O sonho. A distância.
O sol. A água. A cor, as cores.
A mulher. O reflexo.
A foto. Niko Guido. PhotoNet.
BALAIO PORRETA 1986
nº 2082
Rio, 6 de agosto de 2007
A POESIA POPULAR DE ZÉ LIMEIRA (PB)
Zé Limeira quando canta
Estremece o Cariri,
As estrela trinca os dentes,
Leão chupa abacaxi,
Com trinta dias depois
Estoura a guerra civi!
Jesus nasceu em Belém,
Conseguiu sair dali,
Passou por Tamataí,
Por Guarabira também,
Nessa viagem de trem
Foi parar no Entroncamento,
Não encontrou aposento
Dormiu na casa do Cabo,
Jantou cuscus com quiabo,
Diz o Novo Testamento.
Um dia o Rei Salomão
Dormiu de noite e de dia,
Convidou Napoleão
Pra cantar pilogamia,
Viva a Princesa Isabé
Que já morou em Sumé
No tempo da Monarquia.
[ in Zé Limeira, poeta do absurdo,
de Orlando Tejo ]
OS 100 FILMES ESSENCIAIS DA BRAVO!
Estamos cansados de repetir: toda e qualquer lista de melhores (filmes, discos, livros etc.), em não sendo definitiva, reflete situações e contextos culturais que devem ser relativizados. Mesmo assim às vezes nos surpreendemos com certas opiniões/colocações. É o que veremos com os filmes selecionados pela paulistana Bravo!, agrupando-os de dez em dez, para melhor comentá-los.
Os dez primeiros: 1. Cidadão Kane (Welles); 2. O poderoso Chefão (Coppola); 3. Sindicato de ladrões (Kazan); 4. Um corpo que cai (Hitchcock); 5. Casablanca (Curtiz); 6. Oito e meio (Fellini); 7. Lawrence da Arábia (Lean); 8. A regra do jogo (Renoir); 9. O encouraçado Potemkin (Eisenstein); 10. Rastros de ódio (Ford).
Se o filme de Welles é figurinha fácil nas pesquisas envolvendo críticos e cineastas - sempre em primeiro -, e se O poderoso Chefão, Vertigo, Oito e meio, A regra do jogo, Potemkin e The searchers são obras-primas indiscutíveis, não há como entender a supervalorização de Sindicato de ladrões (Kazan tem filmes melhores, em nossa opinião), Lawrence da Arábia (o belíssimo Desencanto foi ignorado) e Casablanca, cuja qualidade é mais mitológico-emocional do que estético-cinematográfica. Registre-se ainda que não há mais nenhum filme de Welles, Renoir ou Ford entre os 100 Mais. Qual o critério adotado para a escolha final? E o que dizer das ausências de Bresson, Pasolini, Cassavetes, Ray, Tati, Rivette, Vertov e Mizoguchi, além de Straub & Huillet? E de Nelson Pereira dos Santos, entre os brasileiros? Aliás, em se tratando de cineastas nacionais, os únicos contemplados foram Hector Babenco, Luiz Fernando Carvalho, Fernando Meirelles e Glauber Rocha (com apenas um filme: Deus e o diabo na terra do sol).
Os dez seguintes são: 11. Cantando na chuva (Kelly & Donen); 12. Crepúsculo dos deuses (Wilder); 13. Persona (Bergman); 14. O mensageiro do diabo (Laughton); 15. 2001: uma odisséia no espaço (Kubrick); 16. Os sete samurais (Kurosawa); 17. O leopardo (Visconti); 18. Taxi driver (Scorsese); 19. Era uma vez em Tóquio (Ozu); 20. Fitzcarraldo (Herzog).
Aqui, há duas surpresas maiores: O mensageiro do diabo (de qualquer maneira, um filme muito bom, mas não excepcional) e Herzog, que tem obras mais significativas. Mas é preciso salientar: nossa opinião também passa por um subjetivismo crítico a ser visto com certo cuidado. Nossos parâmetros estéticos não são - nem pretendem ser - necessariamente melhores do que outros por ventura adotados. Não por acaso hoje procuramos nos basear numa leitura "crítico-afetivo-libertinária", com as mais diversas implicações sociais e culturais. No fundo, trata-se de uma leitura entre a emoção e a razão. Com o necessário equilíbrio crítico? Talvez sim, talvez não.
[ Continua amanhã ]
UM BLOGUE PORRETA
Ponto Gê, de Beth Almeida.
Poesia, decididamente poesia:
poesia visceral, poesia contida.
Sempre poesia.
|||||||||||||||||||||||||
Se tivéssemos de estudar todas as leis não teríamos tempo para as transgredir. (GOETHE. Máximas e reflexões. Lisboa : Guimarães Editores, 1987, p.60)
Estamos cansados de repetir: toda e qualquer lista de melhores (filmes, discos, livros etc.), em não sendo definitiva, reflete situações e contextos culturais que devem ser relativizados. Mesmo assim às vezes nos surpreendemos com certas opiniões/colocações. É o que veremos com os filmes selecionados pela paulistana Bravo!, agrupando-os de dez em dez, para melhor comentá-los.
