Sara Baras, em foto de Paul Hanna
(Clique na imagem para verouvir o flamenco por Sara Baras)
BALAIO PORRETA 1986
n° 2977
Natal, 31 de março de 2010
DIVA
Líria Porto
[ in Tanto Mar ]
tem algo de bette davis
talvez aquele olhar de mulher capaz de tudo
de matar de morrer de esmagar baratas
CEREJAS, MEU AMOR
Renata Pallottini
[ in Poesia Erótica ]
Cerejas, meu amor,
mas no teu corpo.
Que elas te percorram
por redondas.
E rolem para onde
possa eu buscá-las
lá onde a vida começa
e onde acaba
e onde todas as fomes
se concentram
no vermelho da carne
das cerejas...
ERÓTICA. SÓ MINTO UM POUCO...
Sandra Camurça
[ in O Refúgio ]
basta-me um olhar que me deixe nua
entre o último e o primeiro gole
basta-me uma palavra obscena
que embriague a carne úmida
basta-me uma falange e um anel
corrompendo-me entre as coxas
basta-me uma foda macia
e seu cheiro de macho pra levar na calcinha
Memória
Balaio, n° 2641, de 27 de abril de 2009
10+2 GRANDES POETAS POTIGUARES
segundo
43 leitores e/ou amigos do
Balaio,
a partir de uma idéia lançada pelo
Substantivo Plural
1. ZILA MAMEDE (34 citações)
2. JORGE FERNANDES (30)
3. LUÍS CARLOS GUIMARÃES (26)
4. NEI LEANDRO DE CASTRO (23)
5. MARIZE CASTRO (20)
6. IRACEMA MACEDO (19)
7. JOSÉ BEZERRA GOMES (18)
8. MIGUEL CIRILO (14)
9. DIVA CUNHA (13)
10. FERREIRA ITAJUBÁ
e SANDERSON NEGREIROS (12)
12. ADRIANO DE SOUSA (11 citações)
UM POEMA DE
ZILA MAMEDE
[ in Corpo a corpo, 1978 ]
Onde
Entre a ânsia
e a distância
onde me ocultar?
Entre o medo
e o multiapego
onde me atirar?
Entre a querência
e a clarausência
onde me morrer?
Entre a razão
e tal paixão
onde me cumprir?
Algumas breves considerações
1. Será que poderíamos considerar esses nomes os mais adequados para o estabelecimento formal de um possível Cânone da Poesia Potiguar? Sim e não, provavelmente. Sim, porque todos eles são bastante representativos: há clássicos consagrados (Zila Mamede, Jorge Fernandes, José Bezerra Gomes, Ferreira Itajubá, além de Luís Carlos Guimarães e Miguel Cirilo, todos falecidos) e há nomes que já são referência obrigatória para a formação de nossa poeticidade (Nei Leandro de Castro e Sanderson Negreiros, praticamente dois clássicos em vida, e Marize Castro, Iracema Macedo, Diva Cunha, Adriano de Sousa). E não, porque a nossa enquete, mesmo sendo abrangente, não pode ouvir muita gente capacitada para opinar a respeito de suas preferências (ora pessoais, ora exclusivamente literárias). De qualquer modo, acreditamos que o resultado final não seria muito diferente daquele ora apresentado, com duas ou três possíveis exceções.
2. Alguns poderão estranhar - ou lamentar - a ausência de poetas que sempre apareceram em nossas melhores antologias: Auta de Sousa, Henrique Castriciano, Othoniel Menezes, Gothardo Neto, Juvenal Antunes, Newton Navarro, Gilberto Avelino ou mesmo o carioca-potiguar Homero Homem - nomes expressivos, sem dúvida, mas que, sobretudo no caso dos mais antigos, não mobilizam mais, ou mobilizam muito pouco, os leitores atentos dos nossos dias. De certo modo, ainda em relação àqueles que marcaram época nas primeiras décadas do século passado, são poetas que fazem parte da "arqueologia literária" do Estado. E o afirmamos sem qualquer peso pejorativo, apenas como adendo para a história da literatura do Rio Grande do Norte.
