Capa da edição brasileira de
Viagem a Tulum,
obra-prima de Fellini & Manara,
um dos grandes quadrinhos italianos
dos anos 80
BALAIO PORRETA 1986
n° 2637
Rio, 23 de abril de 2009
raro escrevo. Vivo.
escrever é um verbo
intransitivo.
(Jarbas MARTINS. Contracanto, 1979)
Viagem a Tulum,
obra-prima de Fellini & Manara,
um dos grandes quadrinhos italianos
dos anos 80
BALAIO PORRETA 1986
n° 2637
Rio, 23 de abril de 2009
raro escrevo. Vivo.
escrever é um verbo
intransitivo.
(Jarbas MARTINS. Contracanto, 1979)
10 POETAS POTIGUARES
Dácio Galvão
Luís da Câmara Cascudo
Jorge Fernandes
José Bezerra Gomes
Napoleão Paiva
Nei Leandro de Castro
Moacy Cirne
Carlos Humberto Dantas
Anchieta Fernandes
Miguel Cirilo
Marize Castro
Dácio Galvão
Luís da Câmara Cascudo
Jorge Fernandes
José Bezerra Gomes
Napoleão Paiva
Nei Leandro de Castro
Moacy Cirne
Carlos Humberto Dantas
Anchieta Fernandes
Miguel Cirilo
Marize Castro
LÁPIS
José Bezerra Gomes
[ in Antologia poética, 1974 ]
Confesso-me
de assim
ter sido
Ainda que não fosse mais
CINECLUBE
Hoje é dia de poesia e música. Hoje é dia de verouvir homenagens musicais ao mundo do cinema. Hoje é dia de Lívio Oliveira e Babal, na Funcarte, em Natal. A partir de 19h. Hoje é dia do lançamento do cd Cineclube - um acontecimento na vida cultural natalense.
Repeteco
SOBRE VIAGEM A TULUM, DE FELLINI & MANARA
Moacy Cirne
[ in Balaio, n° 2027, de 26/07/2007 ]
José Bezerra Gomes
[ in Antologia poética, 1974 ]
Confesso-me
de assim
ter sido
Ainda que não fosse mais
10 POETAS POTIGUARES
Humberto Hermenegildo de Araújo
Ferreira Itajubá
João Lins Caldas
José Bezerra Gomes
Jorge Fernandes
Luís Carlos Guimarães
Miguel Cirilo
Myriam Coeli da Silveira
Walflan de Queiroz
Palmyra Wanderley
Zila Mamede
Humberto Hermenegildo de Araújo
Ferreira Itajubá
João Lins Caldas
José Bezerra Gomes
Jorge Fernandes
Luís Carlos Guimarães
Miguel Cirilo
Myriam Coeli da Silveira
Walflan de Queiroz
Palmyra Wanderley
Zila Mamede
CINECLUBE
Hoje é dia de poesia e música. Hoje é dia de verouvir homenagens musicais ao mundo do cinema. Hoje é dia de Lívio Oliveira e Babal, na Funcarte, em Natal. A partir de 19h. Hoje é dia do lançamento do cd Cineclube - um acontecimento na vida cultural natalense.
Repeteco
SOBRE VIAGEM A TULUM, DE FELLINI & MANARA
Moacy Cirne
[ in Balaio, n° 2027, de 26/07/2007 ]
Viagem a Tulum, de Federico Fellini & Milo Manara. Rio de Janeiro: Globo, 1992, 84p. [] Uma das mais belas e delirantes histórias-em-quadrinhos da segunda metade do século passado, a partir de um argumento para filme (nunca realizado) e que seria adaptado com brilhantismo invulgar por Manara, o desenhista de algumas obras-primas das HQs, como a genial Sonhar, talvez. Na verdade, Fellini, que dirigiu Os boas vidas, Noites de Cabíria, A doce vida, Oito e meio, Amarcord e outros filmes de sucesso, sempre foi um entusiasta dos quadrinhos. Como Alain Resnais. Como Jean-Luc Godard. Neste caso, para início de conversa publicou através de folhetim (em 1986) uma história que pretendia transformar em cinema; como não o fez, já que cinematograficamente irrealizável, ou quase, permitiu que Manara a adaptasse com bastante liberdade para a linguagem dos quadrinhos, participando, inclusive, da elaboração do roteiro em alguns momentos da feitura dessa autêntica novela gráfica.
