Mulher africana
( Foto: sem autoria identificada )
BALAIO PORRETA 1986
n° 2900
Rio, 14 de janeiro de 2010
o que será que você vai fazer com minhas cartas impublicáveis quando elas te chegarem? vai esfregar na pele pra guardar pra sempre o meu cheiro e depois as engolirá pra me ter nos dentes? ... e você também não sabe que me deito na areia tão encolhidinha que viro concha e os banhistas, felizes, vem saber se eu desmaiei ou morri. eles não sabem das minhas lágrimas que inundam o atlântico em que te espero, espero, espero e que não vem
e eu não sei porquê.
(Nina RIZZI, in Alvoroço, cf. Ellenismos)
( Foto: sem autoria identificada )
BALAIO PORRETA 1986
n° 2900
Rio, 14 de janeiro de 2010
o que será que você vai fazer com minhas cartas impublicáveis quando elas te chegarem? vai esfregar na pele pra guardar pra sempre o meu cheiro e depois as engolirá pra me ter nos dentes? ... e você também não sabe que me deito na areia tão encolhidinha que viro concha e os banhistas, felizes, vem saber se eu desmaiei ou morri. eles não sabem das minhas lágrimas que inundam o atlântico em que te espero, espero, espero e que não vem
e eu não sei porquê.
(Nina RIZZI, in Alvoroço, cf. Ellenismos)
POEMA
Charles Bukowski
Trad. Rodrigo Garcia Lopes
[ cf. A Meus Amigos ]
um bom poema é como uma cerveja gelada
quando você está mais a fim,
um bom poema é um sanduíche de presunto, quando você está
faminto,
um bom poema é uma arma quando
os bandidos te cercam,
um bom poema é algo que
te permite andar pelas ruas
da morte,
um bom poema pode fazer a morte
derreter feito manteiga,
um bom poema pode enquadrar a agonia e
pendurá-la na parede,
um bom poema pode fazer seu pé tocar
a China,
um bom poema pode fazer você cumprimentar
Mozart,
um bom poema permite você competir
com o diabo
e ganhar,
um bom poema pode quase tudo,
isso sem dizer que
um bom poema sabe quando
parar.
Charles Bukowski
Trad. Rodrigo Garcia Lopes
[ cf. A Meus Amigos ]
um bom poema é como uma cerveja gelada
quando você está mais a fim,
um bom poema é um sanduíche de presunto, quando você está
faminto,
um bom poema é uma arma quando
os bandidos te cercam,
um bom poema é algo que
te permite andar pelas ruas
da morte,
um bom poema pode fazer a morte
derreter feito manteiga,
um bom poema pode enquadrar a agonia e
pendurá-la na parede,
um bom poema pode fazer seu pé tocar
a China,
um bom poema pode fazer você cumprimentar
Mozart,
um bom poema permite você competir
com o diabo
e ganhar,
um bom poema pode quase tudo,
isso sem dizer que
um bom poema sabe quando
parar.
VOU ESCREVER NAS PAREDES
Líria Porto
[ in Tanto Mar ]
minhas janelas são alegres
e só ficam tristes
quando chove
as portas são sérias
não se abrem para qualquer um
Líria Porto
[ in Tanto Mar ]
minhas janelas são alegres
e só ficam tristes
quando chove
as portas são sérias
não se abrem para qualquer um
LIVRO
Henrique Pimenta
[ in Bar do Bardo ]
Desejo de fazer literatura.
Vontade de poder o proibido.
Na máquina de estilo, se costura.
Na máquina do espírito, o cosido.
Ardil e seus ardis na tessitura.
Palavra por palavra no contido.
Um mundo se projeta e se estrutura,
Partindo-se do Todo repartido.
Do Todo, uma partícula, por fim:
Um livro - dado à luz para seu curso
De rútilo lavor, ou coisa afim.
Mas não se livra com a leitura, dó!,
Desarma-se a armadilha do discurso
Do texto que se encontra ao xilindró.
Henrique Pimenta
[ in Bar do Bardo ]
Desejo de fazer literatura.
Vontade de poder o proibido.
Na máquina de estilo, se costura.
Na máquina do espírito, o cosido.
Ardil e seus ardis na tessitura.
Palavra por palavra no contido.
Um mundo se projeta e se estrutura,
Partindo-se do Todo repartido.
Do Todo, uma partícula, por fim:
Um livro - dado à luz para seu curso
De rútilo lavor, ou coisa afim.
Mas não se livra com a leitura, dó!,
Desarma-se a armadilha do discurso
Do texto que se encontra ao xilindró.
Repeteco
CURSO DE INGLÊS AVEXADO
Alex Gurgel
[ in Grande Ponto ]
CURSO DE INGLÊS AVEXADO
Alex Gurgel
[ in Grande Ponto ]
Is we in the tape! = É nóis na fita.
Tea with me that I book your face = 'Xá comigo
que eu livro sua cara.
I am more I = Eu sou mais eu.
Do you want a good-good? = Você quer um bom-bom?
Not even come that it doesn’t have! = Nem vem que não tem!
She is full of nine o’clock = Ela é cheia de nove horas.
I am completely bald of knowing it = Tô careca de saber.
Ooh! I burned my movie! = Oh! Queimei meu filme!
