A beleza e a expressão maior
de um olhar
na foto de Carlos Manuel Pereira
[ in 1000 Imagens ]
BALAIO PORRETA 1986
nº 2120
Rio, 12 de setembro de 2007
JOGOS FLORAIS
de Antonio Carlos de Brito (Cacaso)
[ in Grupo Escolar, 1974 ]
I
Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico.
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.
Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre:
a água já não vira vinho,
vira direto vinagre.
II
Minha terra tem Palmares
memória cala-te já.
Peço licença poética
Belém capital Pará.
Bem, meus prezados senhores
dado o avançado da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho.
(será mesmo com 2 esses
que se escreve paçarinho?)
A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS (31c / 111)
Grupo Escolar, de Antonio Carlos de Brito. Rio de Janeiro : Coleção Frenesi, 1974. [Com dedicatória do Autor: "Para Moacy Cirne, sabendo que acima da revolução poética ou gráfica está a amizade. C/ um grande abraço do Cacaso, 6/74.] De um dos expoentes da "literatura alternativa" dos anos 70, este Grupo Escolar parece ser a síntese dos grilos e anseios políticos culturais de uma uma época marcada pelos vôos libertários e socialistas da juventude inquieta com a sua própria história fundada no pós-existencialismo e no pós-tropicalismo, perdida entre Marcuse, McLuhan e Althusser. Os versos de Cacaso, assim, adquiriam um tom irônico em relação ao fazer literário: "O poema anfíbio descansa/ sob meu olho educado".
Les murs ont la parole; Journal Mural Mai 68, citations recueillies par Julien Besançon. Paris : Tchou Éditeur, 1968, 180p. [] São mais de 1000 frases escritas com revolta, suor e lágrimas - e amor juvenil - nos muros da Sorbonne, do Odéon, de Nanterre, em Paris, no famoso Maio Francês de 1968. Eis aqui a história viva do momento/movimento em frases como:
| Exagerar é começar a inventar |
| Decreto o estado de felicidade permanente |
| Ser livre em 1968 é participar |
| Um homem não é estúpido ou inteligente: ele é livre ou não é |
| Todo poder abusa. O poder absoluto abusa de forma absoluta |
| Aqui, o espetáculo da contestação. Contestemos o espetáculo |
| A política se faz na rua |
| A Revolução deve se fazer nos homens
antes de se realizar nas coisas |
| Inventai novas perversões sexuais |
| É proibido proibir. A liberdade começa por uma proibição: a de prejudicar a liberdade de outra pessoa |
| A floresta precede o homem, o deserto o segue |
| A novidade é revolucionária, a verdade também |
| O álcool mata. Tome LSD |
| Contestação permanente |
| Abaixo o realismo socialista. Viva o surrealismo |
| Deus é um escândalo, um escândalo que rende. Baudelaire |
| Criatividade Espontaneidade Vida |
| A morte é necessariamente uma contra-revolução |
| A vontade geral contra a vontade do general |
| A insolência é a nova arma revolucionária |
| A liberdade é a consciência da necessidade |
| Abaixo o orientalismo neo-exótico |
| Meus desejos são a realidade |
| Sonho ser um imbecil feliz |
| Sejam realistas, exijam o impossível |
| A imaginação no poder |
| Exagerar, eis a arma |
[ Nota: algumas dessas frases são releituras de textos
anarquistas e socialistas ]
[][][]
de um olhar
na foto de Carlos Manuel Pereira
[ in 1000 Imagens ]
BALAIO PORRETA 1986
nº 2120
Rio, 12 de setembro de 2007
JOGOS FLORAIS
de Antonio Carlos de Brito (Cacaso)
[ in Grupo Escolar, 1974 ]
I
Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico.
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.
Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre:
a água já não vira vinho,
vira direto vinagre.
II
Minha terra tem Palmares
memória cala-te já.
Peço licença poética
Belém capital Pará.
Bem, meus prezados senhores
dado o avançado da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho.
(será mesmo com 2 esses
que se escreve paçarinho?)