O resultado final é admirável: em clima felliniano, entre a magia e o deslumbramento gráfico-sequencial, os dois personagens principais (um senhor e uma jovem) visitam uma lendária Cinecittà, à procura do próprio Fellini, e nela encontram algumas figuras de suas obras, vivenciadas por Giulitetta Masina, Anita Ekberg, além, claro, Marcello Mastroianni. A rigor, a jovem não sabe se está vivendo uma aventura real ou se está dentro de um filme aparentemente sem o menor sentido. O fato é que, levada pelo chapéu do cineasta, se deixa afogar num lago artificial que contém mais elementos oníricos, numa viagem dionisíaca que seria sem lógica, para muitos e muitos. Aliás, é dentro do lago, marcado pelo simbolismo, que, num imenso avião, a jovem encontra Mastroianni, e mais uma vez Fellini. Quando o jumbo decola, com Mastroianni em seu interior, a história "decola". E um filme vai ser feito (por Mastroianni/Snaporaz como o diretor), com seus mistérios, suas fantasias, seus devaneios, suas impossibilidades, seus mitos quadrinhográficos, seus múltiplos caminhos que levam ao México e à sua cultura milenar.
São muitas as referências e homenagens metalinguísticas em Viagem a Tulum, como, por exemplo, a Moebius (autor de outra instigante obra-prima dos quadrinhos: Arzach, visualmente excitante), ou mesmo, indiretamente, a Carlos Castañeda. Sem dúvida, navegamos em plena história por um beco sem saída temático, explicitado por aqueles que pensam o filme/quadrinho, como se o próprio cinema de Fellini, depois de anos, apontasse para algo indefinível, para algo indecifrável. No final, tudo parece ter sido um sonho, mas não se trata de um fim, e sim de um começo, ou recomeço, quando um novo e enorme avião aparece, do fundo do lago, voando para um inalcançável sistema de raízes criadoras além da imaginação visionária: uma imaginação que se desenha na película, mas também no papel. Algumas páginas são puro Manara redimensionando Fellini; outras, são puro Fellini sob a ótica gráfico-delirante de Manara, igualmente conhecido por seus quadrinhos eróticos de grande beleza visual. De certo modo, Viagem a Tulum é o último grande filme de Federico Fellini, sendo, ao mesmo tempo, uma das grandes HQs de Milo Manara.
O resultado final é admirável: em clima felliniano, entre a magia e o deslumbramento gráfico-sequencial, os dois personagens principais (um senhor e uma jovem) visitam uma lendária Cinecittà, à procura do próprio Fellini, e nela encontram algumas figuras de suas obras, vivenciadas por Giulitetta Masina, Anita Ekberg, além, claro, Marcello Mastroianni. A rigor, a jovem não sabe se está vivendo uma aventura real ou se está dentro de um filme aparentemente sem o menor sentido. O fato é que, levada pelo chapéu do cineasta, se deixa afogar num lago artificial que contém mais elementos oníricos, numa viagem dionisíaca que seria sem lógica, para muitos e muitos. Aliás, é dentro do lago, marcado pelo simbolismo, que, num imenso avião, a jovem encontra Mastroianni, e mais uma vez Fellini. Quando o jumbo decola, com Mastroianni em seu interior, a história "decola". E um filme vai ser feito (por Mastroianni/Snaporaz como o diretor), com seus mistérios, suas fantasias, seus devaneios, suas impossibilidades, seus mitos quadrinhográficos, seus múltiplos caminhos que levam ao México e à sua cultura milenar.
São muitas as referências e homenagens metalinguísticas em Viagem a Tulum, como, por exemplo, a Moebius (autor de outra instigante obra-prima dos quadrinhos: Arzach, visualmente excitante), ou mesmo, indiretamente, a Carlos Castañeda. Sem dúvida, navegamos em plena história por um beco sem saída temático, explicitado por aqueles que pensam o filme/quadrinho, como se o próprio cinema de Fellini, depois de anos, apontasse para algo indefinível, para algo indecifrável. No final, tudo parece ter sido um sonho, mas não se trata de um fim, e sim de um começo, ou recomeço, quando um novo e enorme avião aparece, do fundo do lago, voando para um inalcançável sistema de raízes criadoras além da imaginação visionária: uma imaginação que se desenha na película, mas também no papel. Algumas páginas são puro Manara redimensionando Fellini; outras, são puro Fellini sob a ótica gráfico-delirante de Manara, igualmente conhecido por seus quadrinhos eróticos de grande beleza visual. De certo modo, Viagem a Tulum é o último grande filme de Federico Fellini, sendo, ao mesmo tempo, uma das grandes HQs de Milo Manara.