Os dez primeiros: 1. Cidadão Kane (Welles); 2. O poderoso Chefão (Coppola); 3. Sindicato de ladrões (Kazan); 4. Um corpo que cai (Hitchcock); 5. Casablanca (Curtiz); 6. Oito e meio (Fellini); 7. Lawrence da Arábia (Lean); 8. A regra do jogo (Renoir); 9. O encouraçado Potemkin (Eisenstein); 10. Rastros de ódio (Ford).
Se o filme de Welles é figurinha fácil nas pesquisas envolvendo críticos e cineastas - sempre em primeiro -, e se O poderoso Chefão, Vertigo, Oito e meio, A regra do jogo, Potemkin e The searchers são obras-primas indiscutíveis, não há como entender a supervalorização de Sindicato de ladrões (Kazan tem filmes melhores, em nossa opinião), Lawrence da Arábia (o belíssimo Desencanto foi ignorado) e Casablanca, cuja qualidade é mais mitológico-emocional do que estético-cinematográfica. Registre-se ainda que não há mais nenhum filme de Welles, Renoir ou Ford entre os 100 Mais. Qual o critério adotado para a escolha final? E o que dizer das ausências de Bresson, Pasolini, Cassavetes, Ray, Tati, Rivette, Vertov e Mizoguchi, além de Straub & Huillet? E de Nelson Pereira dos Santos, entre os brasileiros? Aliás, em se tratando de cineastas nacionais, os únicos contemplados foram Hector Babenco, Luiz Fernando Carvalho, Fernando Meirelles e Glauber Rocha (com apenas um filme: Deus e o diabo na terra do sol).
Os dez seguintes são: 11. Cantando na chuva (Kelly & Donen); 12. Crepúsculo dos deuses (Wilder); 13. Persona (Bergman); 14. O mensageiro do diabo (Laughton); 15. 2001: uma odisséia no espaço (Kubrick); 16. Os sete samurais (Kurosawa); 17. O leopardo (Visconti); 18. Taxi driver (Scorsese); 19. Era uma vez em Tóquio (Ozu); 20. Fitzcarraldo (Herzog).
Aqui, há duas surpresas maiores: O mensageiro do diabo (de qualquer maneira, um filme muito bom, mas não excepcional) e Herzog, que tem obras mais significativas. Mas é preciso salientar: nossa opinião também passa por um subjetivismo crítico a ser visto com certo cuidado. Nossos parâmetros estéticos não são - nem pretendem ser - necessariamente melhores do que outros por ventura adotados. Não por acaso hoje procuramos nos basear numa leitura "crítico-afetivo-libertinária", com as mais diversas implicações sociais e culturais. No fundo, trata-se de uma leitura entre a emoção e a razão. Com o necessário equilíbrio crítico? Talvez sim, talvez não.
[ Continua amanhã ]
UM BLOGUE PORRETA
Ponto Gê, de Beth Almeida.
Poesia, decididamente poesia:
poesia visceral, poesia contida.
Sempre poesia.
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Se tivéssemos de estudar todas as leis não teríamos tempo para as transgredir. (GOETHE. Máximas e reflexões. Lisboa : Guimarães Editores, 1987, p.60)
7 comentários:
Bom dia, Moacy! Balaio tinindo nessa segunda-feira chuvosa.
A começar pela foto belíssima que me remete àquela solidão (da boa) onde a gente gosta de estar consigo mesmo.
Zé Limeira. Gostei de conhecer mais esse paraibano porreta! Sou apaixonada pela literatura nordestina, tão própria, tão rica, tão surpreendente sempre.
Cinema. Adoro, mas sou totalmente amadora no assunto. Aprendo muito por aqui.
Beth Almeida. Amiga querida de uma sensibilidade única. Uma de minhas "ídolas". Sempre poesia mesmo!
E a perfeita citação de Goethe pra coroar.
Beijo grande e uma ótima semana.
Assim como Isabella sou amadora em cinema mas gosto um bocado. E Por aqui a gente sempre tá aprendendo. Por exemplo: Não conhecia o diretor John Cassavetes do qual você já citou o filme "Uma Mulher sob Influência". Quando vi, semana passada, que estava passando num cinema local, fui assistir curiosa. Gostei muito apesar de ter mexido demais comigo (num determinado momento saí da sala pra beber água, depois voltei e continuei a assistir). Coisas da vida...
Um beijo
e grata por mais um comentário sensível lá no refúgio.
olá, vim dar uma olhada nesse seu blog tb. gostei muito das suas relações de filmes, livros do seu perfil. beijos, pedrita
Oi Moacy querido,
Acho estas listas muito chatas e sacais...são estes filmes importantes, cada qual para o seu tempo.
Mas também não gosto do absolutismo de uma revista. Ainda que seja a Bravo!
Mas ainda assim, estou mortinha de curiosidade para ver o restante da lista (contraditório né?)
Libera aí, mestre Moacy!
bjs,
Sandra
Moacy: perfeito o casamento entre imagem e texto.
***
Quanto aos filmes: Casablanca, sempre.
Um abraço.
1001 beijos pra vc! Pra sempre meu xodó... ;)
Poxa, Moacy, acho que está sendo injusto com filmes como Casablanca e Lawrence da Arábia. Ambos filmes são também obras-primas indiscutíveis. E vou além, Casablanca é um dos filmes mais perfeitos já feitos.
Outra coisa, de fato a ausência de Desencanto é para ser sentida.
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