RECOMENDAMOS ESPECIALMENTE: Sassaricando... e o Rio inventou a marchinha, concepção, pesquisa e roteiro de Rosa Maria Araújo e Sérgio Cabral. Da peça (no Ginástico SESC, Centro do Rio) ao disco (Biscoito Fino BF 642, dois cds), admirável coletânea de músicas carnavalescas, com Eduardo Dussek e outros, incluindo a participação, sempre extraordinária, de Henrique Cazes (cavaquinhio e violão tenor), Silvério Pontes (trompete), Zé da Velha (trombone), Dirceu Leite (flauta, flautim. clarinete etc.), Beto Cazes (surdo, reco-reco, pandeiro, pandeirola), Luís Filipe de Lima (violão, violão de 7 cordas), Oscar Bolão (bateria), Nicolas Krassik (violino). E o repertório? Minha Nossa Senhora dos Mil Pecados! Vejam só: Maria Escandalosa, Aurora, Bandeira branca, Yes, nós temos banana, Pedreiro Waldemar, Maria Candelária, Jacarepaguá, Alá-lá-ô, Tomara que chova. Tem mais, muito mais: A lua é dos namorados, Pastorinhas, Daqui não saio, Tem nego bebo aí, Saca-rolha, Turma do funil, Touradas em Madri, Chiquita Bacana, Linda morena, Linda lourinha, O teu cabelo não nega, Pierrô apaixonado, Máscara negra, Pirata da perna-de-pau, Mamãe eu quero, Sassaricando, Cidade maravilhosa. E outras. E outras. Na verdade, em se tratando de carnaval, somente o frevo pernambucano, em termos de criação/animação rítmica e sonora, é capaz de superar a marchinha carioca. Aliás, exatamente ontem, 9 de fevereiro, o frevo completou 100 anos do primeiro registro jornalístico. Nestes 100 anos de história, é possível apontar Levino Ferreira (1890-1970), Capiba (1904-1997) e Nelson Ferreira (1902-1976) como seus maiores representantes. E Vassourinhas, composto em 1909, como seu verdadeiro hino.
BALAIO PORRETA 1986
nº 1952
Rio, 10 de fevereiro de 2007
Poema/Processo, 40 anos
600 livros indispensáveis (5/100)
As pelejas de Ojuara, de Nei Leandro de Castro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, 296p. [Com dedicatória.] Carnavalização da cultura popular, trata-se do romance de maior sustança estética da literatura potiguar, um dos grandes títulos brasileiros dos últimos 30 anos. Entre o picaresco e a fábula, estamos diante de uma obra deliciosa: por seu tema (“a história verdadeira do homem que virou bicho”), por seu estilo, por sua brasilidade nordestina.
Carnaval, in Estrela da vida inteira, de Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966, p.47-76. [Adquirido na Universitária, em Natal, em 1966.] A poesia maior de Bandeira em textos quase sempre magistrais: Bacanal, A canção das lágrimas de Pierrot, Pierrot branco, Arlequinada, Pierrot místico, Rondó de Colombina, O descante de Arlequim, A dama branca, Rimancete, Madrigal, Alumbramento, Poema de uma quarta-feira de cinzas.
O livro de ouro do carnaval brasileiro, de Felipe Ferreira. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004, 422p. [] Uma boa introdução à história e à sociologia do nosso carnaval. Lamente-se, contudo, o pouco espaço dado ao frevo pernambucano, umas das resistências culturais mais fortes, hoje, à carnavalidade televisiva imposta pelo poder imperial da mídia. O melhor carnaval do país, nos últimos anos, caso já não tenha sido deturpado, é o do Recife Antigo.
História do carnaval carioca, de Eneida. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1958, 316p. [Adquirido no Brechó Desculpe, Mas Sou Chique, em Laranjeiras, Rio.] Em estilo claro e objetivo, um clássico da historiografia brasileira, considerando seus aspectos sociológicos e populares. Indispensável para quem pretende estudar as origens e o desenvolvimento do carnaval do Rio: os entrudos, o Zé Pereira, as Sociedades, os blocos, as músicas etc.
