Pão de Açucar / Rio de Janeiro
Foto de
Alex Fernandes
in
Olhares
BALAIO PORRETA 1986
n° 2376
Rio, 22 de julho de 2008
A prgressiva passagem de uma visão "marítima" do Pão de Açúcar a uma visão mais "terrestre", como parte do cenário urbano, corresponde ao vivo interesse em relação à cidade [do Rio] que se manifesta ao longo do século XIX.
(Maria Pace Chiavari, in A paisagem carioca, 2000)
TAKE-OFF
Sebastão Uchoa
[ in Antilogia. Rio, 1979 ]
1.
há quem faça obras
eu apenas
solto as minhas cobras
2.
o futuro? já sei de cor:
só me interessa a metamemória
perdido no cosmos
a minha pátria é o jardim das delícias
3.
que esperam de mim?
não sou ninguém
não me puxem pelo braço
sou revel
a minha consciência é o verme
e eu sou o cria corvos
4.
já vivi duas vezes
e sonho com a terceira vida
visível só como sombra
5.
façam de conta
que fui apenas um sonho
neste pesadelo da história
nem consegui gritar
fui enforcado com baader-meinhoff
ou pendurei-me em praça pública
com gérard de nerval?
6.
quem não se contradiz
não diz
radicalmente sério
só o cemitério
ALGUMAS GÍRIAS CARIOCAS
DOS ANOS 40 DO SÉCULO PASSADO (1/4)
[ Fonte: Raul Pederneiras, 1946 ]
Afinfar : Bater. Espancar.
Almoço-de-assovio : Café com leite, pão e manteiga.
Azeiteiro : Namorador. Conquistador.
Beber água : Assustar-se. Perder a calma.
Caganinfância : De baixa estatura. Tipo sem valia.
Catedrático : Chope duplo.
Dadeira : Mulher fácil.
Esbórnia : Orgia. Devassidão.
Falar francês : Ter dinheiro.
Gregório : Homossexual.
[ in Rio de Janeiro em prosa e verso, 1965 ]
2 comentários:
Vejo, Moacy, que já está de volta ao Rio. Achei curioso nessas gírias a de "beber água", no significado de ficar assustado. Como deve saber, no Nordeste, quando alguém tem um susto, ou algo parecido, se oferece um copo dágua para ele. De todas, só conhecia "dadeira". Achei muito interessante "falar francês", indicativo de quem tem dinheiro. Um abraço.
Oi Moacy.
Saudade das moças dadeiras.
Um abraço.
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