o ouro das ouriversarias
da Ponte Vecchio
cai sobre o Arno que se arrasta
e sente frio
e que até então
estava triste
em sua solidão de rio.
(Nei Leandro de CASTRO. Ponte Vecchio.
Foto: Sandra Porteous, in Veredas)
BALAIO PORRETA 1986
n° 2826
Natal, 29 de outubro de 2009
Na Ponte Vecchio me debruço em pedra antiga
e vejo uma regata que desliza e brilha à luz.
(Dirceu VILA, in O Demônio Amarelo)
João da Mata Costa
Moxotó, camará, catingueira
Sustentam a vida
A chuva acorda a terra num
Odor de zimbro e chumbo
Meu sertão caritó
Serra Negra, Acari.
Caicó e Jardim do Seridó
Thomas - o filho - cronista
De homens-ferros,
Cachimbos, galegos
Judeus e Portugueses
A rede suspende a vida – letargia -morte
Meu avô morreu de cezão aos 33 anos
O bisavô mestre-escola
Minha avó dormia só uma madorna e
Faleceu de arteriosclerose.
Mamãe solidão
Vivendo estamos doendo
Não há fim para essa lembrança.
Engenho torto
Açúcar o sangue
Chouriço espécie
O sol a carne
Queijo de coalho e lingüiça
Fu-deu? Não, não foi Deus
Ninguém entende
Sefus gões
Quadrivium
Guerra - o Padre
Sant´anna; ensina
esse menino!
Jeanne Araújo
a dizer de forma simples
as coisas que não entendo.
Me ensina a falar das falésias
que há no mar da minha vida.
Que eu fale dos demônios
que assombram minhas noites.
Que compreendam os cacos de vidros
que trago no rosto.
Que as palavras sejam tão simples e claras
quanto meu lençol de dormir a eternidade.
José Agripino Maia, Micarla de Souza e Rosalba Ciarlini
fazem mal à saúde política do Rio Grande do Norte.
HOJE É O DIA DO LIVRO
Todo dia é dia de livros
Dom Quixote / Grande sertão: veredas
Canto de muro / As pelejas de Ojuara
A divina Comédia / Dom Casmurro
Navegos / Uns fesceninos
Hamlet / São Bernardo
As cores do dia / Talhe rupestre
Moby Dick / A paixão segundo G.H.
Os mortos são estrangeiros / O écran natalense
Crônicas marcianas / A cidade e as estrelas
SERIDOENSES BIRITEIROS
e seus estranhos apelidos
[ in Bar de Ferreirinha - 50 anos, 2009 ]
Os seridoenses, de modo geral, e os caicoenses, de forma particular, muitas vezes são mais conhecidos por seus apelidos do que por seus verdadeiros nomes. Basta ver o livro de Roberto Fontes & Clóvis Pereira Jr, o Pituleira (editado pelo Sebo Vermelho, a ser lançado no próximo domingo, dia 1 de novembro, último dia da Festa do Rosário, em pleno Bar de Ferreirinha, a partir de 10h): 50 anos - Bar de Ferreirinha.
Eis alguns dos apelidos mais curiosos, extraídos do livro sobre o querido bar caicoense, devidamente fotografados e editados :
Pituleira, Doidelo, Bibica e Tapioca,
Fofo de Linhares, Vaca Véia, Nega Balaio,
Caboré, Bacuê, Pajá e Tesourinha,
Manoel de Sofia e Pedoca de Antônia de Zé Anchieta,
Xexéu, Frasqueira e Zé Fogoió,
Zé Boré, Wilson Viola e Babaçu Teixeira,
Netinho Pororoca, Jeová Punheteiro e Valmir Cu de Lagarta,
Edilson Putufú, João Rabo Grosso e Ferro Véi,
Zé Buchim, Bala Choca e Sérgio Furico,
Jarbas Tiririca, Cisso Doido e Zé Kokim,
Meu Mel, Titiu Irmão de Bidu e Neto de Julinda.
Além de muitos outros nomes.
