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(xilogravura do paraibano
Ciro Fernandes)
para verouvir,
na voz de Francisco Aafa
- em interpretação absolutamente antológica -,
Arrumação,
uma das obras-primas de
Elomar :
jóia rara da música brasileira
de todos os tempos
Ciro Fernandes)
para verouvir,
na voz de Francisco Aafa
- em interpretação absolutamente antológica -,
Arrumação,
uma das obras-primas de
Elomar :
jóia rara da música brasileira
de todos os tempos
BALAIO PORRETA 1986
n° 2914
Rio, 28 de janeiro de 2010
A xilogravura - a arte de gravar em madeira - é a "alma gráfica" do artista nordestino. E pelo menos desde 1907, sobretudo a partir dos anos 30, tem sido o suporte visual das capas dos folhetos de cordel. Neste particular, grandes nomes têm se destacado, como J. Borges, Abraão Batista, Dila (José Soares da Silva), Franklin Maxado, Minelvino Silva. Ou, atuando na área das artes plásticas, Ciro Fernandes. Mas, diretamente através do cordel, ou fora dele, outros nomes têm se imposto. É o caso de Stênio Diniz.
(Moacy Cirne, 2010)
PARA UMA BIBLIOTECA PORRETA
( 27 / 43 )
Romance do Pavão Misterioso
(João Melquíades Ferreira da Silva, 1932)
Peleja do Cego Aderaldo com Zé Pretinho
(Firmino Teixeira do Amaral, 1916)
Proezas de João Grilo
(João Martins de Athayde, 1951)
Literatura de cordel - Antologia
(Ribamar Lopes, org., 1972)
Processo: linguagem e comunicação (Pino, 1971)
Poesia (Villon, org. Sebastião Uchoa Leite, 2000)
Poesias escolhidas (Púchkin, org. José Casado, 1992)
O coronel de Macambira (Joaquim Cardozo, 1963)
Lanterna mágica (Crepax, 1979)
Construtivismo - origens e evolução (Rickey, 1967)
Nota:
No cordel, antes de João Martins de Athayde
João Ferreira Lima versou sobre o mesmo tema (João Grilo).
POEMA OBLÍQUO
Marcelo Novaes
[ in O Lugar que Importa, 2007 ]
Oblíqua é a chicotada
de vento, e a saudade
que se inclina como
filamento de
lamparina, a
esmaecer
esmaecer.
Oblíquo é o voo da linha
sem peso, e o choro que
se espreme como uma nota triste,
sem pemissão para aliviar-se.
Obíquo é o fantasma errante
a carregar um fiapo de luz,
no lugar do coração.
PARA UMA BIBLIOTECA PORRETA
( 28 / 43 )
Psicologia da composição (João Cabral, 1947)
Broquéis (Cruz e Souza, 1893)
Caprichos & relaxos (Paulo Leminski, 1983)
Concerto a céu aberto para solos de aves (M. de Barros, 1993)
Diário de um ladrão (Genet, 1949)
Mitologias (Barthes, 1957)
O ser e o nada (Sartre, 1943)
Rumo à Estação Finlândia (Wilson, 1940)
Sexualidades ocidentais (Foucault & outros, 1982)
História da Revolução Francesa (Michelet, 1846-53)
SERPENTE DE CABELOS
Cruz e Souza
[ in Broquéis, 1893 ]
A tua trança negra e desmanchada
por sobre o corpo nu, torso inteiriço,
claro, radiante de esplendor e viço,
ah! lembra a noite de astros apagada
Luxúria deslumbrante e aveludada
através desse mármore maciço
da carne, o meu olhar nela espreguiço
felinamente, nessa trança ondeada.
E fico absorto, num torpor de coma,
na sensação narcótica do aroma,
dentre a vertigem túrbida dos zelos.
És a origem do Mal, és a nervosa
serpente tentadora e tenebrosa,
tenebrosa serpente de cabelos!...
[POEMA]
Paulo Leminski
[ in Caprichos & relaxos, 1983 ]
objeto
do meu mais desesperado desejo
não seja aquilo
por quem ardo e não vejo
seja a estrela que me beija
oriente que me reja
azul amor beleza
faça qualquer coisa
mas pelo amor de deus
ou de nós dois
seja
FEIRA DE CITAÇÕES ESPORRENTAS
Deus inventou o mundo e o diabo o arame farpado,
(Glauber Rocha)
Não existem mulheres frígidas, apenas mal esquentadas.
