FILMES QUE MARCARAM ÉPOCA
NA CAICÓ DOS ANOS 50
Clique na imagem
- de Silvana Mangano -
para verouvir
uma cena de
Arroz amargo
(Giuseppe De Santis, 1949)
BALAIO PORRETA 1986
n° 2719
Rio, 11 de julho de 2009
Ah, as pernas de Silvana Mangano! As pernas de Silvana Mangano... No início dos anos 50, no Sul Maravilha, enlouqueceram o futuro cineasta Nelson Pereira dos Santos. E por volta de 1954-55, em Caicó, enlouqueceram os marmanjos que foram vê-la no Pax em Arroz amargo. O filme? Um drama tipicamente italiano, com amor, sedução, ciúme e fantasia. E Silvana Mangano, mais exuberante do que nunca. (Também no elenco Vittorio Gassman e Raf Vallone.)
NA CAICÓ DOS ANOS 50
Clique na imagem
- de Silvana Mangano -
para verouvir
uma cena de
Arroz amargo
(Giuseppe De Santis, 1949)
BALAIO PORRETA 1986
n° 2719
Rio, 11 de julho de 2009
Ah, as pernas de Silvana Mangano! As pernas de Silvana Mangano... No início dos anos 50, no Sul Maravilha, enlouqueceram o futuro cineasta Nelson Pereira dos Santos. E por volta de 1954-55, em Caicó, enlouqueceram os marmanjos que foram vê-la no Pax em Arroz amargo. O filme? Um drama tipicamente italiano, com amor, sedução, ciúme e fantasia. E Silvana Mangano, mais exuberante do que nunca. (Também no elenco Vittorio Gassman e Raf Vallone.)
POEMA
Ada Lima
[ in Diário do Tempo ]
Desossei a poesia
e deitei-me
sobre ela.
À noite
tive sonhos mudos.
Ada Lima
[ in Diário do Tempo ]
Desossei a poesia
e deitei-me
sobre ela.
À noite
tive sonhos mudos.
CANTARES III
Jeanne Araújo
O anjo que me guarda
Acordou cruel demais.
Postou filete de sangue na porta
Parte de sua própria carnadura
E me trancou toda por dentro.
Saiu às ruas, em claro testemunho
E escreveu latente no portão: aqui jaz.
Despiu-se da pele de anjo
Cortou suas longas asas
E foi morar entre pernas
Onde todo perfume é doce.
Jeanne Araújo
O anjo que me guarda
Acordou cruel demais.
Postou filete de sangue na porta
Parte de sua própria carnadura
E me trancou toda por dentro.
Saiu às ruas, em claro testemunho
E escreveu latente no portão: aqui jaz.
Despiu-se da pele de anjo
Cortou suas longas asas
E foi morar entre pernas
Onde todo perfume é doce.
quem pode pode
que não pode
sai de fininho
antes que o transformem
em bode expiatório
***
quem tem boca
vai ao boteco ao restaurante
ao dentista
vai a roma quem tem euros
passagem bagagem
passaporte
***
rico ri à toa
pobre tem cárie
dor de dente
riso amarelo
***
vão-se os anéis
ficam os brincos
colares pulseiras
contas bancárias
iates uísques
amantes
Nota do Balaio: Na próxima semana, dia 17, a partir de 19h, na Livraria Quixote, em Belzonte, a poeta Líria Porto lançará o seu livro Borboleta desfolhada. Todos estão convidados.
que não pode
sai de fininho
antes que o transformem
em bode expiatório
***
quem tem boca
vai ao boteco ao restaurante
ao dentista
vai a roma quem tem euros
passagem bagagem
passaporte
***
rico ri à toa
pobre tem cárie
dor de dente
riso amarelo
***
vão-se os anéis
ficam os brincos
colares pulseiras
contas bancárias
iates uísques
amantes
Nota do Balaio: Na próxima semana, dia 17, a partir de 19h, na Livraria Quixote, em Belzonte, a poeta Líria Porto lançará o seu livro Borboleta desfolhada. Todos estão convidados.
