terça-feira, 17 de março de 2009

Sophie Marceau
via
Milton Ribeiro


BALAIO PORRETA 1986
n° 2600
Natal, 17 de março de 2009

Se muitos políticos primam pela nojenteza de suas idéias
e de seus atos, não é possível viver sem a política,
em seu sentido mais amplo.

(Moacy Cirne)


PRIMEIRO MANDAMENTO
Paulo de Tarso Correia de Melo
[ in Rio dos Homens, 2002 ]

Coronel Chiquinho não chegava
a desejar mal ao próximo.
Apenas perguntava:

Com tanta cascavel desocupada
por aí, como é que gente ruim
no mundo não se acaba?


Memória 1980
OS MAIS IMPORTANTES FILMES BRASILEIROS
segundo Sérgio Augusto, jornalista cultural
[ in Revista Vozes, agosto 1980 ]

Fragmentos da vida (José Medina)
Ganga bruta (Humberto Mauro)
Nem Sansão, nem Dalila (Carlos Manga)
Rio, 40 graus (Nelson Pereira dos Santos)
O grande momento (Roberto Santos)
Vidas secas (Nelson Pereira dos Santos)
Deus e o diabo na terra do sol (Glauber Rocha)
São Paulo S/A (Luís Sérgio Person)
A falecida (Leon Hirszman)
Terra em transe (Glauber Rocha)
O bandido da luz vermelha (Rogério Sganzerla)
Macunaíma (Joaquim Pedro de Andrade)


AUTO-FLAGELO
Suzana Vargas
[in Caderno de outuno, 2ª ed., 1998 ]

Na mesa:
o pão, o leite, a manteiga
e o
Nescafé
insolúvel dos meus dias.

GOSTO
de Maria Maria
[ in Espartilho de Eme ]

Gosto mesmo do imprevisível:
dos beijos suspensos no ar,
da voz que fala em silêncio;
do olho que diz sem falar.

Gosto mesmo do olhar,
da voz e do toque,
da língua e do choque.

Gosto...


JOGOS FLORAIS
Antonio Carlos de Brito (Cacaso)
[ in Grupo Escolar, 1974 ]

I

Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico.
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.

Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre:
a água já não vira vinho,
vira direto vinagre.

II

Minha terra tem Palmares
memória cala-te já.
Peço licença poética
Belém capital Pará.

Bem, meus prezados senhores
dado o avançado da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho.

(será mesmo com 2 esses
que se escreve paçarinho?)


POEMA
Miguel Cirilo
(São José do Seridó, RN)
[ in Os elementos do caos, 1964 ]

o corpo branco no chão
não faz esforço.
a luz circula na intimidade.
a nudez é antiga,
o quarto também.
as palavras estão se arrumando
para um novo poema.
as coisas, postas em sossego
repousam de qualquer modo.
anônima é a presença da noite.
os chinelos esperam.
eles não sabem, mas esperam.
- pode alguém exigir mais para dormir?


POEMA de
Zé Limeira
[ Republicado in Balaio 1213, de 14/10/1999 ]

Quando D. Pedro II
Governava a Palestina
E Dona Leopoldina
Devia a Deus e ao mundo
O poeta Zé Raimundo
Começou a capar jumento.
Daí veio um pensamento:
Tudo aquilo era boato.
Oito noves fora quatro,
Diz o Velho Testamento.


MÁXIMAS E MÍNIMAS DE STANISLAW PONTE PRETA
[ in Máximas inéditas de Tia Zulmira, 1976 ]

[] Bebia muito sim e nunca teve ressaca.
Tinha mesmo era maremoto.
[] Crer em Deus é fácil. Nos padres é que é difícil.
[] Quando um amigo morre leva um pouco da gente.
[] Quem assiste à programação noturna da televisão
não é capaz de imaginar que a diurna é pior.
[] Há sujeitos tão inábeis que sua ausência preenche uma lacuna.

8 comentários:

Unknown disse...

Olá Moacy. já percebeu que me viciei no seu blog?
Concordo com a verdade do coronel Chiquinho. Vou anotar no meu caderno de pensamentos inteligentes. Os poemas que escolhe com tanto zelo, são maravilhosos. Stanislaw, foi uma perda irreparável, com ele foi-se o Pasquim, mas nos deixou o Samba Do Croulo Doido. Mas O Gláuber, esse eu sinto muitíssimo. Estaria completando 70 anos e morreu prematuramente aos 42 anos. Todos a sua genialidade estará sendo festejada este mes, acho que no CCBB.
Parabéns por mais uma bla postagem , com o poema Jogos Florais, que é genial.

Um forte abraço

Mirze

líria porto disse...

"todo dia ela faz tudo sempre igual" - escreve, vem ao balaio... risos

obrigada pelos versos de todo dia!
besos

Maria Maria disse...

Oi, Moacy!
Obrigada por votar e, principalmente por postar o poema antigo no balaio. Eu gosto muito desse texto.
Seu balaio esá cada dia melhor!
Beijos

Jens disse...

Oi Moacy.
Depois de uma maratona cinematográfica (hehehe), nada melhor do que boa poesia temperada pelo humor do grande Stanislaw.
Concordo contigo: a política é imprescindível; já certos políticos...
Um abraço.

Mariana Botelho disse...

Oiii Moacy!

andei passando por aqui um tanto calada, mas o Balaio hoje tá tão bão que não posso ficar muda.

bão demais!

beijo

Mariana Botelho disse...

e que bonita essa moça de olhos tristes...

Anônimo disse...

Moacy, só hoje vi que você deixou um recado lá no meu blogue... Tô sumidaço, mas apareço em breve.
abraços.

Cosmunicando disse...

Moa, adorei esse termo: "nojenteza", vou adotar.

os poemas todos são ótimos, mas os 'dias insoluveis' da Suzana é simplesmente demais...

das máximas e mínimas do Stanislaw, fico com o maremoto =)

beijos