(Albertina Duarte)
Nenhum homem é rico o bastante para comprar seu passado.
(Oscar Wilde)
Todo homem tem o sagrado direito de ser imbecil por conta própria.
(Ivan Lessa)
O homem perde o seu sendo de direção depois de quatro drinques;
a mulher, depois de quatro beijos.
(H.L. Mencken)
VIRGOLINO
Jarbas Martins
a Manoel Onofre Jr.
Já não bastava? Em sua carne fria
trazia assinalado outro troféu:
a morte, essa jocosa companhia.
No horizonte de pedra e cascavel
pressagiava, ao sol, o irado Dia;
mais aquém, as pegadas de Lusbel
que o seu único olho entrevia.
Acovardado, sim. Mas que esperto!
Adotara o punhal, o chão deserto,
o rosário, o bornal e a quizília.
Esconjurava a noite e a quadrilha
dos remorsos. Mas Deus (que é santo velho)
decretou a irrisão como evangelho.
a morte, essa jocosa companhia.
No horizonte de pedra e cascavel
pressagiava, ao sol, o irado Dia;
mais aquém, as pegadas de Lusbel
que o seu único olho entrevia.
Acovardado, sim. Mas que esperto!
Adotara o punhal, o chão deserto,
o rosário, o bornal e a quizília.
Esconjurava a noite e a quadrilha
dos remorsos. Mas Deus (que é santo velho)
decretou a irrisão como evangelho.
16 comentários:
belo poema do leminski. beijos, pedrita
>>> bom ver o Novaes aqui!
>>> felicidades a todos!
Um Balaio de tirar o fôlego hoje, Moacy! Coisa boa pass(e)ar por aqui.
Beijos.
Oi Moacy!
Realmente a música é brasileiríssima e linda!
Gostei da citação de Oscar Wilde.
E....Marcelo Novaes preenche o restante!
Belo balaio!
Beijos
Mirse
mestre,
então chegou a hora de elomar aqui no balaio...
é um músico extraordinário, tenho absolutamente todos os discos que ele já gravou.
foi ao ouvir a gravação do show antológico no teatro castro alves, salvador, bahia, 1984, dele junto com xangaí, geraldo azevedo, vital farias que descobri uma nova face da música polpular "erudita" brasileira. fiquei encantada com o "cantorias", colecionei todos, fui buscando mais e comprei tudo do elomar. sinto imensamente que músicas como:
A Donzela Tiadora
E a donzela Tiadora
qui nas asa da aurora
vei À sala do rei
infrentá sete sábios
sete sábios da lei
venceu sete perguntas
e de bôca-de-côro
recebeu cumo prenda
mili dobra de ôro
respondeu qui a noite
discanso do trabai
incobre os malfeitores
e qui do anjericó
beleza dos amores
e qui da vilhilice
vistidura de dores
na eterna mininice
foi-se num poldo bai
isso vai muito longe
foi no seclo do pai
ou
Cantiga do Estradar
Tá fechando sete tempo qui miã vida é camiá
Pulas istrada do mundo dia e noite sem pará
Já visitei os sete rêno adonde eu tiã qui cantá
Sete didal di veneno traguei sem pestanejá
Mais duras penas só eu vêno ôtro cristão pra suportá
Só irirmão do sufrimento de pauta véa c'a dô
Ajuntei no isquicimento o qui o baldono guardô
Meus meste na istrada e o vento quem na visa mi insinô
Vô me alembrano va viage das pinura qui passei
Daquelas duras passage nos lugari adonde andei
Só de pensá me dá friage nos sucesso que assentei
Na miã lembrança ligião de condenados nos grilhão acorrentados
Nas trevas da inguinorânça sem a luz do grande Rei
Tudo isso eu vi nas miã andança nos tempo que eu bascuiava o trecho alei
Tô de volta já faiz tempo qui dexei o meu lugá
Isso si deu cuano moço qui eu sai a percurá
Nas inlusão que hai no mundo nas bramura qui hai pru lá
Saltei pur prefundos poço qui o tinhoso tem pru lá
Jesus livrô derna d'eu môço do raivoso me panhá
Já passei pur tantas prova inda tem prova a infrentá
Vô cantano miã trovas qui ajuntei no caminhá
Lá no céu vejo a luã nova cumpaniã do istradá
Ele insinô qui nóis vivesse a vida aqui só pru passá
Nóis intonce invitasse o mau disejo e o coração
Nóis prufiasse pra sê branco inda mais puro
Qui o capucho do algodão
Qui num juntasse dividisse nem negasse a quem pidisse
Nosso amô o nosso bem nosso terém nosso perdão
Só assim nóis vê a face ogusta do qui habita os altos céus
O piedoso o manso o justo o fiel e cumpassivo
Siõ de mortos e vivos nosso pai e nosso deus
Disse qui haverá de voltá cuano essa terra pecadora
Marguiada im transgressão tivesse chêa de violença
De rapina de mintira e de ladrão
não passem nem perto de um rádio ou nunca, jamais em tempo algum, sejam estudadas na escola.
