segunda-feira, 19 de março de 2007

TEATRO

O macho espanta-se
com a minha mão
no seu sexo.
Velha peça teatral.
Estremeço com sua mão
na minha nuca,
com sua boca
na minha de puta.
Gozo ancestral.

(de JEANNE ARAÚJO
[Acari, RN]
)


BALAIO PORRETA 1986
nº 1974
Natal, 19 de março de 2007
Poema/Processo, 40 anos



HAI-KAIS sobre um Corpo de Mulher
de Lívio Oliveira
(RN)

I - Olhos

Encontro de luzes,
expressa tensão dormente.
Da noite regressam.

II - Mãos

A seda e o leite,
abastecendo o encontro
em macios enlaces.

III - Lábios

Tateio-te a boca,
albergue de língua acesa,
moldura molhada.

IV - Pés

Movem-se, lúdicos.
Ai, impudicos artelhos:
razão de delitos!

V - Costas

Estende a costela,
exibindo a tatuagem:
fissura ilustrada.

VI - Seios

Opulência ilhada:
insulares e dúplices
presentes lácteos.

VII - Ancas

Bodas com a carne,
dança que envolve e esconde
o objeto intruso.

VIII - Púbis

Chegada doída,
suspiros de cansaço único,
exílio fálico.


PÓS-ATONALISMO

A platéia presente na Feira dos Sebos de Natal viveu um momento surrealista através de Helmut Cândido, personagem boêmio da cena literária potiguar, quando o "leitor honorário" do Sebo Vermelho, no sábado à tarde, depois de cinco lapadas de cana e três garrafas de cerveja, subiu ao palco armado na Praça André de Albuquerque para interpretar/recriar/redimensionar a voz e os sucessos de Nelson Gonçalves. Com seus agudos e graves fora de tom, para espanto e alegria do público, pode-se dizer que Helmut inaugurou entre nós o "pós-atonalismo cômico-etílico-serial". Um punk-anarquista presente ao evento delirava: "Sublime! Divino! Maravilhoso". De tão ruim, ficou ótimo. Como se fora um filme trash.

8 comentários:

Anônimo disse...

Excelente o poema. Belos os hai-kais. Queria estar na praça pra ver o show do Helmut.
***
A Trincheira está inoperante por esses dias. Suspeito tratar-se de sabotagem encomendada por Marconi Leal, meu desafeto cordial, com quem estou travando um duelo titânico. Estou realizando esforços hercúleos para reativar a minha bazuca virtual.
Um abraço.

Anônimo disse...

Excelente o poema. Belos os hai-kais. Queria estar na praça pra ver o show do Helmut.
***
A Trincheira está inoperante por esses dias. Suspeito tratar-se de sabotagem encomendada por Marconi Leal, meu desafeto cordial, com quem estou travando um duelo titânico. Estou realizando esforços hercúleos para reativar a minha bazuca virtual.
Um abraço.

Anônimo disse...

Meu caro,
De volta ao Rio?
Os poemas de hoje estão ótimos.
No mais, desejar feliz retorno.
Forte abraço.

Anônimo disse...

Grande Moacy!
Quem nunca assistiu a um show assim? Só quem não conhece os birinaites da vida. E tem gente que acha que ser abstêmio é perder só o gole...

Anônimo disse...

Moacy: a trincheira do jens foi definitivamente pro pau, por problemas técnicos. Estou de casa nova: www.tocadojens.zip.net
Apareça!

dade amorim disse...

Pois é, Moacy, os extremos acabam sempre se encontrando. Deve ter sido um show e tanto. Bonitos, os poemas. Um abração.

o refúgio disse...

Belo poema, belos haicais. Um beijo.

Anônimo disse...

Esses poemas são belos. E o comentário da feira, me deixou com mais saudade de lá. Mas, ano que vem tem mais, né? ;)

Beijo.