3. Destaquemos: além dos 12 nomes mais citados, receberam votos - de forma expressiva ou razoável, pode-se dizer - os poetas Paulo de Tarso Correia de Melo (9 citações), Moacy Cirne (9), Antonio Francisco (8), Jarbas Martins (8), João Lins Caldas (7), Carmen Vasconcelos (6), Myriam Coeli da Silveira (6), Walflan de Queiroz (6 citações). Ao todo, foram citados 86 poetas. Um bom número, sem dúvida. Mas a verdade é que não há lista perfeita, nem cânone que dure para sempre (a não ser em casos excepcionais, considerando-se alguns autores ou algumas obras).
4. Para muitos dos consultados, com mais ou menos intensidade, fazíamos questão de salientar que a enquete tinha por objetivo destacar única e exclusivamente os poetas que trabalham a verbalidade. Mesmo assim poetas visuais como Anchieta Fernandes, Avelino de Araújo e Jota Medeiros foram contemplados com algumas (poucas) indicações. Sabemos que a questão da poesia visual é um tabu para muita gente. E como poeta/processo não temos o menor problema com a poesia verbal; preferimos privilegiar, na enquete, o que já estava subentendido na proposta inicial do Substantivo Plural: a nossa verbalidade, que encontra em Zila Mamede (a paraibana que, em criança, veio residir entre nós) o seu parâmetro estético-literário mais sólido. Ao lado do modernista Jorge Fernandes e dos demais.
Walflan de Queiroz
[ in O livro de Tânia, 1963 ]
Eu venho de uma montanha, Tânia.
De uma montanha de fogo e de sombras,
De fogo como o sol e de sombras como a noite.
Venho de um vale, Tânia.
Um vale com mil flores brilhantes.
E todas estas flores eram tuas.
Venho de uma floresta, Tânia.
Uma floresta com apenas um pássaro.
Um pássaro azul como as águas do rio.
Venho de um lago também azul, Tânia.
Um lago tranquilo e sem rumores,
Com cisnes brancos, cisnes selvagens,
Selvagens como meu amor.
Eu venho do mar, Tânia.
Um mar sem praias e sem gaivotas,
Com uma ilha de carne,
E com o sangue de uma estrela.
Venho do deserto quente, Tânia.
Um deserto com ventos de areia,
E com monumentos que são sepulcros,
Onde enterro a minha solidão.
Diretamente do Bar de Ferreirinha
BOA SORTE, SR. GORSKI
Suas primeiras palavras ao pisar no nosso satélite foram: "Este é um pequeno passo para o ser humano, mas um salto gigantesco para a humanidade".
Estas palavras foram transmitidas para a Terra e ouvidas por milhares de pessoas.
Mas antes de voltar à nave, Armstrong fez um comentário enigmático: "Boa Sorte, Sr. Gorsky."
Muita gente na NASA pensou que tinha sido um comentário sobre algum astronauta soviético.
Checaram e não havia nenhum Gorsky no programa espacial russo ou americano.
Através dos anos, muita gente perguntou-lhe sobre o significado daquela frase sobre Gorsky, e ele sempre respondia com um sorriso.
Em 5 de julho de 1995, Armstrong se encontrava na Baia de Tampa, respondendo perguntas depois de uma conferência, quando um repórter lembrou-lhe sobre a frase que ele havia pronunciado 26 anos atrás.
Desta vez, finalmente Armstrong aceitou responder: o sr. Gorsky havia morrido e agora Armstrong sentia que podia esclarecer a dúvida.
O esclarecimento:
Em 1938, sendo ainda criança em uma pequena cidade do meio oeste americano, Neil estava jogando baseball com um amigo no pátio da sua casa.
A bola voou longe e foi parar no jardim ao lado, perto de uma janela da casa vizinha.
Seus vizinhos eram a senhora e o senhor Gorsky.
Quando Neil agachou-se para pegar a bola, escutou que a senhora Gorsky gritava para o marido: "O quê??? Sexo anal? Você quer sexo anal? Sabe quando você vai comer a minha bunda? Só no dia que o homem caminhar na lua!"
Por isto, o astronauta Armstrong mandou o recado direto da Lua: "Boa sorte, Sr. Gorski"