fora os arranjos que deixam o violão com cara de orquestra divina...
não tem jeito, sou fã mesmo e verouvir elomar aqui só estimula meu afeto pelo balaio!
destaque ainda para cruz e souza, magnífico,
paulo leminski, que deu as palavras asas ao invés de significados,
e marcelo novaes, poeta que eu tenho a honra de chamar: amigo.
seu balaio é 1.000!
um beijo, querido!
Moa,
Cruz e Souza é das primeiras vozes que me chamaram a atenção. Eu recitava os seus poemas para os próximos.
A biblioteca continua porreta. As citações, idem.
:)
Abração,
Marcelo.
Betina é amiga mesmo. E sempre fui aos shows-recitais do Elomar, quando por aqui passou... Catinguentos medievalismos: cantigas de amigo e de amor em pleno século tecnológico. Trovador extemporâneo.
Lá na Casa dos Carneiros
Sete Candeeiros
Iluminam a sala
de amor...
Único. [Xangai é seu discípulo].
Abraços pra vc e pra Betina,
Marcelo.
Saudações Moacy,
acredito, mesmo, que das artes que mais aprecio são as xilogravuras
Elomar uma maravilha
elos mar vi ilha ar rua uma ação
bom bom bom
Marcelo Noavaes, "Oblíquo é o voo da linha", nossa, nossa
Leminski é dos meus preferidos
E das Citações Esporrentas, ótimo, ótimo
tudo de muito bom por aqui, neste Balaio
abraço prati
mestre,
vim "usarabusar" o balaio para mandar um abraço forte ao marcelo,
saber dele que foi aos shows do elomar só faz aumentar a minha admiração!
sete violas em clamores, sete cantadores
são sete tiranas de amor, para amiga em flor
qui partiu e até hoje não voltou
um beijo mestre, um abraço forte marcelo!
Caro Moacy, dois exemplos de baianidade sertaneja deste Balaio muito me envaidecem. O grande menestrel Elomar (nascido em Vitória da Conquista assim como Glauber Rocha) e o cordelista Franklin Maxado Nordestino, que é feirense e aqui reside atualmente. Abraço.
Amigos:
Cruz e Souza escreve bem e fala do tesão como poucos. "Torpor de coma" é um achado dentre tantos outros. E o Mal da moral judaico-cristã é um tremendo Bem da vida - a excitação diante do belo corpo que se oferece ao amante (ou à amante). Cabra bom!
Abraços:
Meu caro,
Achei que você ia falar da morte de J.D. Salinger, cujo O Apanhador no campo de centeio acredito que você tenha lido e provavelmente gostado. Ele tem um livro de contos de que gosto muito, "Nove Histórias. Um abraço.
cruz e sousa transa deleminski, e o revestrés.
y tu, que quique? artêgravar.
já o Mencken, puxa que gostosão devia ser, isso porque os senhorios não gostam assim de beijar... aff, fico com a Albertina, meso poque é o nome da cafetina das mais lindas putas do interiorr paulista
atenção sobreira use esta fantasia:
LER SALINGER NO CAMPO DE PENTELHO DA NINA RIZZI
COMO RIR COM HENRI HEINE
as estrelas de henri heine imortais
gozavam como lYria porteus
uis ais uis ais uis ais
Atenção, Sobreira: aguarde o
cordel infográfico de Elomar Não Vais
DE COMO J.D.SALINGER
FOI APANHADO NA ZONA
DO AGRIÃO
OU
COMO ALMANDRADE,O CISCO
TONITRUANTE, ENTROU NESSA
HISTÓRIA
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