terça-feira, 4 de setembro de 2007


A RELIGIOSIDADE MÍSTICO-MEDIEVAL-SERIDOENSE
dos nossos dias encontra em Urbano Medeiros [foto], nascido em São João do Sabugi, sertão do Rio Grande do Norte, o seu representante mais criativo, mais inquieto, mais instigante no solo fértil da sonoridade brasileira, com seu saxofone dos deuses e das terras potiguares, hoje igualmente mineiras. (Urbano, adoentado, com problemas cardíacos, há alguns anos reside em Pará de Minas, com sua família; seus irmãos Totó e Ubaldo Medeiros, igualmente músicos da melhor qualidade, continuam no Rio Grande.) Ouso dizer, como ouvinte feliz, que ele é um dos poucos gênios vivos da nossa música, ao lado de um Naná Vasconcelos, de um Elomar, de um Paulinho da Viola, de um Tom Zé, de um Hermeto Pascoal, de mais dois ou três nomes de um país chamado Brasil. Ontem mesmo, fiquei horas e horas ouvindo Sopro bizantino, produção independente. Aliás, Urbano acaba de lançar um disco de choros, que ainda não ouvi. Mas, levando em conta a sua obra anterior, que inclui o antológico Da Palestina ao Seridó, em parceria com os irmãos, deve ser coisa rara, coisa preciosa. (Contatos: [37]3231-1332)

[ Foto de José Eustáquio Manso, in Olhares, em 28/4/2007 ]


BALAIO PORRETA 1986
nº 2112
Rio, 4 de setembro de 2007



CANTIGA PARA UM DIA AMUADO
de Mário Coivara (CE)
[ in Faca de Fogo ]

encontro, para teu ofício de fêmea, uma lasca de carinho.


DOIS POEMAS

de Adelaide de Julinho (MG)
[ in Germina Literatura ]

quase impossível

difícil convivência:
ele, superego,
eu, superégua

8 de macho

nasci pra isso:
ou fico por cima,
ou não saio debaixo


POESIA, BUSCA DA GEMA
de Afonso Henriques Neto (RJ)
[ in 50 poemas escolhidos pelo Autor, 2003 ]

poesia, busca da gema nos destroços,
música, bicho
naufragado no conhaque do sol

agora que sei ler a biópsia do desastre
quero você num maremoto de flores,
amanhecida, anoitecida, bêbada de flores


FEIRA DE CITAÇÕES ESPORRENTAS

[] O homem é a única criatura que se recusa a ser o que é.
(Albert CAMUS)
[] Coisas impossíveis, é melhor esquecê-las do que desejá-las.
(Luiz vaz de CAMÕES)
[] É melhor acender uma pequenina vela do que maldizer a escuridão. (CONFÚCIO)
[] Todos os grandes avanços da Ciência nasceram de uma nova audácia da imaginação. (DEWEY)
[] Triste não é mudar de idéia. Triste é não ter idéia para mudar. (Francis BACON)
[] Crê nos que buscam a verdade. Duvida dos que a encontraram. (André GIDE)

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... eu acho que todo fotógrafo [de cinema] tem que ter uma boa formação visual do que veio antes e do que veio depois. Porque a fotografia tem muito a ver com a gramática visual. (Mário CARNEIRO. Entrevista por Lauro Escorel, in ABCINE, cf. Textos)

15 comentários:

Anônimo disse...

Moacy, eu incluiria entre os gênios de nossa música o grande Joca Costa!
Abraço forte!
Lívio Oliveira

Anônimo disse...

Ao mesmo tempo que me enche de orgulho a diversidade e qualidade de nossos escritores e músicos, frustra-me demais o fato de serem tão pouco reconhecidos e divulgados. Gosto muito quando tenho a oportunidade de aprender sobre nossos talentos como na dica que nos dá hoje. E deve ser excelente músico, já que colocado numa lista de feras nacionais. Quem sabe um dia encontro algo dele por essas bandas de cá? Vou ficar atenta.
Adorei os poemas e citações de hoje, bem como os fragmentos de Manoel de Barros que postaste após minha passagem de ontem por aqui. Tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente, doce e genial. (Também era um dos prediletos do nosso amigo Nel Meirelles.)
Um ótimo dia pra ti. Beijo.

Anônimo disse...

Moacy,
Não estranhe se por uns dias deixar de vir aqui. É que estou indo a Fortaleza, só retornando no fim de semana. Um abraço.

Unknown disse...

Eu desconheço Urbano Medeiros, o que me faz lamentar que grandes talentos inexistam para o público em geral. Dica anotada.

Ju Torres disse...

olhe que eu nem sempre sou uma bebada! hahah
obrigada pelo comentário. estou agora a espiar o seu blog!
abraço!!

Meneau (o insuportável) disse...

Moacy Cirne, Moacy Cirne... O nome não me era estranho... foi então que, consultando minhas antigas revistas, encontrei. O senhor não seria o professor da UFF, especialista em quadrinhos, que contribuiu para a identificação de Carlos Zéfiro, o autor dos catecismos eróticos, em matéria do Juca Kfouri, publicada na Playboy de novembro de 1991? Caso seja, foi uma grande alegria ter recebido sua visita no meu humilde blog. Caso não seja, gostei do mesmo jeito desse balaio e já o "linkei" lá no Cabelo Frito. Um abraço.

Anônimo disse...

moacy, teu nome é a origem dos relampos?

parte
dos caçuás? casca de aroeira, sedenta? teu olho é um barco
em
prontidão? é a cobiça
dos priquitos? pendão de milho? é a tempestade dos rios?

Moacy Cirne disse...

Viiiiiiiiixe, MARIO CEZAR... Cobiça dos priquitos? Danou-se! Não me comprometa, rapaz! Sou casado com uma natalense, viu?!? MENEAU, meu caro: sou o próprio. Um abraço.

Anônimo disse...

Moacy! É uma honra ter um escrito meu aqui! Obrigada!

Adorei os poemas do balaio de hoje. Assim como tantos outros que leio por aqui.

Um beijo.

Fernanda Passos disse...

Os poemas de Adelaide são fantásticos e as frases, inquietantes.
Um grande beijo Moacy.
E obrigada por seus constantes comentários. Eles são muito importantes pra mim.

o refúgio disse...

Moacy, fiquei louca pra ouvir o som do Urbano. vou procurar aqui em Recife.
Os poemas estão ótimos, a Adelaide é genial.
E as esporrentas? PORRETAS!;)

Beijos.

Anônimo disse...

Tive o prazer de entrevistar Urbano Medeiros, muito tempo atrás, para uma TV do RN (e lamentei muito saber que ele esteja com problemas cardíacos), assim como tenho o prazer de passar por aqui, todos os dias. Parabéns pelo blog.

Anônimo disse...

correção: ...que ele está com problemas cardíacos...

AB disse...

Balaio dos que mais gostei: ótimos poemas, frases e comentários!!

Anônimo disse...

O CD você ainda não ouviu por falta de endereço para te enviar. O próprio Urbano gostaria de entrar em contato contigo.

Abraço