I will wash the mare = Vou lavar a égua.
Go catch little coconuts! = Vai catar coquinho!
If you run, the beast catches, if you stay the beast eats!
= Se correr, o bicho pega, se ficar o bicho come!
Before afternoon than never = Antes tarde do que nunca.
Take out the little horse from the rain = Tire o cavalinho da chuva.
The cow went to the swamp = A vaca foi pro brejo!
To give one of John the Armless = Dar uma de João-sem-Braço.
CAICÓ
Moacy Cirne
[ in Cinema Pax, 1983 ]
a cidade, de sol a sol,
principia pelo fim
no poço que, santana, a protege
a cidade, de açude em açude,
afoga os minerais
nas pescarias noturnas transparências
a cidade, de sábado a sábado
completa o sertão
com seus horizontes mágicos cordéis
a cidade, de rua em rua,
transborda de amor
nos becos bêbados botequins
a cidade, de ponte a ponte,
margeia os rios
da memória fluvial seridó
a cidade, de pedra em pedra,
constrói o branco
de seu silêncio limpo fugidio
a cidade, de festa a festa,
recolhe os frutos
da noite que, sant'ana, se faz julho
Tea with me that I book your face = 'Xá comigo
que eu livro sua cara.
I am more I = Eu sou mais eu.
Do you want a good-good? = Você quer um bom-bom?
Not even come that it doesn’t have! = Nem vem que não tem!
She is full of nine o’clock = Ela é cheia de nove horas.
I am completely bald of knowing it = Tô careca de saber.
Ooh! I burned my movie! = Oh! Queimei meu filme!
I will wash the mare = Vou lavar a égua.
Go catch little coconuts! = Vai catar coquinho!
If you run, the beast catches, if you stay the beast eats!
= Se correr, o bicho pega, se ficar o bicho come!
Before afternoon than never = Antes tarde do que nunca.
Take out the little horse from the rain = Tire o cavalinho da chuva.
The cow went to the swamp = A vaca foi pro brejo!
To give one of John the Armless = Dar uma de João-sem-Braço.
CAICÓ
Moacy Cirne
[ in Cinema Pax, 1983 ]
a cidade, de sol a sol,
principia pelo fim
no poço que, santana, a protege
a cidade, de açude em açude,
afoga os minerais
nas pescarias noturnas transparências
a cidade, de sábado a sábado
completa o sertão
com seus horizontes mágicos cordéis
a cidade, de rua em rua,
transborda de amor
nos becos bêbados botequins
a cidade, de ponte a ponte,
margeia os rios
da memória fluvial seridó
a cidade, de pedra em pedra,
constrói o branco
de seu silêncio limpo fugidio
a cidade, de festa a festa,
recolhe os frutos
da noite que, sant'ana, se faz julho
18 comentários:
dentro do balaio tu, o pimenta, o alex, eu - oba! sou a bendita fruta entre os homens!
(fruta resoluta...)
besos
acompanhada da nina rizzi, é claro!
fruta carnuda!
besos
Tão lindo o texto da Nina Rizzi!
Gostei de todos. Como sempre escolhas perfeitas.
Bjs.
esse balaio hoje tá demais! tudo incrível! o texto da nina, o poema do bukowski, a sinhá, o pimenta e tu, moa, com a bela caicó que só o nome já é poesia. e esse curso de inglês...rsrs
beijos
Um prazer figurar entre tantos, tantos craques!
Mais uma vez agradeço, obrigado, Mestre Moa!
Fico muito feliz sempre que apareço pelo Balaio. Grande abraço.
grande Charles Bukowski. beijos, pedrita
sou as janelas de Líria... lindas!
seu Caicó ficou bonito quisó em poema!
tudo emoldurado por essa negra fantástica!
beijos...
Bom dia, Moacy!
É verdade...o Balaio hoje está prá lá de BOM!
Henrique, Moacy, Liria, Nina, Charles e Alex.....UFA!
Maravilhoso!
Parabéns, Moacy!
Grandes nomes e de peso!
Beijos
Mirse
porra me'rmão, junto de bukowski é demais!... junto de líria, pimenta, essa nega e mais tu com caicó, virgi de sant'anna...
a gente tinha um fanzine na universidade que dizia: pra que livro se vc me lê aqui? é, é mais ou menos isso (mas eu ainda quero um livro).
ai, que delícia, ganhei mais um dia :)
cheiro.
Como um dizia um grande narrador esportivo da minha terra: com um time desses é covardia. Abraço.
Lasqueira o Balaio de hoje. Só fera: Bukowski, Henrique, Líria, Nina e você, Moacy. Assim dessa maneira, nêgo, a web não aguenta. Forte abraço.
Oi, caríssimo,
essa postagem tá arretada com Bukowski, o texto inicial de Nina Rizzi, esse inglês avexado e o menino seridoense cabra-da-peste... é tu mermo, rsrs...
Beijos
Sem querer desmerecer os tantos lindos escritos...o que são esses peitos pretos dessa preta, meu Deus?!!!!
Black is (so) beautiful...
Pimenta e Cyrne sempre precisos! Mais precisas ainda são estas lentes: da antiga 'pin-up' francesa à negra estonteante no fundo azul! Abração!
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