quarta-feira, 24 de dezembro de 2008


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quase 6 minutos de
O evangelho segundo São Mateus
(Pasolini, 1964)


BALAIO PORRETA 1986
n° 2516
Natal, 24 de dezembro de 2008

Será que, na história do cinema, existirá filme mais belo e expressivo sobre a vida de Cristo do que O evangelho segundo São Mateus, realizado pelo marxista Pier Paolo Pasolini? Acreditamos que não. O filme do cineasta italiano, produzido nos anos 60, continua insuperável em sua beleza quase minimalista, com sua fotografia crua, com seus atores não-profissionais, com sua narrativa clara e límpida. Nunca um Cristo foi tão humano, religioso e verdadeiro - e tão essencialmente Cristo - quanto aqui, em seu despojamento histórico, em seu despojamento ontológico. E mais: em seu despojamento cinematográfico. Uma obra-prima, simplesmente.


O Auto de Natal 2008
[ através da Capitania das Artes ]
A FACE FEMININA DE DEUS
Marize de Castro

A fala inicial de Maria:

Digo-lhes, o humano está em mim. Jamais precisei de visões, aparições, mensagens, ver, tocar. Espero que me vejam para além do símbolo, sem eufemismos, mistificações e falsas projeções. Falei através de silêncios. São vários os meus nomes. Já fui considerada herética, mãe de filho bastardo, mãe da Luz do Mundo. "Virgem Maria", diseram alguns; "puta", disseram outros. "Mistério abissal", "abismo misterioso", proclamaram os iniciados. Sim, sou suave e áspera, frágil e forte. O Senhor me possuiu desde o início do seu caminho: quando Ele preparava o céu, eu estava presente. Venham a mim todos que me desejam com ardor. Sou todas as mulheres. Eis-me senhora das plantas, dos animais, das flores, dos frutos, das sementes. Estou situada no princípio do princípio. Teço. Gero. Alimento. Mais do que a virgindade do corpo, interessa-me a virgindade da alma. Quando respondi "faça-se", tornei-me acolhimento, entrega. Nem sempre entendi o que aconteceu e acontece com o meu Filho. Mesmo assim, eu o acolhi e o guardei, em silêncio, no profundo do meu coração. Sua transgressão é minha transgressão. Sua dor é minha dor.

OS QUATRO TEXTOS DO AUTO

2008:
A face feminina de Deus (Marize de Castro,
com direção de Lenilton Teixeira)

2007:
O Menino da Paz (Paulo de Tarso Correia de Melo,
com direção de Véscio Lisboa)

2006:
O Menino e os Reis (Nei Leandro de Castro,
com direção de Lenício Queiroga)

2005:
Jesus de Natal (Moacy Cirne,
com direção de Paulo Jorge Dumaresq)


[ in Auto do Natal. Natal: Capitania das Artes, 2008 ]

6 comentários:

Marco disse...

Caro mestre Moacy,
sim, eu assisti a este belo filme. Lembro que foi no finado Lido 1, num festival Pasolini que teve lá. Realmente, é uma instigante visão da vida de Cristo. E destaco a mãe do próprio Pasola fazendo o personagem Maria.
Aproveitando a deixa, vim desejar um Feliz Natal e um ano novo repleto de pequenas maravilhas diárias. Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.

Vais disse...

Saudações Moacy,
este filme não vi, mas um tempo deste atrás, perguntei a um irmão, leitor da bíblia, de onde vinha esta história de Cristo na vida de Jesus, daí ele respondeu que era coisa do Mateus.
Gostei bastante d'A Face Feminina de Deus, e pensando nestes femininos esta semana, saiu um troço que pretendo colocar no canto.
Desejo tudo de bom pra você e os teus e as tuas, neste final de 2008 e para 2009, que seja bem melhor
beijo e abraço

Mme. S. disse...

Belo trecho, Moacy. Feliz Natal!

Luma Carvalho disse...

feliz natal pra você!

beijos na alma
com sabor de "como está? sumiu, foi? tudo tranquilo?"

luciana
luma
lua

Anônimo disse...

Moacy: Feliz Natal, Feliz Caicó, Feliz Rio...

Anônimo disse...

Olá Moacy< um lindo natal pra vc, cheio de alegria e arte. abraço carinhoso