OS FILMES QUE MARCARAM ÉPOCA
NA CAICÓ DOS ANOS 50
Clique na imagem
para verouvir
o trêiler de
Os melhores anos de nossas vidas
(William Wyler, 1946)
BALAIO PORRETA 1986
n° 2576
Natal, 21 de fevereiro de 2009
Os melhores anos de nossas vidas é um pungente drama social sobre o pós-guerra americano, centrado na volta dos soldados à pátria depois da vitória dos aliados no grande conflito bélico encerrado em 1945. E foi apresentado em Caicó em 1950 ou 1951. Não me lembro de tê-lo visto no cinema de 'seu' Clóvis, mas me lembro perfeitamente dos comentários de minha mãe sobre o filme: para ela, que também amava o cinema, era o melhor filme que já vira, até então. Se não me falha a memória, suas amigas tinham a mesma opinião. Embora datado, ainda é possível vê-lo com um certo encantamento. E uma certa tristeza; não pelo passado em si, mas pelo presente.
UMA FOLHA SEM MORAL
A FSP (Folha de S.Paulo), a partir de agora conhecida como FPSP (Folha Podre de S.Paulo), o mesmo jornal que apoiou - inclusive materialmente - o golpe de 64 (embora tenha feito a campanha das diretas e se mobilizado contra o desgoverno collor), em editorial publicado esta semana qualificou a ditadura militar instaurada no Brasil como "ditabranda". Decerto, a FPSP teve acesso aos documentos que relatam os crimes cometidos pela ditadura e concluído que as torturas e mortes aqui praticadas foram feitas de forma leve e branda. É possível mesmo que, para citar um só exemplo, caro aos norte-riograndenses, os documentos obtidos pelo insano jornaleco paulistano revelem finalmente os últimos momentos de vida do comunista e humanista Luís Maranhão Filho. E já que a "dita" foi "branda" não custa nada reproduzir aqui, na medida do possível (mas com base na FPSP), o suposto diálogo entre um militar e o político potiguar:
NA CAICÓ DOS ANOS 50
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o trêiler de
Os melhores anos de nossas vidas
(William Wyler, 1946)
BALAIO PORRETA 1986
n° 2576
Natal, 21 de fevereiro de 2009
Os melhores anos de nossas vidas é um pungente drama social sobre o pós-guerra americano, centrado na volta dos soldados à pátria depois da vitória dos aliados no grande conflito bélico encerrado em 1945. E foi apresentado em Caicó em 1950 ou 1951. Não me lembro de tê-lo visto no cinema de 'seu' Clóvis, mas me lembro perfeitamente dos comentários de minha mãe sobre o filme: para ela, que também amava o cinema, era o melhor filme que já vira, até então. Se não me falha a memória, suas amigas tinham a mesma opinião. Embora datado, ainda é possível vê-lo com um certo encantamento. E uma certa tristeza; não pelo passado em si, mas pelo presente.
UMA FOLHA SEM MORAL
A FSP (Folha de S.Paulo), a partir de agora conhecida como FPSP (Folha Podre de S.Paulo), o mesmo jornal que apoiou - inclusive materialmente - o golpe de 64 (embora tenha feito a campanha das diretas e se mobilizado contra o desgoverno collor), em editorial publicado esta semana qualificou a ditadura militar instaurada no Brasil como "ditabranda". Decerto, a FPSP teve acesso aos documentos que relatam os crimes cometidos pela ditadura e concluído que as torturas e mortes aqui praticadas foram feitas de forma leve e branda. É possível mesmo que, para citar um só exemplo, caro aos norte-riograndenses, os documentos obtidos pelo insano jornaleco paulistano revelem finalmente os últimos momentos de vida do comunista e humanista Luís Maranhão Filho. E já que a "dita" foi "branda" não custa nada reproduzir aqui, na medida do possível (mas com base na FPSP), o suposto diálogo entre um militar e o político potiguar:
Militar - Tudo bem com o senhor, caro amigo Luís?
Luís, com os dentes quebrados - Grwwfr...
Militar - O senhor foi torturado de forma bastante suave, não foi?
Luís, quase sem respirar - Wronptttahah...
Militar - Graças a deus e aos Estados Unidos nossos métodos são científicos.
Luís, praticamente sem sentido - ...
Militar - E agora tenho uma ótima notícia para o senhor, prezado amigo, prezado colega.
Luís, depois de mais uma porrada violenta - Aiiiiiii...
Militar - Pois é, meu caro, infelizmente somos obrigados a matá-lo. Mas não se preocupe: seu corpo será jogado no mar e nunca mais será encontrado. Beleza pura, não é mesmo?
Nota: sobre a FPSP e a "dtabranda", clique aqui para maiores esclarecimentos.
CASTELHANA
Mercedes Lorenzo
[ in Cosmunicando ]
trago na pele o sangue
das touradas perdidas
primitiva
navego vento e calmaria
íntima
inquisição pagã e atrevida
do velho continente
ao novo conteúdo
meu astrolábio beija cada
descobrimento
INDOLENTES EU E ELA
Renata Nassif
[ in Fênix em Verso e Prosa ]
Olho bem para a palavra que não escrevo - ela desvia os olhos lentamente e se cala. Com uma pergunta de mim...
