NA CAICÓ DOS ANOS 50
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0s 5.000 dedos do Dr. T
(Roy Rowland, 1953)
Curiosa fantasia musical centrada nos pesadelos de uma criança que detesta seu professor de piano. A aventura no castelo do Dr. T, em sonho, com ingredientes surreais, é um bom "achado cinematográfico". Exibido em Caicó em 1956, para muitos trata-se de um cult absoluto.
BALAIO INCOMUN 1986
n° 2842
Natal, 14 de novembro de 2009
Poeta não é quem transa a terra e o mangue
Poeta não é quem traça a troça e o chiste
Poeta é quem põe a terra em transe
(Simão PESSOA, in Matou Bashô e foi ao cinema)
UMA NOITE MÁGICA
Natal viveu ontem, na FIERN, uma noite de pura magia, no ressurgimento do Projeto Nação Potiguar: Paulo Moura e sua banda, em êxtase musical, releram a obra do potiguar K-Ximbinho, falecido em 1980. O encontro dos dois chorões, com variações jazzísticas, atingiu o apogeu na interpretação de 'Ternura', momento de rara beleza sonorosa: uma balada que nos remete à pessoa amada, quer do passado, quer do presente, quer do futuro. E que poderia - ou poderá - nos fazer navegar por territórios inexplorados da imaginação poética, como se, na ternurância melódica da noite mágica, pudéssemos escrever:
Eu te sonho
Tu me sonhas
Nós nos sonhamos.
Mas a magia da noite foi além e se completou - no terreno musical - com a presença dos ótimos Gereba e Carlos Zens, e - no campo jornalísito-editorial - com o lançamento da revista Palombo, que será posteriormente comentada por nós. Aliás, também foram lançados dois discos de Paulo Moura relendo a obra de K-Ximbinho, "o mais original dentre os instrumentistas que se dedicaram à orquestra popular urbana" (segundo o próprio autor de um outro disco voltado para o músico do nosso estado: X-Kaximblues).
CARTA POÉTICA VII
(Fragmento final)
de Jeanne Araújo
Os meus desejos mais secretos assustam. Já tomei atalhos demais e isso dificulta minha vida. As palavras correm por dentro como inundação, mas não escapam. Há diques e represas por todos os lados. Quero escrever, preciso escrever, mas não consigo terminar a tarefa. Essa tarefa que me dói. Amor e dor e parto. Três palavras perfeitas. Dizer em poesia. Parir as palavras. Depois refugiar-me em amor. À minha volta não há porque morrer. Você me entende? Você me compreende. Você se reconhece nas entrelinhas?...
Maria Maria
[ in Espartilho de Eme ]
Quero escrever
com meus dedos
a língua que falo.
Que falo!
Falo, pois toca
a língua
dos meus dedos.
Quero dar-te
um beijo de língua
com a ponta
dos meus dedos fálicos.
LISBETH LIMA
[ in Flor de Craibeira]
Na noite de me parir
minha mãe lavou uma bacia de roupas.
Depois que voltou comigo nos braços,
cozinhou para meu pai e meu irmão.
No seu resguardo, aprendeu sozinha a maternidade.
Juntas choramos os quarenta dias.
SER NATALENSE - Ô orgulho réi besta!!!
Alexandro Gurgel
[in Grande Ponto ]
Natalense não se diverte, ele "bota pa decê"!
Natalense não é distraído... é apombaiado!
Natalense não vai em festa... ele vai pra bagaça!
Natalense não vai com sede ao pote... ele vai com a bixiga taboca!
Natalense não vai embora... ele vai pegá o beco!
Natalense não diz "concordo com vc" ... ele diz "Né isso, ômi!!!!"
Natalense não conserta... ele imenda!
Natalense não bate... ele "sentá-le" a mãozada!
Natalense não sai pra confusão... ele sai pro "muído"!
Natalense não bebe um drink... ele toma uma!
