FILMES QUE MARCARAM ÉPOCA
NA CAICÓ DOS ANOS 50
Clique na imagem de
Ava Gardner
para verouvir o trêiler de
As neves de Kilimandjaro
(Henry King, 1952)
Quando o vi em Caicó, em 1955, a África já não era mais a África de Tarzan, mas ainda era um continente moldado pelas lentes equivocadas de Hollywood, mesmo que baseadas em Ernst Hemingway, mesmo que me revelassem a música de Cole Porter e a técnica pianística de Benny Carter, ou mesmo que me mostrassem - mais uma vez - a beleza de Ava Gardner. Claro, tudo aquilo, para mim e para os caicoenses em geral, era muito exótico, a começar pelo drama do escritor interpretado por Gregory Peck. A África é a África: riquíssima, multicultural, plurissocial, bela, contagiante, terra-mãe da humanidade. E Hollywood é Hollywood. Com filtro ou sem filtro.
BALAIO PORRETA 1986
n° 2828
Natal, 31 de outubro de 2009
Caicó não é uma cidade, é uma pátria.
(François Silvestre de Alencar)
POEMA de
Chico Doido de Caicó
Muitos são doutores em astrologia
Alguns são doutores em politicagem
Outros são doutores em teologia
Vários são doutores em viadagem
Chico Doido é doutor em bucetologia
Os demais são doutores em sacanagem.
Nota:
Amanhã, dia do lançamento do livro-álbum sobre
os 50 anos do Bar de Ferreirinha,
entrevista exclusica com Chico Doido de Caicó,
diretamente do Além.
EXTREMOS
Nina Rizzi
[ in Putas Resolutas, em 10/07/2008 ]
I- o machista
ela, que é tão sensível,
não sabe do terrível odor de suas entranhas,
que não suporto chupá-la
e odeio ser de companhia?
é como todas
: basta um tapa
uma estocada mais fundo
pra impregnar feito carrapato
II- a femista
ele, que é tão sabichão,
não sabe do seu grotesco suor,
do bafo, do pinto mole,
e que não quero sua companhia?
é como todos
: basta um olhar,
uma língua nos lábios ou mais fundo
pra achar que já sou sua
CANTARES X
Jeanne Araújo
No canto do mundo
Há um doce estranhamento.
Minha pouca vestimenta
É uma grande ameaça
Para quem não fala
Minha estranha língua.
Quem ousa entrar
Na casa dos meus ontens
Sem nojo do meu grito?
Estou à beira de uma palavra
E nada salva
Esta última chama acesa.
NA CAICÓ DOS ANOS 50
Clique na imagem de
Ava Gardner
para verouvir o trêiler de
As neves de Kilimandjaro
(Henry King, 1952)
Quando o vi em Caicó, em 1955, a África já não era mais a África de Tarzan, mas ainda era um continente moldado pelas lentes equivocadas de Hollywood, mesmo que baseadas em Ernst Hemingway, mesmo que me revelassem a música de Cole Porter e a técnica pianística de Benny Carter, ou mesmo que me mostrassem - mais uma vez - a beleza de Ava Gardner. Claro, tudo aquilo, para mim e para os caicoenses em geral, era muito exótico, a começar pelo drama do escritor interpretado por Gregory Peck. A África é a África: riquíssima, multicultural, plurissocial, bela, contagiante, terra-mãe da humanidade. E Hollywood é Hollywood. Com filtro ou sem filtro.
BALAIO PORRETA 1986
n° 2828
Natal, 31 de outubro de 2009
Caicó não é uma cidade, é uma pátria.
(François Silvestre de Alencar)
POEMA de
Chico Doido de Caicó
Muitos são doutores em astrologia
Alguns são doutores em politicagem
Outros são doutores em teologia
Vários são doutores em viadagem
Chico Doido é doutor em bucetologia
Os demais são doutores em sacanagem.
Nota:
Amanhã, dia do lançamento do livro-álbum sobre
os 50 anos do Bar de Ferreirinha,
entrevista exclusica com Chico Doido de Caicó,
diretamente do Além.
EXTREMOS
Nina Rizzi
[ in Putas Resolutas, em 10/07/2008 ]
I- o machista
ela, que é tão sensível,
não sabe do terrível odor de suas entranhas,
que não suporto chupá-la
e odeio ser de companhia?
é como todas
: basta um tapa
uma estocada mais fundo
pra impregnar feito carrapato
II- a femista
ele, que é tão sabichão,
não sabe do seu grotesco suor,
do bafo, do pinto mole,
e que não quero sua companhia?
é como todos
: basta um olhar,
uma língua nos lábios ou mais fundo
pra achar que já sou sua
CANTARES X
Jeanne Araújo
No canto do mundo
Há um doce estranhamento.
Minha pouca vestimenta
É uma grande ameaça
Para quem não fala
Minha estranha língua.
Quem ousa entrar
Na casa dos meus ontens
Sem nojo do meu grito?
Estou à beira de uma palavra
E nada salva
Esta última chama acesa.