Ameno Resedá, o Rancho que foi Escola; Documentário do carnaval carioca, de Jota Efegê. Rio de Janeiro: Letras e Artes, 1965, 182p. [] O Ameno Resedá, o mais famoso rancho do carnaval do Rio, foi fundado no dia 17 de fevereiro de 1907, há 100 anos, portanto. Este livro, marcado pela emoção, narra a sua vitoriosa história, até ser “engolido” pelas escolas de samba, culminando com o seu fim no dia 15 de fevereiro de 1941.
Carnaval J. Carlos, de Luciano Trigo (texto) & Cássio Loredano (organização). Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 1999, 190p. [] Excepcional coletânea de cartuns & capas de J. Carlos [1884-1950], o maior artista do humor gráfico brasileiro de todos os tempos, tendo como tema, aqui, o carnaval carioca em sua fase de ouro. A alegria das melindrosas, por exemplo, é contagiante. Assim como estonteante é o traço de J. Carlos.
UM FILME PORRETA
Carnaval Atlântida (Brasil, 1952),
de José Carlos Burle,
com Oscarito, Grande Otelo, Cyll Farney, Eliana Macedo, Maria Antonieta Pons.
Exemplo perfeito da chanchada carnavalesca. Segundo o teórico e professor João Luiz Vieira, trata-se de um filme-manifesto, “uma experiência inédita no campo do cinema reflexivo, ou do metacinema” (História do cinema brasileiro, p.165).
UM DISCO PORRETA
Nove de Frevereiro, de Antônio Nóbrega. [Brincante BR0007-2] Homenagem amorosamente criativa ao ritmo mais estonteante do carnaval brasileiro, através de alguns frevos famosos: Último dia (Levino Ferreira), Sonhei que estava em Pernambuco (Clóvis Mamede), A pisada é essa (Capiba), Dedé (Nelson Ferreira), Isquenta muié (Nelson Ferreira), Relembrando o passado (João Santiago). Com um ótimo encarte. Para ouvir e “frever”.
Almanaque do BALAIO
(Frevo-de-bloco de Nelson Ferreira)
Felinto... Pedro Salgado...
Guilherme... Fenelon...
Cadê teus Blocos famosos?
Bloco das Flores... Andaluzas...
Pirilampos... Após Fum...
Dos carnavais saudosos!
Na alta madrugada
O coro entoava
Do bloco a marcha-regresso
Que era o sucesso
Dos tempos ideais
Do velho Raul Moraes
Adeus, adeus, minha gente
Que já cantamos bastante...
E Recife adormecida
Ficava a sonhar
Ao som da triste melodia...
7 comentários:
Mudança de blog! E como sempre com ótimos posts! Irei me atualizar por aqui... Vi belos poemas!
Estou curiosa para ver o filme do livro de Nei Leandro Castro. O livro é maravilhoso!
Beijos e apareça mais vezes! ;)
O Balaio de hoje tá arretado, Moacy, ARRETADO.
Um beijo.
Moacy,
Ótima a postagem de hoje (novidade!). Tomara que os cds de "Sassaricando" r da celebração dos 100 anos do frevo (não sei se é melhor do que a marcinha: na dúvida, fico com os dois). Um abraço.
Olá Moacyr, que interessante um post cheio de referencias carnavalescas!!! Mais contextualizado - e contextualizante - que isso é (quase) impossivel!!!!
Muito bom! Parabéns!
beijos
Moacy, ontem mesmo eu estava conversando com a minha filha sobre as marchinhas de carnaval. Eu não soube responder se ainda se fazem marchinhas, ou todas as que se cantam ainda hoje são as antigas.
Por indicação de um poeta próximo, pois que me deparo com um espaço que faz respirar as terras de onde venho...faz-me sentir o aroma da chuva no Seridó; aquelas, quando as algarobas deixam de fingir a morte, e vestem-se de verde-festa e os riachos surgem sobre os serrotes numa "carreira" orquestral.
Visitarei, decerto, outras tantas vezes esse espaço "porreta" que fala com tanta verdade das coisas do sertão.
Parabéns.
Elora
Salve Moacy:
Interessantes e oportunas recomendações. Carnaval, além de folia, é cultura.
Um abraço.
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