O GUARANI,
por Luiz Gê & Ivan Jaf
Não, não se trata de ver os quadrinhos e O guarani de Luiz Gê e Ivan Jaf como literatura. Os quadrinhos não são literatura, assim como O processo de Welles e Morte em Veneza de Visconti, vigorosas obras cinematográficas, também não o são. No caso específico, são três adaptações de textos literários: a primeira, para a linguagem das HQs; a segunda e a terceira, para a linguagem do cinema. Mas ao contrário de Kafka e Mann, o nosso José de Alencar não atingiu a genialidade dos autores europeus que estão a nos servir de exemplos. Em compensação, Luiz Gê e Ivan Jaf - como Welles e Visconti - alcançaram um alto nível estético. Decerto, não estamos propondo uma leitura comparativa sem sentido: digamos, a importância d'O guarani alencarino é mais cultural do que literária; a importância d'O guarani quadrinizado é mais estética do que cultural. E Luiz Gê, que brilha nos quadrinhos desde os tempos da revista alternativa Balão, lançada em 1972, autor de algumas obras fundamentais nos anos 70 e 80, voltou em grande estilo, tomando-se como referência os aspectos gráfico-narrativos da adaptação - por sinal, feita com bastante esmero por Ivan Jaf, com experiência na área do terror. Há várias páginas antológicas, particularmente aquelas sem balões e/ou legendas (no máximo, com discretas onomatopéias, na maioria das vezes). Registre-se: há muito que não víamos O guarani em quadrinhos de forma tão eficiente, superando, sob vários aspectos, as famosas adaptações de André LeBlanc (em 1950) e Edmundo Rodrigues (em 1970). Enfim, uma HQ que recomendamos: uma HQ que aposta no bom quadrinho brasileiro.
Em tempo:
Trata-se de uma edição da Ática (96p.), de São Paulo, com um bom apêndice sobre a presente realização gráfica. Outras obras literárias estão sendo adaptadas pela editora paulistana.
por Luiz Gê & Ivan Jaf
Não, não se trata de ver os quadrinhos e O guarani de Luiz Gê e Ivan Jaf como literatura. Os quadrinhos não são literatura, assim como O processo de Welles e Morte em Veneza de Visconti, vigorosas obras cinematográficas, também não o são. No caso específico, são três adaptações de textos literários: a primeira, para a linguagem das HQs; a segunda e a terceira, para a linguagem do cinema. Mas ao contrário de Kafka e Mann, o nosso José de Alencar não atingiu a genialidade dos autores europeus que estão a nos servir de exemplos. Em compensação, Luiz Gê e Ivan Jaf - como Welles e Visconti - alcançaram um alto nível estético. Decerto, não estamos propondo uma leitura comparativa sem sentido: digamos, a importância d'O guarani alencarino é mais cultural do que literária; a importância d'O guarani quadrinizado é mais estética do que cultural. E Luiz Gê, que brilha nos quadrinhos desde os tempos da revista alternativa Balão, lançada em 1972, autor de algumas obras fundamentais nos anos 70 e 80, voltou em grande estilo, tomando-se como referência os aspectos gráfico-narrativos da adaptação - por sinal, feita com bastante esmero por Ivan Jaf, com experiência na área do terror. Há várias páginas antológicas, particularmente aquelas sem balões e/ou legendas (no máximo, com discretas onomatopéias, na maioria das vezes). Registre-se: há muito que não víamos O guarani em quadrinhos de forma tão eficiente, superando, sob vários aspectos, as famosas adaptações de André LeBlanc (em 1950) e Edmundo Rodrigues (em 1970). Enfim, uma HQ que recomendamos: uma HQ que aposta no bom quadrinho brasileiro.
Em tempo:
Trata-se de uma edição da Ática (96p.), de São Paulo, com um bom apêndice sobre a presente realização gráfica. Outras obras literárias estão sendo adaptadas pela editora paulistana.
17 comentários:
obrigada, moa, por tudo!
bem que o livro podia se chamar tanto mar, além mar, algo assim - porém é "borboleta desfolhada", por sugestão da editora.
besos
Bom dia Moacy!
Depops de uma noite mal dormida , nada como acordar e ver um filme lindo desse. Com "TANTA VIOLÊNCIA"!!!!
Belíssimp "O GUARANI" apresentação em quadrinhos, mas dá para ser visto como um belo quadro!
Líria querida, tanto mar no Rio e eu indo amanhã para BH, só que não vou poder comparecer porque o avião sai as 17 horas. Desejo muito sucesso!
