BALAIO PORRETA 1986
n° 2930
Rio, 12 de fevereiro de 2010
A literatura é sem dúvida o domínio privilegiado em que a linguagem se exerce, se precisa e se modifica.
(Julia KRISTEVA. História da linguagem, 1969)
PARA UMA BIBLIOTECA PORRETA
( 49 / 50 )
História da linguagem (Kristeva, 1969)
Conceitos fundamentais da poética (Staiger, ed. bras. 1975)
Design e comunicação visual (Munari, 1989)
Fragmentos de um discurso amoroso (Barthes, 1977)
A câmara clara (Barthes, 1980)
Escritos íntimos (Baudelaire, ed. port. 1982)
Escritos de Apollinaire (Paulo Hecker Filho, org., 1984)
Os mortos de sobrecasaca (Álvaro Lins, 1963)
Esculpir o tempo (Tarkovski, ed. bras. 1991)
Fragmentos de uma autobiografia (Rossellini, ed. 1992)
ANOTAÇÕES DE UMA AUTOBIOGRAFIA
Roberto Rossellini
[ Fragmentos... Rio: Nova Fronteira, 1992 ]
A civilização do mundo está em crise ou não? Fazer a pergunta já equivale a dar a resposta. Se está em crise, há que mudá-la. Todavia, só há uma mudança possível, a mudança cultural, isto é, precedida de um amplo questionamento das ideias e dos modos de ação. É para isso que deveriam servir os meios
de comunicação de massa.
(p.1)
Talvez minha paixão, e também minha loucura, seja compreender, cada dia, um pouco mais. ... Não deveria haver fronteiras para o espírito. Infelizmente, aina encontramos muitos agentezinhos alfandegários do saber.
(p.11)
As sociedades, sejam elas baseadas no modelo europeu, soviético, americano ou chinês, se tornaram tão neuróticas que não se permitem o acesso ao real.
(p.30)
A solidão é meu território.
E será assim até o final. Não será agora que vou entrar no sistema. Tenho de ser coerente comigo mesmo, com as pessoas com quem tenho obrigações.
(p.111)
Os homens são mais importantes do que as pedras.
(p.115)
RIO ANGICOS, PATAXÓ
Jarbas Martins
a Carmen Vasconcelos
rio seco desinverno
rio pataxó, rio angicos
pousa a tarde em meus cabelos
como um ramo de oiticica
como na canção do cego
- cruéis janeiros, pataxó -
em chão de guerra e sossesso
aprendi também a ser só
esperando meus invernos
murmurando inquietudes
nas vazantes do meu tédio
no sono dos meus açudes
tantas águas, pataxó
tantas mágoas represadas
rio escondido em meus olhos
um rio seco, mais nada
pousa a tarde em meus cabelos
como um ramo de oiticica
como na canção do cego
- cruéis janeiros, pataxó -
em chão de guerra e sossesso
aprendi também a ser só
esperando meus invernos
murmurando inquietudes
nas vazantes do meu tédio
no sono dos meus açudes
tantas águas, pataxó
tantas mágoas represadas
rio escondido em meus olhos
um rio seco, mais nada
BACANTE
Iracema Macedo
[ in Lance de dardos, 2000 ]
Em meu ninho longínquo
inicio ventos
invento cios
canto e danço em volta do fogo
transformo meu leite em vinho
e ofereço meu corpo para os lobos
Iracema Macedo
[ in Lance de dardos, 2000 ]
Em meu ninho longínquo
inicio ventos
invento cios
canto e danço em volta do fogo
transformo meu leite em vinho
e ofereço meu corpo para os lobos
POEMA
Carito
[ in Os Poetas Elétricos ]
o sol
já experimentou
de tudo
nada mais
no ar
sombra
POEMA
Mariana
[ in Suave Coisa ]
minha boca quer silêncio
Alain Bisgodofu
Quero comer o verso
que tremula na
língua
e nunca mais falar de
poesia
Mariana
[ in Suave Coisa ]
minha boca quer silêncio
Alain Bisgodofu
Quero comer o verso
que tremula na
língua
e nunca mais falar de
poesia
9 comentários:
Moa,
Belo conjunto.
Kristeva é fera.
Mariana: o silêncio virá depois...
Abração,
Marcelo.
Bom dia, Moa!
Que linda foto! Existe? Esse Jean é um fotógrafo de primeira!
Jarbas Martins me emocionou com Rio Angicos: triste e belo!
Carito e Mariana, como sempre ótimos!
Beijos
Mirse
"Os homens são mais importantes do que as pedras". Será meu epitáfio de carnaval. Abraço.
Gostei da Mariana.
poxa, que seleção. é pra pular.
mariana e jarbas, uh. e que casinhas lindas, lembram as colônias da minha infância.
beijos.
Gostei em particular da Mariana: às vezes é bom, para se sentir ainda mais a Poesia, afastar-se dela, dessa amante pedinte e insaciável...
Rossellini é sempre interessante, não?!
E como gosto dessas cores, mesmo nas casas mais simples de céu mais cinza... Tua terra é mesmo abençoada pela alegria latente e poética!
Abração!
P.S.: e, falando em Poesia, aprochegue-se lá nos Morcegos e (re) veja e (re) visite com a calma que lhe aprouver os poeminhas dos tais diálogos de uma boca só! Como diria aquela gravação: "Sua opinião é muito importante para nós"...
Eu vejo um arco-íris no crepúsculo...
maravilha - da gravura à nana - passando pelos lindos versos do jarbas martins!
besos
o tom meio
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