sábado, 4 de julho de 2009

FILMES QUE MARCARAM ÉPOCA
NA CAICÓ DOS ANOS 50
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de
Cantinflas
- Mario Moreno, 1911-1993 -
[pelo cartunista peruano Roberto Castro]
para verouvir
uma cena de
O bombeiro atômico
(Miguel M. Delgado, 1950)


BALAIO PORRETA 1986
n° 2712
Rio, 4 de julho de 2009

Tarzan, Durango Kid, Rocky Lane, Hopalong Cassidy, O Gordo & O Magro, Burt Lancaster, James Mason, Glenn Ford, Esther Williams, Ava Gardner, Rita Hayworth, Maria Antonieta Pons, Ninon Sevilha, os filmes de capa & espada, os policiais B, os seriados e... Cantinflas: todos faziam o maior sucesso entre os marmanjos que frequentavam o cinema de Seu Clóvis. O comediante mexicano, com suas calças caídas, seus personagens pobretões, suas falas muitas vezes sem o menor sentido, seu jeito desengonçado, era, então, sucesso absoluto, apesar do desprezo da crítica especializada por seus maravilhosos filmes, mesmo quando ingênuos. E pelo menos três títulos de sua filmografia nos chamaram a atenção na primeira metade dos anos 50, em Caicó: Vamos voar, moço! (1947), O bombeiro atômico (1950) e Se eu fosse deputado (1951).


NIETZSCHIANAS
Hercília Fernandes
[ in HF Diante do Espelho ]

Acham-me triste...

dizem haver certo pessimismo

em minhas curvas e linhas.

Mas desde que Nietzsche,

em mim, chorou

não há lágrimas em minha

escrivaninha

há dor transmutada em

beleza.


ESQUECER
Mariana Botelho
[ in Suave Coisa ]

mudar a voz
de um verso

guardar por um tempo
o açúcar

o sapato
pra sempre

morrer lentamente
no olho claro
da memória

Fiquei por tantos anos vivendo histórias das minhas divas no cinema, que passei a desconfiar de que meus homens também dormiam com Gilda.

A neurose do ciúme acabou com todos os meus relacionamentos. Foram oito casamentos ao todo. Todos destruídos por brigas, discussões e ciúme. Fui até acusada de levar pra cama — eu mesma — outras mulheres.

Não posso negar que em minhas fantasias isso, de fato, acontecia. Tempo perdido.

Hoje, prefiro viver ao som de As time goes bye e dormir, todos os dias, ao lado de Humphrey Bogart.

Minha vida acontece no escuro, sem lanterninhas.


Diretamente do
Bar de Ferreirinha,
em Caicó

O BÊBADO E A DAMA DE PRETO

Começou a tocar uma música.

Um bêbado levantou-se cambaleando e dirigiu-se a uma senhora de preto e pediu:
- Madame, me dá o prazer dessa dança?
- Não, por quatro motivos: primeiro, o senhor está bêbado! Segundo, isto é um velório! Terceiro, não se dança o Pai Nosso! E quarto porque 'Madame' é a puta que o pariu! Eu sou o padre!


Estórias de mesa de bar


Arakén, Nelhão e Pituleira, frequentadores do Bar de Ferreirinha, foram contemporâneos no CDS [Colegio Diocesano Seridoense, antigo GDS].
E sacanearam muito os professores nas aulas.
Hoje, têm filhos em idade escolar, alguns até já têm filhos casados e nutrem a expectativa de brincar com os futuros netinhos.
Lógico que não recomendaram aos filhos e nem recomendarão aos netos as presepadas dos tempos de estudantes, como esta, em plena aula de biologia.
A professora explicava:
- A hiena é um animal que vive no centro da África, é necrófaga, reproduz-se uma vez ao ano e emite uma vocalização similar ao som do homem ao rir. Entenderam? Arakén, entendeu a explicação?
- Sim, professora: a hiena é um animal que vive no centro da Afríca, é necrófoga, faz amor uma vez ao ano e emite uma vocalização similar ao som do homem quando ri.
- Muito bem. E você, Nelhão, como é que entendeu essa história?
Nelhão:
- A hiena vive longe, come carne podre, transa uma vez ao ano e ri como o homem.
A professora achou que a explicação estava mais ou menos. Dava pra ficar na média.
- E você, Pituleira?
- Taí um negócio que não entendo. A hiena vive longe pra caralho, come merda, só trepa de ano em ano e ainda ri. Ri de quê, professora?
Tirou zero!

18 comentários:

BAR DO BARDO disse...

Gostaria de destacar o texto de Samantha Abreu, uma excelente manipuladora de narrativas (sic) curtas.

Os outros autores também mandam bem! Muitíssimo bem!!!

Abraço!

- Henrique Pimenta

Caicó Subterrâneo disse...

Adorei o poema de Hercília Fernandes...
e as histórias do bar de ferreirinha XD

Dalva disse...

Adorei essas histórias de mesa de bar!

Bjo

Jens disse...

Moacy, preciso ir no Bar do Ferreirinha. Acho que vou gostar.

Anônimo disse...

Claro que vai gostar Jens. Venha mesmo.

Unknown disse...

Moacy,

Que delícia de filme! Cantinflas, sempre ele! Magnífico! Aliás, ele não dança com a dama, ele dança sozinho com seu charmoso bigode.


Hercília e Mariana Botelho, como sempre dão show, mas belo e inesperado o poema de Samantha!

O Bar do Ferreirinha é 10! Toda cidade deveria ter um assim.

No mais tudo perfeito, até a última explicação da hiena!

Beijos, amigo

Mirse

Anônimo disse...

Adoooro vir aqui!
Nunca saio como entrei.
Bjs.

Anônimo disse...

Nietzschianas...isso é muito bonito, que percepção !!!

um abraço Moacy!

Marisete Zanon

José Carlos Brandão disse...

Gostei da vida no escuro da Samamntha e da beleza dolorida da Mariana.

Um abração.

Sônia Brandão disse...

É sempre agradável passar por aqui.
Beijo.

líria porto disse...

te li no balaio - não resisti - vim atrás do galope!

líria porto disse...

moacy - o bar de ferreirinha é tipo clube do bolinha, só entram meninos??? não consiiiiiiiiiiiiiiiiiiiigo!

líria porto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
líria porto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hercília Fernandes disse...

Muito boas essas histórias, Moacy. Especialmente por retratar coisas e personas tão peculiares de nossa querida Caicó. Amei esse número do balaio.

Além da alegria de ler os “causos” de bar e velório, sair ao lado de tão belas vozes como a da Mariana Botelho e a da Samantha Abreu é um grande contentamento. Obrigada por minhas palavras [nietzschianas] estarem aqui.

Beijos em todos e todas que apreciam o Balaio Porreta.
H.F.

Samantha Abreu disse...

owww, querido!
Obrigada pela citação! É bom pra cacete encontrar coisa boa nessa febre de blogues que nos perseguem. O teu foi um deles.
Um beijO!

Cosmunicando disse...

três poetas da melhor qualidade... adorei tudo neste Balaio!

e o pituleira, claro :))

Anônimo disse...

Moacy, o Balaio é brincadeira tô recebendo telefonemas de todo o Brasil. Seus leitores são generosos.Cosmunicando, obrigado.Pituleira.