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uma das seqüências de
Satantango
(Tarr, 1994)
BALAIO PORRETA 1986
n° 2519
Natal, 27 de dezembro de 2008
Depois que vi Danação (1988) e o curta Prólogo (2004), que já apresentei neste Balaio, o húngaro Bela Tarr, nascido em 1955, passou a ser uma das minhas principais admirações cinematográficas da atualidade. As sete horas e meia de Satantango (1994) clamam por mim; estou disposto a admirá-las o mais rapidamente possível. Hoje, Tarr me parece ser o cineasta por excelência do plano-seqüência. E do vazio que acossa a humanidade.
Prioridades de um cinéfilo
OS FILMES QUE PRETENDO VER EM 2009
- na medida do possível -
1. Satantango (Tarr, 1994)
2. O homem de Londres (Tarr, 2007)
3. A mãe e a puta (Eutasche, 1973)
4. Je tu il elle (Akerman, 1974)
5. O diabo, provavelmente (Bresson, 1977)
6. Le gai savoir (Godard, 1968)
7. À beira do abismo (Hawks, 1946)
8. Shoah (Lanzmann, 1985)
9. O nascimento do amor (Garrel, 1993)
10. O buraco (Huo, 1998)
A FACE FEMININA DE DEUS
Pela segunda vez, em poucos dias, destaco um trecho do auto natalino A face feminina de Deus, o belo texto de Marize de Castro, encenado com sensibilidade e bom gosto por Lenilton Teixeira: um dos grandes espetáculos do ano, em Natal. Registre-se que Marize de Castro é uma poeta de expressão nacional. E a Capitania das Artes merece ser elogiada - e bastante - ao escolher os dois (Marize/Lenilton), além de vários outros nomes importantes, da coreógrafa (Giovanna Araújo) ao cenógrafo (Guaraci Gabriel), para a realização do Auto 2008.
Eis, aqui, uma das falas de José:
Uma cidade é uma casa. Necessita ser cuidada, acariciada. Ter suas paredes, seu teto e chão limpos. Sem zelo, não há cidade. Uma cidade deseja ser amada, descoberta, revelada. Ao oferecer um claro céu azul, uma cidade quer ser olhada, admirada por homens e mulheres, sejam seus moradores, sejam seus visitantes. Não se engana uma cidade sem correr o risco de enganar a si mesmo. Uma cidade é uma pérola de sal, sol, seda. Não se rouba ou se destrói uma cidade sem também ser roubado e destruído. Uma cidade é um farol, uma ponte, uma fortaleza, um rio, um porto, um morro, uma ribeira, feiras, mercados, parques, praças, praias, igrejas, teatros, escolas. Também são os seus meninos e meninas tristes - com seus destinos rasgados, com suas infâncias roubadas. Uma cidade precisa de saúde, arte, cultura, lazer, segurança, transporte - pequenas e grandes doses de felicidade. Uma cidade é uma ave, navegante, dourada, internauta, subterrânea, cósmica, luminosa. É uma brisa que refresca e promete dias certeiros. Dias em que a sabedoria anunciará: Uma cidade são os seus homens e suas mulheres - se eles forem pequenos, ela será ínfima; se eles forem grandes, ela será imensa.
[ A seguir ]
Maria:
Que bela cidade é a sua, José! Alegro-me por Jesus nascer em Natal, diante do mar, diante de tanta imensidão e beleza.
José (beijando as mãos de Maria):
Sim, Maria. Esta Natal luminosa é o lugar certo para você parir o ser iluminado que está no seu ventre.
2 comentários:
Caro Moacy,
Fiquei besta em saber(e já no seu A Cinemateca Perfeita) que você não conheça À Beira do Abismo. Acho que você vai gostar desse exemplar do noir, embora goste mais de Laura. E bom você divulgar trechos do Auto de Marize, sem dúvida, uma excelente poeta. Por fim, agradeço e retribuo os votos de um feliz 2009. Abraço.
Caro Moacy,
Me perco nos seus posts. Não consigo dizer do que gosto mais... eles me "enchem as medidas".
Um BOM ANO para você.
Um cheiro
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