Foto:
Armindo Dias
[ in 1000 Imagens ]
Original em p&b
BALAIO PORRETA 1986
n° 2334
Rio, 8 de junho de 2008
Amo amores que não existem
Sinto dores que ninguém vê
(Marília Jackelyne)
Armindo Dias
[ in 1000 Imagens ]
Original em p&b
BALAIO PORRETA 1986
n° 2334
Rio, 8 de junho de 2008
Amo amores que não existem
Sinto dores que ninguém vê
(Marília Jackelyne)
OS LEITORES DE ANTÔNIO MARIA
O cronista pernambucano Antônio Maria [1921-1964], que marcou a Copacabana dos anos 50 e 60 (quando o Rio virou Estado: Guanabara, GB), continua em evidência. Pois bem: resolvemos homenageá-lo, hoje, mais uma vez, republicando algumas cartas de seus leitores (algumas verdadeiras, outras inventadas por ele mesmo), com suas respostas, extraídas do jornal carioca Última Hora, reunidas na edição de O jornal de Antônio Maria [Rio: Saga, 1968, 142p., sel. Ivan Lessa]. Divirtam-se:
De GARRIDO (GB): Desconfio que há um mistério na vida de minha mulher. Deu para sair toda manhã, às seis horas. Diz que vai à missa.
Sossegue, Garrido. Dificilmente, uma mulher engana às seis da manhã. Você só deverá inquietar-se, quando ela passar a ir à missa das três da tarde.
Em 12/2/1962.
De LAÍS PIMENTA (GB): E foi por isso, exclusivamente, por isto, que abandonei o meu marido.
O exclusivamente por isto a que se refere Laís foi o seguinte: o marido chegou em casa, despiu-se completamente, surrou a sogra, o sogro e trancou-se no quarto da empregada, com empregada e tudo, durante 72 horas.
Em 8/2/1962.
De RAIMUNDO PINHEIRO (São Luís): Se a mulher que o senhor ama ficasse feia do dia para a noite, o senhor continuaria a amá-la?
Raimundo, o poblema é seu. Não tente transferi-lo para mim. Faça a pergunta a você mesmo, corajosamente. E não saia de perto, no momento da resposta. Agora, francamente, não acredito que sua mulher tenha ficado feia, só porque cortou os cabelos. Já devia ser, antes.
Em 3/10/1963.
De MARIZA FREITAS (GB): Meu namorado sua muito, debaixo dos braços.
Só debaixo dos braços, Mariza? Então, não há motivo para desgostos. Divirta-se na área enxuta, que é a maior parte do seu namorado.
Em 3/10/1963.
De REINALDO (Porto Alegre): Noivo, há 2 anos, e só agora descobri que Berenice (noiva) só tem 3 dedos, na mão esquerda.
Mas se ela tiver 7 na mão direita dá no mesmo, Reinaldo. O negócio é ter 10 dedos na hora de mostrar. Verifique e volte a escrever-me.
Em 6/12/1961.
De INALDO CAMPELO (GB): Tenho 58 anos e minha mulher, 31. Até quando ela me será fiel?
Ah, não sei, Inaldo. Mas você só deverá precaver-se no dia em que ela começar a dizer, com insistência: "Saia, meu bem. Vai dar uma voltinha. Vá se distrair".
Em 12/2/1962.
De TERESINHA (Recife): Quando eu era menina, vi meu pai correndo atrás de minha mãe, com um martelo na mão. Esta cena nunca mais saiu da minha lembrança.
Nada autoriza a imaginar que seu pai desejasse dar uma martelada em sua mãe. É possível que sua mãe, de brincadeira, houvesse escondido o prego.
Em 9/10/1961.
De JANDIRA (São Luís): Meu filho, Eleutério, veste-se mal, porque quem lhe escolhe as roupas é o pai.
E o nome, foi a senhora quem escolheu?
Em 8/2/1962.
O cronista pernambucano Antônio Maria [1921-1964], que marcou a Copacabana dos anos 50 e 60 (quando o Rio virou Estado: Guanabara, GB), continua em evidência. Pois bem: resolvemos homenageá-lo, hoje, mais uma vez, republicando algumas cartas de seus leitores (algumas verdadeiras, outras inventadas por ele mesmo), com suas respostas, extraídas do jornal carioca Última Hora, reunidas na edição de O jornal de Antônio Maria [Rio: Saga, 1968, 142p., sel. Ivan Lessa]. Divirtam-se:
De GARRIDO (GB): Desconfio que há um mistério na vida de minha mulher. Deu para sair toda manhã, às seis horas. Diz que vai à missa.
Sossegue, Garrido. Dificilmente, uma mulher engana às seis da manhã. Você só deverá inquietar-se, quando ela passar a ir à missa das três da tarde.
Em 12/2/1962.