Natalense não joga fora... ele rebola no mato!
Natalense não discute... ele bota boneco!
Natalense não é sortudo... ele é cagado!
Natalense não corre... ele faz carrera!
Natalense não ri... ele se rasga!
Natalense não brinca... ele manga!
Natalense não compra cachaça... ele compra "o lítu"!
Natalense não toma água com açúcar... ele toma garapa!
Natalense não exagera... ele alopra!
Natalense não percebe... ele dá fé!
Natalense não vigia as coisas... ele pastora!
Natalense não vê destruição... ele vê só o distroço!
Natalense não sai apressado... ele sai desembestado!
Natalense não observa... ele passa "pia"!
Natalense não agarra a mulher... ele arroxa as doidinhas!
Natalense não dá volta... ele arrudêia!
Natalense não diz que fulano não é de confiança... ele diz que a mercadoria é sem nota!
Natalense não espera um minuto... ele espera um pedaço!
Natalense não é distraído... ele é avoado!
Natalense não fica encabulado... ele fica todo errado!
Natalense não é engraçado... ele é marmotento!
Natalense não é bonito... ele é bixinho!
Natalense não passa a roupa... ele engoma a roupa!
Natalense não ouve barulho... ele ouve zuada!
Natalense não acompanha casal de namorados... ele segura vela!
Natalense não dá cantada... ele dá um L!
Natalense não é esperto... ele é desenrolado!
Natalense não é rico... ele é estribado!
Natalense não é homem... ele é macho!
16 comentários:
Os natalenses estão de parabéns!
Sempre!
Moa,
Poesia chistosa e bem transada essa, de Simão Pessoa. E ainda há os partos de Lisbeth e Jeanne, e o "falar tátil" da duplamente Maria.
Os natalenses dizem as coisas bem coisadas.
Abraços,
Marcelo.
esse filme não vi. beijos, pedrita
Fiquei curioso em relação a 0s 5.000 Dedos do Dr. T. Gosto de fantasias musicais e de óperas-rock. Abraço.
Grande Moacy,
Valeu por colocar o Grande Ponto nesse balaio genial. Grande abraço.
lindíssimo o poema resguardo, da lisbeth lima, um dos mais comoventes que já li - lembra-me, e muito, a adélia prado.
besos
líria
Gostei muito do texto do Alex Gurgel.
quanta ternurância... é de entrar em transe, planar.
há dias em que a gente se salva, né?!
um beijo.
Oi Moacy!
Deve ser lindo esse filme! Dos meus!
Simão Pessoa soube e bem definir o poeta.
Maria Maria e Lisbeth Lima, em destaque mais que especial.
Deve ter sido show a tarde de ontem.
Ser Natalense.... Maravilhoso!
Parabéns!
Beijos
Mirse
Não é pq sou mulher, mas a poesia feminina arrebentou aqui nesse post. Ótimo Moacy...
Moacy,
presenteada outra vez... estar no Balaio é tão bom!!!
Um abraço, Lisbeth
PS. Adorei a lista dos "dizeres" natalenses... senti falta de "se reiar"...
Resguardo e orgulho, supimpas.
Sempre ótimas essas fotos... Sobre este 'post': desconhecia este filme, vou atrás dele; muito bons Maria Maria com seu "Fálico" e os dizeres de Simão Pessoa; e sobre ser natalense, há sempre estes ditos gostosos sobre o lugar de cada um, né? Por aqui também há um "ser ludovicense" também muito espirituoso! Abração!
Muito bom! O desembestado fica distraído porque não consegue ser marmotento. POdemos fazer inúmeras frases sómente com esse termos tão usados por aqui.
Vi esse filme quando criança, ainda lembro de várias de suas imagens surrealistas e de pesadelo. Nunca mais revi. Parece que saiu em DVD, agora vou atrás, deu vontade de rever.
Um abraço!
Excelente poesia por aqui... Sempre!
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