sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008


A arte de
Egon Schiele,
em 1917,
o ano da Revolução Russa


BALAIO PORRETA 1986
n° 2233
Rio, 15 de fevereiro de 2008



(TECE)LÃ
Fernanda Passos
[ in Poesia na Veia ]

Amanheço anoi(tecida)
Tricotando sonhos ao raiar do dia
Como se fossem tramas de seda
Numa mente ensandecida.


O BEIJO DA PALAVRA
Maria Maria
[ in Espartilho de Eme ]

O beijo de Tritão
lê os meus fonemas
e ouve meus sons
de sereia.

O beijo de Zeus
em várias línguas
faz em mim
oceano e areia

O beijo de Eros
me despe as palavras
e a paixão, em fogo,
me incendeia.


LEITURA & LEITURAS

Vira e mexe, nacionalismo, de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo : Companhia das Letras, 2007, 246p.
Do primeiro capítulo (A cultura latino-americana, entre a globalização e o folclore), para que se possa discutir temas que são atuais, cada vez mais atuais:
"A razão principal pela qual o nacionalismo (e o supranacionalismo) latino-americano corre o risco de se tornar nocivo ao desenvolvimento cultural de nossos países é que ele repousa sobre uma concepção inaceitável de cultura. Nenhuma cultura é auto-suficiente e estanque. Toda cultura é o resultado de intercâmbios e mesclas bem-sucedidas" (p.22);
"Esquecer nossas origens é perder nossa identidade. Manter o que resta das culturas originais e garantir os direitos das populações que as conservam é não apenas uma obrigação ética, mas também uma maneira de cuidar de uma riqueza cultural que nos pertence. Agora, querer reduzir nossa identidade ao que nos restou dos índios ou ao que nos trouxeram os africanos é uma regressão, que pode nos levar a um racismo às avessas" (p.24).
"Ligado ao nacionalismo populista, vem o culto do folclore. É óbvio que o folclore é uma riqueza cultural que deve ser preservada; Mas querer restringir as culturas latino-americanas a seus aspectos folclóricos significa impedi-las de evoluir, de inovar" (p.25).


A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS

Jazz, par John Fordham. Préf. Sonny Rollins. [Paris :] Hors Collection, 1995, 216p. [] Excelente levantamento histórico-iconográfico (incluindo inúmeras reproduções de capas de discos famosos) do gênero musical que revolucionou a arte popular de consumo norte-americana. De forma clara e objetiva, este belo álbum contém informações, em geral corretas, sobre a história, os instrumentos, os grandes músicos, os principais discos. Aliás, vale a pena citar a galeria dos gigantes do jazz, segundo a perspectiva crítica de Fordham. Ei-los, em ordem cronológica, desde os tempos do ragtime: Scott Joplin, Jelly Roll Morton, Louis Armstrong, Bix Beiderbecke, Sidney Bechet, Duke Ellington, Coleman Hawkins, Billie Holiday. E mais, e mais: Lester Young, Count Basie, Charles Mingus, Dizzy Gillespie, Miles Davis. E para completar: Thelonious Monk, Art Blakey, Sonny Rollins, John Coltrane, Ornette Coleman e Keith Jarrett,

3 comentários:

Jens disse...

Oi Moacy.
Legal destacar a Fernanda no Balaio.
***
(Cara, o que é o poema visual Apartheid Soneto, do Avelino Araújo, integrante do Poema/Processo, republicado lá no Resumo da Chuva, do Marcelo? Simplesmente magristral!
Um abraço.

Francisco Sobreira disse...

Caro Moacy,
Esses três trechos transcritos do livro de Leyla Perrone-Moisés revelam uma grande lucidez crítica diante da questão do nacionalismo, preservação de raízes culturais, identidade cultural de um país. etc, etc. Pelo mostrado, deve ser um livro de leitura obrigatória. Abraço.

Fernanda Passos disse...

desculpe-me pela demora em vir agradecer por ter um poema meu publicado aqui. É sempre uma honra Moacy.
Obrigada mesmo.
um grande abraço.