CORRENTEZA EM NOITE DE LUA VERMELHA
Poema/processo:
Projeto semântico-inaugural de Moacy Cirne (em março de 2005)
Este poema azul e azulência,
em sendo divulgado nos próximos 13 dias,
resultará,
para aquele ou aquela que o fizer,
em
cinco auroras sonolentas
quatro manhãs arrepiadas
três tardes atrevidas
dois crepúsculos cansados
um poema docemente encantado
docemente encarnado.
Quem não o divulgar,
dele tomando conhecimento,
será condenado
ao fogo eterno da paixão
em noite de lua vermelha,
nas cercanias do Poço de Santana,
com suas águas cantantes
e suas surpresas cortantes.
BALAIO PORRETA 1986
nº 1991
Rio, 9 de abril de 2007
DIARIM DE MARIA BUNITA - III
(Divulgação: Menina Arretada do Seridó)
Quando agente pernambucava sem êra nem bêra, o Capitão resolveu me mandá passá uns dias com umas tias arengueras em Olinda, do lado de um marzão mais besta do que a besta-fera. Apois num é que, veja sim sinhô, vi o danado do carnavá, era um tá de frevê pra cá, de frevê pra lá, vixe Maria. E ainda me ofereceram um cigarrim de paia diferente, com um xêro istranho, fiquei alegre pra chuchu, inté apareceu um engraçadinho com miolo-de-quartinha isquisito, sapequei cinco dedo nas fuça dele, deve tá rodopiando qui nem pião inté agora. O Capitão pode ficá satisfeito com a nega dele, num vacilei, queimei nas apragatas e tô aqui isperando pelo meu hômi. E tumbém, se Deus quizer, e Nossa Senhora ajudá, posso isperá por um certo Diabo Lôro, mais aí o Capitão num pode sabê nem que a vaca tussa mil vêis. Vixe, num sei cuma vai acabá essa história. Dêrna qui me intendo de gente, nunca tive tão lutrida de quereres.
OS CLÁSSICOS DA MÚSICA CLÁSSICA
Anotações mínimas de um ouvinte feliz
O cravo bem temperado, I (1722) e II (1744), de Johann Sebastian Bach.
Em quantidade e qualidade, Bach continua insuperável: são mais de1000 obras (mais exatamente: 1087), das quais umas 400 ou 420 são absolutamente indispensáveis e, dessas, 80 ou 90 são obras-primas maravilhosas. Aqui, a ornamentação barroca aparece mais cristalizada do que nunca: uma verdadeira catedral de sons dionisíacos, em radiante harmonia arquitetural. Aqui, neste exemplo de pura musicalidade, trata-se de uma inestimável coletânea de 48 prelúdios e fugas, dentro da melhor síntese bachiana possível, uma síntese que, muitas vezes, beira o sublime artístico: "Ao compor O cravo bem temperado, Bach soube escrever em todas as tonalidades com tanta invenção musical, que a obra contribuiu amplamente para o estabelecimento do sistema tonal" (Jean-Jacques Soleil e Guy Lelong, in As obras-primas da música, p.104). Segundo alguns, seria uma verdadeira "súmula de ciência e poesia". Contudo, há pessoas que consideram O cravo demasiadamente formal, em sendo, antes de mais nada, exercícios preciosistas de refinada composição sonora para o teclado. Neste caso, suas preferências bachianas seriam outras, talvez mais radiosas. Mas, para nós, sobretudo através de Gustav Leonhardt, Bach possivelmente atingiria, nesta obra, o apogeu da sua arte musical, mesmo considerando a extrema e burilada beleza das Cantatas, das Suítes para violoncelo, da Missa em Si menor, da Paixão segundo São Mateus, dos Concertos de Brandenburgo, da Oferenda musical, da Arte da fuga e assim por diante.
Cinco indicações discográficas imprescindíveis:
[] Das wohltemperierte klavier, por Gustav Leonhardt, ao cravo (Deutsche Harmonia Mundi, 1969 e 1971);
[] por Kenneth Gilbert, ao cravo (Archiv, 1983);
[] por Ton Koopman, ao cravo (Erato, 1982);
[] por Friedrich Gulda, ao piano (Philips, 1972 e 1973);
[] por Glenn Gould, ao piano (CBS Sony, 1974).
Em tempo: Não conhecemos as versões de Ralph Kirkpatrick, ao cravo (para a Archiv e a Deutsche Grammophon), assim como nunca ouvimos a interpretação de Edwin Fischer, ao piano (para a EMI), bastante apreciada pelos especialistas. Mas apreciamos de igual modo as de Davitt Moroney, ao cravo (registrada em 1988, para a Harmonia Mundi) e a de Walter Gieseking, ao piano (gravada em 1950, para a Deutsche Grammophon), assim como a de Wanda Landowska (do Livro I), ao cravo, gravada para a RCA de 1949 a 1951. As versões de Keith Jarrett e Sviatoslav também tem seus apreciadores, assim como tem seus admiradores as de Bob Van Asperen e Helmut Walcha.
NOMES ESTRANHOS DE BRASILEIROS DA SELVA SILVA
Adeláureo Sozinho Cunha
Agrizônio Bacalhau
Cândido Santos Virgens
Céu Azul do Sol Poente
Ciro Vieira Zig Zag
Dezênio Fevereiro de Oitenta e Cinco
Epafródito de Mel Azedo
Flora Floripes Flor da Floresta Brasileira
Francisco Chico de São Francisco
Inocêncio Coitadinho Sossegado de Oliveira
Janeiro Fevereiro da Silva Março
Maria dos Prazeres Fortes
Pedro Ypiranga Sete de Setembro
Pífia Péfia de Magalhães Cracunda
Rolando Escada Abaixo
Simplício da Simplicidade Simples
Sorriso Madrugador Pereira da Silva
Tarzan Leão de Sousa
Último de Carvalho
Veneza Americana do Recife
[Fontes: Mário Souto Maior, Abdias Lima e Itamar Espíndola]
7 comentários:
Olá, Cirne! Enviei um e-mail para o balaio86@oi.com.br
Você recebeu? Senão, envio de novo. É sobre o Pererê. Abraços!
Moacy, caríssimo,
O Balaio de hoje tá sensacional!
Rapaz, já conhecia esse teu poema mas esqueci de divulgá-lo: tô lascada.
Quer dizer que a Menina do Seridó queimou um baseado em Olinda, foi? Essa Maria Bunita é arretada mesmo.
Esse cravo bem temperado de Bach deve ser delicioso.
E tem cada nome hilário :D
Beijo
da Maluca Veneza das Graças.
Se Maria Bunita aparecesse pelos lado do Beco da Lama, esqueceria ligeiro o tal do Capitão ou o Diabo Lôro. Agora, essas correntezas arretadas, eu repasso na hora.
Meu caro Moacy,
A Corrente Correnteza é tão instigantemente bela que não vejo outro caminho senão enviá-la a todos os amigos (e os nem tanto) via emeio, qualquer meio.
Forte abraço.
Moacy,
Quanto trabalhei em Sobral, no BB, havia um funcionário chamado Oceano Atlântico. Um abraço.
Belíssimo poema, Moacy.
Hilário os nomes estranhos. A criatividade pátria não tem limites.
Rapaz,
eu sou TARZAN LEÃO DE SOUSA e nao vejo nada de estranho em ser tarzan. Para saber mais sobre mim, visite os sites www.saraiva.com.br, www.portalparacatu.com.br. Digite o nome Tarzan Leão e verás que sou de carne e osso.
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