Hoje é dia de Quarta-Feira Cultural
no Mercado de Petrópolis, em Natal:
é dia de atrações musicais, feira de antiguidades,
feira de artesanato e de conversa amiga
no Bar Papo Furado e no Sebo Catalivros.
Foto in:
Grande Ponto
BALAIO PORRETA 1986
n° 2825
Natal, 28 de outubro de 2009
Um Auto de Natal, hoje, só tem sentido a partir de uma releitura criativa dos elementos que constituem a saga de Cristo: sua necessária humanização passa por "viagens" simbólicas que incorporam, em maior ou menor grau, a cultura de nossa gente.
(Moacy Cirne, 2009)
no Mercado de Petrópolis, em Natal:
é dia de atrações musicais, feira de antiguidades,
feira de artesanato e de conversa amiga
no Bar Papo Furado e no Sebo Catalivros.
Foto in:
Grande Ponto
BALAIO PORRETA 1986
n° 2825
Natal, 28 de outubro de 2009
Um Auto de Natal, hoje, só tem sentido a partir de uma releitura criativa dos elementos que constituem a saga de Cristo: sua necessária humanização passa por "viagens" simbólicas que incorporam, em maior ou menor grau, a cultura de nossa gente.
(Moacy Cirne, 2009)
CÁLICE
Adrianna Coelho
[ in Metamorfraseando ]
Para Adriana Sunyata
da nossa entrega cotidiana
àqueles deuses embriagados
e aos casulos de borboletas
às folhas que caíram
e aos raios de luz
na penumbra dos sonhos
às nossas intenções aladas
e a tudo que era aveludado
vermelho e sanguíneo
como mosto
ou como vinho
só me resta um vazio
num cálice cheio
de poesias caladas
Adrianna Coelho
[ in Metamorfraseando ]
Para Adriana Sunyata
da nossa entrega cotidiana
àqueles deuses embriagados
e aos casulos de borboletas
às folhas que caíram
e aos raios de luz
na penumbra dos sonhos
às nossas intenções aladas
e a tudo que era aveludado
vermelho e sanguíneo
como mosto
ou como vinho
só me resta um vazio
num cálice cheio
de poesias caladas
O FIO DA NAVALHA
Líria Porto
[ in Tanto Mar ]
eu não sei que mágoa é essa
eu não tenho olhos d'água
isso é coisa de mulher
homem que é homem não chora
não se queixa não se dobra
homem que é homem aguenta
(não posso mais suportar)
sou um dique uma represa
o meu amor foi embora
não devo dar um gemido
há um mar de sofrimento
estampado no meu riso
pobre de mim ai de mim
(sou o cinismo em pessoa)
eu não sei que dor é essa
escorrega pela cara
atravessa-me o peito
sou um cabra de respeito
sou um homem muito macho
não me agacho não me curvo
(deus do céu quero é morrer)
Líria Porto
[ in Tanto Mar ]
eu não sei que mágoa é essa
eu não tenho olhos d'água
isso é coisa de mulher
homem que é homem não chora
não se queixa não se dobra
homem que é homem aguenta
(não posso mais suportar)
sou um dique uma represa
o meu amor foi embora
não devo dar um gemido
há um mar de sofrimento
estampado no meu riso
pobre de mim ai de mim
(sou o cinismo em pessoa)
eu não sei que dor é essa
escorrega pela cara
atravessa-me o peito
sou um cabra de respeito
sou um homem muito macho
não me agacho não me curvo
(deus do céu quero é morrer)
OU A VIDA É, ÀS VEZES, UMA FICÇÃO
Nivaldete Ferreira
[ in Lápis Virtual ]
Quando movi a cabeça buscando um garçom, flagrei, sem querer, a cena estranha e nada ficcional (ou a vida é, às vezes, uma ficção): uma moça almoçava sozinha e conversava com... ninguém. Com ninguém propriamente, não: com o copo de suco. Vez por outra, sorria, gesticulava, abria a folha das mãos para ele. Uma conversa amorosa, simpática. Que será que dizia?... Não parecia ser uma atriz (e dificilmente uma atriz iria ensaiar suas falas ali). Talvez sofresse de transtorno mental... Talvez estivesse exercendo o direito de amainar uma crise de solidão. Talvez achasse mais interessante conversar com um copo de suco do que com uma pessoa.
Ah, essa mania de querer compreender e explicar tudo...
A moça parecia em estado de graça, isso devia bastar. Quantos, naquele momento, estavam assim, tão bem, conversando com pessoas?...
Enfim, ela se levantou, esticou a blusa, arrumou o cabelo e foi pagar a conta. Notei que tinha um lado do corpo meio torto.
Mais torta, fiquei pensando, é essa vontade de encontrar resposta até para algo inofensivamente diferente.
Ah, essa mania de querer compreender e explicar tudo...
A moça parecia em estado de graça, isso devia bastar. Quantos, naquele momento, estavam assim, tão bem, conversando com pessoas?...
Enfim, ela se levantou, esticou a blusa, arrumou o cabelo e foi pagar a conta. Notei que tinha um lado do corpo meio torto.
Mais torta, fiquei pensando, é essa vontade de encontrar resposta até para algo inofensivamente diferente.
HUMOR
Charles sempre foi um sujeito brincalhão. Sua mulher é que nunca entendeu muito bem as ironias dele. Certo dia ela embarcou para a Inglaterra, em viagem de negócios. E lhe perguntou:
- Quer que eu traga uma lembrancinha?
