Homenagem do cinema
a Rodin
Poemacolagem de
LUIZ ROSEMBERG FILHO
(2002)
BALAIO PORRETA 1986
n° 2482
Rio, 17 de novembro de 2008
a colagem se abre
para a poesia
como a mulher se abre
para a fantasia
o poema se refaz
na homenagem
como a foto se transforma
em linguagem
tudo é texto tudo é textura
caicó cinema e escultura
(Moacy Cirne)
a Rodin
Poemacolagem de
LUIZ ROSEMBERG FILHO
(2002)
BALAIO PORRETA 1986
n° 2482
Rio, 17 de novembro de 2008
a colagem se abre
para a poesia
como a mulher se abre
para a fantasia
o poema se refaz
na homenagem
como a foto se transforma
em linguagem
tudo é texto tudo é textura
caicó cinema e escultura
(Moacy Cirne)
GUIMARÃES ROSA E A GEOGRAFIA DO SERTÃO
Mia Couto, o ótimo escritor moçambicano, em entrevista para o caderno Cultura, do Estadão, ontem, perguntado sobre "as diferenças e semelhanças entre o sertão de Guimarães Rosa e o interior descrito" em seus livros, responsdeu com propriedade:
O espaço de Guimarães Rosa não é um espaço físico, é o espaço de uma linguagem que ele criou. Ele criou uma literatura, não uma geografia. O sertão que ele constrói nos livros não é de ordem geográfica. É um sertão que ele inventa para reinventar um Brasil que vivia uma condição que é muito próxima da nossa aqui.
RASANTE
Nel Meirelles
[ in Fala Poética, em 1/6/2005 ]
poemou
hoje cedinho
e foi tanta luz
sobre a praia
distante
que meu poema
virou passarinho
e voou distante
Mia Couto, o ótimo escritor moçambicano, em entrevista para o caderno Cultura, do Estadão, ontem, perguntado sobre "as diferenças e semelhanças entre o sertão de Guimarães Rosa e o interior descrito" em seus livros, responsdeu com propriedade:
O espaço de Guimarães Rosa não é um espaço físico, é o espaço de uma linguagem que ele criou. Ele criou uma literatura, não uma geografia. O sertão que ele constrói nos livros não é de ordem geográfica. É um sertão que ele inventa para reinventar um Brasil que vivia uma condição que é muito próxima da nossa aqui.
RASANTE
Nel Meirelles
[ in Fala Poética, em 1/6/2005 ]
poemou
hoje cedinho
e foi tanta luz
sobre a praia
distante
que meu poema
virou passarinho
e voou distante
BALAIO 2500
Em 26 de maio de 1995, no Balaio 737
SONHAR E LUTAR, EIS A QUESTÃO
Não é fácil sonhar, acreditar no sonho, lutar pelo sonho. Sobretudo, não é fácil adequar o sonho à realidade possível. Trata-se de um processo tristemente doloroso, para não dizer tristemente cruel. A realidade, sempre dura, sempre concreta, sempre imprevisível, termina sendo maior do que o sonho. Só que a nossa capacidade de sonhar é inesgotável, pois enquanto houver humanidade haverá sonho, haverá devaneio, haverá poesia.
Nenhum sonho é inútil, assim como nenhuma paixão é fútil. E são os sonhos que alimentam as paixões, são os sonhos - como pequenas chamas - que movem a humanidade. Inclusive, aprendemos com Bachelard que "A chama, dentre os objetos do mundo que nos fazem sonhar, é um dos maiores operadores de imagens. Ela nos força a imaginar. Diante dela, desde que se sonhe, o que se percebe não é nada, comparado com o que se imagina" (A chama de uma vela).
E o que imaginamos nem sempre agrada ao poder constituído, nem sempre agrada ao governo das classes dominantes. Mas sonhamos, mas lutamos, mas deliramos. No meio de tantas derrotas e de tantas dificuldades, o que seria de nós sem o sonho, sem a utopia, sem a esperança? O que seria de nós sem as grandes paixões e as grandes descobertas? O que seria de nós se não soubéssemos olhar com olhos livres (cf. Oswald de Andrade)?
Nestes últimos quatro anos (assim como nos anos anteriores), sonhamos e lutamos, lutamos e sonhamos. Muitas foram as dúvidas - e ainda bem que é imensa a nossa capacidade de duvidar -, muitos foram os imprevistos, muitos foram os problemas [que enfrentamos na vice-direção do IACS, ao lado do diretor José Maurício]. Na questão puramente particular, por exemplo, reconstruir o Casarão a partir de seus escombros; na questão mais geral, enfrentar os desmantelos e o aventureirismo barato do governo collor de melleca, a besta de bosta. Nas duas questões, pensar a Universidade de forma absolutamente produtiva.
