caicó.
Prestigie o cinema brasileiro. E o africano.
Leia William Faulkner: Palmeiras selvagens.
Encante-se com a Serra do Mulungu, no Seridó.
Touro
Boa semana para viajar numa máquina do tempo.
Leia Ray Bradbury: Os frutos dourados do sol.
Contemple a poesia do seridoense Miguel Cirilo.
Colecione cartões postais antigos da Europa.
Gêmeos
Exija seus direitos dionisíacos. Leia Bachelard.
Seja pai/mãe mais uma vez. Em São Saruê.
Se mulher, seja atrevida: faça arte com vida.
Relacione-se com pessoas de outras galáxias.
Câncer
Vá ao trabalho de bicicleta. Ou na primeira nuvem do dia.
Mergulhe com vontade no universo de Dostoiévski.
Lute contra qualquer tipo de preconceito.
Veja com olhos livres. Como em Oswald de Andrade.
Leão
É preciso sonhar. Como em Lênin e outros revolucionários.
Conheça o Poço da Bonita, em São José do Seridó.
Tome um porre no Bar de Ferreirinha, em Caicó.
Escute a música de Jacob do Bandolim. E de Elino Julião.
Virgem
Se homem, seja manicaca. Dos bons. Dos mais fiéis.
Mulher, continue sendo devassa; homem, raparigueiro.
Preserve a natureza; confie no horóscopo celta.
Em Natal, vá ao Beco da Lama. E ao Sebo Vermelho.
Libra
Bach ou Couperin? Depende das auroras da semana.
Clarice ou Ursula LeGuin? Escolha as duas para ler.
Tom Zé ou Tom Jobim? Depende dos crepúsculos.
Rossellini ou Visconti? Escolha os dois para ver.
Escorpião
Almanhaque-se com o Barão de Itararé, o Aparício.
Conheça a poesia de Jarbas Martins. E a de Cacaso.
Seja ambientalista; seja historiador; seja escritor.
Escute Schubert. E Nelson Gonçalves. E Sílvio Caldas.
Sagitário
É preciso repetir: nenhuma paixão é impossível.
Sendo assim: nenhum saber é completo.
Repetir é preciso: nenhum Deus é perfeito.
Assim sendo: nenhuma verdade é absoluta.
Capricórnio
No jogo do bicho, faça sua fezinha em onça pintada de azul.
Sorria: você não será filmado(a). Nem fotografado(a).
Que tal uma garapinhada de pinha com sabor de quiquiriquinha?
Leia o Flash Gordon de Raymond. E o Quixote de Cervantes.
Aquário
Viaje para os olhos de Ava Gardner. Ou de Kim Novak.
Na próxima Copa do Mundo, torça pelo Íbis de Recife.
Leia a Carta Capital. E Caros Amigos. Não leia a Veja.
Participe, se assim o desejar, de um baita baião-de-cinco.
Peixes
Embriague-se com os anéis dourados de Saturno.
Alimente-se de manga manhosa. E de abacaxi doidão.
Edite um blogue. Ou um saite. Ou um amor desvairado.
Que tal ouvir Monteverdi: as Vésperas da Virgem?
Serpente
Na próxima sexta, transforme-se em jacaré. Ou lobisomem.
Na próxima quinta, dance uma rumba arretada em Caicó.
Na próxima quarta, vá ao Mercado de Petrópolis, em Natal.
Construa uma bicicleta atrevida, pintada de azuljerimum.
Pequeno glossário para o Horóscopo da Semana:
Serra do Mulungu : Serra em São João do Sabugi, RN
Miguel Cirilo : Poeta de São José do Seridó, RN
São Saruê : Lugar utópico criado por
Manoel Camilo dos Santos, poeta popular, em 1954
Manicaca : Homem que se deixa dominar pela mulher
Garapinhada : Espécie de milque-sheique
Quiquiriquinha [termo de origem sudestina] : Buceta
Baião-de-cinco : Sexo grupal
PARA UMA BIBLIOTECA PORRETA
( 21 / 43 )
Teatro dialético (Brecht, ed. bras. 1967)
Teatro político (Piscator, ed. bras. 1968)
Pantagruel (Rabelais, 1532)
O rei da vela (Oswald de Andrade, 1937)
Bouvard e Pécuchet (Flaubert, 1881)
A volta do parafuso (James, 1898)
O leopardo (Lampedusa, 1958)
O apanhador no campo de centeio (Salinger, 1951)
O homem ilustrado (Bradbury, 1951)
Les spectres de la bande (Rey, 1978)
( 21 / 43 )
Teatro dialético (Brecht, ed. bras. 1967)
Teatro político (Piscator, ed. bras. 1968)
Pantagruel (Rabelais, 1532)
O rei da vela (Oswald de Andrade, 1937)
Bouvard e Pécuchet (Flaubert, 1881)
A volta do parafuso (James, 1898)
O leopardo (Lampedusa, 1958)
O apanhador no campo de centeio (Salinger, 1951)
O homem ilustrado (Bradbury, 1951)
Les spectres de la bande (Rey, 1978)
PARA UMA BIBLIOTECA PORRETA
( 22 / 43 )
Pequena estética (Bense, 1968)
Antologia (Adília Lopes, ed. bras. 2002)
A sereia e o desconfiado (Roberto Schwarz, 1965)
La bande dessinée (Fresnault-Deruelle, 1972)
Seis contos da era do jazz (Fitzgerald, 1922)
São Bernardo (Graciliano Ramos, 1934)
Histórias fantásticas (Casares, 1972)
Ilusões perdidas (Balzac, 1843)
Dublinenses (Joyce, 1914)
Emma (Austen, 1816)
( 22 / 43 )
Pequena estética (Bense, 1968)
Antologia (Adília Lopes, ed. bras. 2002)
A sereia e o desconfiado (Roberto Schwarz, 1965)
La bande dessinée (Fresnault-Deruelle, 1972)
Seis contos da era do jazz (Fitzgerald, 1922)
São Bernardo (Graciliano Ramos, 1934)
Histórias fantásticas (Casares, 1972)
Ilusões perdidas (Balzac, 1843)
Dublinenses (Joyce, 1914)
Emma (Austen, 1816)
AUTOBIOGRAFIA SUMÁRIA DE ADÍLIA LOPES
Adília Lopes
[ in A pão e água de colônia, 1987 ]
Os meus gatos
gostam de brincar
com as minhas baratas
PROVIDÊNCIA
Hercília Fernandes
[ in HF Diante do Espelho ]
Busco-te....