AMOR AMORA
Nei Leandro de Castro
[ in Era uma vez Eros, 1993 ]
Me lembro que trazias na boca
o gosto e a cor de uma fruta selvagem:
amor? amora?
Me lembro de tua calcinha
suavemente encharcada
que deixava teu leite
nos meus dedos.
Me lembro do teu beijo
com o exato gosto da amora
e me lembro que eu dizia aos teus ouvidos
todas as palavras que os deuses
permitem a um amante dizer a outro amante
na manchada planície de uma cama.
Me lembro que te lambia,
te mordia, te feria. E não cedias.
Nei Leandro de Castro
[ in Era uma vez Eros, 1993 ]
Me lembro que trazias na boca
o gosto e a cor de uma fruta selvagem:
amor? amora?
Me lembro de tua calcinha
suavemente encharcada
que deixava teu leite
nos meus dedos.
Me lembro do teu beijo
com o exato gosto da amora
e me lembro que eu dizia aos teus ouvidos
todas as palavras que os deuses
permitem a um amante dizer a outro amante
na manchada planície de uma cama.
Me lembro que te lambia,
te mordia, te feria. E não cedias.
LÁBIOS-ESPELHOS LÁBIOS-ESPELHOS
MARIZE CASTRO MARIZE CASTRO
LANÇAMENTO LANÇAMENTO
DIA 5 SICILIANO DIA 5
NO MIDI VAI MAL
18 E TRINTA
MARIZE CASTRO MARIZE CASTRO
LANÇAMENTO LANÇAMENTO
DIA 5 SICILIANO DIA 5
NO MIDI VAI MAL
18 E TRINTA
PELEJA
Hercília Fernandes
Hercília Fernandes
[ in HF Diante do Espelho ]
estou farta de tanta peleja
de tanta manobra à fria mesa
de tanta sobra em falta de gentileza
de tanta humanidade...
estou farta de tanta peleja
de tanta manobra à fria mesa
de tanta sobra em falta de gentileza
de tanta humanidade...
ESFINGE
Marcelo Novaes
[ in Prosas Poéticas ]
Desde quando é ouvinte, nem sei. Nem sei desde quando. Mas ouve. E nem é mais o córrego que corre. Os homens vão ao bar quebrar os cascos. Não bebem mais. Você, com seu copo e seu espaço, continua a ouvi-los. Nem sei por que. Mas ouve. E não desiste. Teu ouvido é tato: o mundo, Esfinge.
Marcelo Novaes
[ in Prosas Poéticas ]
Desde quando é ouvinte, nem sei. Nem sei desde quando. Mas ouve. E nem é mais o córrego que corre. Os homens vão ao bar quebrar os cascos. Não bebem mais. Você, com seu copo e seu espaço, continua a ouvi-los. Nem sei por que. Mas ouve. E não desiste. Teu ouvido é tato: o mundo, Esfinge.
O BALAIO ADVERTE:
José Agripino Maia, Micarla de Souza e Rosalba Ciarlini
fazem mal à saúde política do Rio Grande do Norte.
José Agripino Maia, Micarla de Souza e Rosalba Ciarlini
fazem mal à saúde política do Rio Grande do Norte.
14 comentários:
Ai, deu vontade...
Moacy,,
Esse filme foi mais um em que Hollywood adaptou, à sua maneira, um texto de Hemingway. E Ava foi mal aproveitada em Hollywood, realizando poucos filmes que merecem ser lembrados. Mas a sua beleza foi a razão de ser da granda maioria dos seus filmes. Esse, pelo menos, tem ainda Susan Hayward, que, se não competia em beleza com AVA (embora fosse bonita), tinha muito mais talento do que a sua colega. Um abraço.
Moa,
O poema de Chico Douto é Doido. Ou vice-cersa. E por falar em vice-versa, os Extremos de Nina mostram toda a parca riqueza dos diálogos impossíveis.
Abração,
Marcelo.
Olá!
Quero ler essa entrevista com Chico Doido!
Beijos
Adorei essa postagem! Destaque pro poema da Nina, sem dúvida. Hercília e Marcelo Novaes compõem lindamente o conjunto e o Chico Doido, impagável. Beijos.
oi Moa,
soy yo misma, só pra te convidar a conhecer o espaço recém-parido :)
beijo
Não tinha visto ainda "O Balaio Adverte". Acho que vou adotar no RS...
Abraço.
Hehehe, sou um aluno aplicado da escola do CDC.
(E a entrevista, pô?)
Dá-lhe Chico Doido...
Oi MoacY!
O filme, lindo, claro, ora direis....
A esfinfe de Marcelo Novaes, a Peleja de Hercília, Extremos de Nina e óbvio CDC!Aplausos!
Beijos
Mirse
Vou concordar com minha xará,Adriana...essa seleção de poemas está um prior. Marcelo Novaes é genial, Nina Rizzi está arrasando, e a Hercília é a Hercília...Já Chico doido,pra que mais?
Bela escolha, Marcelo Novaies é tudo de bom ... canta e encanta, revernera a boca das palavras.
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