Resistimos. Combatemos. Com ardor e destemor, mesmo quando errávamos. Mesmo quando nos equivocávamos. Mas nunca nos faltou vontade política, nunca nos faltou vontade acadêmica. É verdade: a hora continua grávida de incertezas. De mil dificuldades. Portanto, é neste momento de águas turvas e turbulências no horizontem que assumem a Direção do IACS Ana Maria Lopes e Alceste Pinheiro. O momento exige esforço, união, trabalho e competência. A UFF, o IACS e Ana Maria Lopes e Alceste Pinheiro merecem - e precisam - que estejamos ao lado deles. Agora e nos próximos anos. Pelo Brasil, pela Universidade, pela Democracia. E pelo direito de sonhar e lutar.
Em 26 de maio de 1995, no Balaio 737
SONHAR E LUTAR, EIS A QUESTÃO
Não é fácil sonhar, acreditar no sonho, lutar pelo sonho. Sobretudo, não é fácil adequar o sonho à realidade possível. Trata-se de um processo tristemente doloroso, para não dizer tristemente cruel. A realidade, sempre dura, sempre concreta, sempre imprevisível, termina sendo maior do que o sonho. Só que a nossa capacidade de sonhar é inesgotável, pois enquanto houver humanidade haverá sonho, haverá devaneio, haverá poesia.
Nenhum sonho é inútil, assim como nenhuma paixão é fútil. E são os sonhos que alimentam as paixões, são os sonhos - como pequenas chamas - que movem a humanidade. Inclusive, aprendemos com Bachelard que "A chama, dentre os objetos do mundo que nos fazem sonhar, é um dos maiores operadores de imagens. Ela nos força a imaginar. Diante dela, desde que se sonhe, o que se percebe não é nada, comparado com o que se imagina" (A chama de uma vela).
E o que imaginamos nem sempre agrada ao poder constituído, nem sempre agrada ao governo das classes dominantes. Mas sonhamos, mas lutamos, mas deliramos. No meio de tantas derrotas e de tantas dificuldades, o que seria de nós sem o sonho, sem a utopia, sem a esperança? O que seria de nós sem as grandes paixões e as grandes descobertas? O que seria de nós se não soubéssemos olhar com olhos livres (cf. Oswald de Andrade)?
Nestes últimos quatro anos (assim como nos anos anteriores), sonhamos e lutamos, lutamos e sonhamos. Muitas foram as dúvidas - e ainda bem que é imensa a nossa capacidade de duvidar -, muitos foram os imprevistos, muitos foram os problemas [que enfrentamos na vice-direção do IACS, ao lado do diretor José Maurício]. Na questão puramente particular, por exemplo, reconstruir o Casarão a partir de seus escombros; na questão mais geral, enfrentar os desmantelos e o aventureirismo barato do governo collor de melleca, a besta de bosta. Nas duas questões, pensar a Universidade de forma absolutamente produtiva.
Resistimos. Combatemos. Com ardor e destemor, mesmo quando errávamos. Mesmo quando nos equivocávamos. Mas nunca nos faltou vontade política, nunca nos faltou vontade acadêmica. É verdade: a hora continua grávida de incertezas. De mil dificuldades. Portanto, é neste momento de águas turvas e turbulências no horizontem que assumem a Direção do IACS Ana Maria Lopes e Alceste Pinheiro. O momento exige esforço, união, trabalho e competência. A UFF, o IACS e Ana Maria Lopes e Alceste Pinheiro merecem - e precisam - que estejamos ao lado deles. Agora e nos próximos anos. Pelo Brasil, pela Universidade, pela Democracia. E pelo direito de sonhar e lutar.
10 comentários:
"Rasante" um presente para a segunda-feira. boa semana procê, meu querido. Sheylinha.
Ah... o IACS... eu vim de lá... e continuo sonhando...
fui da turma de jornalismo de 1977. vc foi meu professor.
"tudo é texto
tudo é textura"
brilhante isso, Moacy!
Oi Moacy.
Dura luta, boa luta.
O texto Erudição burra, aí embaixo, está irrepreensível. Parabéns.
Um abraço.
Olá Moacy, passei para desejar uma linda semana pra vc meu camarada. bj
ô moacy, gostei disso: Caicó cinema escultura! adorei.
eu sou um sonhador, mas com o tempo o sonho fica parecendo algo tão distante... a realidade às vezes é insuportável.
abração.
Adoro vir aqui e encontrar as colagens de Rozemberg!
Obrigada pelo carinho!
e eu sinto a tez
sinto a textura da pele
das suas palavras... rs
adorei a geografia do sertão do rosa na visão do couto...
"a hora continua grave de incertezas" - ainda bem!
um cheiro, moacy
moacy:
gosto do mia couto,mas,nessa do g.
rosa,ele bateu totalmente errado.
um abraço.
romério
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