como quem prende âncora ao mar
como quem cai abismo sem fim
como quem peleja a vagar
sabendo que é trabalho sem termo
se me vens: contemplo, apavoro, esmoreço
porque meu olhar se perdeu no horizonte
e a cegueira, se providência, é límpida, é monte
Busco-te
para me silenciar...
(29 set. 2008)
Adília Lopes
[ in A pão e água de colônia, 1987 ]
Os meus gatos
gostam de brincar
com as minhas baratas
PROVIDÊNCIA
Hercília Fernandes
[ in HF Diante do Espelho ]
Busco-te....
como quem prende âncora ao mar
como quem cai abismo sem fim
como quem peleja a vagar
sabendo que é trabalho sem termo
se me vens: contemplo, apavoro, esmoreço
porque meu olhar se perdeu no horizonte
e a cegueira, se providência, é límpida, é monte
Busco-te
para me silenciar...
(29 set. 2008)
14 comentários:
eu amei a volta do parafuso. ilusões perdidas eu li por acaso e faz muitos anos. amei, mas seria interessante uma releitura. eu tinha uma vizinha q me emprestava livros. estava no celofane, ela mais comprava q lia, deixou eu ler. beijos, pedrita
de chico doido à hercília, no aguardo dos crepúsculos e auroras, tenhamos uma boa semana, moacy!
"a pão e água de colônia" - que título fantástico!
besos
O meu horóscopo está perfeito. Obrigado. O problema é ir ao Bar de Ferreirinha tomar o porre. É longe.
puxa, pra combinar com meus cabelos, hoje além do próprio, sou leonina; sim, e canceriana.
Sim, à caminho de Guaramiranga, na serra do Baturité, tem um Mulungu também, é lindo, cheio de mangas mangosas, goiabas gulosas, suco de cajá e xamãs.
E fico com Brecht.
Um bom dia, desvairado :)
Vou correndo tomar esse suco de quiquiriquinha, mas vou prevenido para não passar o aperrengue de Chico Doido. Dia.
HF tem mão boa.
Moa,
Vc instaurou o "horóscopo-de-formação". Ele complementa a biblioteca, além de ser pura poesia.
Abraços,
Marcelo.
Adorei o poema da hercília fernandes
e o postal
e o post
bjo
Moacy,
bom demais integrar este número do Balaio. Quanta poética em seu horóscopo!? No tocante ao meu signo (touro), buscarei seguir as recomendações.
E que delícia o poemeto da Adília Lopes!? Gatos que brincam com seres que habitam as profundezas, acho que combinou perfeitamente com o texto Providência...
Ademais o humor picante do Chico Doido de Caicó é uma coisa maravilhosa, sabia que já li o livro? O artista Custódio Jacinto (coordenador da Casa de Cultura) me emprestou, até hoje não o devolvi...
Mais uma vez lhe agradeço, poetíssimo, pela sua generosidade para com a minha poética.
Um forte abraço em seus leitores & leitoras!
Moa, de quem devo exigir meus direitos dionisíacos? Quero só ver. O poema da Hercília Fernandes é o que há. Dos títulos, fico com O Rei da Vela, São Bernardo e Ilusões Perdidas. Abração.
Oi Moacy!
Sou leonina, portanto acabo de receber um convite para conhecer Caicó.
Chico Doido está certíssimo!
Hercília reina com sua poética!
Beijos!
Mirse
Sempre acho muita graça nos horóscopos aqui publicados, haha! Adorei ver que São Bernardo se inclui numa biblioteca porreta. Tô com vc e não abro. A cada visita neste blog, a multiplicidade que Calvino fala no livro Seis Propostas Para o Novo Milênio se materializa pra mim. O clássico e o popular se universalizam enfim...
Abraços
Olá Moacy, não nos conhecemos. Sou natalense e resido aqui ainda!
Aqui todos são bem-vindos, independente da crença, haha!
Não vejo a hora de prestigiar o ABC novamente! Tb não professo antiamericanismo,tô fora!
;)
Volte sempre lá no blog!
Abraços
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