De LAÍS PIMENTA (GB): E foi por isso, exclusivamente, por isto, que abandonei o meu marido.
O exclusivamente por isto a que se refere Laís foi o seguinte: o marido chegou em casa, despiu-se completamente, surrou a sogra, o sogro e trancou-se no quarto da empregada, com empregada e tudo, durante 72 horas.
Em 8/2/1962.
De RAIMUNDO PINHEIRO (São Luís): Se a mulher que o senhor ama ficasse feia do dia para a noite, o senhor continuaria a amá-la?
Raimundo, o poblema é seu. Não tente transferi-lo para mim. Faça a pergunta a você mesmo, corajosamente. E não saia de perto, no momento da resposta. Agora, francamente, não acredito que sua mulher tenha ficado feia, só porque cortou os cabelos. Já devia ser, antes.
Em 3/10/1963.
De MARIZA FREITAS (GB): Meu namorado sua muito, debaixo dos braços.
Só debaixo dos braços, Mariza? Então, não há motivo para desgostos. Divirta-se na área enxuta, que é a maior parte do seu namorado.
Em 3/10/1963.
De REINALDO (Porto Alegre): Noivo, há 2 anos, e só agora descobri que Berenice (noiva) só tem 3 dedos, na mão esquerda.
Mas se ela tiver 7 na mão direita dá no mesmo, Reinaldo. O negócio é ter 10 dedos na hora de mostrar. Verifique e volte a escrever-me.
Em 6/12/1961.
De INALDO CAMPELO (GB): Tenho 58 anos e minha mulher, 31. Até quando ela me será fiel?
Ah, não sei, Inaldo. Mas você só deverá precaver-se no dia em que ela começar a dizer, com insistência: "Saia, meu bem. Vai dar uma voltinha. Vá se distrair".
Em 12/2/1962.
De TERESINHA (Recife): Quando eu era menina, vi meu pai correndo atrás de minha mãe, com um martelo na mão. Esta cena nunca mais saiu da minha lembrança.
Nada autoriza a imaginar que seu pai desejasse dar uma martelada em sua mãe. É possível que sua mãe, de brincadeira, houvesse escondido o prego.
Em 9/10/1961.
De JANDIRA (São Luís): Meu filho, Eleutério, veste-se mal, porque quem lhe escolhe as roupas é o pai.
E o nome, foi a senhora quem escolheu?
Em 8/2/1962.
FRAGMENTO INICIAL DA CRÔNICA
AMANHECER EM COPACABANA, de ANTÔNIO MARIA
publicada em 12/9/1959
Amanhece em Copacabana, e estamos todos cansados. Todos, no mesmo banco da praia. Todos, que somos eu, meus olhos, meus braços e minhas pernas, meu pensamento e minha vontade. O coração, se não está vazio, sobra lugar que não acaba mais. Ah, que coisa insuportável, a lucidez das pessoas fatigadas! Mil vezes a obtusidade dos que amam, dos que cegam de ciúmes, dos que sentem falta e saudade. Nós somos um imenso vácuo, que o pensamento ocupa friamente. E, isto, no amanhecer de Copacabana. (O jornal de Antônio Maria, p.66-67)
AMANHECER EM COPACABANA, de ANTÔNIO MARIA
publicada em 12/9/1959
Amanhece em Copacabana, e estamos todos cansados. Todos, no mesmo banco da praia. Todos, que somos eu, meus olhos, meus braços e minhas pernas, meu pensamento e minha vontade. O coração, se não está vazio, sobra lugar que não acaba mais. Ah, que coisa insuportável, a lucidez das pessoas fatigadas! Mil vezes a obtusidade dos que amam, dos que cegam de ciúmes, dos que sentem falta e saudade. Nós somos um imenso vácuo, que o pensamento ocupa friamente. E, isto, no amanhecer de Copacabana. (O jornal de Antônio Maria, p.66-67)
ATENÇÃO:
Para ver e sentir o clima da Copacabana dos velhos tempos,
cf. o blogue CopacabAna de Toledo.
Para ver e sentir o clima da Copacabana dos velhos tempos,
cf. o blogue CopacabAna de Toledo.
5 comentários:
Moacy,
Agradecida e emocionada pela citação...
Quanto ao Antônio Maria, era definitivamente um ótimo conselheiro!
Abç
marilia
aindapodiaserpior.blogspot.com
Esse Antonio Maria era realmente um talento. E a resposta ao Raimundo Pinheiro é um primor!
Um abraço...
Não disse? Parceria 100%!!
Beijão
Olá Moacyr! Então,na verdade já tive três blogs e em algums deles tricamos comentários, poucos na verdade, creio que foi no "De amor de medo..." ou no "Dançando com o acaso" eu assinava como bruxinha.
:)
Obrigada pela visita e pelas palavras incentivo :)
essa imagem está demais!
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