BOCA MALDITA
Giuliano Quase
[ in Noturno Citadino ]
os homens de terno e gravata
afundam-se nos cafés
os homens de terno e gravata
religiosamente sangram o contrato social
os homens de terno e gravata
vestidos em outra língua
ruminam
arabescos de árabes
Luís, com os dentes quebrados - Grwwfr...
Militar - O senhor foi torturado de forma bastante suave, não foi?
Luís, quase sem respirar - Wronptttahah...
Militar - Graças a deus e aos Estados Unidos nossos métodos são científicos.
Luís, praticamente sem sentido - ...
Militar - E agora tenho uma ótima notícia para o senhor, prezado amigo, prezado colega.
Luís, depois de mais uma porrada violenta - Aiiiiiii...
Militar - Pois é, meu caro, infelizmente somos obrigados a matá-lo. Mas não se preocupe: seu corpo será jogado no mar e nunca mais será encontrado. Beleza pura, não é mesmo?
Nota: sobre a FPSP e a "dtabranda", clique aqui para maiores esclarecimentos.
CASTELHANA
Mercedes Lorenzo
[ in Cosmunicando ]
trago na pele o sangue
das touradas perdidas
primitiva
navego vento e calmaria
íntima
inquisição pagã e atrevida
do velho continente
ao novo conteúdo
meu astrolábio beija cada
descobrimento
INDOLENTES EU E ELA
Renata Nassif
[ in Fênix em Verso e Prosa ]
Olho bem para a palavra que não escrevo - ela desvia os olhos lentamente e se cala. Com uma pergunta de mim...
BOCA MALDITA
Giuliano Quase
[ in Noturno Citadino ]
os homens de terno e gravata
afundam-se nos cafés
os homens de terno e gravata
religiosamente sangram o contrato social
- meu bem, meu bem capital! - infla-se
o homem de terno e gravata
o homem de terno e gravata
os homens de terno e gravata
vestidos em outra língua
ruminam
arabescos de árabes
12 comentários:
adorei o poema boca maldita. beijos, pedrita
grande moacy louco de pedra de caicó. tu sabias que esse poema é uma espécie de visão crítico sócio ecônomica da rua xv de curitiba? lá tem um café avenida onde se encontra até o ratinho.
se um dia começarem a revolução, será por ali. [risos]
abraços, meu caro.
giulianoquase.
curitiba.
pr.
Moacy,
Não me parece um defeito que o filme de Wyler seja "datado". O defeito que vejo no filme, do qual gosto, é o final feliz, com o casamento do ex-combatente que perdeu as mãos, dando a impressão de ser uma mensagem dirigida a todos aqueles ex-combatentes que saíram da guerra mutilados. E no rastro desse casamento, o filme sugere que haverá o de Dana Andrews e Teresa Wright. Quanto a essa posição da Folha, é não só um absurdo, mas que também inspira a revolta e a indignação de todos que viveram aquele período negro que se abateu sobre o Brasil por mais de 20 anos. Estou pensando, depois disso, em deixar de ler o dito jornal (o que faço diariamente em versão online), que, aliás, sempre achei um tanto auto-suficiente, de uma certa arrogância. "Ditabranda" é..., bom, cala-te boca. Um abraço.
moacy:
bom que você publicou a renata.a
ruiva inquieta tem vigor.
um abraço.
romério
ora, do meu rico dinheirinho, a folha não vê mais nem a sombra. sempre achei aquele "mais" de uma arrogância bandeirante indigesta...
maldita ditabranda!!!
ainda bem que, apesar dos pesares e da imprensa fajuta, resta-nos a poesia!!
besos
Moacy:
"Os melhores anos..." é um filme que ainda me comove, tanto pela excelência do elenco como por um clima de esperança no futuro. Talvez essa esperança seja o mais datado, que vivemos esse futuro. Precisamos inventar outras esperanças, sem esquecer que aquela - apesar de irrealizada - pode um dia ser formulada.
Abraços:
Marcos Silva
Tem padre que nega o holocausto...
Pelo menos amenia a insanidade alheia com poesias muito bem cosntruídas.
o mínimo que deveríamos ouvir seria: "desculpe a nossa folha", da "falha de são paulo"...
Moa querido, quanto à Folha eu subscrevo o que o Carito falou aí acima...
Tô defasada nas minhas leituras do Balaio (uns quatro números!), e quero vir com toda calma pra ver a continuação do Livro dos Livros e todas as dicas de filmes e poetas porretas que você sempre traz. Hoje é correria, e passei mesmo pra agradecer pelo meu poema publicado aqui... você sabe que além do carinho é uma honra pra mim figurar nesse espaço maravilhosamente libertário (e, porque não, libertino... rsrs)
beijo grande
Moacy e demais amigos:
Quem quiser assinar o documento de protesto contra FSP, sua ditabranda e sua grosseria, acesse o link:
http://www.ipetitions.com/petition/solidariedadeabenevidesecomparat?e
Abraços:
Marcos Silva
tem de tudo aqui, e tudo é bom...
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