terça-feira, 9 de março de 2010

A carta inacabada
Imagem:
Lucian Olteanu


BALAIO PORRETA 1986
n° 2955
Natal, 9 de março de 2010


UM LIVRO É UM LIVRO É UM LIVRO

Sijô - Poesiacanto coreana clássica, antologia.
Trad. Yun Jung Im & Alberto Marsicano. Int. Haroldo de Campos.
São Paulo : Iluminuras, 1994, 142p.

[] Até então, anos 90, praticamente não conhecíamos a poesia coreana: uma poesia delicada. Em sua língua original, o Sijô compõe-se de três versos e cerca de 45 sílabas. Na recriação brasileira, a formatação será outra, necessariamente: os versos transformam-se em blocos formais. O fato é que o Sijô, como tal, consolida-se no final do século XIII. Para o estudioso Kevin O'Rourke, citado por Haroldo de Campos na apresentação, "ler o Sijô é viver e respirar a história e a cultura da Coréia" (p.11).


Sijô
de

Bag Peng-nyón
(1417-1456)

Dizem que o ouro
se encontra em águas claras
Mas nem toda água clara
o guarda

Dizem que o jade
se encontra nas montanhas
Mas nem toda montanha
o guarda

Dizem que o amor é o mais importante
Mas podemos buscar
a todos que amamos?
(p.26)

Sijô
de
Ju Üi-shig
(?-?)

O menino à janela
vem e me diz:
É o sol
do Ano Novo

Abro a janela
que dá para o leste
e vejo sempre
o mesmo sol

Menino: Este é o velho sol de sempre
Venha-me chamar
quando surgir um novo
(p.119)

POEMA
Cláudia Castanheira

[in Balaio, n° 302, de 10/7/1991]

Que homem é esse
Que só vem de vez em quando
E que me deixa esperando
Com essa falta de ar

Que bicho é esse
Que não trepa
Não me come
Mas que tanto me consome
Sem saber o que pensar

Que homem é esse
Com essa sede de amasso
Que me toma nos seus braços
Num impulso do sentir

Que homem é esse
Que me vem fora de hora
Sem espera, sem estória
E me impede de partir...

15 comentários:

nina rizzi disse...

buenas, camarada :)

a fortalezabela continua linda e o sinal do padre me chama à sala, mas posso dizer: que carta, ela será concluida, pois sim, mas como projeto inaugural, pra ser eternamente transformada.

quanto à pergunta de Claúdia... acho que, como diz um poema de Volia Portela: é um homem de fim de semana. gostei muito do poema, aliás.

um cheiro das velas do mucuripe.

Unknown disse...

Bom Dia, Moa!

Linda, a carta inacabada e as explicações dadas por você. Vibendo e ainda e sempre aprendendo. Amei os "sijô"


Cláudia Castanheira, gostaria de ter escrito esse poema, diz muito para mim!

Excelente dia.

Beijos

Mirse

Unknown disse...

Bom Dia, Moa!

Linda, a carta inacabada e as explicações dadas por você. Vibendo e ainda e sempre aprendendo. Amei os "sijô"


Cláudia Castanheira, gostaria de ter escrito esse poema, diz muito para mim!

Excelente dia.

Beijos

Mirse

Unknown disse...

Bom Dia, Moa!

Linda, a carta inacabada e as explicações dadas por você. Vibendo e ainda e sempre aprendendo. Amei os "sijô"


Cláudia Castanheira, gostaria de ter escrito esse poema, diz muito para mim!

Excelente dia.

Beijos

Mirse

Unknown disse...

Bom Dia, Moa!

Linda, a carta inacabada e as explicações dadas por você. Vibendo e ainda e sempre aprendendo. Amei os "sijô"


Cláudia Castanheira, gostaria de ter escrito esse poema, diz muito para mim!

Excelente dia.

Beijos

Mirse

Unknown disse...

Os orientais nos orientam. Sijô. Sim. Aprendendo sempre. Abraço.

Francisco Sobreira disse...

Que foto porreta, meu caro. Muita criativa. E parabéns pela conquista do primeiro turno do Corintians da sua amada Caicó. Um abraço.

.maria. disse...

nome adequado: eis aqui um balaio definitivamente porreta!
e que verso é esse que me impede de partir?
um beijo.

líria porto disse...

a começar pela imagem - linda, com aquela letra igual à da tia glorinha!! depois a leveza da poesia coreana e - para arre_matar - versos de matar, que eu tinha motivos para ter escrito!

besos

Adriana Godoy disse...

Moacyr, conferido e aprovado. Belo poema De Claúdia. beijo.

Carito disse...

curto esse balaio curto - curto, belo, denso, dança para os olhos, todos os sentidos, todos os sentados ficam em pé! a carta tem destino certo - pra bem perto do peito, lado esquerdo, coração inacabado... obrigado pela janela d'aula: que linda a poesia sijô, a história do menino, do sol, abriu um novo sol, demais! e por fim, adorei o poema de cláudia, já li e reli vários vezes esse balaio... desse balaio não saio!

Anônimo disse...

Nina

és a nova
Vinda a mim
Mulher
Forte
Fortaleza
Beleza em forma de versos
Vestidos de luz
Espectral
Caótica
Magnética
Terra
Mãe
Lavínia
Ser
Que somente aos
Eleitos é dado vê-la.

damata

Marcelo Novaes disse...

Moa,




Os Sijôs apresentados desdenham das expectativas poéticas medianas: poetizam mais a indagação do olhar do que o olhar em si mesmo.



Cláudia Castanheira lança outro tipo de pergunta. Na gíria local [baixa gíria] esse homem é um "prego" ou "ximbador": o cara que pede o lanche e não come.








Abração.

Jarbas Martins disse...

velho moá, tocante em todos os sete sentidos, o poema de cláudia.
nostálgico, como um verso de confúcio e ezra pound, é o nome de
yun jung im... em que secreto jardim em que seul divina estará a pequena yun jung im ? ajuda-me omar khouri...dia 8 de abril tocarei o solo sagrado de perdizes.

Beti Timm disse...

Meu doce Mestre!

Eu havia decidido me afastar um pouco dos blogs,e me dedicar mais a minha arte, mas percebi que é difícil viver longe do prazer que é esse mundo! Como é bom vir aqui e ver cultura, poesia, imagens de bom gosto. Fica mesmo impossível!

Vou tentar conciliar as duas coisas, essas coisas que me dão a luz pra viver!

beijos com carinho e saudades