Jeanne Araujo! Adorei seu CANTARES III Parabéns, poeta!
Moa, Bom final de semana E até a volta de BH, bem que podia ser Caicó.
beijos
Mirse
Mestre, obrigada pelo carinho!
Obrigada Mirse, mas quem merece mesmo os parabéns é o Moacy. Sua sensibilidade nos brinda com textos, fotos e poemas maravilhosos neste recanto.
bjos a todos.
Moacy:
Concordo plenamente com sua afirmação sobre filmes e quadrinhos feitos a partir de literatura (eu acrescentaria aos fantásticos Welles e Visconti o fabuloso Antonioni de "Blow-up") não serem literatura. A mesma coisa poderia ser dita em relação à música popular que usa textos literários, diretamente ou meio adaptados. Mas penso também que cinema, quadrinhos e música popular se tornam desafios à literatura: nada será como antes para os escritores.
Quanto às coxas de Silvana: uau!
Abraços:
Marcos Silva
Moacy:
Concordo plenamente com sua afirmação sobre filmes e quadrinhos feitos a partir de literatura (eu acrescentaria aos fantásticos Welles e Visconti o fabuloso Antonioni de "Blow-up") não serem literatura. A mesma coisa poderia ser dita em relação à música popular que usa textos literários, diretamente ou meio adaptados. Mas penso também que cinema, quadrinhos e música popular se tornam desafios à literatura: nada será como antes para os escritores.
Quanto às coxas de Silvana: uau!
Abraços:
Marcos Silva
Não só as coxas, velho. O traseiro, os seios, e o rosto de uma beleza que não perdeu com a idade. Silvana foi uma das mulheres mais belas que o cinema produziu. Pena que Arroz Amargo não esteja à altura da beleza e sensualidade dela, nem do talento de Gassman. Um abraço.
eu gosto de quadrinhos, mas eu me incomodo em são paulo com a substituição de livros por quadrinhos, onde aqui acreditam q os jovens não gostam de ler. não gosto de nivelar por baixo e de achar q todos não leem. acho que somar as artes é uma delícia. mas subtrair uma por outra, com "verdades" é limitador. beijos, pedrita
Ler seus apontamentos e comentários como o do Marcos Silva enriquecem a alma sempre carente de conhecimentos; esclarecimentos. Vou tomar uma mais leve agora.
um Balaio arrasador, das pernas da mangano ao poema de líria, passando pelos quadrinhos, ada e jeanne!
beijo moa
Querido Sobreira:
Vc tem toda razão quanto à beleza de Silvana: quanto mais velha, melhor. Em "Morte em Venzeza", ela é mesmo a mãe da beleza! E tem aquele filme em episódios (direções de gente como Pasolini & Cia - de quebra, contracena com o maravilhoso Totó), a mulher era bonita e magnetizante - o olho não desgruda dela!
Abraços:
Marcos Silva
Moacy,
Guarany quadrinizado, nostálgicos anos 50 (de pernas longas) e belos poemas. Parabéns à Líria pelo lançamento de seu livro!
Abraços,
Marcelo.
E foi morar entre pernas
Onde todo perfume é doce
gente, cês não sabem o quanto adorei isso!...
preciso conhecer mais a poesia da jeanne.
parabéns a todos os partícipes!!!
[moa, as pernocas da mangano - que sobrenome! - até hoje dão vontade... ]
- bardo pimenta
Silvana Mangano é um avião.Cantares de Jeanne Araujo me fez bem.
Mangano,Mangano....
Belíssimo par de pernas da Mangano, sem dúvida. Mas concordo com o Sobreira, no caso dela vale o conjunto todo :) Um abraço!
Arroz Amargo! Uma bela descoberta fiz aqui.
Já os poemas, outra vez as mulheres em evidência. E como são competentes! Excelentes escolhas.
As pernas da moça chamam a atenção, mas Arroz Amargo é muito melodramático. O Neorrealismo tem exemplares mais interessantes.
Beleza, os desenhos de Luiz Gê, mas será que não seria um erro de 'continuidade' o índio levar um tiro nas costas no primeiro quadro e cair para trás, quando o tranco do balaço deveria projetá-lo para frente?
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