BALAIO PORRETA 1986
n° 2990
Rio, 13 de abril de 2010
MARGENS:
IGAPÓ - CAIS TAVARES DE LIRA
Paulo de Tarso Correia de Melo
[ Cf. Grande Ponto ]
Procuro
- nem sei se existe -
um luminoso lugar.
Não quero esta margem esquerda e triste.
Quero as luzes
do outro lado do rio.
Escuro,
até onde aviste
o ansioso olhar.
Não quero esta margem direita e triste.
Quero as sombras
do outro lado do rio.
DOIS LIVROS DE BARTOLA
SERÃO LANÇADOS AMANHÃ, EM NATAL
Tempo de estórias e A roupa da Carimbamba, do contista Bartolomeu Correia de Melo, serão lançados amanhã, a partir das 19h, na livraria Siciliano, do xópim Midi Vai Mal, nas imediações do antigo cabaré de Rita Loura, um dos preferidos do historiador natalense Luís da Câmara Cascudo. Registre-se que Bartola é um dos melhores escritores surgidos nos últimos tempos na província do nosso Rio Grande. Quem também está com livro novo na terra potiguar é o escritor François Silvestre: Esmeralda, crime no Santuário do Lima.
[ in Suave Coisa ]
minhas pernas vão para casa
vão chorando
querem esquecer o caminho
Sérgio Augusto
[ in O Estado de S.Paulo, via Substantivo Plural, na íntegra ]
Duvido que o livro, o maior artefato civilizador inventado pelo homem, esteja com os dias contados. Não tenho como provar sua imperecibilidade, mas como seus tecnófilos coveiros tampouco têm como provar a inevitabilidade de sua obsolescência, fiquemos no concreto: o livro tem 550 anos de serventia e seu avatar eletrônico, menos de 20 anos de experimento e alguns meses de modismo. Frívolo modismo, em muitos casos. Gente que não tinha o hábito de ler – gostar de ler, eis a questão – não modificará seus hábitos motivada, exclusivamente, pelo Kindle.
Assim como o CD não acabou com o vinil, o cinema não acabou com o teatro, nem a TV com o cinema, por que duvidar que algo tão prático e entranhado em nossas vidas como o livro impresso possa desaparecer para sempre? Seu desaparecimento seria inevitável sobretudo por razões econômicas, já que as crescentes despesas com papel, impressão, encadernação e distribuição tendem a inviabilizar a produção do livro tal como o conhecemos. Ocorre que os gastos com todos aqueles itens devoram apenas 20% de seu preço de capa.
13 comentários:
Caramba, o poema de Paulo de Tarso me serve de barcarola, belíssimo, belíssimo. E Nana me caminha.
Beijos.
amo os livros impressos, moa, tenho um cansaço confesso pra ler nessas telinhas brilhosas e brilhantes... mas nada é imutável, por mais que seja consolidado e antigo... o fundamental sempre serão as idéias, não necessariamente o veículo.
a gente vai resistindo enquanto é possível, devoradores de papiro que somos :)
um beijo
Bom dia Moacy!
Linda fotografia. Em Roma são preservadas as ruínas do Coliseu.
Poemas todos lindos.
Cais tavares, brilhou!
Não dispenso meus livros, onde posso virar as páginas reler, sublinhar etc...
Hoje é aniversário de Manoel de Barros. Tenho quase todos os seus livros. Gramática Expositiva do Chão, jamais daria para entender, num PC.
Beijos
Mirse
Jeri - o sonho realidade. Valeu a dica ontem.
Livro é livro e continuará sempre. Outras mídias virão. Espero que proporcionem o desejo, ou o aumentem, de ler de um país que não tem hábito. Ou seja, não se lê por desculpa de preço do livro, não, falta ainda cultivar e cativar leitores.
P.s. Olhando a foto da ponte, lembro com saudade da Imperial Ponte dom Pedro II e inaugurada pelo próprio, aqui em Feira, sobre o rio Jacuípe, e que o tempo e a insensatez dos donos do poder deixaram ruir. A ponte tinha o mesmo modelo da Hercílio Luz em Santa Catarina. Abraço.
Moacy,
Com todas as vantagens que Sérgio Augusto mencionou (mostrou também as desvantagens), eu jamais lerei um livro pelo computador. Leio um conto, uma crônica, um poema, mas um livro inteiro, jamais. Gosto, além de tudo, de sentir o cheiro do livro novo, me deter na capa, "acarinhá´-lo", etc. Um abraço.
Caro Moacy, Cheguei a atravessar essa bela ponte á pe e de carro
( só uma via).
Escrevi o poema sobre esse belo rio e se puder publique
abç,
damata
O rio é vida - Salve o Potengi
Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio, porque o rio não é o mesmo e homem muda - Heráclito
O rio faz parte da civilização
Nas suas margens nasce a cidade
Assim foi com o potengi
Onde habitavam os potiguaras.
No potengi cresci, brinquei, me banhei
Matei a sede e naveguei
Da cacimba tirava água que
transportava em latas
Dos trapiches dava bunda-canastra
Nos tempos da meninice
Jogava bola nos mangues
Juntinho dos manguezais
Tempos que não voltam mais.
No caís da Tavares de Lyra
A balsa para o outro lado
Ir a nado nem pensar
Meninos pulavam e nadavam
Quais aves ribeirinhas
E eu rio à toa do cheiro
Das lembranças e do peixe
que ia pescar com meu pai
Eram bagres nada mais.
Algumas vezes tinha que atravessar
a velha ponte de ferro.
A passarela muito estreitinha
às vezes a tábua movia
Como eu sofria
Debaixo a água sorria
Depois rapazinho,
Ver o por do sol
na pedra do rosário
Namorar não podia
pois era uma lugar sagrado
rio você foi minha vida
meu sustento
minha alegria
Potengi, como gosto de ti
Foto de Jardson Amaral e poema de Paulo de Tarso em perfeita harmonia.
Deu vontade de dar um mergulho no Potengi.
Abs, mestre.
Oi Moacy.
O poema do Paulo de Tarso me fez lembrar do título de um romance do Hemingway, que gosto (mais do título, na verdade): Do outro lado do rio, entre as árvores.
***
Estou com o ex-pasquineiro SA: o livro impresso não vai acabar - na tela do computador não dá pra sentir o cheiro e a textura das páginas.
Um abraço.
Moa,
Sempre tudo bom. Destaque para a autonomia poética dos membros de Mariana.
Abração.
gostei do poema do paulo de tarso. beijos, pedrita
O poema de Paulo de Tarso é uma revelação.Belo!
Beijos,
Maria Maria
Vai votar na Dilma seu idiota? desgraçado mesmo otario imbecil usuaria de bolsa do governo
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