A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS (31c / 111)
Grupo Escolar, de Antonio Carlos de Brito. Rio de Janeiro : Coleção Frenesi, 1974. [Com dedicatória do Autor: "Para Moacy Cirne, sabendo que acima da revolução poética ou gráfica está a amizade. C/ um grande abraço do Cacaso, 6/74.] De um dos expoentes da "literatura alternativa" dos anos 70, este Grupo Escolar parece ser a síntese dos grilos e anseios políticos culturais de uma uma época marcada pelos vôos libertários e socialistas da juventude inquieta com a sua própria história fundada no pós-existencialismo e no pós-tropicalismo, perdida entre Marcuse, McLuhan e Althusser. Os versos de Cacaso, assim, adquiriam um tom irônico em relação ao fazer literário: "O poema anfíbio descansa/ sob meu olho educado".
Les murs ont la parole; Journal Mural Mai 68, citations recueillies par Julien Besançon. Paris : Tchou Éditeur, 1968, 180p. [] São mais de 1000 frases escritas com revolta, suor e lágrimas - e amor juvenil - nos muros da Sorbonne, do Odéon, de Nanterre, em Paris, no famoso Maio Francês de 1968. Eis aqui a história viva do momento/movimento em frases como:
| Exagerar é começar a inventar |
| Decreto o estado de felicidade permanente |
| Ser livre em 1968 é participar |
| Um homem não é estúpido ou inteligente: ele é livre ou não é |
| Todo poder abusa. O poder absoluto abusa de forma absoluta |
| Aqui, o espetáculo da contestação. Contestemos o espetáculo |
| A política se faz na rua |
| A Revolução deve se fazer nos homens
antes de se realizar nas coisas |
| Inventai novas perversões sexuais |
| É proibido proibir. A liberdade começa por uma proibição: a de prejudicar a liberdade de outra pessoa |
| A floresta precede o homem, o deserto o segue |
| A novidade é revolucionária, a verdade também |
| O álcool mata. Tome LSD |
| Contestação permanente |
| Abaixo o realismo socialista. Viva o surrealismo |
| Deus é um escândalo, um escândalo que rende. Baudelaire |
| Criatividade Espontaneidade Vida |
| A morte é necessariamente uma contra-revolução |
| A vontade geral contra a vontade do general |
| A insolência é a nova arma revolucionária |
| A liberdade é a consciência da necessidade |
| Abaixo o orientalismo neo-exótico |
| Meus desejos são a realidade |
| Sonho ser um imbecil feliz |
| Sejam realistas, exijam o impossível |
| A imaginação no poder |
| Exagerar, eis a arma |
[ Nota: algumas dessas frases são releituras de textos
anarquistas e socialistas ]
[][][]
10 comentários:
Oi Moacy:
Muito legal o Jornal Mural Maio de 68 (O álcool mata. Tome LSD, hehehe...) Existe tradução em Português? Infelizmente só domino duas línguas: o português e o gauchês.
Um abraço.
Caro JENS, que eu saiba, não, não existe tradução em português. Mas muitas dessas frases - as mais famosas, do tipo "È proibido proibir" - já circulam entre nós desde então. Com o tempo divulgarei outras, menos conhecidas. Um abraço.
Tendo no poder
a minha imaginação
Faço-me, assim,
Uma total e feliz
Imbecil...
hehehe Não resisti e brinquei um pouco coma s frases que me tocaramm..
beijos...
Moacy, deixo para comentar apenas a imagem: linda, linda. Um abraço.
Mais uma bela postagem, Moacy.
Interessantes demais as frases!
Abraço de Lívio
Frases excelentes de um tempo efervescente. Adorei várias. E o olhar da modelo na imagem está belíssimo.
Beijos.
Moacy,
Sei que estou sendo repetitivo, mas não posso deixar de dizer que a fotografia há muito-muito tempo se converteu numa arte (a oitava?) e essa de hoje é um exemplo disso. Aliás, quase todas que você vem colocando o são. E o humor desses versos de Cacaso me fizeram lembrar um pouco o de Mário Quintana. Um abraço.
Lembrei-me de uma outra frase bacana dos estudantes de Paris:
"Quanto mais eu faço amor mais eu tenho vontade de fazer a revolução, quanto mais eu faço a revolução mais eu tenho vontade de fazer amor"
Um beijo.
É proibido proibir. A liberdade começa por uma proibição: a de prejudicar a liberdade de outra pessoa. Ah se as pessoas entendessem...
Mais um post impecável: fotografia forte e belíssima, criatividade e inteligência num poema bem humorado (adorei a dedicatória do autor)e a genialidade de frases que, releituras ou não, são brilhantes e instigam o pensamento.
Vício bom demais esse de vir aqui remexer teu balaio. Beijo.
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