12 comentários:
Moa, o balaio entre outras coisas tá abrindo meus horizontes em relação aos quadrinhos... confesso que sei pouco.
Adorei esse texto sobre Viagem a Tulum.
E os poemas são de primeira linha... demais o de Jarbas Martins.
beijos madrugais =)
VOCÊ SEMPRE ME CONSTRANGEU COM SUA VISITA A MEU BLOG, SEMPRE TIVE VERGONHA, POR RESPEITO. EU ACHO VOCÊ UM CARA COMO EU QUERO SER, QUE SINTO PODER SER, QUANDO FOR MELHOR QUE HOJE, QUANDO ESTIVER NO MELHOR DE MIM.
VALEU, MEU CARO.
WELLINGTON GUIMARÃES
Moacy, inusitada a presença de Cascudo na lista de melhores poetas feita por Dácio!
Quanto ao chamado para o lançamento fico muito grato, Moacy!
Bom Dia, Moacy!
Hoje o Balaio está rico. Feline foi um ser com uma mente aberta ao futuro.
Nunca vi ou li nada dele , que não fosse pura obra de arte, e com um pensar à frente do tempo.
Com certeza o mundo ficou mais triste depois que ele se foi.
Aviso que colhi um poema seu e coloquei no meu blog hoje, ao lado de outros nomes que considero.
No mais tudo Bótimo!
Beijos
Mirse
Ah! Moacy!
Maravilhosos os posts sobre Fellini!
Grande Milo Manara!
Não cheguei a ler esse (adoro o Mastroianni!) mas vi as duas edições dos Bórgias, que fala sobre a tragetória daqueles "louquitos".
:)
Ah, e por falar em Sonhar, você viu uma edição especial dos Perpétuos em que um artista (grandes artistas, na verdade) desenhava uma história sobre cada um dos irmãos de Sandman?
Logicamente o escolhido para ilustrar a história de Desejo foi o Manara.
Se quiser te passo o link para baixar (sim, nessa ápoca de recessão me acostumei a baixar HQ´s escaneadas e ler no computador. Não tem a mesma magia e nem o cheiro de revista nova, mas, pelo menos, posso dizer que li boa parte das coisas de Crumb, Neil Gaiman e até adaptações de Lovecraft, a partir desses scans. Será pirataria de quadrinhos?)
Cheers!
Cara GABIDOGATO:
Conheço a edição, sim;
trata-se de "Noites sem fim',
reunindo Manara, Sienkiewicz,
Prado e outros,
editada no Brasil pela
Conrad em 2003.
Espero escrever sobre ela,
mais dia, menos dia.
Um abraço.
oi, moacy!
grata em conhecer o lado HQ de fellini e a poesia de josé bezerra gomes (citado entre os 10, merecidamente). abraços. edjane
Moacy, meu amigo!
Acabaste de ser escolhido através do meu desfile de poetas.
O blog que o elegeu: A ESTRANHA
Indiquei seu blog, claro!
Beijos
Mirse
Salve Moacy.
Fellini & Manara? Este não li. Mas, conhecendo os dois, e a partir do teu comentário, dá pra imaginar o resultado: uma obra-prima.
Um abraço.
Ah...então minha dedução não falhou...perambulando, colhendo e mastigando palavras pérolas e rubis por esses terrenos blogs, sabia que já tinha visto esse nome, pois é claro meu colega, vc é o autor desse riquíssimo terreno de informações de HQs e deleita-se em poemas tbm??? Que maravilha! Vim agradecer a visita e as palavras que deixastes lá no Estranhos. Tbm tenho uma cafeteria virtual e quando os amigos a visitam, eu faço questão de servir um cafezinho no jeito!
Muito obrigada querido, esmaques!
A Estranha
bom demais :)
o poemeto do jarbas é um encanto em tudo que tranco, encontro.
redundante
: bom demais :)
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