- Sim. Me traga uma inglesinha - disse ele.
A esposa, como sempre, não disse nada. E embarcou. Um mês depois, ela voltou e o marido foi dar as boas-vindas no aeroporto:
- Trouxe minha lembrança, querida?
- Bem, eu fiz o que pude -- respondeu a mulher. - Agora vamos ver se nasce menina.
TROVAS E TROVOADAS
de LUIZ FRANCISCO XAVIER (DEDÉ),
POETA POPULAR DO RIO GRANDE DO NORTE
EM LIVRO EDITADO EM 1996
Mote:
Tem sinônimo adoidado
o ânus que a gente tem.
Glosa:
Furico, boga, frezado,
é roda, rabo, roscofe,
ás de copas, rosa-bofe,
tem sinônimo adoidado.
Bumbum, isqueiro, rosado,
bufante, bunda, xerém,
traseiro, frasco e sedém,
é apelido pra chuchu,
também chamado de cu
o ânus que a gente tem.
Mote:
Tomei cachaça no céu,
Lá no hotel de Jesus.
Glosa:
Levando um litro de mel
dessa abelha italiana,
com muita santa bacana
tomei cachaça no céu.
Aprontei, fiz escarcel,
dancei com defuntos nus,
quebrando a famosa cruz,
os anjos bateram palmas.
Sonhei mais cantando as almas
lá no hotel de Jesus.
[ in Balaio Incomun, n° 1273, de 26/04/2000]
Charles sempre foi um sujeito brincalhão. Sua mulher é que nunca entendeu muito bem as ironias dele. Certo dia ela embarcou para a Inglaterra, em viagem de negócios. E lhe perguntou:
- Quer que eu traga uma lembrancinha?
- Sim. Me traga uma inglesinha - disse ele.
A esposa, como sempre, não disse nada. E embarcou. Um mês depois, ela voltou e o marido foi dar as boas-vindas no aeroporto:
- Trouxe minha lembrança, querida?
- Bem, eu fiz o que pude -- respondeu a mulher. - Agora vamos ver se nasce menina.
TROVAS E TROVOADAS
de LUIZ FRANCISCO XAVIER (DEDÉ),
POETA POPULAR DO RIO GRANDE DO NORTE
EM LIVRO EDITADO EM 1996
Mote:
Tem sinônimo adoidado
o ânus que a gente tem.
Glosa:
Furico, boga, frezado,
é roda, rabo, roscofe,
ás de copas, rosa-bofe,
tem sinônimo adoidado.
Bumbum, isqueiro, rosado,
bufante, bunda, xerém,
traseiro, frasco e sedém,
é apelido pra chuchu,
também chamado de cu
o ânus que a gente tem.
Mote:
Tomei cachaça no céu,
Lá no hotel de Jesus.
Glosa:
Levando um litro de mel
dessa abelha italiana,
com muita santa bacana
tomei cachaça no céu.
Aprontei, fiz escarcel,
dancei com defuntos nus,
quebrando a famosa cruz,
os anjos bateram palmas.
Sonhei mais cantando as almas
lá no hotel de Jesus.
[ in Balaio Incomun, n° 1273, de 26/04/2000]
12 comentários:
uai - vim te ver e me vejo... obrigada, moa! isso de beber no hotel de jesus lembrou-me um velório que fui:
joca morreu
líria porto
tonico
completamente bêbado
beijou-lhe a testa e lhe disse
: vai meu irmão
o céu é perto
mas fala com o chefe
só irei para cima
se nalguma esquina
houver boteco
*
o balaio é um lugar incrível!
besossssssssssss
Nivaldete é mesmo especial!
fiquei com vontade de ir ver esse evento em natal. e lógico, aproveitar e conhecer a cidade que não conheço. beijos, pedrita
Obrigada, Moacy... Obrigada, Lívio. Passei uns dias 'sem palavra'... Então resolvi falar, sem literatura, disso que vi na semana passada. Um abraço!
fiquei curiosa com a Feira Cultural, Moa... deve ser muito bacana :)
o Balaio tá especial, poesia e prosa de alta qualidade.
beijo
Isqueiro, bufante e sedém? Não conhecia. O Balaio é cultura.
Um abraço.
Moacy,
Hoje me perdi no humor do Balaio.
Que a vida não pode ser levada
muito a sério.
Tem dias em que uma boa gargalhada ilumina a alma.
Bem haja, meu caro!
Um cheiro
Boa Tarde Moacy!
Pena a feirinha ser lá, e não cá. De qualquer forma deve ser muito boa.
Adriana Coelha, Liria Porto e Nivaldete.... é poesia boa demais num único dia!
Fpra as TrOVAS e Trovoadas de DEDÉ.
Mas ele tem razão, é muito apelido !
Sua participação no Balaio falando sobre o Auto de Natal.... natal do nascimento de Cristo em Natal?
Não tem jeito, Moacy. Depois dos Livros dos Livros, o Homem lá em cima está ligadão em você.
Beijos
Mirse
Eta, Balaio arretado: eu pisco, já tem novidade! Parabéns pra sua cidade e pra Líria Porto! Abração!
Mote e glosa - perfeitos.
Admirável!
Oi, Moa.
Estar por aqui é muito bom. Sempre bem acompanhada, claro. Mas agora estou escrevendo isso dando gargalhadas: Dedé é show. rsrsr
beijos, querido!
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