Mulher: o olhar africano
[ Foto: Marco Aurélio Costa ]
2.
As cataratas de Kalandula,
em Malange, no Rio Lucala,
afluente do Kwanza,
em Angola
[ Foto: Paulo Arroteias ]
AFLUENTE / AFLUÊNCIA
Namibiano Ferreira
[ in Ondjira Sul ]
Menino ainda
sonhei
e era rio
perdido no labirinto dos malaquites
ansioso por chegar à foz
mas como quem regressa ao berço.
Estranho Fado!
No sonho quente
eu era Lucala
serpenteando
Kianda
e lançando-me das altas
escarpas ruidosas
Menha – a Água Sagrada –
a despejar Kalandula
macio algodão
no ímpeto desejo de me encontrar
nos braços sendeiro Nação
do teu corpo força de Kwanza.
BALAIO PORRETA 1986
n° 28773
Natal, 18 de dezembro de 2009
Faltam duas semanas (14 dias) para o primeiro aniversário da administração Micarla de Souza. É o que a cidade está vendo, ilustrada agora com a decoração natalina, cafona-féixon.
(Woden MADRUGA, in Tribuna do Norte)
Micarla de Souza, mera dondoca, faz mal à saúde política de Natal, assim como José Agripino Maia, smples filhote da ditadura,
faz mal à saúde política do Brasil
(Moacy CIRNE, 2009)
O MEU AMO
Décio Bettencourt Mateus
[ in Mulembeira ]
O meu amo em fúrias
E falas de arrelias
Aportou mal-humorado ao palácio
Dos sonhos e silêncio
E num estrondo resoluto
Gritou ser amo e amante absoluto!
Trovejou fortes trovoadas
Arregaçou uma camisa
De costas corroídas de pobreza
E magreza
Trovejou às paredes de casa
E tempestuou páginas revoltadas!
Mostrou um peito desmusculado
Diluído em mágoas de álcool
E cansaços de sol
Um velho-peito-robusto
Desgastado e agastado
Em magras costelas de desgosto!
Gritou gestos abruptos
No vazio das panelas
Dos bolsos rotos
Gritou desespero às janelas
E resmungou um silêncio amuado
Um silêncio, o meu pobre amado!
Depois procurou meus mistérios
E o mansinho dos delírios
Conduziu-me a novos portos
Ressonou a nova aurora
Com ventos d’outrora
Ressonou um sonho de gemidos fartos!
TIME DE GUERREIROS
Quando eu me matar,
O que será do meu cãozinho proletário?
E os da Vila de Ponta Negra,
Com suas rabugens crônicas?
Deles só espero a morte
Num pneu de ônibus,
Ou num bolinho de carne com vidro moído.
Quanto a mim,
Partirei com a branda asfixia do cânhamo
A aplacar minha agonia de viver.
Quando eu me libertar,
Não terei mais amor nem ódio
Perdido na amplidão.
A morte sublima a liberdade.
Ah! Quanta inveja dos cães vadios
E da liberdade deles.
Quanto invejo!
- ANJINHO DE PELÚCIA
- Henrique Pimenta
- [ in Poivre ]
Os óleos lubrificam o meu sonho...
Lampejos de gengibre e benjoim...
Desejo todo o tátil e nele ponho
O pódio do Inefável que é por mim...
As alas que despontam de seu dorso...
Um halo que ilumina além do céu...
No sal que é de seus lábios me retorço,
Tão doce quanto um dócil... Que escarcéu!
Será de insanidades por nós dois:
Você me servirá de caos e cós,
Anjinho me fodendo os rococós...
Eu quero do seu corpo e, já depois,
Do espírito que houver e, havendo mais,
Espero que gozemos: animais...
11 comentários:
Meu caro amigo, os olhos dessa bela mulher sao um fantástico acompanhamento líquido para a nossa querida e amada Kalandula. E obrigado pelo poema, bem acompanhado pelos outros mais.
Kandandu
Moacy, saudações tricolores!
eu estarei de olhos grudados na TV pra ver esta epopéia tricolor. Se tivéssemos colocado o time da arrancada desde o início, sei não... Acho que o título seria nosso. Mas também se mamãe tivesse nascido com uma carreira de seis peitos não era gente, era uma porca...
Se... se... se... se...
Abraço,
Roberto Fontes
Moacy,
creio que se deixar afogar numa queda d'água dessas é quase ou mesmo, violento e doce, que mergulhar num olhar africano assim. E os olhos verdes evidenciam sua miscigenação, ê coisa retada :)
São todos poemas incríveis e, espero gozar como um cão vadio em águas sagradas, com amor, amo não.
Um beijo.
gostei do poema do namibiano. beijos, pedrita
Ainda estou nos olhos da mulher africana, depois eu volto para comentar outra coisa.
Dá gosto ler este Balaio Porreta diariamente. Agradecido pela gentileza. E que Micarla de Souza tenha piedade de nós. Abs.
Meu caro e sumido amigo (estás melhor?), tá cada vez mais difícil comentar sobre algo específico aqui, rs! Mas o que mais me destacou e me marcou feito tatuagem pra seguir viagem por qualquer África foram esses olhos magnéticos nesta mais que bela fotografia... Sobre teu Fluminense, meu chapéu te tiro: tal como o Vasco, dois times cariocas que souberam dar a volta por cima! Grande abraço!
olho os olhos, olho as águas - a áfrica me comove, os versos de namibiano...
besos
líria
Moacy, em resposta á sua pergunta no meu blog, sim celebramos o Natal.
Moacy amigo, sempre bom passar por cá (pelo nosso Balaio Porreta)e encontrar um pouco da nossa Africa. E obrigado pela escolha.
Kandandu.
Obrigdo, meu velho, pela companhia. Abraço a todos!
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