Repeteco / Futebol
ACONTECEU EM PARIS, COM O BOTAFOGO
A história a seguir, recontada por este Balaio, está no ótimo livro Os subterrâneos do futebol (Rio: Tempo Brasileiro, 1963), de João Saldanha, botafoguense histórico. Em maio de 1959, os alvinegros excursionavam pela Europa. Entre um jogo e outro, foram parar na capital da França. Pintou, então, uma folga. E folga, para aqueles jogadores (Amoroso, Amarildo, Garrincha, Tomé e os demais), só podia significar uma coisa: mulheres. Por obra e graça do destino, quando alguns deles cervejavam num dos bares da Cidade Luz, apareceram umas francesinhas que deixaram os marmanjos loucos. E eram jovens finíssimas, cada uma mais bonita, mais elegante e mais cheirosa do que a outra. Todos terminaram numa casa bastante distinta nas proximidades do bar. Só que havia uma senhora cinquentona, cinquentona e bonitona, dona do pedaço, que resolveu marcar um encontro para uma festinha íntima de confraternização no dia seguinte. Tudo acertado com a Madame “responsável” pelas jovens, eis que oito ou nove jogadores do Botafogo, assanhadíssimos, bem antes da hora combinada, já se encontravam na bela casa da Madame, que, além do mais, era poliglota. Acompanhava-os, meio por acaso, um jornalista esportivo francês, interessado numa entrevista com Mané Garrincha.
Passemos a palavra a João Saldanha:
“A madame dirigiu-se ao Amarildo: ‘Buenos dias amiguito. Veo que volvieran. Pero es temprano todavía. Hay que tener paciencia’ - falou com uma voz rouca e Tomé exclamou com cara de fauno: ‘Sou louco por mulher de voz grossa. Vai ser o fino’. E seguiu com o olhar o rebolado da madame que foi telefonar.
Nisto, o jornalista francês, meio embaraçado, perguntou ao Tomé:
- Mas vocês estão bem certos que é aqui o programa com as garotas? Eu bem que estava conhecendo isto. Sabem quem é esta madame? É o famoso travesti, Madame Arthur. É a dona de um cabaré de espetáculos. Aqui não tem mulher. Aqui é... é... bem, aqui é tudo homem, quer dizer... são travestis. É isto que vocês querem?!?!
Quando Madame Arthur voltou, a sala já estava vazia” (p.193-194).
Todos saíram correndo. Garrincha era o mais veloz de todos.
Não é preciso dizer que a gozação, na viagem para Madri, etapa seguinte da excursão, foi geral.
8 comentários:
Gooooooooooooood!
lindo por do sol. beijos, pedrita
estava pensando agora, nem lembro se por do sol mudar na nova ortografia.
Boa tarde Moacy!
O por do sol em Ponte Vecchio é de fato lindo, não mais que no Seridó, ou no Arpoador. Mas é um marco e a foto é belíssima!
Parbéns aos poetas João e Jeanne! Lindos poemas!
Meu Botafogo, o glorioso, não haveria de perder..... mas se Ronaldinho tivesse aí, não sei não.
Adorei os apelidos, haja memória!
Beijos
Mirse
Hehehe, em Paris faltou o Ronalducho.
Olá, Moacy, o seu Balaio é mesmo muito Porreta, não nos deixa sentir a dor da saudade dos nossos brasis, esse Brasil do Seridó é tão lindo, quanto a proposta do teu Balaio. Ri-me a valer com a história que se passou em Paris, com os jogadores brasileiros. O riso continuou solto na leitura dos apelidos, essas belezas só por aqui mesmo. Obrigada por ter tornado meu dia assim tão risonho. Sem falar nos poemas diversos, completos de sentimentos.
Um beijo e desejos de dias lindos!
;)
Moa, a foto da ponte Vecchio e o poema do Ney sobre a tal são supimpas. Gostei da lista para o Dia do Livro. Precisa e preciosa. Há braços.
Moacy,legal esse papo dos apelidos.Aqui vai mais alguns:Cú de Zé Gomes,Zeca Barrão,Jurumbeiro,Priquito de Jia,Tabaco Lezo,Papassebo de Resguarde,Nego Pica,Maria Lavanca,Nega Chia,Nego Boga,Coruja,Labougeiro,Bico de Luz,Zé do Oleo,Cavalo 13,João Rabo Grosso,Atestado,Cabeça de Alho,Pintei,Gata Maga,Tigre Negro, Boca de Vaca,Jumenta de Badalo e Carrocel.Uns já se foram, outros estão ai...
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